Ato IV

O grupo viajava já faziam 5 minutos com uma corrente de vento forte, no início havia sido quase como de arrancar a pele depois do estresse causado pelo combate entre eles e os Guardiões, como uma rota de fuga. Jack extendeu o cajado para frente e em um movimento rápido, ele fez o vento soprar em outra direção, uma leve mudança imperceptível para Emily, mas que os levariam para um local completamente diferente.

Algumas horas se passaram, e já era de noite. Todos podiam ver o extremo piscar de luzes abaixo, uma grande metrópole abaixo das nuvens.

Jack: Nova York.

Emily arregalou os olhos e criou um turbilhão de vento para mantê-los todos no ar, parando o fluxo. A garota se virou para o rapaz de cabelo branco, com um olhar levemente irritado.

Emily: O que você fez? Por que estamos aqui!?

Ela perguntou com uma voz forte. Jack colocou a mão na nuca, posando uma certa vergonha, tentando parecer pouco nervoso pelos ocorridos mais cedo.

Jack: Eu tive que alterar levemente o seu feitiço.

Emily se aproximou dele.

Emily: Por quê!?

Perguntou irritada. Breu cruzou os braços e encarou ambos brigando, abrindo um leve sorriso no rosto. Umbra olhou sem entender o motivo de Emily estar tão irritada.

Jack: Pensei por um segundo que devíamos estar aqui e-

Emily: NÃO! Jack, isso foi imprudente! Isso foi irresponsável, você não pode simplesmente fazer isso sem falar!

Ela quebrou a sua linha de raciocínio e brigou com ele.

Emily: Meu poder está sumindo, não dá para usar desse jeito... ai...

Ela parou de brigar e se afastou um pouco, colocando a mão na cabeça depois de sentir uma enxaqueca forte. Jack olhou um pouco assustado.

Breu: Emily, está tudo bem?

Emily estendeu a mão na direção dele e Breu retomou sua postura sem emoção.

Jack: Emily?

Ele perguntou, preocupado.

Emily: Isso consumiu mais ainda meu poder...

Ela olhou de forma estoica para Jack, ele respirou fundo.

Jack: Eu mudei a nossa rota porque o Natal está comprometido.

Breu se enfezou.

Breu: Ora, mas que papo é esse, Jack Frost!? Desde quando Natal é problema do Senhor dos Pesadelos?

Afirmou bem irritado e terminou perguntando para ele com um sorriso.

Jack: Com os Guardiões nesse estado, precisaremos impedir que o Natal seja prejudicado. Vai dar uma confusão.

Ele explicou olhando nos olhos de cada um, esperando que compreendessem a responsabilidade que ele carrega. Umbra flutuou até Jack.

Umbra: Olha...

Jack notou ares de desaprovação no tom de voz dela.

Umbra: Eu entendo que está com uma carga, mas tenho que concordar com o pesadelo.

Falou em um tom de voz calmo, ainda rebelde.

Jack: Mas... as crianças...

Ele olhou preocupado. Emily flutuou até ele.

Emily: Vamos cuidar das crianças assim que resolvermos o problema dos Guardiões.

Ela pôs a mão no ombro dele, após falar calmamente.

Emily: Cuidamos deles, cuidamos das crianças.

Jack olhou de volta para Emily e sentiu que podia confiar nela.

Jack: Me desculpa por isso.

Ele olhou para baixo pela última vez.

Emily: Está tudo bem, temos magia suficiente.

Disse com otimismo.

Umbra: Então vamos seguir em frente, acho que temos ainda um longo caminho.

Ela se distanciou, dizendo em voz alta para todos.

Breu: Eu espero que tudo isso acabe logo, Espírito do Halloween.

Respondeu ele, sendo ranzinza.

Emily: Sim... está longe daqui, nessa direção! Fiquem de olhos atentos, a magia dela tem se manifestado de maneiras horrendas.

Soprou um novo vento que os pegou de surpresa.

—_________________________________________________________

Voando um pouco separados, Umbra olhava para sua sombra abaixo dela, refletindo na nuvem branca, de maneira pensativa. Sua sombra começou a ganhar tentáculos e ela arregalou os olhos e se virou para cima, vendo Breu voar acima dela como uma sombra. Breu voltou ao normal e deu um sorriso malicioso.

Umbra: Que que tá pegando, pesadelinho?

Ela levantou uma sombrancelha para ele.

Breu: Oh, nada, nada.

Ele colocou um dedo na lateral da cabeça, olhando pensativo para ela.

Breu: Só penso...

Umbra: Aé? Em quê?

Perguntou ela, falando entre os dentes.

Breu: Nós três estamos todos perdendo poderes, mas e você...

Ele olhou desconfiado, mas sorrindo. Breu se aproximou e ficou abaixo dela.

Breu: O que procura com esta viagem?

Perguntou de forma bem curiosa. Umbra virou o rosto, o encarando com desdém.

Breu: Oh, não precisa dizer se não quiser, mas sabe como tudo isso nos torna mais conhecidos entre a gente.

Ele deu de ombros.

Umbra: Temos um objetivo em comum.

Ela frizou.

Breu: E o seu é?

Umbra: Impedir quem quer que esteja por trás desse desastre.

Olhou para outra direção.

Breu: Parece que seu medo é mais pessoal, huh?

Ele coçou o queixo.

Breu: Ele é bem profundo... bem enraizado, parece bem íntimo e pessoal.

Ele se aproximou, falando com olhos que a analisavam de cima a baixo.

Umbra: Para com isso!

Ela o assustou com um movimento abrupto para frente.
Passa nuvem, passa outra por cima deles até que um brilho forte os ilumina, vários raios de luz atingem Emily assim que ela passa uma nuvem.

Emily: Agh! Eu não enxergo!

O vento que ela controlava acaba soprando todos eles, com mais força, para dentro das nuvens.

Jack: Emily!

Tudo se tornou embaçado e acinzentado ao redor deles, incapazes até mesmo de se perceberem ao longo do caminho. Jack então vê há dois metros na frente um enorme rochedo se aproximando e faz o vento soprar para cima, somente ele. Breu bateu com tudo no rochedo.

Breu: Agh!

Emily e Umbra pararam no ar, flutuando próximas uma à outra, quando um enorme raio de luz as cegou, afastando a nuvem que cercava a montanha em que tinham alcançado.

Breu cria um escudo de areia negra para se proteger da luz ofuscante.
O raio de luz some. Todos olharam para cima. Algo criava uma sombra ondulante que deixava a luz passar sobre eles. Eles testemunham uma criatura, uma enorme serpente feita de água, passando acima do sol e sobre eles, ela continh 4 pares de nadadeiras e dois raios globulares no lugar dos relâmpagos em forma de esfera, ela contém uma espécie de cauda de peixe gigante. A criatura solta um rugido estático, um som alto de vários estalos elétricos simultâneos.

Emily: Ela esteve aqui.

Observou a criatura.

5 raios saem do raio globular, na direção de Emily, ela desvia usando o vento. Umbra disparou com tudo na direção da criatura, gritando contra ela enquanto se preparava para disferir um golpe.

Breu: Nossa, isso é o que eu chamo de força.

Ele sorriu após zombar dela. Umbra atravessou a criatura com um soco, ineficaz.

A criatura começa a soltar raios de seus olhos para baixo. Jack sobe e congela a sua água. Emily joga balas explosívas nela e as explosões na água a fazem rugir, ainda sendo ineficazes.

Umbra: Gr...

Rangeu ela os dentes e desceu mais uma vez, ela atravessou o corpo da serpente, mas a criatura a segurou dentro de seu corpo. Umbra tentou sair flutuando, em todas as direções, mas a serpente flutuava na direção em que ela tentava escapar, mantendo ela dentro de si mesma.

Jack: Não!

O ser cria um tipo de linga elétrica aonde seria uma boca e dispara uma corrente poderosa contra Emily. Breu entra na frente e cria um escudo de areia.

O raio atinge o escudo e se propaga por ele até atingir Breu.

Breu: AAAAAARRRRGHHHH!

Emily: Não!

Breu desmaia e Emily o pega no colo.

Emily: Eu te peguei.

Ela sumiu dentro de uma nuvem ao flutuar para trás.

Jack: Tá funcionando...

Continuou ele a congelar a criatura.

Umbra fora arrastada por correntes de água dentro da serpente até o centro de seu corpo, uma cilada armada e pronta especificamente para ela. Umbra disparou abóboras e balas explosivas, elas eram levadas pela corrente até as partes congeladas da criatura, aonde explodiam o gelo para fora, libertando o ser.

Jack: Não faz isso!

Uma abóbora explode perto dela e a nocauteia.

Jack: Não!!

Ele arregalou os olhos e se preparou para mergulhar. Jack segurou firme no cajado e se lançou, assim como a criatura lançou calotas de gelo em sua direção, acertando ele no rosto. Jack desviava, mas não conseguia penetrar na água.

Eletricidade dos raios e da língua percorreram a água até atingir Umbra e eletrocuta-la sem piedade.

Umbra: Hmmmmm!

Tentou ela lutar, mas ficava mais fraca a cada golpe mais intenso e doloroso.

Jack: Umbra, você tem que lutar!

Ele gritou para ela, mas ela não conseguia sequer ouvir. Umbra abriu os olhos e viu Jack lutando para se aproximar pela água, aonde ela começou a aceitar que aquela seria a última coisa que ela veria enquanto viva.

Jack: Nããããããããão!

Tentou com mais força, um raio o atingiu e o lançou para trás com tudo. Emily voou até Jack e o segurou firme, o erguendo com a ajuda do vento e o lançando de volta naquela direção.

Emily: Ainda não acabou!

Jack estendeu o cajado para frente inconscientemente. Ela encosta no cajado e na mão de Jack, ele olhou para o rosto moreno e com uma expressão estoica nela, preparada para realizar um golpe que ele podia apenas sentir momentos antes, com o crescer do poder dele, em uma sensação compartilhada e crescente. Ambos potencializaram seus poderes e lançaram um feixe gelado na criatura, lançando uma onda de choque gelada e a paralisando por inteiro em pleno ar. Ela despenca do céu como uma escultura gigante de gelo.

Jack mergulha, Emily bate as palmas e lança um vento forte na direção de Jack, ajudando ele a cair mais rapidamente. Jack atravessa o pescoço da criatura, pegando Umbra em um segundo e voltando a pegar o vôo. Jack pousa na montanha, aonde ele deita Umbra bem levemente na rocha.

Jack: Umbra...

Ele a segurou e a chaqualhou, mas não houve reação dela. Emiy pousou levemente atrás dele e Breu se teleportou como uma sombra, crescendo ao lado de Emily.

Jack: Levanta...

Disse em voz baixa, arrepiado com a não reação dela. Jack começou a ficar com medo e presumir o pior.

Jack: Não. Não!

Ele gritou, desesperado. Breu cruzou os braços.

Breu: É, então um já era...

Ele revirou os olhos. Jack se levantou.

Jack: Você nem se importa!?

Ele apontou, com raiva.

Jack: Aquela coisa veio do nada e fez uma coisa dessas e você simplesmente fica aí e julga!?

Ele se aproximou, Emily deu um passo afrente e encarou Jack.

Breu: É óbvio que isso não vai nos levar a lugar nenhum.

Explicou com desdém.

Jack: Claro que não! Porque nós trouxemos gente inútil conosco.

Ele bateu firme. Breu deu um passo afrente para confrontá-lo, mas Emily pôs a mão no peito dele e o afastou.

Emily: Chega!

Ela fechou os punhos e se aproximou de Umbra. Ela se ajoelhou do lado dela, Jack manteve um olhar fixo em Breu por um tempo. Emily criou uma pequena bolha de ar e a injetou pela boca e narinas de Umbra, soprando ar para dentro de seu corpo. Umbra tossiu e se lançou para frente, sentando-se rapidamente, ela se abraçou, segurando firme o peito.

Umbra: Ack!

Ela tossiu novamente.

Umbra: Que corrente fria foi essa!? Nunca senti tanto frio no peito!

Reclamou ela. Emily a abraçou, Umbra abriu os olhos e olhou sem entender.

Umbra: Erm... o que que aconteceu gente? De repente veio o frio e agora o calor no meu peito?

Ela perguntou sem graça, olhando para Jack e Breu. Emily se afastou de Umbra lentamente e a ajudou a se levantar.

Umbra: Obrigada, apesar de que eu podia fazer isso sozinha.

Ela sorriu com orgulho.

Jack: Umbra, você podia ter morrido! O que deu em você? Por que foi tão imprudente assim?

Ele se aproximou dela, perguntando realmente preocupado, levemente estressado pelo súbito movimento dela contra a criatura. Umbra segurou a cabeça com força e o encarou, cruzou os braços, mas não respondeu.

Breu: Acho que foi porque a criatura era, em si, uma ameaça.

Ele deu uma dica para Jack.

Jack: Duh, como se eu não soubesse, pesadelo!

Ele retrucou Breu.

Breu: Ah, quer dizer, ele acabou me dando aquele golpe, eu também podia ter morrido.

Ele deu de ombros, retrucando de volta, de forma provocativa.

Jack: Isso porque está sem poderes...

Respondeu um pouco irritado de volta.

Breu: Justamente, qualquer um podia ter passado por isso.

Afirmou ele novamente.

Emily: Eu concordo. Não temos tempo para discutir, temos que continuar.

Afirmou ela, conjurando um novo feitiço que fez eles flutuarem novamente, os impulsionando aos ventos. Breu flutuou um pouco para trás e ficou ao lado de Umbra.

Breu: Aí, Halloween.

Ela olhou para cima. Breu abriu um sorriso aberto para ela.

Breu: Eu sei o que está se passando nessa sua cabeça...

Ele colocou um dedo no queixo, olhando suspeito para ela.

Umbra: Sim, você já disse isso.

Ela se virou para frente, desinteressada.

Breu: O que eu quero dizer é que eu sei o que você esconde de segredo.

Umbra olhou para ele, seus olhos estavam em forma de fenda.

Breu: As suas vontades, a sua angustia... eu sou o Rei dos Pesadelos, já se esqueceu?

Perguntou ele, de forma entediada.

Breu: O seu segredo acerca de toda essa situação está segura comigo.

Afirmou ele.

Breu: Não acho que vai precisar se preocupar tanto com isso. Afinal, estamos todos mostrando nossa força diante dessa situação.

Disse ele, confiante do que dizia. Umbra fez uma cara de desprezo para ele.

Breu: Certamente, a sua força é o que impulsiona a fazer o necessário.

Explicou ele melhor, antes de retornar à sua posição anterior com um simples movimento de desfiguração corpórea.

Umbra: Que nuvem dourada esquisita...

Ela olhou para a lateral deles depois de falar, o que chamou a atenção de todos.

Breu: Hein?

Um aglomerado durado brilhante se aproximava deles, se transformando em uma espécie de avião da Segunda Guerra Mundial e apontando canos de disparo na direção deles.

Jack: É o Sandman.

Sandman estava dentro do veículo, usando óculos de aviador da Segunda Guerra, com uma roupa adequada. Ele os perseguiu, aumentando a sua velocidade consideravelmente. Jack fez o vento que o levava desviar seu caminho, o destacando do grupo.

Umbra: Ué?

Emily: Aonde você vai?

Ele ignorou elas e flutuou levemente até Sandman. O avião de guerra parou em frente a Jack, flutuando em pleno ar e mirando as armas nele.

Jack: Sandy.

Sandman o encarou através do para-brisa grosso dourado e franziu o cenho, disposto a atirar.

Jack: Não faz isso.

Ele extendeu uma mão afrente. O grupo se distanciava dele.

Breu: O que ele acha que está fazendo?

Umbra: Eles não se conhecem?

Ela pôs fé em Jack e se transformou em morcego, virando-se contra o vento e diminuindo sua velocidade.

Breu: É hoje.

Reclamou ele.

Jack: Eu ainda me lembro bem dos seus poderes, Sandy. Você conseguiu ver a gente de longe e veio até nós, mas viu que nós derrubamos aquela criatura.

Afirmou ele, abaixando seu cajado.

Jack: O que acha que nós estamos fazendo?

Sandman olhou um pouco confuso para ele, de forma quase imperceptível, mas se manteve parado.

Jack: Tem algo de errado com os Guardiões.

Ele afirmou.

Jack: Precisa confiar na gente.

Ele observou Emily e Breu sumindo nas nuvens e expressou raiva para Jack, pondo o dedo no gatilho e atirando.

Jack: Não!

Ele atira uma rajada de balas douradas contra Jack, mas não antes de um pequeno vulto negro o pegar em pleno ar e o tirar da reta das balas. Jack caiu girando, seu cajado estava há 5 metros dele.
Umbra, ainda na sua forma de morcego, se posicionou afrente de Sandman, para que ele tivesse visão limpa dela e voou para a traseira do veículo, Sandman virou o avião. Umbra se prendeu à cauda do veículo e se segurou firme nele.

Umbra: Vamos ver do que ele realmente é capaz de fazer.

Disse com um gosto por desafios.

Jack despencou. Por mais que ele tentasse puxar o vento ou aproximar o cajado de sua mão com a mente. Jack olhou para a sua mão, dela saiu uma pequena porção de faísca de gelo.

Jack: Minha magia...

Ele continuou tentando, mas sem sucesso. Sandman a viue através de um espelho que refletia a cauda e acelerou o avião.

Umbra: OPA!

Ela se segurou firme. Sandy fez o avião rodopiar e virar uma curva enorme, Umbra é ejetada para fora da cauda com uma força maior que a própria gravidade.

Umbra: AAAAAAAAAAAH!

Ela voltou ao normal e rodopiou por um tempo, dando algumas piruetas, antes de retomar o impulso e voar por conta própria. Parada em meio às nuvens, Sandman pulou de nuvem em nuvem, se camuflando, até a surpreender com uma série de tiros. Umbra se lançou para cima, lançando uma grande rede de teias sobre o avião, mas acabou tomando dois tiros de raspão na perna.

Umbra: Argh!

O avião inteiro é preso dentro de um saco de teia. Sandman atira com vontade, mas não consegue se livrar. A hélice do avião acaba se prendendo e para de girar, o fazendo despencar sem a força necessária para continuar voando.
Umbra pressionou forte sua perna, se sentindo calma para poder fazer isso, mas uma fumaça dourada se dirigiu até ela, girando como um parafuso gigante. Ela desviou da nuvem dourada, mas acabou sendo perseguida por ela.

Jack: Vamos lá!

Ele se concentrou e extendeu a mão na direção do cajado, esperando recuperar seu poder à tempo. A alguns metros do chão, seu cajado flutuou até sua mão. Jack olhou para o chão com desespero e lançou uma onda de gelo, criando uma escultura como um grande escorregador. Jack escorregou por ele em pé e foi relançando para o alto com a mesma velocidade.

Jack: UHUL!

Umbra desvia da nuvem tentando alcançar ela. A nuvem começa a atirar bolas douradas, como um canhão, de seu centro e um deles acerta Umbra na nuca, a nocauteando.

Umbra: Ugh...

Ela cai com tudo. A nuvem é atingida por uma onda gelada e congela em pleno ar. Jack pega Umbra em seu colo e se esconde em uma nuvem, observando Sandman destruir a prisão de gelo ao seu redor. O Guardião flutuou sobre uma pequena nuvem dourada e olhou ao redor, pensativo. Jack o observou com extrema lamentação, vendo em seu olhar que ele estava caçando Jack e Umbra como se eles fossem uma verdadeira ameaça, o que o fez lembrar da fúria que tivera no passado quando enfrentaram Breu. Jack se escondeu de fato dentro da nuvem. Sandy reconstruiu o avião e retomou sua caçada, mas ambos já estavam longe a este ponto.

—_________________________________________________________

Jack: Foi ela, ela fez isso com ele.

Estava de noite. O quarteto estava pisando em um castelo abandonado em uma escarpa. Umbra se levantou, estava sentada próxima à parede do castelo, ela se esticou, parecendo bem.

Umbra: Então nenhuma ajuda virá dos Guardiões mesmo...

Ela se contorceu, depois de dizer com bastante desprezo. Umbra olhou para Jack, que explicava o que acontecera entre ele e Sandman.

Umbra: É, parceiro.

Ele pôs a mão no ombro dele.

Umbra: Você tem coração mole. Quase deixou seu amigo esmagar você com ele.

Ela bateu a mão duas vezes no ombro dele e se afastou. Jack olhou entristecido para o lado depois disso, lamentando.

Breu: Nem mesmo você é capaz de conversar com eles, que maravilha.

Ele desprezou.

Emily: Oh!

Ela o criticou ao chamar atenção dele.

Emily: Ele tentou fazer isso da forma mais limpa possível, pode pelo menos considerar que deveria fazer o mesmo, ao invés de ficar parado aí, criticando e julgando os outros!

Disse ela na voz dura a ele, apontando o dedo no rosto de Breu, o próprio se afastou, se sentindo levemente intimidado e até assustado.

Breu: Nossa, você aprende rápido a arte da intimidação.

Ele segurou a mão dela e sorriu orgulhoso. Emily recuou a sua mão para trás.

Breu: E então... o plano vai continuar sendo esse? Só nós quatro contra sabe-se lá quem está controlando os elementos e ainda sendo caçados por quatro Guardiões?

Ele criticou novamente, apontando para Jack e Umbra como duas pessoas completamente descartáveis.

Breu: Sim, nós temos vantagens, mas ainda temos que considerar nossas chances!

Ele bateu a perna, confrontando Emily e todos eles.

Breu: Jack tentou fazer isso da forma mais otimista e pacífica, e olha no que deu!

Apontou para Umbra.

Breu: A outra tentou avançar com toda a força do mundo contra uma das criaturas e só quebrou a cara.

Apontou novamente para ela. Umbra se aproximou irritada, cerrando os punhos.

Umbra: Que tal uma outra rodada de surra, pesadelo!!?

Emily: Chega!

Ela gritou e afastou ambos usando seu vento, se pondo entre os dois também e os afastando.

Emily: Eu sei que temos jeitos diferentes de resolver as coisas...

Ela criticou Breu, se virando para ele.

Emily: ... e que também estamos desamparados pelo que está acontecendo.

Ela se virou para Jack e Umbra.

Emily: Mas eu não vou aceitar que deixem isto guia-los como a única ferramenta que falta para resolver essa crise!

Ela exclamou firmemente.

Emily: Cada um de nós encaixa para resolver esse problema, querendo ou não, com fraquezas ou pontos fortes.

Ela apontou com fé no que dizia.

Emily: Encontrem esse respeito. Somos uma equipe agora.

Ela abaixou o tom de voz, resumindo. Jack olhou inseguro para ela. Jack tinha perdido um pouco da sua liderança no momento que os deixou sem avisar nada, uma decisão imprudente, impensada, imatura em sua cabeça. Emily olhou para Jack e ficou pensativa.

Emily: Acho bom nós descansarmos um pouco.

Ele se afastou e caminhou na direção da escuridão, se afastando dos demais. Breu caminhou atrás dela. Jack se sentou na beira da passagem em que estava, ficando entre os ladrilhos da muralha do castelo, ele olhou para o céu noturno e a Lua. Umbra se sentou do lado de Jack, tentando se acalmar.

Jack: É... ele parece que te irritou bastante.

Umbra deu uma pequena risada.

Umbra: É, você nem imagina...

Ela olhou para a Lua também e depois para ele.

Umbra: O que que você pensa quando olha para aquele grande cabeçudo?

Perguntou genuinamente, calma e de maneira suave. Jack olhou para frente após a pergunta e respirou fundo.

Jack: As vezes em tudo, as vezes em nada.

Ele fez um minuto de silêncio.

Jack: Mas dessa vez... nas razões de tudo isso.

Ele voltou a olhar para cima e balançou a cabeça negativamente.

Jack: Ele me escolheu e agora...

Ele deu de ombros.

Jack: Eu sou tudo o que sobrou dos Guardiões e o meu poder está acabando.

Ele disse levemente aterrador, com ares de extrema preocupação.

Jack: O que seria do mundo, das crianças dessa geração, sem o poder de cada um dos Guardiões em seu devido lugar para fazer o que tem que ser feito a cada ano?

Perguntou lamentando.

Umbra: É esse o tipo de pergunta que te faz ficar pensando o tempo todo?

Jack olhou devagar para ela, ele parecia assustado.

Umbra: Jack...

Ela pensou antes de dizer.

Umbra: Está se deixando pensar demais nisso.

Ela sorriu maliciosamente para ele.

Umbra: Pensar demais no fracasso?

Ela achou estranho alguém otimista como ele pensar desse jeito, negativista.

Umbra: Realmente, o mundo não vai ficar nada legal sem vocês com a cabeça no lugar e sem poderes.

Ela deu de ombros.

Umbra: Mas significa que vai ser assim?

Ela olhou para ele, Jack olhou para frente e não respondeu.

Umbra: O que está te machucando tanto ao ponto de pensar assim?

Ela olhou para frente, afastando o olhar dele.

Jack: Como sabe que tem alguma coisa me incomodando assim?

Ele olhou para ela, ela quase virou a cabeça na direção contrária.

Umbra: Eu sei como é ter facas afiadas toda hora te perfurando, pressionando você na direção do abismo.

Ela respirou fundo, afirmando, esperando que fosse a mesma coisa para Jack.

Jack: É quase isso...

Se levou a falar isso, mas realmente não queria compartilhar.

Jack: Umbra, ser um Guardião implica em uma responsabilidade maior com todos ao seu redor, com todo mundo.

Ele começou a falar naturalmente.

Jack: O meu trabalho com Guardião, eu tento conciliar ele com a minha responsabilidade com as crianças.

Ele respirou fundo.

Jack: Mas nem sempre eu tomo as melhores decisões.

Ele deu de ombros, se sentindo muito pressionado.

Jack: E agora está tudo caindo aos pedaços de novo e me sinto como se não me conhecesse. Depende de mim vencer essa batalha e...

Ele balançou a cabeça negativamente, olhando para baixo.

Jack: ... estou sem a ajuda deles. As pessoas mais seguras daquilo que fazem que eu conhecia... e eu tenho que lutar contra eles.

Ele olhou confuso para ela.

Jack: Que confusão.

Resumiu em uma palavra. Umbra abriu um leve sorriso no canto da boca e olhou para o céu noturno.

Umbra: Sim, isso é tudo bem confuso mesmo. Mas você vai encontrar aquilo que te incomoda tanto e vai resolver isso.

Ela afirmou.

Umbra: Parece bem simples.

Jack: E o que te incomoda tanto?

Ele franziu a testa. Umbra mudou para uma expressão fria e o encarou por um tempo, se virando para a escuridão. Jack virou o olhar e não disse mais nada.

—_________________________________________________________

Emily se posicionou no telhado do castelo e se concentrou, fechando o punho próximo ao rosto e procurando concentrar sua magia e sentir tudo ao seu redor, no qual ela sentia com mais fraqueza do que antes.

Breu: Você era boa nisso, antigamente.

Ela abriu os olhos, arrepiada pela voz suave dele com seu aproximar de passos leves.

Emily: Eu vou ficar bem.

Disse rispidamente e se virou. Ela se concentrou novamente, mas nada aconteceu.

Breu: O que está tentando fazer?

Emily se virou.

Emily: Escuta, eu não preciso de ajuda para fazer isso acontecer. Eu posso me concentrar.

Ela explicou, falando em um levemente irritado e voltando a se concentrar.

Breu: Ok.

Ele parou e olhou para baixo, pondo suas mãos na lombar. Emily começou uma pequena sinfonia harmoniosa.

Breu: Muito bom, mantendo nosso segredo longe dos demais ouvidos.

Ele parabenizou e Emily diminuiu o som.

Breu: Não seria nada agradável, para nós dois, se o Frost soubesse... principalmente de você.

Ele apontou, sorrindo com um certo orgulho dela. Emily franziu o cenho e o encarou.

Emily: Eu não faço isso por você. Faço pela estrutura da equipe.

Afirmou ela.

Breu: E está absolutamente certo. Não há nenhuma situação que poderia interferir nesse nosso segredo.

Ele deu de ombros.

Breu: Uma simples verdade para nós e que mantém tudo estruturado.

Ele concordou.

Emily: Para de gabar, pai.

Ela virou o rosto, encarando a escuridão da noite.

Breu: Ora... finalmente me chamou pelo substantivo correto.

Ele se inclinou na direção dela, contente.

Emily: Certo...

Ela revirou os olhos e voltou a se concentrar, depois de dizer com ares de desaprovação. Breu ficou em postura ereta e a observou se concentrar profundamente.