Lianna Olivier nunca se considerou uma pessoa azarada, pelo contrário, em toda sua vida ela sempre gabou-se de sua sorte, de conseguir escapar de várias encrencas com segundos de diferença. Por isso, a confusão da garota era bastante normal, considerando o fato de todas as coisas que ela sempre achou serem boas, de repente, ruírem. E é por isso que a morena jamais, em nenhuma circunstância imaginaria estar naquela situação, em pleno vinte e cinco de dezembro, em sua data favorita, conhecida também como o natal. É por isso que sempre devemos acreditar naquilo que algum sábio disse, sobre o futuro ser imprevisível.

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Tudo começou, ironicamente, no dia primeiro de dezembro, quando, em um restaurante chiquérrimo da Lagoa, bairro nobre do Rio de Janeiro, seu atual noivo contava como havia encontrado o amor, e Lianna estava completamente encantada com as palavras do ruivo a sua frente, um dos únicos com essa coloração natural que ela já vira em toda a sua vida. O único problema da narrativa de Robert, era que, no fim, ele desculpou-se com a cacheada, e anunciou que o amor de sua vida era uma moça encantadora que ele conheceu no recente evento em que ele fora, e um relacionamento de dez anos ruiu como pó na frente da mulher, igual metade no universo no último Vingadores (Guerra Infinita). Ah, esses irritantes eventos de seu (até então) noivo, sempre o fazendo ficar um final de semana inteiro em convenções pateticas e entediantes sobre matérias e jornalistas exclusivos, quase como se fosse algum tipo de hobbie de rico. Robert jurou com as mãos juntas que não havia traído a mulher a sua frente, e ela acreditou, porque o ruivo era bonzinho demais para isso, chegando a beira do ridículo.

Eles terminaram pacificamente, mas logo o maior problema de todos surgiu na mente de Lianna, fazendo seu estômago embrulhar e ela ter de segurar o vômito entalado na garganta, fazendo uma cara estranha para seu ex noivo. “O casamento, Robert.” foi o que ela disse, vendo que a expressão confusa do homem poderia formar um ponto de interrogação. E logo a confusão mudou-se para pânico e ele precisou pedir duas águas com açúcar, e podia-se, baixinho, escutar o choro do bolso do não-mais-casal. Os dois sempre foram econômicos e cada centavo do casamento, festa e cerimônia, haviam sido milimetricamente calculados. Além disso, os dois tinham enormes famílias, e bem distribuídas pelo território brasileiro, que já haviam pago hospedagens e passagens. Fora as roupas alugadas, festas negadas, afinal, o casamento era no dia do natal. Felizmente, ou não, Robert teve uma ideia, transformar (com poucos cortes e alguns reajustes) o casório em uma festa natalina das boas, teria a família e amigos deles, e eles ainda eram amigos, afinal.

Pronto, tudo resolvido. Apesar de bolso e coração chorando, Lianna saiu do restaurante sem derramar uma lágrima, ela foi ensinada desde nova a ser forte. Ela só não sabia que ainda levaria mais algumas pancadas. Passou todo o seu primeiro final de semana solteira resolvendo as coisas do casamento-festa-natalina-tortura, cancelando o padre, informando a família do ocorrido, pedindo para retirarem o pedido de esculpir seu rosto e o de Robert no gelo, dentro outros. Pelo menos ela estava se sentindo satisfeita de não casar-se com uma escultura de seu rosto, derretendo no calor infernal do rio de janeiro.

No dia quatro, chegou ao serviço mantendo-se dura em relação aos olhares carregados de pena e até felicidade, em saber que ela havia sido trocada a menos de um mês do casamento. Mas isso não foi nada comparado ao momento em que colocou os pés na sala do chefe, e em menos de cinco minutos de conversa foi informada de que seu contrato de oito anos acabaria sexta feira, e que não seria renovado como todos os outros anos. Apesar disso, Lianna manteve-se firme e forte, e segurou o choro, o guardana para o conforto de seu lar. Ela saiu do serviço, passou na padaria vinte e quatro horas, comprou todas as guloseimas que encontrou, dane-se a dieta, não terá casamento mesmo. E seguiu para casa, seu pequeno e confortável apartamento, onde encontraria felicidade.

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Mas, para acabar de vez com o dia, mês, ano de Lianna Olivier, ela viu o puro caos no edifício Santa Clara, onde imediatamente foi informada que seu apartamento, e dos seus vizinhos de cima e baixo estavam completamente alagados, por culpa de um cano estourado, que os peritos já estavam descobrindo ser culpa do dono do prédio, que mandou canos mais baratos e não recomendados a edifícios daquele porte. Lianna só queria chorar, ou morrer, ou talvez ser levado pelos alienígenas para um lugar muito distante.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.