Amor Perfeito XIII

Diferente dele


Murilo Narrando

Depois de ouvir de Arthur que Kevin parecia ter pendido ao Caleb fiquei um pouco sem reação, mas eu teria que lidar com ele daquele jeito de novo se esse fosse o caso, não iria virar as costas só porque o pai dele o influencia mais que eu e o irmão. Mas agora eu estava nervoso demais para conseguir pensar em algo.

— Oi. – Kevin chegou até meu dormitório. – Dá pra conversar?

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— Desculpa por ter me visto daquele jeito. – ele notou que eu não estava surtando e se sentou ao meu lado.

— O que aconteceu? Achei que era comigo.

— Não. Desculpa mesmo, foi ridículo. – peguei em sua mão. Mordi seu dedo e depois dei um beijo.

— Sério? – ele me olhou surpreso. – Que alivio. – ele escorou sua cabeça na parede e suspirou. – Pensei que estivesse surtando ao notar... Tudo isso.

— Não vou surtar Kevin. É difícil... Mas não posso tornar impossível.

— O que estava acontecendo com você Murilo? – respirei fundo e desviei o olhar.

— Arthur e Alice. Você não percebe? Eles se amam tanto e se machucam de uma forma que dá ódio de ver. Fico nervoso Kevin.

— Isso é admirável... A forma como se sente incomodado com a situação... Faz com que eu goste ainda mais de você. – fiquei corado. – Desculpa falar assim, não aguentei.

— Tudo bem. – ele ficou me olhando.

— Posso te fazer uma pergunta? – concordei gestualmente. – O que você quis dizer com saber o que está acontecendo? – o olhei e sorri. – Não quer falar sobre isso né? – mexi em meu cabelo e suspirei. – Tá bom. Só me diz por que acha que sente o mesmo que eu.

— Fico sem rumo quando a gente se afasta... E eu me acostumei tanto com o seu cheiro, fora que eu nunca estive tão próximo assim de alguém. – olhei pra baixo ficando nervoso. - Estava com saudade sabia? – perguntei olhando para sua mão junto da minha. – Hoje quase não te vi.

— Também estava. – ficamos nos olhamos. – Você fumou né? – ele ficou sério.

— Pouco. Aquela Giovana não sai do meu pé, não é Giovana, é Daniela eu acho. Onde eu estou ela aparece tipo assombração.

— Eu a entendo. – ele deu um sorrisinho me fazendo rir.

— Ah é? Então por que não faz igual a ela?

— Talvez porque eu sou um cara... E um cara sabe como outro pensa. E sei que se eu ficar atrás de você desse jeito tem grandes chances de estragar tudo.

— Você gosta de rosquinha? – perguntei espontaneamente e vi que ele não entendeu. – Doce, assada, de comer. – ele riu.

— Gosto sim, por quê?

— Tem nesse pote branco no criado ao seu lado. Foi o que eu cozinhei agora a noite. Experimenta. A minha raiva é o tempero especial.

— Você é muito ridículo. – ele deu uma risada e pegou o pote colocando em seu colo, sentei em seu lado e fiquei observando sua reação. – Se eu disser que achei melhor que a da vó Isa você acredita?

— Eu diria que você é bem louco.

— Tá muito bom mesmo. – ele continuou comendo. – Mas não é o que você gosta de fazer né? Lembro vagamente que já ouvi você dizer algo do tipo.

— Que tipo de bicho você é? – me virei para ele. – Você sempre ouve tudo, entende tudo...

— Só foco nas coisas importantes. Mas eu tenho minhas fraquezas. Sentimento por exemplo. Agora que eu to gostando das pessoas, como do Arthur, com você me ajudado a mudar... E chegar a me apaixonar... Foi a coisa mais inusitada que aconteceu.

— Você sofreu muito com ele né? – perguntei dando um suspiro. Falar desse cara que eu nem conhecia me incomodava demais.

— Com ele, por ele... - ele ficou me olhando.

— O que foi? – ele entrelaçou nossas mãos.

— Você. Está me deixando ter a ilusão que vai ser diferente dele.

— Pedi pra ter paciência e não pra ser um idiota. Se eu não estivesse certo do que eu quero descartaria de primeira.

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— O que te faz ter essa certeza?

— Você me conhece desde que nasci... Quando eu senti algo por alguém?

— Nunca. – desviei do seu olhar. – Mas eu ainda não entendi por que eu sou correspondido.

— Te ajudar a mudar me fez ver que você precisa de alguém que cuide de você, sua carência despertou alguma coisa em mim... Primeiro eu não aguentava ficar sem estar atrás de você, depois veio a necessidade de contato físico... E aos pouco eu entendi o que estava acontecendo... Lembra o que eu disse sobre a sua boca aquela vez? – ele concordou. – Inventei aquilo... Eu sabia que se dissesse que achava sua boca muito linda sem algum argumento idiota o suficiente você iria entender porque eu estava tão hipnotizado. – ficamos nos olhando. Olhei para a sua boca. - Eu não aguento mais viver pensando no quanto quero te beijar.

— Oi casal. – maldito Rafael. Ele chegou e se sentou de frente pra gente colocando a perna no meio de nós dois. Ele arredou seu corpo pra frente bem perto de mim. – Tira. – arranquei a pequena pele na boca dele. Ele se encostou novamente na ponta oposta a nossa.

— Queimou? – Kevin questionou nos olhando. Ele parecia enciumado ou era apenas incomodo mesmo.

— Os dedos e a boca.

— Ele leva o “fumar até a última ponta” muito a sério.

— Tá acabando, eu quero muito ver onde você vai arrumar. Você jurou que ficaríamos aqui só um mês.

— Sei quem tem aqui... Mas ele não vai fazer negócio nenhum, já peguei a mina dele. Ah! Tem outro, ele é doido com a Otávia, se você ajeitar capaz de arrumar e muito.

— Ah tá, aham imbecil. Mais queimado que eu to com ela? Ow, serião. Seu primo tá ficando doido não tá não?

— Mas que eles vão parar de falar dele e da Alice isso eles vão.

— De qualquer forma é muita loucura você falar isso pra sua família. A mãe dele já descartou os netos.

— Ela tem mais dois filhos e existe adoção.

— Não importa Kevin. Pra mim isso não existe. Desculpa, eu respeito, mas eu não entendo e não acho normal.

— Se você enxergasse as pessoas como pessoas e não como órgão sexual você iria entender. – Kevin me olhou surpreso.

— Olha que o gay é você e o hetero é ele hein? – Fael perguntou e riu. – Desde a primeira vez que eu coloquei o olho em você eu sabia que você era um filho da puta, mas não imaginava que iria roubar o cara que me ajudou a pegar mais mulher depois do Arthur.

— Não era minha intenção. – ele deu aquele sorriso dele que com certeza me deixava com cara de bobo. – Isso é meu tira o olho. – prestei atenção no que eles falavam, Rafael estava olhando para o pote no colo de Kevin.

— To numa larica monstra, me dá.

— Vai à cozinha pegar alguma coisa, eu hein.

— Murilo manda ele me dar.

— Eu não mando nele.

— Então ele manda em você? Que porra de casal vocês são? Alguém tem que mandar em alguém.

— Que ideia errada e escrota de relacionamento você tem.

— Caralho, que bunda a Daniela tem. – estiquei meu pescoço e olhei para trás tentando olhar a saída. –Obrigado Murilo. – o olhei sem entender e ele havia tirado o pote de Kevin. – Eu sabia que se ele ficasse com ciúme iria vacilar.

— Não queria ver nada, só verifiquei se alguém estava mesmo passando. – me defendi. – Se eu a quisesse eu estava com ela e ele sabe disso.

— Ele não está tão seguro assim porque as mãos dele tremeram.

— Você tá afim do Murilo para fazer tanto inferno assim? – Kevin perguntou simulando um sorriso.

— Amo esse jeito dele. – confidenciei. – Mas combinamos que você seria bonzinho. – o olhei. Ele suspirou pesado.

— Ainda é complicado.

— Me deixa entender uma coisa... Vocês se gostam desde sempre?

— Não. – Kevin respondeu de forma séria. Rafael me olhou.

— Não. – ele pareceu confuso.

— Quando cheguei aqui vi que todo mundo o odiava. Menos você. Porque vocês são amigos?

— Porque nos conhecemos desde pequenos. – respondi e ele pareceu não se convencer.

— Todos eles também.

— Que se foda, ele é engraçado pra caralho. Sempre gostei de conversar com ele. Agora sai fora, vai desligar a luz daqui a pouco.

— Vou, mas essa delícia vem comigo. – ele se levantou rapidamente com o pote de rosquinhas que Kevin tentou pegar de volta.

— São minhas. – eles estavam em uma disputa e se eu não intervisse iriam voar rosquinhas para todo lado e ninguém ficaria com nada.

— Faço mais amanhã para você, o deixe ir... Se ele sumir está ótimo. – falei olhando para Kevin.

— Injusto. Mas necessário. – ele bufou enquanto Fael fez uma expressão de vitorioso e saiu rapidamente.

— Deita aqui. – apontei para o meu braço. Ele se deitou e me olhou.

— Você já tomou remédio?

— Sim. Amanhã é o último dia. – comemorei.

— Qual o seu maior desejo agora? – nem precisei pensar.

— Te beijar. – ele riu.

— Sabia que iria responder isso.

— Então por que perguntou? – tirei a cabeça dele do meu ombro e me virei para ele, fitando seu rosto de perto. – Essa pergunta vem com alguma intenção. Não faz isso Kevin. Não faça jogos comigo.

— Não é um jogo. – ele passou as costas da mão em minha bochecha. – Não está curioso para saber qual é o meu maior desejo?

— Me beijar? – ele deu um sorriso de canto.

— Não. Meu maior desejo é te entender. E a gente só vai se beijar quando isso acontecer.

— Como assim?

— Você está aceitando isso de uma forma tão natural... Não era pra ser assim.

— Generalizar as situações é bem errado sabia?

— Mas você é o cara que eu jamais imaginaria tendo essa reação.

— Está falando igual ao Rafael. – respirei fundo. – É tão difícil assim aceitar que eu gosto de você?

— É. É sim. Tenho uma lista de motivos, mas não quero falar disso, me machuca.

— E você acha que não me machuca você me julgando o tempo todo?

— Estou com medo Murilo. Acho que sou uma diversão pra você. Uma nova experiência. Algo que você vai provar e jogar fora depois. – fiquei em silêncio porque qualquer reação que eu tivesse seria ruim demais. – Estou me abrindo pra você porque me incomoda pensar essas coisas.

— E como você pretende que eu mude seu pensamento? Fale o que eu preciso fazer e eu faço. – olhei para ele e ele desviou o olhar.

— Esquece, estou sendo idiota.

— Você acha que é fácil pra mim? Você é o diabo Kevin. Uma verdadeira bomba prestes a explodir. Mas dizem que a gente só foge do que assusta a gente. Isso não me assusta.

— Por que não te assusta?

— Porque me faz bem. E eu não posso temer o que me faz bem. – ficamos nos olhando. - Já sentiu fome de alguma coisa? Daquelas que você faria absolutamente qualquer coisa para conseguir?

— Já. Destruir o Arthur.

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— Então você entende como é minha vontade de... – a luz apagou e eu parei de falar instintivamente. – Não ouvi o aviso, você ouviu? – antes de desligarem tinha um pequeno aviso sonoro.

— Não. Acho que estávamos muito perdidos um no outro para ouvirmos alguma coisa. – ficamos nos olhando. – Não vai completar sua frase?

— Você não vai mesmo me beijar até me entender? – ele deu uma risadinha. – Tá bom, não vou mais falar disso. Vamos dormir? – ele concordou gestualmente puxando levemente meu braço e me ajeitando carinhosamente. A única coisa ruim era saber que ele não estaria ali de manhã.