Anchorage;

O desejo de segurar o tempo enquanto ele passa, como tentar se segurar em uma pedra no meio de um rio com muita correnteza.

Está atrasado, como sempre.

Atrasado.

Bate com força a porta do carro.

Dirige com pressa.

Não tem tempo a perder.

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Rápido.

Mais rápido.

Suas mãos, seu raciocínio, tudo precisa ser ágil.

Esta é sua busca.

Se for rápido agora, depois terá tempo.

Tempo para ser lento.

Quando enfim pode respirar...

Rápido, tem que aproveitar rápido.

Não tem tempo para ser lento.

Daqui a pouco vai precisar ser rápido.

Então precisa ser lento, mas rápido.

Há muitas coisas para fazer sendo lento.

Então tudo precisa ser rápido.

Quando vê há poucos metros o fim do caminho, se arrepende da escolha feita. Pisa com força no freio, mas o carro não para, seguindo pela alameda.

Puxa o freio de mão, mas não muda muita coisa. Olha pelo retrovisor, a vista lá atrás era tão bela, mas não a aproveitou nem por um segundo. Cria estar atrasado. Atrasado para que mesmo? Agora já nem ao menos se lembra.

Morde com força os lábios enrugados, tentando se lembrar das figuras que ficaram para trás. Mas lembra-se apenas de borrões do outro lado do vidro. Agora continua a segurar o freio inútil desse automóvel que nunca para, enquanto observa pelos espelhos a beleza que se passou e jamais poderá ver.