Constance & Merricat (Sempre vivemos no Castelo) - Sozinha na Lua

Você e sua irmãzinha dormem na cama de tio Julian. Muitos anos passaram desde a sua morte mas você ainda pensa como sendo a cama dele. Como essa casa é a casa de seu pai e as pequenas xícaras no armário da cozinha como sendo da sua mãe.

Nada realmente é seu. Exceto sua irmã.

Você geralmente acorda com ela dando pequenos beijos por todo seu rosto. Ou com as mãos dela te massageando entre as pernas. Nesses dias você acorda com um sorriso e diz como ela é boba, e ela te diz como ela feliz ela está. Ela diz como se não houvesse outra possibilidade, Merricat acredita na magia de palavras e talvez ela esteja certa em acreditar porque quando ela diz você acredita, quando ela diz se torna verdade.

É mais difícil quando você acorda primeiro. O corpo em cima de você sente como carne sem alma. Você se aproxima do rosto dela pra garantir que ela está respirando ainda, que ela não te deixou sozinha na lua.

Ela está respirando. Isso é bom. Você no passado soube o que fazer com corpos que não respiravam mais mas se fosse ela você não tem idéia o que você faria, quem você seria depois. Talvez seja porque você sempre a amou mais do que você amou todos os outros. Ou talvez seja porque ela é a única que sobrou. Você prefere acreditar na primeira afirmativa. É mais fácil dessa maneira.

Você fecha seus olhos e espera adormecer para despertar novamente em um mundo melhor que ela vai fazer para você.