Paradise Coast

Predadora Apex


P.O.V. Beverly.

Nos lascamos. Maldito Príncipe Alienígena do Inferno!

Ela estava cercando a gente, andando á nossa volta como o que ela era. Uma predadora acuando a presa.

—Lisa, eu sei que você tá ai e eu sei que a escuridão dentro de você tá te comendo viva no momento e que precisa colocar pra fora. Mas, agora eu preciso que você lute contra isso.

—Sério? Você acha que eu não sei que você me inveja e me teme? Você é uma garotinha tola que tinha a vida perfeita, mãe, pai, dinheiro, tudo o que sempre quis, tudo o que poderia querer. E ainda assim, você quer ter o que eu tenho? E eu quero o que você sempre teve, mas nunca, nunca deu valor. Escolha. Nunca tive escolha, nem mesmo antes de nascer. Eu fui forçada a nascer com essas habilidades que me custaram tudo!

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No que ela gritou a energia azul veio na nossa direção e tivemos que rolar. A rajada estilhaçou os vidros dos carros, janelas, para-brisas, fez os carros capotarem e o subsolo chacoalhar.

Eu sabia que ela tava tentando lutar e controlar.

P.O.V. Lisa.

Posso ouvir os sussurros, aumentando. Eles nunca gritam são sempre sussurros e ainda assim conseguem ficar mais altos.

—Para. Pare!

Disse andando de um lado para o outro apertando a minha cabeça, enfiando os dedos no couro cabeludo na vã tentativa de calá-los.

—Lisa...

Senti ele tocar em mim.

—Não me toque!

Com um empurrão a razão da minha existência e da minha desgraça voou longe. Então tomei uma decisão. Apaguei todos os outros, coloquei-os para dormir, enquanto Khal Khan se levantava.

—Agora somos só nós dois.

Forcei-o a se ajoelhar.

—Eu te odeio.

—Eu me odeio também, querida. Sua mãe e eu, nós não sabíamos de você se soubéssemos, se ao menos suspeitássemos que ela estava grávida... Não tínhamos ideia.

—Bem, agora você tem. E como é a sensação?

—Como a pior dor que eu já senti em todos os meus ciclos. Quando sua mãe morreu e tive que deixar você... casar com a Una, ter que viver sem ver você. Sem saber de você... pensei que a dor não poderia cortar mais fundo. Por ciclos, todo dia, toda noite, pensei em você. Não houve um dia em que eu não desejasse estar ao seu lado.

Os sussurros estavam ficando mais altos, aumentando. Então, senti meus olhos mudando de cor, do verde normal para aquele azul sobrenatural.

—Você deixou ela morrer! Você me deixou viver!

Arranhei o ar e acabei arranhando ele também. E eu descontei nele mesmo, desci o sarrafo nele!

P.O.V. Khal Khan.

A dor é excruciante. Os cortes são profundos e dolorosos.

—Você acha que isso dói?! Isso não é nem a metade do que estou sentindo agora! Imagine isso, multiplicado por um cazilhão! Eu posso sentir a escuridão viajando pelas minhas veias, me contaminando. Eu posso sentir fisicamente enquanto estou parada aqui falando com você!

Ela parava apenas tempo suficiente para que eu curasse, então começava novamente.

P.O.V. Elisa.

Recobrei a consciência, mas não conseguia me mover. Mas, podia ver e ouvir o que Lisa estava fazendo e dizendo. Estava espancando, o pai, usando o que Beverly chamou de escuridão para feri-lo.

—Você acha que isso dói?! Isso não é nem a metade do que estou sentindo agora! Imagine isso multiplicado por um cazilhão! Eu posso sentir a escuridão viajando pelas minhas veias, me contaminando. Eu posso sentir fisicamente enquanto estou parada aqui falando com você!

E ela recomeçou a atacá-lo.

—Você e aquela vagabunda que é minha mãe, mas não minha mãe fizeram isso comigo! O D.N.A. não humano, adulterado, misturado com aquela porcaria que ela tirou de Deus sabe onde! Você nem consegue começar a imaginar a dor. E estou falando de dor física! Numa escala que o seu cérebro genial nem conseguiria calcular!

Era um milagre Khan ainda estar vivo. Então, ela se voltou para mim e disse olhando bem nos meus olhos:

—Não é milagre não. É a sua preciosa ciência. A sua e a dele. Sou eu. Ferir e curar, ferir e curar. É tão simples que é quase patético.

Senti o osso da minha coluna que estava quebrado, fraturado... voltar ao lugar e se quebrar de novo. E voltar ao lugar.

—Viu? Sentiu? Os médicos humanos estão há anos procurando um jeito de concertar uma coluna fraturada. Para mim, é fácil, quase insignificante. Não se preocupe. Você tem ossos quebrados, mas vai viver. Eu poderia te matar, mas não faria diferença, ele te traria de volta e mesmo assim... matar você seria muita misericórdia da minha parte. Não. Você vai viver, vai viver para se arrepender amargamente do dia em que descobriu aquela porcaria de droga. Aquele maldito veneno.

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Ela pegou o celular, chamou a emergência e saiu. Nos largando lá no chão.

Era incrível, como quando ela estava no telefone com a atendente da emergência como sua voz soava, apavorada, pânico, choque. Sua expressão facial mudava, então... no momento em que Lisa apertou o botão e encerrou a ligação... nada. Expressão absolutamente vazia.

A ambulância chegou, os paramédicos nos socorreram e a polícia estava esperando para tomar depoimentos.

—Eu vi a menina sair voando! Olha o buraco que fez no meio da rua!

E lá estava, o asfalto com um buraco. Rachado.

Enquanto Khan e eu éramos enfiados na ambulância, o policial veio.

—Com licença, mas precisamos...

—Não é culpa dela. É nossa.

—O que? O que está dizendo senhora?

—Sim. Ela voa, sim, ela cura e tem habilidades inimagináveis, mas em nossa tentativa de salvar nossa filha... nós a condenamos. Se eu soubesse o que sei hoje, se soubesse sobre este detestável efeito colateral... talvez eu tivesse deixado morrer comigo.

Disse com dificuldade devido aos ossos fraturados e a dor insuportável.

—Ela é a luz mais brilhante e ainda assim a escuridão mais profunda.

Foi a última coisa que consegui dizer antes de ser tomada pela inconsciência.

P.O.V. Lisa.

Eu vim até o lugar perfeito para descarregar. A Maldita Faixa de Gaza. Este lugar detestável, cheio de soldados e terroristas, todos armados, trocando tiros, explodindo prédios e matando inocentes aos milhares.

Um dos soldados Israelitas atirou em mim. Mas, eu não senti nada. Nada além de mais fúria que eu descontei nele.

—Você acha que Allah, ou Jesus, ou Maomé ou qualquer Deus iria quer isso?! Bem, você está errado!

Matei vários soldados, dos dois lados. Americanos e Israelitas. Porque quando um não quer, dois não brigam. Nenhum deles é inocente, ou herói. São dois assassinos. Um mata em nome de um pedaço de Terra e o outro... imagine só? Em nome de Deus. O que é um País, se não... um pedaço de Terra? A América, a Venezuela, o Brasil... apesar de todas as picuinhas não passam de terra e solo. Alguns tem pedras preciosas, alguns tem óleo, gás, petróleo, mas no fim... são todos feitos de terra e pó.

Perdi a conta de quantos soldados eu matei. E importava? O lugar já era um enorme cemitério de qualquer forma.

P.O.V. General Garrow.

Lisa Carlton, a arma viva. Ela foi avistada na Faixa de Gaza, massacrando soldados. Dos dois lados.

—Quero uma imagem de satélite! Agora.

E lá estava aquela figura pairando sob o campo de batalha.

—Me consegue uma imagem ao vivo!

E quando vi aquilo... fiquei... arrepiado até o último fio de cabelo. Os civis ela deixava passar, mas os soldados? Ela os massacrava. Aquela luz azul clara de aparência fria os atingia, fulminando-os.

—Que tipo de arma é essa?

—É energia, senhor. Uma onda de energia duma concentração nunca antes vista. A frequência das ondas é muito alta, alta o suficiente para fazer os órgãos humanos se liquefazerem ou pior.

—Meu Deus!

Meus homens, estavam sendo mortos por uma super-arma. Estou no Q.G. cercado pelos figurões assistindo impotente minhas tropas serem fulminadas.

Quando ela finalmente voltou a pisar no chão, se aproximou dum soldado e este abriu fogo contra ela, mas de alguma forma a garota absorveu as balas. Todas elas. E estendeu a mão para ele que lhe entregou seu comunicador.

—Olá Generais, Presidentes e companhia limitada. Os vermes mortais, que se auto-intitulam, heróis. Se são heróis, então... porque não estão aqui? Oh, sim. Porque vocês são covardes pomposos. Eu sei que estão me ouvindo e quero que saibam que... não sou heroína. Não sou vilã. Não fiz isso pela merda de um País ou por algum tipo de Divindade intolerante. Eu fiz por mim mesma. Os soldados, Americanos e Israelitas não são diferentes. Lutar pelo país, pela honra, ou por Deus... é só papo furado, lavagem cerebral. Eu luto por mim mesma e ponto. E fodam-se as falsas desculpas. Cambio, desligo.

A transmissão parou e ela saiu voando numa velocidade que quebrou a barreira do som.

—Que Deus nos ajude.

P.O.V. Presidente Carlton.

Porque aparecer agora? Porque fazer isso? Qual é o ponto?

—Ela ficou desaparecida por quase três anos e de repente, volta e massacra soldados na Faixa de Gaza? Porque?

—Não tenho ideia senhor.