Já faziam sete meses desde o nascimento de Ned e de seu casamento com Gendry, mas algo parecia errado.

Esses primeiros meses não poderiam ser mais perfeitos. Ela era feliz como mãe e como esposa, mas sentia falta de toda a sua vida anterior. Sentia falta de não ter um compromisso com qualquer coisa. Claro que isso não queria dizer que ela não amava sua família, mas se sentia presa e acuada ali. Como uma loba em cativeiro.

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Ned fazia pequenas bolhas de baba ao abrir a boca e ria ao velas explodir. Era uma ação engraçadinha e encantadora, mas Arya adorava encarar o pequeno bebezinho em seus braços.

Gendry a encontrou ali ao lado da janela com a luz do sol iluminando a ela e ao bebê. Ele ficou no batente, observando ela embalar a criança, assoviando baixinho para que o pequeno dormisse.

— Tudo bem com você? — ele perguntou, observando o rosto iluminado e com um sorriso fraco.

Ela se virou para ele e sorriu para o marido, antes de se virar para a janela. Lá fora o mar parecia revolto, batendo com as pedras do porto, sua mente navegando para muito longe, além das ondas, em direção a novas terras e aventuras.

Porém seus braços pesavam com o peso de Ned que já estava crescendo e seria um menino forte e bonito como o pai. Ela acariciou a cabecinha. Queria ver seu filho e era isso que a dividia.

Desceu os dedos, fechando os olhinhos azuis, ele sorriu e logo abriu os grande olhos, usando as mãozinhas para pegar as mãos da mãe.

Gendry se aproximou e pegou o pequeno, segurando o bebê junto ao rosto e sussurrando alguma coisa em seus pequenos ouvidos, logo ele já estava bocejando, com os dedinhos em punho muito perto da boca.

— Como voce faz isso? — ela perguntou, quando o homem deitou o bebe no bercinho, já adormecendo.

— Eu sempre tive facilidade de fazer ele dormir, lembra? — ele perguntou se aproximando pelas costas da mulher e a abraçando.

Era claro que Arya se lembrava de como pedia para ele se deitar com ela e a forma como Ned parecia se acalmar quando as mãos de Gendry estavam sobre a barriga da mãe. Como naquele momento, em que os dois observavam o mar revolto lá fora.

O Matilha do Norte estava no porto com a grande proa de Nymeria se projetando sobre as ondas em um balançar ritmado, que o colocava para cima e para baixo e então de novo. Ela sentia falta daquela cadencia, talvez Ned dormisse melhor com aquele embalo natural.

— Você sente falta disso, não é? — perguntou Gendry, sentindo ela apertar mais os braços dele ao seu redor — De navegar e descobrir novos lugares?

— Sim — ela respondeu, como se escondesse em seu amor.

— Você quer voltar a viajar — não era uma pergunta, mas ele sentiu a cabeça dela se mover para cima e para baixo em uma afirmação. — Eu e Ned iriamos morrer de saudade de você — ele disse aquilo, o coração pesando de encontro a esposa, mas não queria que ela se sentisse culpada — Você vai voltar?

Ela se soltou dos braços dela, as costas agora viradas para a janela e com os olhos nos olhos do marido. Os dois já haviam decidido que ela iria partir, mesmo que não tivessem falado em voz alta.

— Eu te amo — foi a única coisa que ela falou, aquilo não era uma promessa. Era uma despedida.