Alma gêmea

Passado


"E até quem me vê lendo jornal,

Na fila do pão,

Sabe que eu te encontrei... "

Los Hermanos

Tudo caminhava para que fôssemos saudáveis adultos. Eu era uma criança de treze e você um adolescente de dezessete. Morávamos tão longe e nem mesmo nos conhecíamos. Mas hoje sei que faltava algo, e sinto que no fundo,você sabe também. Os amigos eram rasos,os passeios eram cinza. Até o dia em que ouvi sua voz pela primeira vez.

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Pela droga do telefone.

Era o típico almoço de família. Aquela parente que tem mais de dois nomes, como “irmã do tio da minha cunhada” ou “esposa do meu primo” passava o tempo todo falando daquele rebento. E de como combinaríamos com certeza.

A diaba acertou em cheio.

Depois de algum tempo de conversa, eu me peguei sorrindo pela primeira vez. Era por causa de uma letra de música. Naquela noite, eu fui dormir sorrindo olhando a tela do celular. Muitas dessas vieram depois.

Eu era uma menina sozinha no meio de tanta gente. E você era aquele menino que prendia a atenção. A gente ria,e ria. Falávamos sobre tudo. Sobre as músicas. Os filmes. Pais chatos. Encontros amorosos e saidinhas. Eu troquei de operadora de celular pra falar com você. Você,trocou o horário de trabalho e íamos nos nossos busões, eu interiorana e você metropolitano, falando no celular. Todo dia.

Por dois anos.

Eu amei você. Ia dormir sorrindo e acordava agarrada ao celular. Eu amei você. Via suas fotos zuadas e sabia onde você estava a merda do tempo todo. Eu amei você e me sentia segura quando você me ligava na volta pra escola,já tarde da noite,quando eu descia sozinha a rua. Mesmo que você não estivesse aqui,na verdade.

Por que você não pôde me amar? Por que teve que amar outro?

Eu amei você. Eu amo você.

E é por isso que dói tanto.