Ao infinito e além

Voe o mais alto que puder, Tooru


Houve um período em que acordar ao seu lado – quase — todos os dias, era significado de treino, suor e, muitas vezes, lágrimas. Lágrimas que vinham acompanhadas do esforço que ninguém mais via além de mim e dos seus companheiros de time.

Perdi a conta de quantas vezes te carreguei pra casa nos meus ombros porque você não era mais capaz de caminhar, em estafa e chorando baixinho porque suas pernas doíam demais.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Às vezes eu me questionava até onde o seu amor pelo vôlei valia a pena, até onde a sua saúde suportaria aqueles saltos que eram tudo menos humanos. E ainda assim, eu amava te ver voar. Amava cada salto e cada pouso, e como todas as pessoas vibravam quando o curso da bola atingia o local que você queria como se fossem mísseis teleguiados indo na direção de seus alvos.

Ver a frustração da derrota em seus olhos me doía mais que a própria perda, porque eu sabia, Oikawa, o quanto vencer significava para você. E todas as vezes em que você se levantava para ir em frente, eu estive ali para te apoiar, até que não havia uma próxima, pois aquele era o nosso último ano no colégio.

E eu te senti leve como um boneco de pano em meus braços. E te senti chorar contra o meu peito até que não te restassem mais lágrimas. E os meus dedos se emaranharam nos seus cabelos e eu senti o cheiro do seu perfume junto ao suor, mas não me importei.

“Você ainda vai voar, Trashykawa. Ninguém no mundo é capaz de cortar as suas asas.”

Você seguiu em frente de fato, sem nunca desistir dos seus sonhos. Se antes treinava muito, passou a treinar ainda mais quando foi selecionado como um dos juniores do Japão e eu o segui como uma sombra fiel, como o cão de guarda que jamais te abandonaria.

O seu esforço te fez chegar longe antes, e mais ainda agora que veste a camisa do Japão.

− Iwaizumi. – Olhamos ao mesmo tempo, arrancando um sorriso ladino de Kuroo, que também faz parte da seleção. – Está na hora. Sempre me esqueço que agora são dois. Devo chamá-los de Hajime e Tooru?

− Você não é nem louco, seu gato vira-latas. – O ameaço, mas você ri. E é o som que reverbera dentro de mim junto com a felicidade de tê-lo ao meu lado todos os dias. – O que foi, Shittykawa?

− Não é nada, Iwa-chan. – Você sorri, e é toda a luz que eu preciso para projetar a minha sombra. – Mas agora você é Shittykawa também!

− Hmph. – Levanto a mão como se fosse te dar um cascudo e vejo seu corpo se encolhendo, mas ao invés disso te faço um cafuné, notando o quão mais alto você se tornou desde a última vez em que tivemos o mesmo tamanho. – Vamos, estão nos esperando.

− Hai, hai! – Você corre na frente e somos ovacionados diante da multidão quando todo o time se alinha. Nas nossas camisas, o mesmo nome bordado: Iwaizumi.

Você meu eterno camisa 1. E eu para sempre o seu camisa 4.

Hoje desperto todos os dias ao seu lado, e o significado disso não é muito diferente do que era: treino, suor, e muitas vezes lágrimas. Mas agora eu estou sempre ao seu lado. Não apenas como seu melhor amigo, mas como seu marido. E no que depender de mim, Oikawa, seus voos serão ainda mais altos. Como aquele astronauta bobo costumava dizer: ao infinito e além.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.