Dias Perfeitos

Dois meninos se beijando


Um balanço a luz do luar, um gramado confortável e macio e o mais bonito pé de amora que você já viu. O grande amor da sua vida estava lá, mas você não percebeu, embora desejasse seus lábios naquele momento.

Scorpius riu de uma bobagem qualquer que James havia dito. Eles pareciam felizes, como crianças que vão ao circo, bailarinas que viram a atração principal de um musical ou alguém que encontra o amor da sua vida.

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Não dava para saber quando exatamente a conversa deixou de ser leve para se tornar um pouco mais tensa, mais triste. Scorpius não sabia porque estava quase chorando em uma festa – embora eles houvessem fugido da festa em si.

— É claro que não é assim. – Scorpius discordou, balançando a cabeça negativamente e tentando não olhar dentro dos olhos tão verdes de James. – Não é simplesmente existir e pensar que é só ser normal. E também, tem essa pressão toda por alguém que meu pai foi no passado. Sabe? Eu não sou o meu pai. Às vezes é bom lembrar disso, mas parece que as pessoas não lembram.

— É, cara. Eu sei como é isso…

— Não sabe. – Scorpius encarou James por um momento, mesmo sabendo que ele não teve uma intenção ruim. – Seu pai foi tipo o super herói. Meu pai, um comensal. Ainda se fosse o caso de esperar de mais de você, o que esperariam? Você é ótimo em quadribol e tem notas satisfatórias.

James não falou nada. Um vento soprou levando o cabelo de Scorpius pelos ares. Ele era lindo: um rosto delicado, parecia esculpido em mármore. Seu cabelo era liso e volumoso, loiro claro. Os olhos cinzentos como fumaça. A boca rachada. As bochechas coradas da bêbida. Tudo era diferente nele, mais brilhante, mais bonito. James ficou encantado demais para falar alguma coisa.

— Tem uma coisa que eu sei. Não importa quem o seu pai foi, você não é o que ele foi e nem o que ele é. – James parou de falar e fez uma expressão confusa. – Nossa, nem eu entendi o que eu falei agora. Enfim, não importa... É que você é único.

— Não sou único. – Scorpius sorriu de canto. Nunca haviam dito isso a ele antes. – Eu sou igual a qualquer adolescente bêbado dentro da casa, só que estou aqui fora.

— Sabe no que você é diferente deles? – indagou James com um sorriso brincalhão. Era a expressão que Scorpius mais gostava, pois ele ficava parecendo uma criança prestes a fazer alguma arte.

— Bom... Que eu sou mais novo e mais esquisito?

— Você é diferente deles porque eu escolhi estar aqui contigo agora.

Houve um silêncio. O som de fundo se resumia a alguma música de rock barulhenta, mas nenhum dos dois reparou nela. A luz do luar era a única por ali. Ao longe, ouvia-se uma coruja ou outra e nada a mais. Nem mesmo uma guerra seria o bastante para interromper aquele momento entre Scorpius e James.

Aquilo, com certeza, nunca saíria da boca de Albus. Nem de algum amigo comum, provavelmente. Se era uma coisa única, significava que Scorpius e James não estavam se tornando amigos. Aquilo era outra coisa.

Scorpius levantou-se do balanço e deitou-se sobre o gramado vazio ao lado de James. O silêncio continuou lá, abraçando a proximidade dos dois. Scorpius encontrou a mão de James e a apertou. Quente, grande... Nada fazia sentido. Ou tudo fazia sentido. Ele não sabia como diferir.

James ficou sensível ao toque do garoto. Não era como pegar na mão da sua mãe ou de outra pessoa... Era como segurar uma borboleta. Era como cuidar de uma vida.

— Eu não sei o que eu posso falar. – James admitiu, virando-se para o lado de Scorpius. Agora os dois se encaravam.

— Isso é... Bem, eu também não sei o que falar. – Scorpius suspirou baixinho, querendo que aquele momento não acabasse nunca.

De baixo do pé de amora, Scorpius e James beijaram-se a primeira vez. Tinha gosto de liberdade para Scorpius e de esperança para James. Era leve e macio como uma nuvem. Mais do que isso, era o primeiro beijo de Scorpius. E não foi tão ruim assim. Na verdade, foi muito bom. Scorpius sorriu ainda de olhos fechados quando acabou. Sua mente ainda estava embriagada e agora não se tratava apenas da cerveja amanteigada, também se tratava de James.

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James apenas riu quando acabou. Uma risada mais leve e boba do que as outras. Envolvia muita coisa.

— Eu posso te beijar de novo? – pediu James, nem um pouco receoso.

— Quantas vezes você quiser. – e Scorpius nunca imaginou que responderia isso.

Em poucos minutos, eles perderam a conta de quantas vezes se beijaram e de quantas vezes riram depois disso. Eram dois adolescentes descobrindo que o mundo é muito mais do que existir. É muito mais do que um garoto amar uma garota. O mundo, naquele momento, pertencia a James e Scorpius.

— James, eu não sei fazer isso. – Scorpius riu quando o garoto lhe segurou em seus braços com volúpia.

— Não precisa saber fazer nada. – James o beijou mais uma vez, calando qualquer coisa que Scorpius tivesse a dizer.

James entrelaçou a cintura de Scorpius e os beijos ficaram mais ansiosos. Scorpius nunca havia sentido algo assim. James nunca soube que era possível existir algo assim. Era mais do que eles podiam querer e cobrar da vida. E nem eles sabiam que tipo de sentimentos haviam naquilo, mas paixão era uma coisa presente em todo e qualquer adolescente. Paixão pela vida.

Enquanto eles se amavam, a festa dentro da casa de James ainda acontecia. Não tiveram medo que algum aluno de Hogwarts os vissem naquela posição. Aliás, eles não tiveram medo de nada. Era como se um protegesse o outro independente de qualquer coisa. James nunca sentiu-se tão protegido e Scorpius nunca sentiu-se tão amado. Era quase como se ele conseguisse sentir que, finalmente, era normal. Era agradável para alguém.

De baixo do pé de amora, jazia o moletom amarelo de Scorpius e a regata de James. De baixo do pé de amora, ficaram dois meninos se beijando até o amanhecer.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.