Amor Perfeito XIII

Amor Fraternal


Murilo Narrando

Passei a tarde dormindo e quando acordei percebi que não estava sozinho. Fiquei olhando para ele.

— O que está fazendo aqui? Está de dia. As pessoas estão te vendo.

— Só estou deitado, mal encostei em você, não tem nada de mais.

— O que está fazendo aqui? – ele ficou me olhando.

— Desculpa. – ele se virou de lado para me olhar ainda mais. – Lembra quando eu te disse que amizade era difícil para mim? Namoro é muito mais.

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— Tem coisas que são básicas. Não vou aceitar você mentindo pra mim. – não o olhei em momento algum.

— Vamos combinar uma coisa, não vamos falar mais do meu pai. Sempre vai causar brigas.

— Por que está fazendo as coisas que ele quer? – ele ficou calado. – Se não fizer ele vai te machucar né?

— Murilo, é tão complicado. Não posso ficar o enfrentando toda hora. Viu o que ele fez? Ele trouxe o Kemeron pra cá. Não sei do que ele é capaz.

— Temos que nos esconder. Seu pai é um psicopata doente abominável e você namorou alguém antes de mim. É muito. Não sei se consigo lidar com tanta coisa.

— Temos que nos esconder. O meu pai é um psicopata. O seu pai me detesta. E você já teve um número de mulheres impossível de ser contado. Mas nunca vai ser muito pra mim.

— Somos diferentes. Pode me deixar sozinho?

— Tá bom. – ele suspirou e se sentou. Antes que ele fosse eu tive que deixar claro a minha indignação.

— Você deveria saber que se eu te pedir isso é porque estou muito mal e tentar contornar a situação.

— Você deveria entender que todas essas coisas também doem em mim. E não é pouco.

— Menos ter um ex, até onde eu sei foi bem prazeroso na verdade.

— Eu estou cansado de discutir. – ele se levantou e saiu de forma lenta. Antes que chegasse à saída tomei uma atitude que o meu coração pedia.

— Também estou cansado de discutir. – o abracei por trás. Ele parou e respirou fundo. Não dissemos mais nada. Ele andou um pouco mais para direita, ficando entre minha cama e a entrada do dormitório. Não dava para quem passava no corredor nos ver, estava no horário do jantar e todo mundo estava jantando, então ali estava vazio. Tive mais uma experiência nova, um beijo de reconciliação. E conseguia ser melhor ainda. A nossa necessidade virou desejo e esse desejo como sempre era explosivo. A minha temperatura subiu de uma vez e minha vontade como na maioria das vezes era de ir além. Ele tirou minha mão da sua bermuda e resmungou algo dando a entender que eu deveria parar. Mas ele sabia que eu não pararia. Ele não teve outra opção se não ceder. Só que era o Kevin... Ele nunca iria aceitar estar tão vulnerável. Só que eu era muito mais fraco que ele. Assim que ele começou a retribuir o “carinho” eu aumentei a velocidade dos meus movimentos, pelo tamanho da nossa vontade não demorou a chegarmos ao êxtase. Sem que desse tempo para nos recuperar Caleb apareceu na porta. Tirei a minha mão dele bem rápido colocando em meu bolso e ele fez o mesmo. Não nos afastamos, mas também não estávamos colados um ao outro.

— Quero você em minha sala agora. – ele falou em tom de ordem olhando para Kevin. – E eu te mandei ser discreto, isso não inclui fazer seja o que for que estão fazendo para todo mundo ver.

— Não vai mais acontecer. – não acreditava nas palavras dele. O medo o deixava irreconhecível. Assim que Caleb saiu peguei minha toalha.

— Vou ir tomar banho. – avisei.

— Ele vai fazer a gente brigar de novo? – fiquei olhando para ele que ainda estava encostado a parede, fui até lá e como nossa altura era bem semelhante encostei minha testa a dele sem dificuldade e segurei seu rosto.

— Eu sabia que seria difícil, mas eu também disse que não poderia tornar impossível, não disse? Esquece ele, eu já esqueci. – ele selou nossos lábios e depois sorriu me olhando. – Acho que seria uma boa hora para você dizer que me ama.

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— Não vou ficar falando que eu te amo. – olhei em seus olhos tentando entender aquilo.

— Por quê?

— Não gosto. E isso vai ser uma conversa para outra hora, vamos vou até o banheiro com você. Vou me limpar e ir até ele, eu precisava tomar outro banho, mas... Se eu demorar vai ser pior. – fomos e eu percebi a imensa vontade que eu estava de sair andando de mãos dadas com ele por aí. Sem dever satisfações a ninguém. O meu jeito iria ser um problema entre a gente. Como se já não existissem muitos.

Alice Narrando

Estava deitada em minha cama e sabia que dormir agora seria impossível já que por conta da festa as luzes iriam desligar um pouco mais tarde. Olhava para cima sem fazer nada quando meu irmão chegou e se deitou ao meu lado. Sem dizer nada ele se aconchegou em meu ombro.

— Vai dormir com seu namorado não? – perguntei tentando não parecer amargurada.

— Não. Vou dormir com a minha irmãzinha hoje.

— E posso saber por quê?

— Porque não estou gostando do seu jeito ultimamente. Talvez eu tenha me perdido nesse namoro e deixei de te dar atenção o suficiente. Não vai acontecer mais.

— E como sempre... Você está certo. – dei um sorriso e suspirei. – Eu só queria ficar bem. – admiti com mais tristeza que eu imaginava. Achei que ainda restavam resquícios de força de vontade em mim, mas não havia. Não sabia mais o que seria do meu coração se eu continuasse tão mal assim.

— Você vai. Só tem que deixar o tempo passar. – ele fez carinho em meu braço. – Se fechar desse jeito é a maneira errada de fazer isso. Quanto mais se isolar, mais triste vai ficar.

— Ninguém entende.

— Eu entendo Alice. Você foi muito machucada. Você e ele. Os dois cometeram erros, se deixaram levar por ciúme, insegurança, medo, intrigas... Você e o Arthur são as duas pessoas mais adoráveis e cheias de amor que eu poderia conhecer na vida. Estou com o cara que teve papel significativo na destruição de vocês e os dois conseguem ama-lo e nos amar juntos. É tão... Irreal.

— Se fossemos maduros o suficiente Kevin não teria conseguido tudo que conseguiu. No fim a culpa é toda nossa, isso que mais dói.

— Talvez vocês não estejam prontos ainda.

— Eu sinto que um dia ele vai conseguir se comprometer e dessa vez de verdade. Com alguém que não sou eu.

— Não acredito nisso. Ele te ama muito. Você é importante demais para ele arriscar tudo dessa forma.

— Giovana conseguiu superar Alexandre em poucas semanas, por que eu não consigo superar o Arthur Murilo?

— Gi e o Alê foi um namoro que não deu certo e ambos entenderam isso. Você e Arthur são duas pessoas que não chegaram a ficar juntos e carregam o peso de querer isso mais que tudo. É diferente Alice.

— Muh... – ele parou de fazer carinho em meu cabelo e me olhou. – Você acha que eu vou conseguir esquecer?

— Sim. Já te disse, o tempo precisa passar.

— Não, você não acha.

— Você não pode pedir minha opinião... Estou apaixonado. Sempre vou torcer por segundas chances.

— É, você está apaixonado... – fiquei pensando naquilo. – Murilo...

— Oi. – ele me olhou de novo.

— Como é? Você não estranha? Quando você está com ele.

— Incrivelmente não. É natural. – seu sorriso me fez sorrir. Murilo estava genuinamente feliz. Nunca o vi desse jeito. Ele brilhava quando falava de Kevin. – O que foi?

— Você tá namorando mesmo! Sabe que namoro envolve fidelidade né? – ele deu uma risada. – Por que eu não vejo um cenário em que você esteja namorando. E eu não conheço uma pessoa que tenha mais repulsa por traição que Kevin.

— Caralho... – sua fala era pausada. – Você me fez pensar em uma coisa importante agora. – respirou fundo. – Mas fica tranquila, eu sei disso.

— E se você sentir atração ou desejo por outra pessoa?

— Não tem como isso acontecer. Aquele imbecil faz meu coração se sentir de uma forma que eu olho pra qualquer um pensando apenas nele. Ele é definitivamente o meu complemento. Não iria encontrar em ninguém o que achei em Kevin, por isso não teria essa vontade, sem o mínimo de sombra de dúvida.

— Você já disse essas coisas a ele?

— Não preciso. Ele sabe.

— Acho que você o ama. Por que não contou ao papai?

— Caleb. – ficou instantaneamente nervoso.

— Murilo... Esse cara é... Perigoso.

— Você nem imagina o quanto. – ele suspirou. – A minha sorte, ou azar não sei é que o filho dele é tão perigoso quanto ele.

— Ele mente de uma forma tão natural! E ele manipula situações. Lembro uma vez que estava beijando o Ke... – eu me calei na hora. Ele deu uma risadinha. – Isso é MUITO estranho Murilo! – tampei o rosto e ri.

— Ah, ela riu. – ele fez cócegas em mim.

— PARA! – gritei rindo mais ainda. Depois de cansar de rir e ele cansar de me fazer rir a gente acabou dormindo. Eu era muito sortuda por ter Murilo ao meu lado.