Amor Imortal

Provas, vendaval e apagão.


POV Charlote

A noite passada foi linda, a festa entrou pela madrugada e José me deixou em casa praticamente soltando fogos de artificio. Dormi muito bem e agora estou tomando café da manhã para ir até Exumas, para poder consultar-me com Dr. Willyanson. Consegui marcar essa consulta ontem em cima da hora para hoje ainda, porém já no final da tarde. Já que levam algumas horas de barco daqui até lá e são somente dois horários disponíveis por dia. Termino meu desjejum, vou para o quarto pegar a minha bolsa e desço as escadas. Hoje estou de jeans, uma bata verde bem solta com mangas também soltas e tênis. Fiz uma trança embutida em meus cabelos e estou sem maquiagem, só protetor solar. Quando estou chegando a porta de saída, ouço a voz de Adriana me chamar.

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— Char! Já está indo para consulta? – Fala descendo as escadas. Me viro para falar com ela.

— Sim. – Respondo enquanto ela caminha até mim, envolta em seu robe de seda rosa perolado.

— Só quero dizer que você é muito importante para mim e que sempre pode contar comigo! – Fala e me abraça, sinto sua forma carinhosa e sorrio.

— Eu sei, está tudo bem! Achei que estivesse dormindo... está de folga hoje lembra?! – Respondo no abraço e depois nos soltamos devagar.

— Sim, eu sei... é que ficou na minha cabeça que estávamos estranhas desde ontem e eu não gosto disso. – Fala parecendo triste, respiro fundo e a abraço novamente.

— Está tudo bem, é sério! Agora vá descansar da sua ressaca que eu tenho que ir para o médico, antes que eu perca a embarcação! – Respondo bem humorada, a beijo na bochecha e saio rápido enquanto ela me diz tchau sorrindo. Passo as ruas andando bem rapidamente e logo estou chegando no porto. Estou andando já no cais quando ouço uma voz grave agora já bem conhecida falar atrás de mim.

— Charlote precisamos conversar! – Me viro e é Christian Grey. Respiro fundo um pouco contrariada, estou já quase atrasada e não posso perder a balsa.

— Agora eu não posso, estou indo ao médico. Com licença! – Digo rapidamente e já me viro para voltar a caminhar.

— Eu preciso falar com você agora! – Ele então segura com firmeza em meu braço me puxando para virar novamente. Fico com raiva e puxo meu braço com força mesmo já estando de frente para ele.

— O que pensa que está fazendo?! – Minha voz já sai completamente alterada. Ele me olha com seriedade e profundidade.

— Eu realmente preciso falar com você! É algo extremamente sério e grave, tenho certeza de que é do seu interesse. – Fala com convicção, não tenho como não ficar confusa, aflita ou até curiosa talvez. Franzo as sobrancelhas o encarando.

— Eu não estou entendendo nada, o que pode ter de tão importante para falar comigo?! Nem nos conhecemos direito... olha você está começando a me assustar e eu estou começando a achar que a Dri tem razão no que diz! – Penso em voz alta, apertando as mãos e andando um pouco para longe dele.

— Eu compreendo a sua confusão, mas por favor me dê uma chance de explicar! Vamos para um local que você conheça e se sinta segura, mas que possamos conversar com privacidade. – Fala tentando me acalmar, ele está de camisa social branca e calça jeans azul escura. Está lindo, sexy, misterioso e sério. Com essa barba densa e os cabelos parecem úmidos, de quem acabou de tomar banho, além do seu perfume que posso sentir mesmo estando um pouco afastada dele. Respiro fundo olhando para todos os lados, não sei o que fazer.

— Não sei se isso é uma boa ideia, fale aqui logo de uma vez do que se trata! – Digo mordendo os lábios nervosamente.

— Não acho que aqui seja o lugar para isso, precisamos ir para um lugar reservado. Se depois que conversarmos você ainda quiser ir para o seu médico eu a levo até a outra ilha para onde está indo, tenho uma embarcação a minha disposição. – Ele insiste mais uma vez de forma séria, me olhando nos olhos.

— Tá, okay... vamos até o café ali do outro lado da rua. – Acho que preciso realmente saber do que se trata, mas caso seja algum papo de maluco vou até a delegacia e o denuncio, para que fique longe de mim. Se o assunto demorar e eu perder o barco, ele realmente vai ter que me dar uma carona nem que ele tenha que se transformar em barco. Caminhamos lado a lado, mas sem nos olharmos, chegamos ao café, entramos e sentamos em uma pequena mesa em frente a uma janela. São bancos grandes que cabem umas três pessoas em cada um e ficam de frente um para o outro na mesa, então nos sentamos de frente um para o outro. – Olha eu estou rezando para que você não seja louco... diga de uma vez! – Me apresso em falar, mas somos interrompidos pela garçonete que chega com os cardápios.

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— Bom dia! Gostariam de quê? – Fala de uma forma sensual demais e somente o encarando, é tão estranho e antiprofissional, dou uma risadinha baixa de deboche. O senhor Grey nem a olha, sua atenção está toda em mim, então respondo por nós dois.

— Por enquanto nada, obrigada! – Ela prossegue mais alguns segundos o olhando, mas como ele não fala nada só me encara, ela sai claramente contrariada. – Nossa que atendimento bom! As mulheres sempre agem assim com você?! – Sou um pouco sarcástica e depois pergunto incomodada, nem sei o porquê.

— Não sei... olha eu quero que você preste muita atenção no que eu vou dizer. Eu sei que vai parecer loucura, mas eu nunca minto e jamais a enganaria! – Fala tão sério que eu fico assustada, meu coração se acelera e sinto minhas mãos suarem sobre a mesa. Vou abrir a boca para argumentar, mas ele continua. – Você é a minha esposa, você é a Anastácia Grey! – Diz e segura minhas mãos sobre a mesa, o peso da informação é como se uma bomba tivesse caído sobre esse café. Me sinto tonta, recolho minhas mãos rápido e dou risada, nervosamente balançando a cabeça em negação.

— Ai meu Deus! Eu estava torcendo para não ser nenhuma ideia estapafúrdia! Mas olha o que você me diz... você precisa de tratamento com urgência! Está ficando louco?! Não pode sair por aí falando para mulheres desconhecidas que elas são a sua esposa morta!!! – Começo falando com tranquilidade e depois me estresso e acabo gritando, todos olham para nossa mesa, então respiro fundo e abaixo meu tom. – Senhor Grey se trate! Pelo bem da sua filha. – Vou me levantar, mas ele segura minha mão.

— Eu não estou mentindo. Mandei fazer um exame de DNA com um fio de cabelo seu que peguei aquela noite no Beach Club. – Fala sério pegando um envelope do bolso da calça. Engulo em seco, me sinto trêmula.

— Pare com isso, não tem graça! – Digo sentindo meus olhos marejarem.

— Tome, olhe com seus próprios olhos! – Ele estende o envelope de papel dobrado e eu o pego um pouco vacilante. Minhas mãos estão tremendo, mas abro e leio o papel que está dentro. Diz que é compatível com a Phoebe, que sou mãe dela, ou seja assim sou a tal Anastácia. Fecho meus olhos com força, me sinto tonta e enjoada. Abro meus olhos e jogo os papéis sobre a mesa, me levanto rápido e saio do estabelecimento, Christian corre atrás de mim até a calçada. – Ana aonde você vai?! – Fala alto atrás de mim, me viro com raiva, com os olhos marejados.

— Não me chame assim!!! Pare com isso!!! Pare agora!!! Quem você pensa que é para bagunçar a vida das pessoas assim?! Pode muito bem ter falsificado esse papel, como vou saber se é verdade o que está escrito aí?! – Digo ferozmente gritando, ele está com os olhos cheios de lágrimas e o maxilar travado.

— Faremos outros, quantos você quiser! Mas por favor me ouça é verdade! Você vai se lembrar! – Diz com lagrimas escorrendo por suas bochechas. – Vai me dizer que não está com amnesia?! – Pergunta secando a face, começo a chorar, mas seco o rosto e começo a andar para longe. – Me diga!!! Por acaso sabe tudo sobre a sua vida?!!! – Grita desesperado atrás de mim.

— Não... – Digo sem forças, sentindo um nó na garganta. Ele caminha devagar chegando bem a minha frente e segurando meus braços com força, mas carinhosamente.

— Você tem acompanhamento médico por ter sofrido lesões graves? – Pergunta emocionado, com a voz embargada me olhando atentamente.

— Sim... – Respondo e minha voz falha, lágrimas começam a escorrer por meu rosto. – Mas isso não faz sentido, você só pode estar mentindo para mim! Como isso é possível? – Vou dizendo as coisas, mas minha mente está um turbilhão.

— Fique calma, eu vou te ajudar! Você vai se lembrar de tudo eu prometo! – Fala e alisa meu rosto com uma mão, quando ouço gritos familiares e olho para o lado e vejo meus pais chegando andando muito rápido quase correndo. Eles são da minha altura, caucasianos, os dois tem cabelos pretos já com muitos grisalhos, muitas rugas, se vestem de maneira muito simples, como o pescador e a lavadeira que são.

— O que está acontecendo aqui Charlote?! – Pai fala se aproximando.

— Quem é esse homem? Largue a minha filha! – Agora é a mãe.

— O que vocês estão fazendo aqui?! – Pergunto me desvencilhando do senhor Grey e ficando de frente para eles. Os dois me pegam cada um por um braço e começam a me levar, andando muito rápido.

— Você não foi mais nos ver e nós estávamos preocupados, sabemos que você passou mal esses dias então vamos te levar pessoalmente ao médico. – Mãe fala com sua forma autoritária de sempre. Ouço a voz de Christian Grey gritar atrás de nós para que me larguem.

— Me soltem! Vocês estavam me seguindo por acaso? Como sabem essas coisas? – Me debato, Christian aparece a nossa frente e me puxa das mãos deles.

— O que está havendo aqui?! Quem são vocês?! – Ele diz sisudo, os encarando com raiva. Eles se olham e depois nos olham.

— Somos os pais dela, sou o senhor Pontes! – Pai responde sério, estendendo sua mão. Mas Christian fica visivelmente tenso e os encara como se os julgasse, os medisse, não sei...

— Você está usando aliança de noivado? Por acaso iria nos contar? – Mãe diz alterada demais se aproximando de mim e puxando a minha mão.

— Meu noivado foi ontem a noite e não via porque falar nada a vocês! – Digo me soltando e andando de frente ainda para eles, porém me afastando de todos.

— Que eu saiba o seu namorado ou noivo pelo visto, é o José dono de restaurante. Quem é esse homem? – Pai fala contrariado, encarando Christian com desprezo, aliás tudo o que sai da sua boca, sempre soa a desprezo.

— Você não tem que dar ouvido a eles, vamos sair daqui agora! – O senhor Grey diz e pega na minha mão para irmos para outra direção.

— Charlote você é nossa filha e vem conosco! – Mãe fala me puxando com força, me solto de todos com raiva e o senhor Grey fala.

— Tem certeza de que ela é filha de vocês?! Eu sei que estão mentindo, é crime o que estão fazendo! – Ele pergunta de forma sarcástica, sorrindo como se mostrasse presas e vai para cima deles falando com raiva. Os dois senhores se assustam, mãe segura na mão do esposo que encara o Grey com desprezo para responder, depois de respirar fundo.

— Não sei do que está falando! É um louco?! Fique longe da minha filha ou vou chamar a polícia! – Estufa o peito para falar com seriedade.

— Ah é mesmo?! Então vamos mesmo chamar a polícia, será um prazer entender como a minha esposa foi parar nas mãos de vocês e finalmente ver os responsáveis atrás das grades! – Grey diz ferozmente, vejo de canto de olho alguns homens engravatados se aproximando lentamente de onde estamos, mas não muito, ficam com uma distância que os torna um tanto imperceptíveis.

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— Eu não vou ficar aqui sendo ofendida por um lunático desconhecido! – Mãe diz vindo em minha direção e me puxando pelo braço para nos afastarmos. – Vamos embora agora! – Fala ao meu ouvido, mas eu puxo meu braço e o senhor Grey já está atrás de mim, me coloca atrás dele com suas mãos fortes, como se tentasse me proteger.

— Vocês não vão se safar dessa! Esperei muito tempo por esse momento, eu posso e vou acabar com um por um dos que estão por trás de toda essa trama sórdida e inescrupulosa! Vocês não têm como se salvar, mas o pior destino aguarda aquele que não saiu da minha mente um único segundo em três anos! Mas vocês ainda tem uma opção que é colaborar... E então talvez, eu seja bonzinho e não acabe com vocês como vou fazer com ele! – Seu tom é mordaz, tão sério e quase baixo que é de arrepiar. Fico com medo e ando para longe dele, passo as mãos no rosto, sinto um pouco de tontura e falta de ar, além de um pulsar na cabeça, como se quisesse começar a doer.

— Charlote minha querida, não pode estar concordando com esse homem! Sabe que é nossa filha, meu amor venha conosco! – Mãe diz se aproximando de mim, usando palavras carinhosas que nunca me disse antes, pai está encarando o senhor Grey com seriedade, mas posso ver que está muito suado.

— Por que eu não tenho ligação nenhuma com vocês? Por que não nos damos bem? – Pergunto angustiada e atordoada.

— Você sempre foi assim, uma rebelde ingrata! Já tinha fugido de casa outras vezes, mas por essa ninguém esperava. Um acidente tão grave que lhe causasse perda de memória! – Pai grita de longe, mas caminha vindo em minha direção. O senhor Grey vem até mim e se posiciona de novo a minha frente.

— Se afastem dela!!! – Grita com fúria. Respiro fundo e saio de trás dele, ele me puxa pelo braço, mas o encaro com tranquilidade.

— Por favor, preciso falar com eles... esse momento está sendo tumultuado demais para mim. Estou confusa, com medo, não sei em que acreditar... – Digo o olhando com súplica, ele solta meu braço com relutância.

— Eu só não posso te perder de novo, por favor fique perto de mim para que eu sinta que você está segura. – Ele diz com um pouco de desespero na voz e principalmente em seu olhar.

— Tudo bem, fique calmo. Eles não vão me fazer nenhum mal, são estranhos e ranzinzas, mas não acho que são esse tipo de gente. – Tento tranquiliza-lo.

— Eu não teria tanta certeza... por favor fique perto de mim. – Senhor Grey diz e passa uma mão em minha face, sorrio sem mostrar os dentes e concordo com a cabeça, somente me viro de frente para me dirigir aos senhores que me encaram.

— Eu preciso que sejam sinceros comigo, preciso saber a verdade por favor! – Peço os olhando com suplica e desespero. Eles não mudam de expressão, pai responde.

— Pare com essa loucura garota! Nunca devíamos ter te deixado sair de casa, sua garota mimada e inconsequente! Olha aonde se meteu agora, com um louco metido a poderoso! – Fala com raiva e eu me sinto furiosa, aperto as mãos com força e grito.

— Ahhhhhhh!!! Eu não aguento mais tudo isso, parem de me tratar como idiota!!! Eu não sinto que sou essa pessoa que insistem tanto que eu sou, nunca senti!!! Não sou irresponsável, maluca nem inconsequente!!! – Me sinto trêmula, olho ao redor por perceber que já há muitas pessoas olhando, muitas próximas a nós se aglomerando. Passo as mãos no rosto e digo fraca, me sentindo arrasada, eles só me encaram sem expressão. – Eu não amo vocês, não sinto que somos ligados... isso é no mínimo entranho! E vocês sempre tentaram me controlar demais, nunca tive liberdade, tive que ir para longe para poder ter uma vida normal. – Concluo andando um pouco mais para frente.

— Como você pode dizer que não nos ama?! Uma filha não pode dizer isso aos próprios pais! – Mãe diz com raiva.

— Você vem com a gente, chega desse discursinho de sempre! Já está na hora de você levar umas palmadas para aprender a deixar de ser rebelde! – Pai então fala enfurecido e me puxa com força pelo braço.

— Para, me solta!!! – Grito me debatendo, recebo uma bofetada forte no rosto, arde muito.

— Soltem ela! Não toca nela seu filho da puta! – O senhor Grey diz furioso enquanto me liberta dele e dá um soco no homem que cai no chão.

— Ai meu Deus! – Digo colocando a mão na boca, então um homem de cabelo bem cortado, louro escuro, e jaqueta de couro corre até o Grey o puxando pelos ombros.

— Christian nós tínhamos combinado que você não ia causar confusão! – Ele diz com calma, mas preocupação.

— Me solte! Eu exijo que me solte seu brutamontes! – Mãe diz se debatendo, dois engravatados já estão segurando os dois senhores.

— Quem pensam que são?! Nos soltem imediatamente! – Pai diz ao ser recolhido do chão.

— Senhor quer que eu os leve para delegacia? – O engravatado que está com a pessoa que até então se diz ser minha mãe pergunta.

Ela de alguma forma então se solta rapidamente e vem correndo em minha direção, com a feição transformada em raiva, me viro muito rápido para correr e com violência só sinto uma pancada no rosto e o barulho estrondoso, apago imediatamente.