Rita

A semente do mal


— Fui estuprada.

O trovão soou por toda a casa. Rita contava enquanto adoçava o café.

— Foi em 1963. Eu morava em Salvador... sou baiana. E voltava da escola sozinha quando dois caras grandes me agrediram e me estupraram. Carreguei a minha filha no meu ventre, o fruto de uma imoralidade. Tentei arrancá-la de qualquer jeito, mas a bastarda nasceu saudável. Dei para um orfanato.

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— Sinto muitíssimo...

— Não sinta pena de mim. Foi 55 anos atrás. Soube do paradeiro dela. Casou, teve um filho. O filho casou e teve ele e a garota. Os pais morreram e eles ficaram.

Mais trovões.