— Vocês estão muito mal acostumados com Arthur sempre fazendo tudo. – falei e me levantei. – Vou até ela. Temos que nos habituar a resolver nossos conflitos sem ele.

— Ei. – Murilo segurou meu braço antes que eu fosse. – Fica aqui, eu vou tentar conversar com ela.

— Ela está muito brava e magoada e vocês só vão brigar mais ainda. – falei e tirei meu braço.

— De qualquer forma você não é a melhor pessoa Alice. – Ryan falou me encarando com seriedade. – Ela vai alegar que você nunca poderá entender o que ela está sentindo.

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— Então todo mundo vai ficar parado deixando a garota sair sozinha por aí no estado que ela estava? – perguntei e coloquei as mãos na cintura.

— Seu inconformismo não é por ninguém ir atrás dela e sim porque quem devia ir não está aqui. – Otávia falou e eu imediatamente a encarei.

— O que você quer dizer com isso?

— Sou apegada a Arthur, sempre fui. Morávamos juntos. Ele foi embora por sua causa!

— Ela não está pronta para essa conversa Otávia. Cala a porra da sua boca. - meu irmão mandou com muita agressividade.

— Por que por minha causa? - olhei para ela tentando entender tudo aquilo.

— O pai dele disse que ele te ama!

— E quem liga para o que o meu pai fala? – Kevin perguntou e enrugou a testa. – Dá para a patricinha sardenta aí colocar a porra da mão na consciência e lembrar que Alice não tem nenhuma noção do que é amor? Isso é desumano até mesmo pra mim que não tenho quase nenhuma humanidade.

— Tenho que ir pra casa. – falei mantendo o olhar fixo em um ponto qualquer.

— Eu te levo. – Kevin se levantou e Murilo o empurrou o fazendo sentar de novo.

— Vai sonhando. – ele respondeu apenas e pegou minha mão, me guiando até o carro do nosso pai e me levando para a casa. Eu não disse uma palavra. Nem ele. – Posso te deixar aqui na porta e você vai entrar rápido e em segurança? – ele perguntou me olhando. Como a minha casa era de pedra e era uma casa com um nível acima da rua, a entrada era um pouquinho afastada, não era muita coisa, mas quando nossos parentes e pais dos nossos amigos chegavam, eles geralmente entravam com o carro e os estacionava mais perto da porta principal, no jardim. Nem respondi Murilo e sai, entrando em casa rapidamente. Ele se foi quando viu que eu havia trancado o portão novamente. Dei alguns passos e vi um carro igual ao de Arthur. Forcei os meus olhos e apesar da pouca luz deu para ter certeza que era pelo menos o mesmo modelo, só não sabia a cor, se era prata ou bronze. Meu coração ficou muito acelerado. Corri para ver se era ele. Entrei e vi Caleb e Luna na sala sentados no sofá oposto ao dos meus pais. Eles notaram que eu estava ofegante e parecia surpresa.

— Você achou que era Arthur né? – Caleb perguntou me olhando. – Nossos carros são iguais. E acho que não esperava me ver aqui.

— Como você sabe? – coloquei a mão no peito e tentei recuperar minha respiração.

— Sei lá, você chegou correndo. Ou aconteceu alguma coisa? – meu pai me olhou após essa pergunta dele.

— Cadê o seu irmão? – sabia que não demorariam a perguntar.

— Ele me deixou aqui e voltou pra casa da vó Isa. – falei e voltei minha atenção aos meus tios. – Aconteceu alguma coisa?

— Coisas de adulto. – tia Luna respondeu e sorriu. – Não se preocupe, Arthur está bem.

— Que bom. Vou para o quarto. – sorri para eles e subi. Acabei dormindo bem rápido e acordei cedo para um sábado. Enrolei um pouco na cama, mas logo me levantei. Na mesa de café vi que o clima não era dos melhores.

— O que aconteceu? – perguntei sem conter a minha curiosidade.

— Já estamos sabendo que Murilo estava se envolvendo com Sofia e Larissa ao mesmo tempo. Mentindo para as duas.

— Pai, eu já disse que não era nada sério.

— Não importa. O fato é que você tem que construir valores, não pode enganar as pessoas dessa forma pelo bem do seu próprio prazer. Assusta você ser desse jeito Murilo!

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— Você tem dois filhos que não sentem nada. – ele deu de ombros. – Não consigo ser bonzinho como Arthur, por exemplo, e me preocupar com os sentimentos das pessoas. Sou assim pai, desculpa se isso soa como uma decepção para você.

— A gente respeita a sua personalidade e o seu jeito e temos que aceitar a forma como lida com relacionamentos, mas meu filho, a partir do momento que você machuca outra pessoa, isso é grave.

— Sofia está sendo dramática demais! Eu nunca prometi nada a ela. – eles continuavam tentando conversar e os meus olhos passava de um para outro. Era estranho ouvir a maioria daquelas coisas, porque eu não tinha muita noção de como isso funcionava na prática.

Depois do almoço eu e Murilo fomos para a pracinha, onde todos os nossos amigos estavam. Yuri mexia em seu celular, então sentei ao seu lado no grande banco de concreto. Otávia estava sentada no mesmo banco que a gente, só que no encosto, ficando um nível mais alto. Ela tinha um pequeno espelho redondo no colo e parecia tirar algum pêlo da sobrancelha. Larissa estava no banco da frente, bem longe da irmã que no momento se defendia do meu irmão.

— Obrigado por destruir a minha vida Sofia! – ele disse com um tom agressivo e Ryan foi até ele o impedindo de socar a garota.

— Não posso nem fumar a porra de um cigarro em paz que já tenho que vim controlar essas crianças! – ele reclamou com seu típico mau humor.

— CHEGUEI! – Alê gritou ao aparecer do nada. – Por que minha puta tá com essa cara de revolta? – ele perguntou agarrando Murilo pelo pescoço. Reparei que Kevin também estava por ali, mas quieto demais. Ele estava sentado num banco na lateral, fazendo sei lá o que. Nunca dá para saber o que Kevin está fazendo.

— Ei. – falei ao sentar do lado dele.

— E aí? – ele me olhou por segundos. – Tudo se resolveu na sua casa?

— Do que está dizendo?

— Murilo pegando duas irmãs. Você querendo conversar constante comigo. Imagino que não esteja nada fácil. – ele sorriu, mas eu não sabia se ele estava sendo irônico. Mais uma vez: nunca dá pra saber.

— Ah, é. Ah, acho que tá tudo bem. – ele apenas concordou. Gostava do Kevin porque ele nunca fazia muitas perguntas. Eu dizia que estava tudo bem e ele concordava. Sem ficar insistindo. Esse era um dos motivos de eu me sentir bem ao seu lado.

— Seus bostas, ninguém mandou mensagem para mim dizendo que iriamos nos encontrar. – Gi disse ao chegar correndo.

— Sim, mandamos, no grupo. Você que é lerda mesmo. – Otávia respondeu de primeira. Ray defendeu Giovana com a tese de que ela possuía neurônios a menos que a gente. Eu amo muito meus amigos.

Passamos a tarde lá, como de costume, entre cigarros e uma vodka quente com um litro de fanta que os meninos compraram em um bar lá perto, dando muita risada de tudo e qualquer coisa. Era muito bom estar com eles. Muito mesmo. Não sei como Arthur conseguiu deixar tudo isso pra trás.