—Ele está acordando. - ouvi alguem dizer assim que meus olhos abriram e fecharam ao mesmo tempo por causa da claridade.

Minha cabeça doía como se tivesse passado a noite acordado tomando todas em uma festa ao lado de Cece, algo que só aconteceu uma vez quando levei bomba na minha primeira prova de anatomia no curso de medicina e minha amiga me levou para tomar tequila enquanto queimávamos nossas notas baixas, já que ela também não se saiu bem em suas primeiras provas.

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Abri os olhos novamente e não reconheci o quarto em que estava, mas relaxei assim que vi o rosto familiar de Leah e da minha filha, ambas me olhavam com preocupação.

—O que aconteceu? - questionei ainda confuso, minha mente estava um caos.

—Você desmaiou meu bem. Tem certeza que não se lembra de nada? - Leah questionou preocupada enquanto me olhava nos olhos.

—Eu nunca desmaiei na vida, nem quando vi meu primeiro cadáver na aula de anatomia ou quando fiz o meu primeiro parto. - disse e Sue sorriu suave enquanto tirava o aparelho de pressão do meu braço direito.

—Para tudo tem uma primeira vez doutor Marshall, fico imaginando o susto que você teve. Mas apesar de tudo, sua pressão está ótima, não sou medica mais recomendo repouso. - Sue disse suave e tentei entender de que susto ela estava falando, foi quando tudo passou como um filme em minha mente.

Leah virava uma loba...

E teve um imprinting por mim...

Clara estava viva e era uma loba também....

E me queria como seu parceiro...

—Pai, você está bem? - Ária questionou preocupada e pisquei confuso antes de olhar para a minha filha.

A minha garotinha, a menina pela qual moveria céus e terras merecia saber a verdade sobre a mãe, já havia escondido coisas demais de Ária e isso não era justo.

—Estou amor, mas eu preciso te contar algo. - disse colocando uma mecha de cabelo da minha filha para trás da sua orelha.

—Elliot, tem certeza? - Leah me questionou olhando em meus olhos e soube que ela havia entendido o que se passava dentro de mim.

—Eu tenho. - disse e ela concordou antes de pedir para todos saírem do quarto, foi quando percebi que Jacob, Sam, Charlie e Seth estavam no quarto também.

—Leah, quero que você fique. - disse assim que ela fez menção de sair do quarto também.

—Acho melhor não amor, essa é uma conversa de família.

—Você é da nossa família Leah, por isso quero que fique. - minha filha pediu olhando para a minha namorada e concordei.

—Tudo bem querida, acho que seu pai vai precisar de ajuda quando lhe contar tudo. - ela disse suave enquanto se sentava na cama ao lado da minha filha e concordei.

—Tudo o que? - ela disse confusa e olhou de mim para Leah antes de sorrir. - Há meu Deus, vocês vão me dá um irmãozinho?!

—Não. - Leah e eu respondemos juntos o que deixou a minha filha frustrada.

—Achei que gostasse de ser filha única. -disse confuso e ela revirou os olhos.

—Falei isso porque ainda não queria um irmão. Mas agora eu quero, vocês bem que podiam realizar o meu desejo. -ela implorou nós olhando e foi impossivel não corar com o pedido da minha filha.

—Ária, vamos deixar para conversar sobre um possível irmão para você mais para frente. Agora, o que temos para conversar é muito mais sério e delicado. - Leah disse suave e minha filha a olhou preocupada.

—Vocês dois estão começando a me deixar preocupada agora. - Ária sussurrou com os olhos vermelhos, denunciando que ela estava prestes a chorar, com cuidado me sentei na cama ao lado dela que ficou em nosso meio.

—Carol, meu bem, não tem uma forma fácil de dizer isso a você. E realmente, não queria estar fazendo isso, mas não posso mentir para você. Já escondi coisas demais e não seria certo continuar fazendo isso. - disse suave enquanto segurava as mãos da minha filha que me olhou apavorada.

— Papai, você está muito doente, é isso? - ela questionei entre lágrimas enquanto me olhava nos olhos. - Você vai me deixar sozinha?

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—Não amor, eu estou bem. - assegurei e ela olhou para Leah em busca de uma confirmação.

—Seu pai está bem Ária, não precisa ficar assustada. - Leah disse suave enquanto acariciava o cabelo da minha filha.

—Então, o que está acontecendo? - ela perguntou nervosa e respirei fundo antes de começar a contar toda a verdade para ela.

Desde o momento em que descobri que sua mãe estava me traindo, até a minha possível desconfiança de não ser o seu pai biológico o que a deixou desesperada, assegurei inúmeras vezes que era o seu pai, mas Ária só ficou tranquila quando viu a foto do exame em meu celular, o qual fiz há mais de quinze anos. Quando chegou a parte de contar sobre Clara, Leah me ajudou, afinal ela foi a única que viu a minha ex viva.

—A mamãe estava viva esse tempo todo, e nem quis saber como eu estava? Que tipo de mãe faz isso? - Ária questionou com dor antes de começar a chorar.

Sem dizer nada envolvi minha filha em um abraço reconfortante enquanto Leah acariciava o cabelo de Ária, tentando tranquiliza-la.

—Me desculpe meu amor, se pudesse jamais permitiria que você passasse por toda essa dor. Por isso, sempre fingi que meu casamento com a sua mãe era o melhor do mundo. Mas Ária, a verdade é que não éramos felizes como sempre deixei transparecer, vivíamos brigando como você sabe. Mas tentava fazer com que nosso casamento desse certo, por sua causa. Queria que você pudesse ter o que não tive, que pudesse ter uma família, filha. Sabia que sua mãe era indiferente a mim, mas tudo bem, com tanto que você estivesse feliz, eu estava. - expliquei suave e ela se separou de mim e me olhou nos olhos.

—E por isso você suportou viver com alguem que não te amava e que te traia por anos? Pai, ninguém merece um sacrifício desses. Você não podia sofrer em silêncio apenas para que eu tivesse uma família. Isso foi injusto com você e comigo. - ela disse entre lágrimas enquanto me olhava e concordei em silêncio.

—Só queria te proteger de se sentir abandonada Ária, porque sei como é esse sentimento e é a pior dor do mundo. - solucei entre lagrimas enquanto olhava para minha filha. -Você era só uma criança. A minha criança, e seria capaz de tudo para te proteger, nem que eu fosse infeliz pelo resto da minha vida. Você é a minha vida Ária, e vê-la sorrindo era a minha maior recompensa quando pensava em desistir. Sei que fui errado, mas só estava tentando te proteger, me desculpe se errei, mas foi por amor, filha.

—Há pai. - ela sussurrou antes de me abraçar com força enquanto chorávamos juntos. -Não preciso te perdoar por tentar me proteger, você fez isso porque me ama. E você sempre diz que quando amamos, nosso cérebro não pensa porque ele dá lugar ao instinto protetor.

—E continuo afirmando isso.- sussurrei ainda chorando enquanto acariciava o seu cabelo de leve e Ária se separou de mim para me olhar nos olhos.

—Você Elliot Marshall, é o melhor pai que uma garota poderia querer. Você é o melhor homem do mundo que não merecia ter vivido tanto tempo se anulando. Eu te amo mais do que tudo nesse mundo, tenho tanto orgulho de ser sua filha. E Leah, me faça um favor, ame o meu pai da maneira mais verdadeira e intensa, porque ele merece isso. - minha filha pediu olhando para Leah que concordou entre lágrimas antes de Ária me abraçar com carinho.

E para minha surpresa, minha filha segurou a mão de Leah e a chamou para o nosso abraço. Naquele momento, finalmente senti que tinha uma família de verdade, com uma mulher que me amava mais do que tudo no mundo assim como amava a minha filha como se fosse sua, e não poderia estar mais feliz e grato a Deus por me proporcionar esse momento.

Depois que paramos de chorar, Ária perguntou porque minha roupa estava toda suja de terra e grama e tive que contar a verdade para ela, que me olhou seria e eu sabia porquê.

—E você vive me dizendo que não posso usar o que sei para machucar os outros, apenas me defender. - ela me repreendeu com o olhar e suspirei envergonhado, afinal Ária tinha razão.

Minha filha frequentava as aulas de jiu jitsu desde pequena, no começo a levava apenas para me acompanhar, mais depois ela insistiu que queria aprender e concordei. Ária era realmente boa nessa arte, derrubava meninas maiores e mais fortes que ela.

—E continuo afirmando isso. Mas só que dessa vez, acabei perdendo a cabeça quando soube que um idiota machucou a Leah. - disse culpado, afinal sempre deixei claro para a minha filha que o jiu jitsu era um esporte para mim e para ela, e não uma ferramenta para machucar outras pessoas.

Mas quando percebi que aquele idiota havia machucado a mulher que amo, apenas não pensei direito e parte pra cima. Porque queria que ele soubesse que Leah não estava mais sozinha, agora ela tinha alguem que a defenderia de qualquer um.

Sendo lobo ou humano.

— Quem diria, vocês dois são uma caixinha de surpresas. - Leah disse surpresa por entender que tanto minha filha quanto eu lutávamos.

-Eu não te falei?

—Acho que me lembraria se você tivesse me contado que era o Bruce Lee nas horas vagas. - ela brincou e sorri sem graça por meu esquecimento.

—Sou faixa preta em jiu jitsu, luto a mais de quinze anos. Já ganhei até algumas competições. E a Ária é faixa amarela, a melhor da sua faixa etária. - disse olhando com orgulho para a minha filha e Leah nos olhou surpresa.

—Quem diria, nunca imaginei isso. Você é todo tranquilo, e a Ária é um doce de menina. - ela disse e suspirei envergonhando por ter perdido o controle.

—Eu não gosto de violência, só luto porque gosto do esporte. Mas quando ouvi que aquele idiota te machucou não pensei em nada e só parti pra cima. Me desculpe se te assustei.

—Você não me assustou amor, só me surpreendeu. Mas não quero que você se coloque em perigo de novo, ainda mais com o Paul.

—Leah. - pedi olhando em seu olhos e ela me olhou seria.

—Elliot. - Leah disse me olhando seriamente e suspirei, pois sabia que ela queria me dizer que era bem mais forte do que eu e tive que concordar a contra gosto.

Nós três conversamos um pouco mais, antes de Leah pedir para a minha filha ir até o meu carro buscar a pequena mala que havia preparado naquela manhã, já que Sue havia nos convidado para passar o final de semana em La Push, pois segundo a mesma era seu aniversário de casamento e ela queria comemorar com todos, assim que estava de posse da minha mala, as duas me deixaram a sós e fui tomar um bom banho, pois estava coberto de terra e grama.

Depois de estar devidamente arrumado, desci para ver onde estavam todos e sorri feliz quando vi Ária e Leah na cozinha fazendo um bolo, a cumplicidade das duas era algo que nunca vi a minha filha ter com ninguém, nem mesmo com a mãe. Com cuidado para não estragar o momento delas me afastei da cozinha e fui até a varanda, onde encontrei Sue sentada no balanço que havia ali.

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—Que bom que está melhor, sente-se aqui do meu lado. - ela pediu e fui me sentar ao seu lado. - Achei que você iria colocar a Ária no carro, e sairia correndo daqui quando descobrisse sobre o outro lado da minha filha.

—Uma pessoa racional faria isso.

—E você não é uma pessoa racional?

—Deixei de ser no momento em que me apaixonei por sua filha. - disse olhando nos olhos de Sue que sorriu maternal para mim.

—Você me saiu melhor que a encomenda meu filho. - Sue disse sorrindo antes de me abraçar com carinho, e seu simples gesto foi capaz de aquecer meu coração, me passando segurança e amor.

E naquele momento entendi que deveria ser assim o abraço de uma mãe, algo quente, acolhedor e repleto de amor, capaz de lhe encher de coragem para enfrentar qualquer coisa.

—Meu filho, aconteceu alguma coisa? Porque você está chorando? - ela questionou preocupada assim que nos separamos.

—Me desculpe, é que eu... Nunca soube o que era um abraço de uma mãe, mesmo que a madre Angélica fosse como uma mãe para minha, nunca senti esse amor de mãe que senti quando você me abraçou.

—Não precisa se desculpar meu filho. - Sue disse enxugando minhas lágrimas com carinho. -Posso não ser a sua mãe de sangue, mas de hoje em diante, você ganhou uma mãe de coração que vai amá-lo sempre. Elliot, você e a Ária fazem parte da família agora e será assim até o resto das nossas vidas.

—Obrigado Sue.- disse comovido e ela sorriu suave.

—Não precisa agradecer, agora deixá-la eu lhe dar mais um abraço, afinal tenho muito amor de mãe para colocar em dia com você. - ela disse abrindo os braços para mim e foi impossivel não sorrir antes de abraça-la.