— E você deve ser meu futuro noivo. - Disse sorrindo, tentando causar uma boa primeira impressão. Ele pegou minha mão e a beijou.

— Eu não te disse, James? - Disse meu pai para meu futuro sogro. - Eles já estão se dando bem. - Estranhei um pouco a alegria de meu pai ao dizer aquilo e a entonação, como se tentasse convencer James de que está tudo bem obrigar pessoas que nem se conhecem a se casarem.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Se acalme, Fernando. As crianças ainda nem se conheceram. - Respondeu ele, logo antes de puxar o filho para um abraço caloroso.

Depois disso, o jantar prosseguiu um pouco estranho. Nossos pais ansiavam pelos poucos momentos que abrimos a boca para falar qualquer coisa. Eles tentavam forçar com que o assunto fluísse, mas todos da mesa sabiam o quão estranha era situação.

Quando o jantar acabou, Luan prometeu me levar para casa e nossos pais seguiram em carros separados. Acabamos caminhando até uma pracinha no final da rua com a esperança de conseguirmos um taxi.

— Vou confessar que achei que seria bem pior do que realmente foi. - Disse Luan.

— Você está falando serio? Isso foi um desastre. - Respondi rindo.

— Não exagere. Pense que estamos todos vivos, ninguém fugiu e seu cabelo não pegou fogo. - Luan respondeu dando de ombros.

— Por quê alguém fugiria de um jantar? - Olhei para ele - Espera. Você imaginou meu cabelo pegando fogo? Isso é maldade. - Fingi estar brava.

— Talvez. Mas não foi por mal. Eu tive tempo suficiente para pensar os piores cenários possíveis dentro do avião. - Ele se sentou no banco.

– Vemos que alguém é levemente paranóico. - Repliquei fazendo graça.

– Hey. Agora você já sabe alguma coisa sobre mim. - Ele fez uma pausa. - E eu não sei nada sobre você.

– E o que deseja saber? - Sentei-me ao lado dele.

— Seu maior desejo. - Ele me encarava fixamente. Sentia minhas bochechas corando aos poucos.

– Essa pergunta é complicada. Eu nunca parei pra pensar já que minhas escolhas sempre foram feitas por mim. - Abaixei a cabeça.

— Como assim? Eu não entendo. - Respirei fundo.

– Você quer se casar com alguém que acabou de conhecer? Toda a minha vida foi planejada até o momento que eu casasse com você e trouxesse herdeiros. Eu nunca tive que pensar sobre desejos. Aliás, sempre me poupei disso. Não é como se eu pudesse escolher o que quero ou não quero fazer. São deveres familiares que devem ser cumpridos. - Olhei para ele novamente.

— A família em primeiro lugar, eu entendo. Mas você pode cumprir com os deveres da família e ainda aproveitar o que tem de vida. Só tenha em mente que os deveres vem primeiro. - Um taxi encostou no ponto. - Vamos, já está tarde.

Seguimos o caminho em silêncio. Ele me deixou sã e salva em casa, como havia prometido, e seguiu caminho.