The Hunt

Peter Walker


23 de Outubro de 2012


Um jogo amador de beisebol na cidade de São Francisco vira notícia após um dos jogadores acertar com seu bastão a cabeça de um adversário. Peter Walker era o rebatedor que ficou irritado com outro jogador e, sem pensar duas vezes, acertou em cheio sua cabeça; depois, jogou o taco no chão e já não ouvia mais nada, e em sua visão turva só enxergava a saída para o vestiário, para onde foi andando sem prestar atenção no que acontecia a sua volta. Nick, amigo de Peter que também estava jogando, correu ao seu encontro e o empurrou contra o armário, e lhe perguntou com voz ofegante:
— Por que você fez aquilo?
Peter o encarou durante alguns segundos.
— Saia da minha frente. — Foi tudo o que disse em resposta.
Empurrou-o para que pudesse ir para o estacionamento. A caminho do estacionamento onde seu carro estava, dois policiais o jogaram contra o capô do carro e lhe algemaram. A caminho da delegacia, era fácil perceber que o jovem estava completamente alterado.
— Acho melhor me soltarem. Vocês sabem quem eu sou!? — disse Peter rangendo os dentes.

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Dependente de cocaína e heroína, Peter é um típico estereótipo de playboy, com roupas de grife, carros esportivos, festas e mulheres recheando sua vida, mas que apesar de sempre estar rodeado de pessoas, no âmago é solitário e depressivo. Filho de Francis Walker, um bilionário, dono da empresa de tecnologia Walkr. É triste saber que a fortuna de uma única família se iguala ao PIB de países pobres do centro da África.

Peter foi levado à delegacia, porém, bastou uma simples ligação para que ele fosse liberado e no dia seguinte os dois policiais estavam desempregados.

30 de Outubro de 2012


Peter estava em seu Porsche; o carro parecia ter um encaixe perfeito para com o estilo de vida do jovem. Sob o efeito da cocaína, dirigia por uma rua deserta a caminho da sede da Walkr. Inesperadamente uma criatura horrenda semelhante a uma gárgula atacou uma mulher — aparentava ter uns 40 anos — no meio da estrada. Como não contava com esse imprevisto, Peter, sem saber se aquilo era real ou se estava tendo uma alucinação, saiu do carro para averiguar o que estava a ver; notando sua aproximação, a criatura abandonou o corpo já sem vida da mulher e em um voo rasante veio em sua direção. Mesmo sem chances de escapar, Peter correu o máximo que pôde e acabou tropeçando nas próprias pernas e tombou de peito no chão.

Quando a criatura estava prestes a alcançá-lo e fazer dele apenas um corpo inerte como o anterior, ele percebeu que o monstro havia sido abruptamente interrompido e degolado. Um jovem de porte heroico surgiu naquele exato momento, salvando a vida de Peter.
— Você salvou a minha vida — gaguejou Peter. — Como você se chama?
— Bem, acho que podemos deixar as apresentações para depois... pode me ajudar a tirar essa coisa daqui? — disse ele, estendendo a mão para ajudar Peter a se levantar.
— O que eu posso fazer por você, diga, peça o que você quiser, eu posso te dar — disse Peter, que não esquecera por um segundo seu ideal materialista da cabeça.
— Nada, no momento eu quero apenas usar seu porta-malas mesmo. Vamos, não precisa se desesperar. — Ele lançou um olhar profundo para Peter enquanto guardava sua catana.
Peter o ajudou a carregar o corpo da criatura até o porta-malas do carro. Quando voltou para pegar a cabeça, ficou impressionado.
— Isso aqui daria um belo enfeite na minha parede.
— Acredite, eles sentem o cheiro e ficam mais agressivos quando veem um de seus próximos morto. Bem vindo ao meu mundo! — suspirou Erick, arrumando espaço no porta-malas.
— Com o corpo da moça o que faremos? — perguntou Peter.
— Não podemos fazer muita coisa, deixe que as autoridades tomem conta, não podemos deixar muito evidente que estivemos aqui — respondeu Erick, dando a volta no carro e assumindo o volante.
Peter entrara no carro pela porta do passageiro, sentando-se no banco do carona onde não está acostumado a viajar, porém, não reclamou já que estava ao lado do cara que tinha acabado de salvar a sua vida.
— Aliás, meu nome é Erick.
— Então Erick, onde deixaremos o corpo?
— Na verdade você não pode saber... você tem bastante grana, não é mesmo? Sinto muito pelo carro, vou precisar queima-lo. — Erick falou com os olhos diretamente apontados para a estrada. Peter, que gostava bastante de todos os seus carros, argumentou:
— Você está louco? Podemos só jogar essa merda fora, o meu carro não teve nada a ver com isso.
— Se alguém encontrar vestígios disso, é a sua cabeça que vou ter que arrancar — disse Erick, tentando encerrar ali o assunto.
— Então quer dizer que a cada coisa dessas que for morta, eu terei que queimar um carro? — resmungou Peter.
— Para de choro, você pode comprar outro — argumentou Erick. — Se prepare, estamos próximos do nosso destino.
— Como iremos embora daqui? Estamos no meio do nada — perguntou Peter enquanto pegava uma mochila no banco de trás e escondia a cabeça do mostrengo sem que Erick pudesse ver.
— Eu te levo, não moro muito longe daqui, e podemos ir caminhando, são apenas vinte minutos de caminhada — disse Erick. — Agora saia logo daí e pare de choramingar.
Erick acionou o freio já abrindo a porta do carro.
— Afaste-se! — ordenou Erick. Destrancou o compartimento de gasolina, tirou a jaqueta de couro que vestia e a umedeceu com o combustível, ateou fogo na mesma e a jogou dentro do carro, que lentamente foi se alastrando em chamas. Os dois correram o mais rápido possível antes do carro explodir. Um espetáculo de fogos, fumaça e estilhaços no céu e o rosto branco de Peter ganhava uma coloração avermelhada, e ele sentiu sua garganta arder.
— Seja sincero comigo. O que era aquela criatura? — perguntou Peter. Sua voz tinha um tom trêmulo, e era visível que estava triste por ter visto seu carro explodir.
— Tem muitos nomes. O mais conhecido é na verdade uma alcunha por sua aparência: gárgulas. São fracas quando atacam individualmente, porém em grupos são criaturas fortes e atacam organizadamente. Isso é tudo de que você precisa saber por enquanto, e a partir de hoje você vai ter uma rotina diferente — disse Erick com um sorriso sem graça.
— Pensei que isso só existisse em livros e filmes de fantasia — zombou Peter. Ainda dando algumas risadas e com certo interesse, pensando em se juntar a Erick futuramente, perguntou: — Você mata essas gárgulas frequentemente?
— Eu já te disse o que você precisava saber. Sem mais perguntas, já quebrei muitas regras hoje.
Abriu a porta da garagem e pegou sua moto (uma Harley Davidson).
— Vamos, suba. — Ele pegou um dos capacetes e jogou-o em direção a Peter.

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Erick o deixou a um quarteirão de sua casa e deu meia volta, acelerando o máximo que pôde.