—Eu me chamo Wendy, Wendy Willems, sou descendente de holandeses, mas nasci aqui mesmo em Houston. Trabalho como médica oncologista no Notlin Hospital, e acho que seja por isso que estou aqui — dei uma risada sem graça e prossegui — Eu amo o que faço, amo tanto que chego a me envolver e fazer parte da família do meu paciente, mas nem sempre o meu esforço é capaz de salvar uma vida, e são nessas horas que vejo o pior lado da minha profissão. Há uma semana atrás descobri que estou com ansiedade generalizada através de crises de falta de ar que tinham sido repetidas várias vezes durante o dia, e não parei nenhum momento de refletir sobre o porque. Talvez possa ser o reflexo de uma adolescência perdida, em que o estudo vinha na frente de tudo para conquistar o sonho de atingir a meta de me formar em uma boa faculdade, mas também possa ser pela vida que levo hoje, de me apegar a pessoas que estão em um estágio terminal e saber disso, e pior, nunca está preparada para isso, por esperar conseguir mudar o destino. — dei uma pausa extensa quando sentir uma lágrima descer e levantei, comecei a caminhar na sala de terapia e parei bruscamente em frente ao espelho. Estava com um vestido azul de alcinha folgado que escondia as curvas do meu corpo, meus cabelos longos e loiros estavam presos em um rabo de cavalo despojado e os meus olhos escuros como duas jabuticabas, eles estavam brilhando, cheio de lágrimas e com olheiras profundas. Ninguém me entenderia, eu me perco em meus pensamentos, é tudo ainda meio confuso pra mim. Voltei a caminhar e o psicólogo me acompanhava com o olhar, foi quando peguei minha bolsa e sair daquela sala quebrando o clima e a tensão no meio, me retirei ainda desnorteada, mas de cabeça erguida.

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