Reade e Weitz haviam chegado ao México pela manhã e estavam inclinados a encontrar Tasha. Reade ainda não havia conseguido entender o verdadeiro interesse de Weitz para encontrá−la, mas se era ajuda que este oferecia ele estava aceitando. Com a ajuda de Patterson rastrearam o avião que elas viajaram e ficaram à espreita para encontrar um momento em que ela estivesse sozinha. Eles viram quando ela foi com Madeline para um edifício de classe alta, sabia que havia um encontro importante, mas não dava para saber com quem era. Provavelmente não era boa coisa.

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Reade estava na rua do lado de fora do edifício, haviam várias pessoas circulando, nativos e estrangeiros. Então a avistou. No momento que ela percebeu a presença dele se assustou e se pôs a correr. Reade saiu em seu encalço. Ele viu quando ela entrou em um lugar que parecia ser um cemitério.

No momento em que Tasha avistou Reade ela pensou que estava tudo perdido. O único meio de escapar era correr! E foi o que fez. Passou perto de umas bancas de ambulantes, mais que depressa retirou sua jaqueta e a jogou ao longe e agarrou um sobretudo todo estampado que estava exposto em uma banca, o vestiu e continuou a correr. Deparou com um mausoléu com várias prateleiras cheias de túmulos. Se sentiu em um labirinto. Tasha parou. E agora, qual caminho seguir? Quando se virou para correr para o outro lado avistou Weitz. Que merda! Por que ele também estava ali?

− Weitz? – Tasha ficou espantada em vê−lo.

− Que bom ver você também! – Weitz estava com uma arma apontada pra ela.

Mais que depressa Tasha sacou sua arma quando ouviu Reade atrás dela. Se virou apontando a arma pra ele e percebeu que ele também apontava a arma pra ela.

− Natasha Zapata você está presa! – Reade falou em alta voz, pois foi isso que ele foi fazer lá. Prendê−la.

− Vá embora, Reade! – Ela precisava pedir isso a ele, pois não poderia deixar que nada atrapalhasse o que estava fazendo, nem mesmo Reade.

− Isso vai terminar com você algemada ou um de nós dois morto. Você escolhe! – Havia uma fúria nos olhos dele que ela desconhecia.

Tasha se viu sem ação. Não sabia se era melhor correr ou se entregar e contar tudo. Se sentiu perdida, sozinha, sem apoio, mas agradeceu por Madeline ter ido embora, pois se ela visse Reade ali, Tasha não sabe o que Madeline seria capaz de fazer, e ela não queria feri−lo. Mas também não poderia estragar tudo, não agora que estava tudo encaminhado, já havia se sacrificado tanto. Na verdade ela sacrificara tudo. Tudo que acreditava, tudo que amava. Passou por momentos terríveis em que sua vida pessoal teve que ser deixada de lado.

Reade não tinha opção senão dar voz de prisão a ela. Quem diria que um dia ele precisaria fazer isso! Tasha que sempre o apoiou em tudo, ele sempre depositou nela sua confiança. Os dois sempre foram amigos e acabaram se tornando algo mais. Se apaixonar por ela pode ter sido seu maior erro. Reade não sabe ao certo como tudo foi acontecer dessa forma. Não sabia quais os reais objetivos dela. Por que Tasha iria se aliar a Madeline Burke? Ela que sempre pregou e fez o bem, está certo que algumas vezes usou caminhos um pouco alternativos para conseguir o que precisava.

Reade podia ver nos olhos de Tasha um misto de emoções, mas não conseguia saber o que estava passando em sua mente. Ele desejava sinceramente que ela se entregasse, que não precisasse haver troca de tiros ou qualquer tipo de violência. Ele queria levá−la embora dali em segurança, precisava fazer isso antes que a CIA a encontrasse, pois sabia que com eles as consequências seriam bem mais severas.

Tasha considerou a hipótese de fugir dali, mas como fazer isso com duas armas apontadas para si. Ela não tinha certeza se Reade teria coragem de atirar nela, mas já Weitz, Tasha sabia que ele era capaz de qualquer coisa para conseguir o que queria. Pensando bem, depois de tudo que ela fizera com Reade ele seria capaz de atirar sim. Primeiro passou por cima dos sentimentos dos dois e foi embora, não deu notícias de onde estava nem o que estava fazendo, depois foi até o apartamento dele, o torturou e roubou arquivos do FBI graças a senha que ele forneceu sob tortura.

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− Vamos conversar, mas não atirem! – Tasha pediu.

− Então coloque sua arma no chão e as mãos na cabeça. – Reade não deixaria sua voz o trair.

− Não precisa me algemar que não vou fugir, mas precisamos de um lugar pra conversar, não dá para fazer isso aqui. – Ela disse olhando em volta.

Reade olhou para Weitz meio que em busca de aprovação.

− Tudo bem, mas primeiro coloque sua arma no chão. – Weitz consentiu.

Ela se abaixou, colocou a arma no chão e as mãos na cabeça. Reade se aproximou e a segurou pelo braço. Weitz pegou a arma.

− Vamos levá−la até o hotel. – Era Weitz falando. − Lhe daremos a chance de falar e depois a levaremos para New York.

− Você vai caminhar ao meu lado e qualquer movimento saco minha arma. – Reade parecia ter se acalmado um pouco, mas ainda era perceptível a raiva em sua voz.

− Você teria mesmo coragem de atirar em mim? – Tasha estava muito próxima a ele, mas não queria se intimidar.

− Você tem dúvida? Depois de tudo que você fez se eu atirasse não acho que estaria errado. – Estava sendo irônico, mas não deixava de ser um desabafo.

− Você não sabe de nada, Reade! – Tasha sentiu um nó na garganta ao falar e se calou.

− Tem razão, eu não sei mesmo. Não sei nada porque você não me contou.

Fizeram o restante do caminho em silêncio, Tasha caminhava no centro, Reade do seu lado direito segurando firme seu braço de modo que ela não teria chance se tentasse fugir e Weitz ia ao seu lado esquerdo. Passava muita coisa pela mente de Tasha. Ela sabia que não tinha mais volta, teria que contar tudo pra eles. Seu maior medo era arriscar a missão e pagar pelas consequências.

Chegaram ao hotel e passaram pelo saguão, alguns poucos olhares curiosos se viraram na direção deles, mas logo se desviaram. O hotel era pequeno e possuía apenas quatro andares. Subiram as escadas e chegaram ao segundo andar onde haviam reservado um quarto. Reade sentia a proximidade de Tasha e podia ouvir até sua respiração cansada, ele realmente não esperava que o reencontro deles fosse assim. Por ele tudo teria sido diferente, ela nunca teria ido embora e estariam juntos, poderiam ter firmado um relacionamento. Mas isso parecia tão distante. Era passado. Entraram no quarto e ele desviou esses pensamentos.

− Senta aqui. – Weitz ordenou a Tasha puxando uma cadeira.

Ela se sentou em silêncio e esperou ser bombardeada por perguntas. Reade estava impassível de pé próximo à ela. Weitz com cara de poucos amigos a estava analisando.

− Pode começar a falar. – Era Reade que não falava desde que saíram do mausoléu.

− Eu não deveria contar nada. Eu não trabalho pra vocês. – Tasha falava com o mesmo ar intrigante que sempre possuiu. Reade sempre admirou isso nela. Ela não se rebaixava para ninguém, foi assim que havia conquistado seu espaço trabalhando no FBI e depois na CIA.

− Pra quem você trabalha? Madeline Burke? – Reade a desafiou com um olhar atravessado.

− Eu te falei aquele dia em seu apartamento e vou repetir, eu não trabalho para Madeline Burke! – Tasha soltou as palavras pausadamente, mas era possível ver fúria em seu tom.

− Pra quem então? – Foi a vez de Weitz questionar.

− Para a CIA! Eu ainda trabalho para a CIA! Merda, não era para vocês saberem! Ninguém deveria saber disso! Estou numa missão secreta e vocês me encurralaram! – Ela mostrava revolta em sua voz.

Todos permaneceram em silêncio por um tempo. Reade precisava absorver o que Tasha havia acabado de dizer. Então se ela realmente estava trabalhando para a CIA a demissão foi falsa? Pra que toda aquela cena?

− Agora que já sabem vou contar tudo do início. – Sua voz mostrava um pouco de alívio, pois ela estava guardando essa informação para si havia um bom tempo. Ela se levantou e começou a falar. – A CIA precisava de alguém para se infiltrar no clã dos Crawford, Keaton e eu já havíamos conversado sobre esse tipo de trabalho e ele tinha percebido meu interesse, então quando viram essa necessidade meu nome foi colocado em jogo. Confesso que não aceitei de cara, pois havia muita coisa envolvida, mas algumas coisas aconteceram e eu acabei aceitando, aí já não havia mais como falar não. – Ela demorou seu olhar em Reade por um tempo apenas para ver qual a reação dele ao que havia acabado de ouvir, mas ele permanecia em silêncio com ar de seriedade.

Nunca foi intenção dela magoar Reade daquele jeito, ele não merecia tudo que ela havia feito. Mas a escolha estava feita. Seu maior erro foi ir até o apartamento dele naquela noite. Mas ela já buscara arrependimento por isso e não havia encontrado. Droga! Será que ela não tinha direito de ter um mínimo de felicidade? Tasha achava que não. Talvez por isso aceitara o trabalho. Quando Reade ficou noivo o que restava de suas esperanças havia terminado.

− A princípio seria apenas para trabalhar com Blake, ajudá−la a ganhar a presidência da empresa, mas a crueldade da Madeline entrou em jogo, o dia que ela matou todos eles eu vi que não tinha mais volta e precisava continuar, essa mulher precisava ser derrubada, mas antes eu precisava ser sua aliada, então fui ganhando sua confiança. Eu não posso mais voltar. Está cada dia mais próxima sua queda. – Falar essas coisas todas pra ele a faziam se sentir mais firmes nos objetivos da missão.

− É uma missão grande, mas você não acha que está fazendo coisas que podem trazer uma consequência maior? Não sei se esse total apoio da CIA é verdadeiro. Eu fui interrogado após sua invasão ao meu apartamento e eles pareciam furiosos com o roubo dos arquivos e com o assassinato da agente do MI6. – Reade queria entender essas atitudes da CIA.

− Ela não era do MI6. Keaton me ajudou a falsificar as informações. Cláudia era uma torturadora que fazia qualquer coisa para conseguir as informações desejadas. Os arquivos que roubei são para Madeline ganhar concorrência contra algumas empresas. Não terão consequências maiores. – Tasha não podia ter certeza das intenções de Madeline, mas preferia acreditar que seria apenas para esse fim que usaria os arquivos.

− Keaton era meu contato na CIA, ele que me passava todas as informações desde o início. Depois que ele entrou em coma ficou mais difícil pra mim, mas está dando resultado e eu não posso parar. – Ela sabia como tinha sido difícil chegar até ali e todo sacrifício precisava valer a pena.

− Tudo que podia já contei pra vocês, agora me deixem ir embora, pois tem um avião me esperando e se eu me atrasar posso ter problemas. – Ela sabia que precisava ir. Já havia contado demais.

− Calma, não será assim. Keaton está em coma e suas palavras não provam nada. – Weitz não queria dar a ela aquele voto de confiança.

− Tasha, você sabe que podemos entrar em contato com a CIA para sabermos se o que você disse é verdade ou não. – Reade não poderia ter certeza se conseguiria essas informações, mas precisavam tentar.

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− Weitz, você sempre prezou por sua carreira, não vai querer arriscar tudo agora! Se a missão fracassar por sua causa meus superiores acabarão com sua promissora carreira no FBI. – Tasha jogava com ele com palavras duras. Ela sabia o quanto Weitz prezava pela posição que conquistara.

− Reade, você precisa confiar em mim. – Tasha se levantou encarando Reade. – Já nos apoiamos tantas vezes. – A mudança no tom de voz era perceptível quando se dirigiu a Reade, diferente do tom usado com Weitz. – Eu não estou mentindo. Você não acreditou que eu estava do lado de Madeline, acreditou?

Reade sustentou o olhar dela por um momento tentando decifrar se realmente era digna de confiança. Por um instante passou por sua cabeça vários momentos que tiveram juntos, desde a morte de Mayfair, a morte do treinador Jones, seu envolvimento com drogas, o acidente na explosão provocada pela Sandstorm onde ele machucou a perna, o tiro que ela levou quando a sede do FBI foi atacada. Eles estiveram sempre juntos apoiando um ao outro. Essa era a Tasha que ele conhecia e confiava, era essa que ele estava procurando agora por trás de toda barreira criada pela distância que ela colocou entre eles.

− Vocês precisam me deixar ir ou eu terei problemas maiores e vocês também. – Tasha pediu mais uma vez olhando para Weitz.

− Você pode ir. Mas vamos continuar observando e qualquer deslize eu mesmo falarei com seus superiores. – Pelo tom de voz puderam perceber o quanto Weitz prezava por sua posição no FBI. − Vou esperar lá no saguão enquanto faço umas ligações. – Ele falou olhando para Reade e saiu da sala fechando a porta atrás de si.

− Valeu mesmo a pena abandonar tudo? – Reade queria saber mais, não sobre a missão, mas sobre as escolhas dela. – Você não tinha mesmo nada a perder?

Tasha se virou e o encarou, havia muita mágoa nos olhos dele, ela sabia o quanto custaria essa missão, mas o que ela não esperava era que eles se envolvessem.

− Você estava noivo, e quando... eu já tinha dado minha resposta, Reade e não tinha como voltar atrás. Se tudo tivesse sido diferente entre nós, antes, eu teria ficado. – Ela sempre o amou, isso era um fato, se tivesse ido em frente com esse sentimento desde o início poderiam estar em outro local agora.

− Você não acha perigoso tudo isso? Está correndo um risco muito grande, se acontecer algo muito grave eles não irão te defender. – Reade já havia visto isso acontecer antes e sabia que se ela cometesse um deslize a CIA caía fora da jogada.

− Reade, eu sei que estou do lado certo e vou fazer o possível pra essa missão dar certo, não vou abandonar tudo agora que já sacrifiquei tanta coisa. – Tasha se aproximou de Reade, ela queria ficar perto dele mais uma vez, de alguma forma ela precisava do consentimento dele para continuar. Reade sempre esteve do lado dela em tudo e magoá−lo era a pior parte desse trabalho.

− Eu ainda não consigo entender totalmente suas razões. Você foi até meu apartamento. Depois foi embora. – Ele queria arrancar dela essas respostas, pois não a deixaria ir embora mais uma vez sem saber toda a verdade sobre seus sentimentos.

− Eu sei que eu não devia ter ido lá, mas a verdadeira razão até eu desconheço. – ela sentia seus olhos marejados ao dizer essas palavras a ele.

− Você disse que me amava e jogou tudo fora, como se não houvesse importância.

− Eu não joguei nada fora, Reade, eu não poderia. – Ela pegou a mão dele e colocou sobre seu peito. – Está tudo aqui e ficará pra sempre. Valeu a pena cada momento que passei com você. Eu nunca vou me arrepender.

Uma lágrima solitária que ela estava segurando teimou e rolou por sua face. Reade olhava em seus olhos e queria tomá−la nos braços e confortá−la. Ele sabia que os sentimentos eram verdadeiros, mas ele não queria ceder, pois ela estava indo embora novamente.

Tasha queria que ele soubesse que nada foi em vão, ela sempre o amou. Ela se aproximou mais e colocou um beijo suave nos lábios dele. Senti−lo tão próximo novamente era o conforto que ela precisava para retomar seu trabalho.

O momento que Reade sentiu os lábios dela nos seus foi inesperado, quando percebeu já a havia puxado pra si e continuado um beijo mais intenso. Porque tinha que ser assim? Eles não podiam simplesmente esquecer tudo que aconteceu. O amor e a necessidade de acreditar nesse sentimento era muito forte.

Tasha não esperava realmente que ele a beijasse, mas sentir a intensidade dos lábios dele nos seus novamente era muito tranquilizador. Como aconteceu muitas vezes durante todos esses meses ela sentiu vontade de largar tudo que estava fazendo e voltar à sua antiga vida. Ela sabia que não podia, esse não era o caminho certo agora. Era preciso continuar e pra isso abandonaria Reade mais uma vez.

− Eu preciso ir. – Ela falou com relutância no momento em que se afastaram. Sentir o toque e o carinho dele a enchiam de forças para continuar o que precisava ser feito. – Se eu não voltar, segue em frente.

Tasha sabia a gravidade do que estava fazendo e poderia demorar muito ou nunca voltar. Reade merecia ser feliz e não passar a vida esperando por ela. Por mais que doesse ficar longe ela ainda queria a felicidade dele.

− Adeus, Tasha. – Reade falou quando ela saiu pela porta. Ele não queria se despedir. Queria ter a chance de reencontrá−la em outro momento, quando tudo isso tivesse acabado.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.