Kurama juntou suas patas, com os punhos fechados em contato um com o outro, e os olhos cerrados para concentrar-se no seu objetivo. A colossal raposa principiou a emanar um chakra vermelho que lhe cobria, como um manto muito poderoso. A densidade deste chakra igualmente aumentou até borbulhar, parecendo lava fervente. Finalmente a Demônio de Nove Caudas foi perdendo altura, seu tamanho diminuindo drasticamente até a normalidade de um animal comum em posição de lótus — e então sua aparência bestial também se transmutou, adquirindo uma forma humana feminina, com pele branca, olhos escuros e longos cabelos ruivos. Ela enfim se levanta, encara sua nova fisionomia com um breve sorriso, acostumando-se com o seu novo corpo. Ela conteve um risinho e parece satisfeita com o resultado de sua mudança. Agora, apesar de milênios de idade, Kurama sabe que assumia a figura de uma filha do homem de apenas, no máximo, 14 anos. Durante algum tempo ela estudou seus trejeitos para que pudesse se acostumar com seus modos de vida peculiares e por isso acredita que não irá demorar para se misturar aos outros. Passado alguns minutos para que conseguisse ter todo o controle de sua nova estrutura, habituada aos movimentos humanos, Kurama começa a correr em alta velocidade pela rica floresta que representava seu antigo lar, saltitando entre grossos galhos de robustas árvores e até mesmo passeando pelo chão, que é coberto pela relva, com um único propósito: O Vilarejo da Folha.

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Konoha é um povoado muito poderoso e importante, abastado de riquezas e uma potência militar — obviamente, também era o reino dominante de seu país, não via outro lugar para iniciar aquela nova história se não lá mesmo. Entretanto, suas pisaduras foram interrompidas quando 2 ninjas de coletes verdes, ou seja, da Folha, surgiram armados por kunais alguns metros à sua frente.

— Quem é você, mocinha? — disse o primeiro.

Kurama pensou: Não poderia dizer-lhes a verdade.

Então respondeu:

Me chamo… Kushina. É, é tudo que me lembro, rapazes.

— Não me venha com essa! — resmungou o segundo, pondo em riste a kunai. — Deve ser alguma espiã… talvez do vilarejo da Névoa Sangrenta.

Ah sim, a Raposa havia escutado os boatos sobre este lugar.

Sinceramente, eu não sei, eu… Eu não me lembro de muita coisa.

O primeiro homem havia reparado em algo. Ele murmurou para o outro:

— Olhe, ela é ruiva.

— Sim, e daí?

— Talvez ela seja daquele clã que foi brutalmente atacado.

— Os Uzumaki?

— Exato! Talvez por isso não se lembre do que aconteceu com ela.

— Então, uma sobrevivente?

Kurama se fazia muito bem de desentendida. Escutou aquele diálogo, mesmo que eles tentassem sussurrar. Desejou sorrir por suas ingenuidades, mas manteve-se na personagem que criara.

— Certo, menina. Vamos levá-la para dentro de Konoha, até ao nosso Hokage.

Naquela época, Sarutobi Hiruzen governava a Folha.

***

Gabinete do Terceiro Hokage.

Hiruzen observava das janelas que ficavam atrás de sua poltrona e mesa, encarando o vilarejo com admiração e ternura. Ele tinha amor.

— Então você não se lembra muito bem do seu passado, não é?

O Sandaime continuava de costas, os guardas em posição para um eventual contratempo em olhares fixos nela, e Kurama pensava bem antes de responder qualquer pergunta. Um deslize poderia traí-la e impedir suas ambições.

Não senhor. Só me lembro do meu nome.

Finalmente ele se virou e olhou-a dos pés à cabeça. Ao mesmo tempo, notou que o homem alisava os pêlos castanhos do cavanhaque, parecendo também reflexivo quanto a questão.

— Tudo bem. Deixarei que fique em Konoha, Kushina. — Seus olhos miravam muito bem as da Raposa. — Caso se lembre de mais alguma coisa, peço que me comunique. Eles te levarão para algum lugar que você possa se hospedar.

Hiruzen encarou os chunnins e assentiu com o rosto. Ela pôde notar que eles ainda continuavam desconfiados sobre sua procedência, e julga que até mesmo o Hokage a mantinha sob suspeita, mas ele escondia melhor que os outros.

Levaram-na para um quarto qualquer, bem rústico e simples, em uma das muitas vielas do vilarejo. Sabia muito bem que iriam vigiá-la, então deveria se manter “normal”. Seja como fosse, estava gostando dos primeiros contatos com os homens — mesmo que ainda duvidassem dela, bem, era uma reação melhor do que teriam antes, em sua forma bestial. Não demorou, portanto, para que saísse do quarto para explorar o famoso reino que existia no País do Fogo.

Kurama experimentou doces, ramen e diversas comidas no centro da Folha, em seus renomados restaurantes (ela fugiu sorrateiramente para não pagar). Viu pessoas comuns, camponeses, mas também ninjas perambulando pra lá e pra cá, alguns até desfrutavam de um momento de sossego. Não deixou de notar, é claro, certos indivíduos à espreita, com sobretudos escuros e máscaras animalescas, observando-a em pontos bem estratégicos. Idiotas.

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Foi quando corria em direção a um beco, tentando despistá-los, que a Raposa trombou inesperadamente com um garoto loiro e esquisito. Os dois foram ao chão, com o menino se recompondo em pé mais rápido e estendendo a mão para ajudá-la.

— Ahn, desculpe, não prestei atenção. Deixa eu te ajudar…

Kurama deu um tapa na mão dele imediatamente.

Não seja imbecil! Eu não preciso de sua ajuda!

Ela se levantou e percebeu que ele ainda encarava-a, apesar da própria grosseria.

O que você tá olhando garoto?

— Perdão! Nunca havia conhecido alguém com um cabelo tão vermelho!

Não seja estúpido, isso não é nada demais. O seu é amarelo, e eu não ligo.

Ele sorriu de canto.

— Me chamo Minato… Namikaze Minato. Prazer.

Você é bem chato e insistente. — Ele até que não era tão feio. — Me chamo Kushina. Agora tenho que ir, licença!

Kurama ainda trombou com o ombro esquerdo dele antes de deixá-lo.

— Ei, Kushina-chan, te vejo na academia amanhã?

Ela não sabia o que era uma academia, mas ficou interessada, ainda assim continuou percorrendo seu caminho deixando Minato para um outro dia — queria descobrir algumas outras coisas primeiramente.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.