For Evermore

Capítulo 22 - At First Sight


Jacob rugiu furiosamente. Tapei meus ouvidos, olhei para ele e vi seus olhos tristes e inteligentes fitarem-me com furor. Será que era tão óbvio assim?

Percebi que Nahuel deu um passo à frente, mas Carlisle segurou seu braço.

_ Ele não vai machucá-la.

Depois veio um ganido de dor e o lobo Jacob deus as costas para mim. Pensei que ele iria embora, mas ele foi até o meio da sala, onde estava Carlisle e Nahuel. Em posição de ataque, o pelo de suas costas eriçou e seus caninos perigosos ficaram à mostra. Senti minhas cicatrizes queimarem e apertei o suéter rasgado e sujo contra meu peito.

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_ Jacob!

Meu grito agudo foi como uma ordem para ele. Jacob atravessou a porta velozmente e logo não ouvíamos mais seus passos por entre a mata. No entanto, um sofrível uivo foi ouvido segundos depois.

Eu voltei a fitar Nahuel e ele ainda mantinha o mesmo olhar afável que eu tinha visto à pouco. Meu coração descontrolado queria saltar novamente para fora do meu corpo e eu não sei por que, mas eu queria ficar alí na sala com ele.

Não falei nada. Lutei contra minhas vontades e corri escada acima. Assim que me vi dentro de meu quarto bati a porta com força. Minhas lembranças voltaram à minha mente e agora eu sabia por que eu tinha corrido de volta pra casa. Lembrei-me de Leah aos meus pés... Eu até podia visualizar o pequeno e dourado bebê nos braços de Jacob. Era tão perfeito e ao mesmo tempo tão doloroso pensar naquilo... As lágrimas saltaram em meu rosto e eu me tranquei no closet. Peguei a maior mala que eu tinha e devagar, comecei a colocar roupas pesadas de inverno dentro dela.

...

_ É sempre assim?

Carlisle sorriu amistoso.

_ Não costumava ser, mas tem sido, se é que você me entende.

_ Então você quer dizer que eles...

_ Eles pensam que todos são cegos.

Nós dois rimos. Na verdade eu rí só para acompanhá-lo, pois minha vontade era voar escada acima e fazê-la falar tudo o que estava acontecendo, de uma única vez. Minhas mãos tremiam e meu corpo, por incrível que pareça, estava mais gelado do que costumava ser. Renesmee era a primeira humana que eu não desejava matar à primeira vista. Aliás, eu nem acreditava que era ela... Na realidade eu não sabia o que esperar quando soube que viria à Forks, pois durante toda nossa existência nós dois fomos muito diferentes da nossa espécie (vampiros) e também diferentes de nós mesmos. Mas ainda sim, éramos quase iguais.

_ Ela cresceu, hein? _ Comentei, na esperança de que ele me contasse mais sobre sua neta. Eu queria saber tudo sobre ela e seria capaz de ouvir suas histórias durante um dia inteiro, sem reclamar.

_ Sim, bastante. Eu só lamento por ela; que tenha chegado sua hora.

_ Eu imagino... Não deve ser fácil para ela e Jacob... Enfim, você sabe. _ Fiquei imaginando os dois juntos: um lobo e uma meia-vampira. Realmente não era de se esperar mais do que eu tinha visto à pouco. Criaturas diferentes, de espécies diferentes, predadores naturais um do outro. Jamais poderia dar certo!

Carlisle começou a subir as escadas e eu o acompanhei, contente por estar cada vez mais perto dela. Ele andava devagar e me falava coisas que eu realmente não estava prestando atenção. Meus ouvidos já tinham dono... Aquele coração batia forte atrás da porta. Também dava para ouvir um choro baixo e pequenos rios de lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Inevitalmente eu parei em frente à porta.

_ Nahuel, vamos? _ Ele me chamou para continuar e então o coração e o choro cessaram em minha mente.

_ Mas...

_ Deixe-a. Ela precisa se entender com ela mesma, é melhor assim. _ Sua compaixão transpareceu ainda mais em seu rosto, mas de repente, uma extrema seriedade tomou conta dele. _ Ela é quase humana e está com o coração partido, não se esqueça disso.

_ Carlisle, eu... _ Fiquei sem graça com aquele comentário. Carlisle era mais esperto do que eu podia imaginar. _ Eu jamais seria capaz de fazer mal à ela.

Então o sorriso voltou ao rosto dele.

_ Eu sei.

Voltei a acompanhá-lo, desta vez em silêncio. Eu me lembrava daquele sótão, mas não da pequena porta que tinha ao lado dele.

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_ Não fique impressionado com a bagunça. Esme sempre diz que eu devia me envergonhar deste pequeno laboratório, mas ninguém além de poucas pessoas da minha família nunca vem aqui.

_ Sem problemas... _ Eu andei pelos corredores apertados formados entre mesas estreitas e compridas, repletas de equipamentos de laboratório. Aquilo me fazia lembrar de meu pai. _ O que você pretende com tudo isso? Está pesquisando a cura pra alguma doença? _ Brinquei.

_ Quase isso. _ Ele baixou a luminosidade do local e ligou a forte luz meio que fluorescente do microscópio eletrônico. _ Até alguns dias atrás era apenas uma forma de passa tempo pra mim. Eu tenho esse laboratório há algumas décadas e desde então, me propus a estudar sobre nossa espécie. O fato é que não há nada de interessante a saber sobre nós. É sempre tecido morto e mais algo inexplicável, que eu ainda não descobri, que nos fazer sermos assim, presos à eternidade. Há quase dez anos eu passei a estudar o DNA dos lobos e depois que consegui comprendê-lo em sua totalidade, passei aestudar Renesmee. Mas por favor, ela não sabe de nada.

_ Pode contar com minha discrição.

_ O fato é que há alguns dias atrás ela me implorou pra que eu lhe desse uma solução, algo que...

_ Como assim??

Carlisle sorriu e balançou a cabeça negativamente antes de continuar. Eu sei que fui estúpido atropelando seu raciocínio e pior... Deixando transparecer minhas intenções.

_ Ela não deseja a transformação. Depois que isso acontecer à ela, não há mais esperanças para os dois.

Ele pressionou um botão e fez a projeção das células que ele estava pesquisando na parede. Enfim, eu começava a entender a granciosidade do amor impossível entre Renesmee e Jacob. Eu fui um tolo ao subestimá-lo.

...

Desliguei meu celular, que não parava de tocar. Jacob devia pensar que eu era uma idiota, pois depois de tentar em vão me ligar de seu celular, usou outros números desconhecidos. Ora, quem mais podia me ligar senão ele, Seth ou Ângela? Eu não tinha tantos amigos assim!

Enfim, terminei de arrumar a mala. Puxei o último zíper e sentei-me sobre um puff, apoiando meu corpo sobre ela. Não havia só roupa e sapatos lá dentro. Eu tentei colocar um pouquinho de cada coisa que eu considerava ser preciosa para mim: algumas fotos da família, aquele porta-retratos que ganhei de Ângela, o casaco lindo de lãzinha fina que Alice tinha me dado no último aniversário... Ainda bem que eu não tinha nada que me lembrasse Jacob. Já bastava meu pensamento, minhas lembranças, o cheiro dele impregnadoi em meu corpo. Já era o bastante para carregar e sofrer por toda eternidade.

Triste e desiludida, sentia-me ferida, enganada. Acabei adormecendo sobre a mala...

...

Saí de casa cedo, antes do dia amanhecer. Eu ía caçar, precisa me alimentar para agüentar a longa viagem até Denali. Voltei pouco depois do sol nascer, mas antes que eu alcançasse o gramado de casa, encontrei Nahuel em uma das trilhas da floresta.

_ Hey! _ Ele sorriu.

Eu recuei quando o vi e em seguida meu corpo estremeceu. Lembrei-me do dia anterior, quando eu desejei não subir para meu quarto, mesmo depois do que eu tinha descoberto sobre Jacob e Leah.

_ Oi.

_ Não tenha medo de mim.

_ Eu não tenho. Eu só não esperava encontrar você aqui agora. _ Fitei-o com o canto dos olhos.

_ A que hora o seu vôo sai de Port Angeles?

O que? Como ele sabia? Eu não tinha contado para ninguém!

Amassei algumas folhas com os pés, tentando esconder meu nernovismo.

_ Eu não sei do que você está falando.

Ele riu.

_ Está bem, vamos fingir então.

Ignorei-o, embora fosse bem difícil não olhar para ele. Nahuel era bonito demais.

_ O que você está fazendo aqui? _ Realmente, eu estava curiosa para saber.

_ Por enquanto é só uma visita...

Aquela resposta não me convenceu.

_ O que foi?

_ Nada... Só não acho que você esteja falando a verdade.

_ E você está falando a verdade para mim?

Nahuel já começava a me irritar.

_ Eu nem te conheço...

_ Ah, entendi. Então deixe eu me apresentar.

Ele me estendeu a mão e eu segurei-a, como ele queria.

_ Sou Nahuel, vivo no Brasil e há alguns anos atrás vim até sua casa, testemunhar contra os Volturi a seu favor. Sabe, para evitar um assassinato.

Eu estava sendo rude com ele e aquela resposta foi como um chacoalhão em meu corpo. Ele não tinha culpa de nada...

_ Desculpe... _ Suspirei. _ Eu nem te agradeci pelo que você fez e para piorar eu estou sendo grossa com você agora.

Ele sorriu novamente.

_ Eu sei que você é grata, você me mostrou através de seu dom. Você não se lembra?

Balancei a cabaça negativamente.

_ Tudo bem... _ Nahuel aproximou-se de mim e meus batimentos cardíacos se alteraram.

_ Eu ouvi você chorando ontem à noite...

Acho que todo o sangue do meu corpo subiu para meu rosto. Minhas orelhas e meus lábios queimavam.

_ Desculpe, estou no quarto de hóspedes, ao lado do seu.

_ Oh... Vamos mudar de assunto, por favor... _ Eu não sabia o que dizer. Comecei a andar a passos largos, de volta pra casa.

_ Você não quer saber o que eu estou fazendo aqui? _ Ele gritou.

Parei. Por que ele insistia tanto nisso? Quando me virei, ele já estava bem atrás de mim. Nahuel segurou meus braços e eu juro que eu quis muito abraçá-lo.

_ Se estamos juntos nessa, temos que ser sinceros um com o outro. _ Ele me disse sério, mas eu não entendi o significado daquela frase.

Mesmo assim, eu balancei suavemente minha cabeça. Meus olhos estavam grudados no dele e eu não pude deixar e observar seus lábios. Não era nada igual ao que eu sentia pelo Jacob, nada igual ao que eu senti pelo Rian. Nehuel era uma esperança pra mim, talvez o único com o qual eu pudesse ter uma vida o mais próximo do normal.

Então o ar faltou e eu não vi mais nada.

...

Eu ouvia ao meu lado algumas vozes masculinas e baixas que falavam sobre mim.

_ Eu não sabia que seria assim... Fiquei desesperado quando ela desmaiou na minha frente!

_ Os ataques têem sido cada mais mais fortes e frequentes.

_ Carlisle, eu juro que ela estava morta quando chagamos aqui! Ela não respirava, o rosto estava azulado. Eu nunca tinha visto nada igual.

_ Nossa Renesmee é forte...

Senti a mão fria de Carlisle apertando a minha e depois um grande silêncio se fez a minha volta. Acho que eu adormeci novamente.

...

Quando abri os olhos, ao olhar para a janela, logo soube que estava em minha cama.

_ Você me assustou. _ Uma voz, nada familiar e por isso mesmo eu sabia de quem era, soou em meio à penumbra.

Voltei a olhar pela janela, triste, pois já estava anoitecendo.

_ Perdi meu vôo... _ Somente depois que falei me preocupei em buscar pelo quarto algum membro de minha família.

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_ Não se preocupe, somos só eu e você. _ Nahuel se levantou de um canto escuro e eu finalmente pude ver seu rosto. _ Jacob ligou umas dez vezes para você hoje.

Virei meu rosto para o lado oposto, de forma que Nahuel não pudesse ver meus olhos brilharem pelas lágrimas que surgiam cada vez que eu pensava em Jacob.

_ Eu não quero saber dele.

Nahuel andou até a janela.

_ Acho que eu posso entender.

_ Como assim?

_ Carlisle me contou tudo.

_ Tudo o que??

Ele fitou-me.

_ Tudo “tudo” até chegar na briga de ontem, o motivo da briga e tal.

_ Ele te contou o motivo? _ Perguntei assustada e Nahuel sorriu.

_ Jacob ligou avisando.

_ Aquele cretino!

Afastei as cobertas e me levantei. Cambaleando, abri a porta do closet e fui preparar a frasqueira que eu levaria dentro do avião. Eu ía tentar o mesmo vôo no dia seguinte.

Embora eu estivesse concentrada no que fazia, não pude deixar de notar a presença de Nahuel; ele me observando.

_ Tem certeza que vai embora?

Fitei-o. Ele pareceu sofrer enquanto aguardava minha resposta.

_ Absoluta.

Ele expirou demoradamente.

_ Você vai fazer falta...

_ Não sei pra quem... _ Murmurei irritada. Eu estava me referindo ao Jacob, não a minha família, mas parece que Nahuel entendeu errado.

_ Eu vou sentir falta...

Olhei de relance e ele mantinha a mesma expressão de pesar em seu rosto. Segundos depois ele saiu do closet, então julguei que ele havia ido embora e fui tomar meu banho. Saí com o cabelo úmido, mas vestida com um pijama quente. Quando entrei novamente em meu quarto, Nahuel estava lá, sentado na beirada, bem na frente da janela, sua respiração lenta e pausada fazia um canto do vidro transpirar.

Andei devagar até a janela e parei ao lado dele. Lá fora, quase nenhuma luz, exceto um pequeno pedaço da grande lua cheia semi-coberta pelo nevoeiro.

Antes que eu percebesse, Nahuel já estava de pé em minha frente, com suas mãos apertando cada um de meus pulsos.

_ Hey, está me machucando!

Eu nunca tive tanto medo de alguém como eu tive agora. Então eu me dei conta de que estava trancada no meu quarto com um estranho; um homem estranho e venenoso. Eu podia sentir meu próprio sangue correndo, pulsando desesperadamente dentro de minhas veias, correndo em direção ao meu rosto e lábios, que queimavam e saltavam no compasso do meu coração.

_ Do que você tem medo? _ Ele sussurrou no meu ouvido.

_ Eu não tenho. _ Minha voz tremeu.

_ Então por favor, contenha-se. Eu não quero continuar vendo sobre você e ele.

_ Desculpe. _ Consegui lançar um fio da minha voz para fora de mim.

Então ele voltou a sussurrar.

_ Você já pensou que ele pode não ser o único? Talvez tenha outro alguém para você, esperando por você. Talvez o destino já tenha se encarregado disso, de tirar de você esse fardo que você carrega, muito antes do que você imagina... Você já pensou?

_ Do que você está falando? Está maluco? Me solta! Você está me machucando!

Então ele me soltou e levou ambas as mãos ao seu próprio rosto. Continuou me fitando, incrédulo.

_ O que foi? _ Perguntei assustada.

_ Meu Deus! Como ele pode não te querer?

Instantaneamente, senti meus olhos enxerem-se de um líquido morno.

Ele se agarrou à mim, segurando firmemente meu rosto, enquanto eu as sentia escorrer por entre as mãos dele.

_ Só chore se for por você mesma, não por ele...

Nahuel beijou minha testa.

_ Deixe-me dizer por que eu estou aqui e depois eu vou te dar uma coisa, mas eu não quero que você diga nada.

_ Está bem. _ Segurei as mãos dele, que continuavam segurando firmemente meu rosto. Eu não conseguia parar de chorar, não sei por quê. Nunca na minha vida eu imaginei estar assim com ele agora. Realmente Nahuel era quase um estranho, apesar de tudo que tinha feito e agora ele estava ali, me fazendo revirar novamamente todos os sentimentos que eu tinha levado uma tarde inteira enterrá-los.

_ Eu vim para te ajudar, para te trazer o que você mais deseja em todo mundo.

Por um momento passou pela minha cabeça o que eu mais almejava na vida, mas acabei deixando de lado. Era infantil demais desejar coisas impossíveis.

_ O que é? _ Sussurrei em meio ao choro.

_ A morte.

Então, juntamente com um calafrio, eu visualizei Nahuel com sua boca em meu pescoço, sugando-me a alma.

_ Não é isso o que você mais deseja? Saber que a única coisa que te espera no final de uma vida humana é a morte?

Por um momente eu pensei que minhas pernas não fossem mais ser capazes de segurar meu corpo trêmulo. Então os soluços começaram a prevalecer.

_ Não brinque assim...

Ele sorriu docemente.

_ Não foi fácil roubar a fórmula; ainda que inacabada; do laboratório do meu pai. Mas eu trouxe mesmo assim, pois sabia que era para você, para aquela doce garotinha ruiva que um dia eu conheci. Para que ela pudesse viver o resto dos seus dias como humana, ao lado de quem ela ama.

Quando me dei conta, Nahuel já me arrastava para a cama.

Sentei-me, ainda mergulhada em tantas dúvidas... Eram tantas perguntas que eu tinha...

_ Mas... Como? Como isso é possível??

_ Do mesmo modo que nós existimos... Como? Como nós nascemos? O que explica a existência de vampiros e lobisomens? Qual a razão disso tudo? Ninguém sabe Ness e acho que ninguém nunca saberá. Essa fórmula é o resultado de séculos de estudo, inúmeras experiências e mais uma pitada do desconhecido. Talvez funcione para você, só é preciso tentar.

_ Obrigada... obrigada... _ Abracei-o, ainda aos prantos. Quando é que eu podia imaginar uma coisa dessas? Nem em um milhão de anos eu teria essa chance se não fosse por Nahuel, por sua bondade, sua coragem de desafiar o pai, de fazer isso para alguém que ele nunca conheceu de verdade. Como ele era bom, um ser... Ele podia não ser humano, mas era tão generoso...

_ Está bem... Agora eu vou te dar o que eu prometi.

_ Tem mais? _ Sorri, explodindo de felicidade por dentro.

_ Só se você quiser, mas eu não quero que você diga nada sobre isso. Não hoje.

_ Ok, então eu estou pronta.

Nahuel voltou a segurar meu rosto, fitando-me intensamente. Eu mantive minhas mãos carinhosamente sobre as dele, aguardando que ele falasse o que desejava.

_ Renesmee eu sei que você tem agora uma escolha importante a fazer e eu sei também; porque eu te conheço um pouquinho; que isso não muda em nada o que Jacob fez... Melhor seria dizer: o que ele não fez. Bom, eu não vim aqui pra dizer para você desistir dele por conta de uma criança que ainda vai nascer, pois não seria justo da minha parte. Então o que eu gostaria que você considerasse é... é só isso...

Então Nahuel pressionou seus lábios mornos contra os meus, suavemente, enquanto uma de suas mãos passeava pelo meu rosto. Lembrei-me imediatamente da vontade que eu senti de estar com ele no dia anterior, logo depois de reconhecê-lo na sala de estar. Nahuel fazia com que minhas feridas não doessem tanto. Sua presença me trazia alento e consolação e eu me sentia protegida nos braços dele, tão quanto eu me sentia quando estava com Jacob.

Quando o beijo acabou, percebi que minhas mãos acariciaram seu rosto e nuca. Era típico de mim, eu não suportava o silêncio, mas ele posicionou seu dedo sobre meus lábios e me fez permanecer calada.

_ Você já pensou sobre aceitar o que você é, ter sua família para sempre com você, ser plenamente feliz com alguém que você ama, com alguém que te ama, tão imortal quanto você? Sem dor, sem sofrimento. _ A medida em que foi falando, ele se levantou e se distanciou cada vez mais, vagarosamente, a cada palavra pronunciada. _ Para sempre... Eternamente... Durma bem meu anjo.

Quando dei por mim, estava em meu quarto sozinha.

...

No dia seguinte, acordei com o barulho do despertador. Levantei-me depressa e abri as cortinas. Era mais um dos dias raros em Forks, quando o sol brilhava na paisagem verde, refletindo o orvalho, aquecendo a minha pele e o meu coração. Jacob era um sonho irrealizável, uma desilusão... Mas Nahuel... Ele era possível, era real, era quase como uma promessa de felicidade eterna para mim.

Sorri sem qualquer esforço quando lembrei do beijo da noite passada. Eu estava rindo de mim mesma, pois a melhor das reações que eu poderia esperar seria passar o dia sentindo nojo do beijo, me sentindo péssima, uma traidora de mim mesma, chorando rios de lágrimas, me afundando na culpa e melancolia. No entanto eu estava sentindo o oposto. Sinceramente, eu desejava mais. Então concluí que hoje, somente hoje o que eu podia dizer sobre eu e Nahuel é que ele mexia comigo a ponto de me fazer pensar na possibilidade de sequer utilizar a fórmula que ele roubou do pai. Eu confesso que cheguei a sonhar com isso e a eternidade já não me parecia assim tão ruim. Não se eu tivesse alguém para dividir, alguém parar amar. Além disso, Jacob poderia ter também sua vida humana...

O alvorecer tinha tirado um peso das minhas costas.

Corri para meu closet e dei boas-vindas ao sol assim que abri todas as cortinas daquele grande cômodo. Bem no meio, a minha grande mala fitava-me, desafiava-me. Lembrei detalhes do meu sonho... O filho deles era tão lindo... Eu não o conhecia pessoalmente, mas Jacob sempre me mandava algumas fotos. Não podia haver pais mais felizes e dedicados do que Jacob e Leah. As cartas eu recebia num endereço em Londres. Nahuel e eu havíamos partido para uma viagem, sem data marcada para retorno, rumo à Europa. Quando lembrávamos das peripécias dos meus dois últimos anos em Forks, ao invés de chorar, agora ríamos. Tudo tinha se dissolvido e o passado não tinha mais importância para mim... Não havia mais dor, mais lágrimas, mais sofrimento. Cada um seguira seu caminho, como tinha que ser.

Quando dei por mim, estava sorrindo novamente. Não havia sido um sonho assim tão ruim. Pelo contrário, foi até muito bom. E o melhor de tudo é que no meu sonho, o amor que eu sentia por Nahuel superava tudo aquilo que eu acreditava um dia ter sentido por Jacob. Não era nada igual, não passava nem perto.

Abri a mala e comecei a voltar as roupas no cabide, pacientemente. Eu não tinha nada em mente, não havia nada planejado. Meu coração estava solto e eu ía deixá-lo terminar de se envolver, se esse fosse seu desejo; meu desejo.

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Ouvi a voz macia de Nahuel me chamar do lado de fora do meu quarto. Meu coração sobressaltou, ancioso por vê-lo.

Ainda há esperança.