Nevasca

Capítulo 8


Nix não ficou desperta por muito tempo. No máximo um minuto e meio. Ao abrir os olhos, estava nos braços de Uriel, que olhava para a garota de maneira preocupada.

— Você está bem? Tem certeza que já poderia ter saído da enfermaria? — o moreno perguntava sereno, tentando encontrar alguma ferida pelo corpo de Nix.

— Estou bem. — falou, um tanto quanto ríspida, livrando-se de seus braços. — Olha, não me leva a mal. Mas primeiro que todos vocês me cheiram estranho. Eu tive um dia anormal, e a única coisa que preciso agora é ficar sozinha. Agradeço por ter... Me segurado? Mas agora eu preciso de um tempo pra mim. E eu ficaria bem grata caso ninguém me seguisse ou ficasse me vigiando enquanto eu tento passar um tempo com o meu cérebro.

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Sem olhar para ele, saiu andando. Era impossível que ele tenha ido até lá por pura coincidência. Afinal de contas, minutos atrás estava na mesma sala que ela! Sentindo o coração palpitar mais forte e os punhos se fecharem, Nix prosseguiu o seu caminho enquanto tentava esvair os pensamentos negativos. Não era hora de ficar batendo boca com o sósia do cara que você ta desconfiando de algo. Tinha um nome em mente, e deveria descobrir o que era aquilo ou quem era Bergelmir. E tinha o local perfeito para isso. Entretanto, no meio do caminho, Tyra se aproximou de Nix. Antes que ela pudesse cuspir qualquer coisa indiferente para a platinada, Eriksen estendeu a mão para cima, num sinal de "Pare".

— Não enche a porra do meu saco agora, Inferno! — explodiu as palavras de seus lábios, apertando ainda mais o passo, batendo seu ombro no dela.

Pouco se importava se a mocinha bailarina iria voltar para cobrá-la de seu ato ou se iria apenas continuar andando. Nix estava pouco se fodendo para Tyra. Nix estava pouco se fodendo para qualquer um naquele momento. Estava mentalizando a biblioteca, apenas.

E sorriu aliviada ao encontrar as portas do local. Com dois andares, o acervo de livros ali era maior do que qualquer um que já tinha visto. Mesas com computadores de última geração estavam dispostos para uso de alunos e professores, assim como um painel interativo que indicava a coluna e a fileira dos livros.

Ela foi direto em um dos equipamentos eletrônicos, mas franziu o cenho ao ver que a rede de internet não estava disponível. Revirando os olhos, mudou para outro computador, que tinha o mesmo problema. Assim que se dirigiu à recepção do local para fazer a queixa, percebeu que havia ali exposta uma placa, dizendo que a equipe técnica estava enfrentando problemas quanto aos cabos de fibras ópticas, que estavam sendo instalados pela região.

— Como eu vou achar esse caralho agora? — reclamou, sendo surpreendida por um pequeno garoto, que brotou atrás do balcão.

— Como posso ajudá-la, senhorita? — ele deveria ter um metro e trinta, tinha cabelos ruivos e olhos castanhos. Parecia um chaveirinho.

— Você não deveria estar, sei lá, no fundamental? — perguntou automaticamente, observando-o ajeitar os óculos redondos nos olhos.

— Você não deveria estar, sei lá, me perguntando o que procura para ver se eu posso ajudar ao invés de ficar julgando a minha estatura?

A resposta que recebeu arrancou um curto sorriso dela. Não esperava por essa. Ele tinha atitude.

— Eu preciso encontrar algum livro que fale sobre Bergelmir.

O ruivo arqueou as sobrancelhas, analisando-a por alguns segundos. Ficou um tanto quanto amedrontado quando Nix começou a fechar sua expressão, perdendo a paciência.

— Segundo andar, na sessão central. É lá onde ficam os livros sobre Mitologia Nórdica. — ele apontou a escadaria, tremendo os pequenos dedos.

Ela acenou em positivo com a cabeça e subiu as escadas fixas, indo até a sessão indicada. Seus dedos passearam por todas as capas da fileira que começava com "M", até parar em um livro grosso, marrom, de couro. As anotações em manuscrito chamar-lhe a atenção. Pegou não só ele como um livro chamado "Deuses e Criaturas Nórdicas", que era mais moderno.

Sentou-se em um canto menos movimentado e começou sua pesquisa. Nix foi primeiro no livro de tom bordô, procurando pelo nome Bergelmir.

"Beleza. Ele é um deus nórdico gigante, todo de gelo, mora em Jontunheim." Lia o texto em silêncio enquanto tentava assimilar qualquer informação ali com o mundo real. Deuses existiam? Huh. Se sim, por que o caos era implantado na cabeça dos seres humanos? Eles não deveriam interver na humanidade para que a paz fosse estabelecida? Ou será que estariam muito ocupados coçando o saco em uma sala de reuniões jogando conversa fora e bebendo? Não. Nix não era capaz de acreditar em contos para crianças dormirem.

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Mas o que lhe chamou a atenção foi que, ao folhear as páginas do livro atual, encontrou Gullveig, a feiticeira. Uma bruxa que trabalhava por ouro. Sentiu uma pontada de dor na cabeça. Ela já havia escutado esse nome. Mas onde? O elemento lhe remeteu logo de cara à Raina. Prosseguiu a leitura, parando em Loki. Eriksen sentiu seu estômago embrulhar só de ler sobre o língua de prata. O que era aquilo? Sinais? Sinais do quê? Nada fazia sentido. Fechou o livro rapidamente, suspirando. Queria levantar, ir tomar uma ducha e dormir, mas não fez. Ao invés, abriu o livro marrom.

Ela não era capaz de entender muitas coisas. As folhas continham desenhos, gráficos, formas geométricas que nem sequer sabia o que significava. As escritas estavam em norueguês, o que dificultava e muito o entendimento. Alguns tópicos estavam escritos em alemão, os mais recentes, pela cor da tinta. "Encontrar os dez", "Treiná-los", "Deter a ADLER". A platinada balançou a cabeça em negativa, fechando a capa do livro com força. Concluiu que tudo não passava de uma loucura, ou algum trabalho escolar feito por algum gênio, e devolveu os livros no lugar, saindo da biblioteca e indo direto para seu dormitório.

Nix estava tão atormentada que nem sequer percebeu que o clima ao seu redor esfriou.