Entre Páginas

Capítulo 22


Luísa retirou um livro da prateleira da biblioteca, encontrando Roberto do outro lado. Ergueu-se um pouco nas pontas dos pés.

-Ainda está de castigo? – Perguntou ele em um sussurro. Ás vezes, quando se esbarravam na biblioteca, conversavam sobre as próprias leituras.

-Não. – Sussurrou de volta. – Mas a Sra. Castelo gosta da minha ajuda, então decidimos continuar. Logo terei que ir até ela, com a lista de livros que foram devolvidos essa semana.

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-Tem alguma indicação?

Após ler O Morro dos Ventos Uivantes, criaram uma oportunidade maior de entenderem-se, já que ele gostara do romance.

-Por que não entra no clube? – Perguntou ela.

Pela fresta da prateleira, via apenas um pouco do rosto dele. Ele parecia francamente surpreso pela idéia. E contrariado.

-Porque têm apenas meninas. - Refutou com obviedade.

-Ora, isto é uma bobagem descabida. Sua irmã está lá.

E ela também.

Afastou o pensamento da mente.

-Exatamente. Ela já é irritante o suficiente. Prefiro aproveitar as horas de descanso sem ela.

Luísa riu porque sabia muito bem o que era a implicância entre irmãos.

Logo calou-se ao lembrar onde estava.

E que sua irmã não estava mais com ela a maior parte do tempo.

-Algum problema? – Perguntou ele, o cenho franzido.

-Nenhum. – Suspirou baixinho. – Ás vezes sinto falto dos meus irmãos.

Ele ficou em silêncio por um tempo.

-A senhorita quer voltar para São Paulo? - O tom dele soara um tanto diferente, com algo que Luísa tentou identificar, mas não pôde.

-Não sei. - Admitiu. - Sinto saudade de minha família e lar. Aqui não é minha casa, por mais que goste de meus tios e da cidade. Na verdade, eu já deveria ter voltado, agora que minha irmã está casada.

-Entendo... – Murmurou.

Com o canto do olho, Luísa percebeu sua professora procurando-a.

-Preciso ir agora. – Avisou em um cochicho. – Você virá para cá semana que vem? Digo... para trazer sua irmã?

-Sim. – Respondeu.

Luísa acenou com a cabeça, mesmo que não ele não pudesse ver e saiu do meio das prateleiras, indo até sua instrutora com a lista já em mãos.

***

Melissa esperou que seu marido chegasse e o cumprimentou com um beijo no rosto. Mandou que Adélia preparasse um banho e Efigênia pôr a mesa do jantar. E então subiu para o quarto.

Encontrou Henrique desabotoando os punhos da camisa, com os suspensórios da calça já abaixados.

-Sua mãe voltou de viagem hoje. – Informou aproximando-se.

Ele franziu o cenho, confuso;

-Onde está?

Melissa respirou fundo. Decidiu contar de uma vez;

-Ela está em sua nova casa. Próxima á nossa. Deixou o endereço.

Ele deixou os punhos da camisa de lado e cruzou os braços, com o cenho franzido.

-Está me dizendo que minha mãe veio aqui sorrateiramente apenas para recolher as próprias coisas e a levou para viver em outra casa. Sem me avisar.

Mel deu de ombros fluidamente;

-Foi a decisão dela. Eu tentei convencê-la a ficar, mas...

O semblante dele demonstrava não estar muito convencido disso.

-Por que não me avisou?

Melissa piscou um pouco desorientada.

Era impressão sua ou ele de fato a culparia pela mudança de Carolina? Sua sogra havia apenas chegado á conclusão mais adequada para todos. Eles eram recém casados.

-Estou avisando agora.

-Eu estive na fábrica o dia todo, poderia ter me mandado um recado.

Melissa alisou a fronte com os dedos, tentando manter a calma.

Não podia acreditar que brigariam por causa de Carolina.

-Ela sabia que teria essa reação. Disse para que a encontrasse depois e ela o explicaria tudo.

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Henrique colocou as mãos sobre os quadris, insatisfeito.

-Sei que está acostumado a dar ordens a todos, mas sua mãe fez a própria escolha. É melhor que a respeitemos.

Ele continuava contrariado.

-Não me diga que pretende sair de casa agora mesmo... – Pediu ela. – Acabou de chegar... Sua mãe está bem, sabia o que estava fazendo... E de qualquer modo, é melhor que você desfaça esse mau humor antes de ir vê-la, ou podem acabar tendo uma discussão. Por que não a procura pela manhã?

Aproximou-se dele e segurou suas mãos calejadas e másculas.

-Eu acho que ela estava nos dando nosso próprio espaço, nossa chance de formar nossa família com privacidade. Nós sempre estaremos próximos a ela.

Henrique desanuviou a feição incomodada, desfazendo também a postura rígida.

Melissa aproximou-se e desabotoou calmamente os botões de sua camisa branca.

-Mandei preparar seu banho... – sussurrou enquanto concluía sua tarefa.

Os dedos masculinos entrelaçaram-se com os seus;

-Venha comigo, então. – Sugeriu trazendo-a para mais perto.

Melissa passou os braços ao redor de seu pescoço, sabendo que a noite de ambos terminaria muito melhor do que havia começado.

***

Henrique fez questão de dialogar com sua mãe cedo no dia seguinte.

Tentou dissuadi-la da idéia de morar só. Ela acabaria sentindo-se solitária e ele odiaria isso. Queria cuidar dela tanto quanto ela havia cuidado dele. Perguntou também se Melissa e ela haviam tido uma discussão ou se houvera qualquer rusga que a incentivara a tomar tal decisão. Todavia, sua mãe estava irredutível, e afirmou que não havia nada de mais entre ela e a nora. Desejava que fossem felizes e não queria atrapalhar a intimidade dos dois.

Não importou a quantidade de vezes em que Henrique fez claro seu desejo de ter ambas as mulheres em sua vida, e sua recusa em ‘abandonar’ a progenitora. Foi inútil diante da calma teimosia de Carolina.

Foi para o trabalho irritado, com as coisas saindo diferente do que ele tão calculadamente planejara.

-Ele está decepcionado. Está acostumado a ser sempre obedecido. Carolina acabou afetando nossa vida conjugal, que está só no começo, diga-se de passagem... – Narrou Melissa, enquanto passeava de braço dado com a irmã na Rua do Ouvidor.

-Ele é muito apegado. E a Sra. Carolina, de fato, tem apenas ele.

-Ela deveria casar-se novamente. – Disse Melissa. – Na verdade, não sei porquê nunca o fez.

-Melissa! - A mais nova a censurou. - Isso foi extremamente rude!

-Luísa, eu falo sério! – Deu de ombros. – Ela tem aversão por absolutamente tudo daqui! A minha pessoa, inclusive.

-Você está equivocada. Por conta do desentendimento anterior de vocês.

-Ela não freqüenta saraus, chás, convescotes, bailes ou jantares. Não comparece ao teatro, clubes esportivos... Sinceramente, pergunto-me o que ela faz o dia todo. Nunca fará parte da sociedade dessa maneira.

Acenaram para os conhecidos que passavam pela calçada e as cumprimentavam.

-Sabe muito bem que seu marido e ela não têm muito interesse em fazer parte da classe alta. - Luísa como sempre, tentava justificar todos os lados.

-Ah, mas farão. – Afirmou Melissa, com certeza na voz. – Henrique me levará em todos os eventos sociais e se relacionará com cada carioca importante desta cidade. Por conseqüência, Carolina terá de se integrar. Terei de levá-la comigo para cada compromisso de senhoras, ou ele achará que estou evitando-a.

Luísa ficou em silêncio, acompanhando seus passos com suas pernas mais curtas, considerando que sua irmã era muito mais alta.

-Estamos chegando no fim do ano. - Mudou de assunto. - Não sei onde passarei as festividades...

-Aqui, naturalmente. Sua caça aos maridos ainda não terminou. Agora que estou casada, tratarei de me empenhar em conseguir boas relações para você também.

Luísa inconscientemente apertou o antebraço da irmã com seus dedos enluvados por renda e revirou os olhos. Melissa controlaria a família toda se pudesse. Como as bonecas de porcelana que possuía quando eram crianças.

-Não sei se estou pronta para isso...

Ultimamente Luísa sentia-se solitária, como se perdesse uma parte sua quando a irmã casou. O que aconteceria quando voltasse para São Paulo e ficasse sozinha em seu quarto? Vinha sendo difícil dormir de tal forma na casa dos tios. E quando seus pais a pressionassem para um casamento? Estava pronta para tal compromisso?

Melissa lançou-lhe um olhar estranhado.

-Como assim?

-Para casar. Ainda... Não sei se encontrei alguém... Quero dizer... Não se pode simplesmente olhar para um rapaz e decidir que passará a vida toda com ele, não é?

-Lu... – Mel adotou um tom doce que não combinava tanto com ela. – Você tem todos os requisitos para uma moça casadoura. E quanto ao rapaz... Por que não dá uma chance ao Sr. Medeiros?

Lu inflou as bochechas, um tantinho aborrecida;

-Porque... Porque... Ora... – Buscou as palavras. – Porque ele é meu amigo. Por que você não desiste deste conceito esdrúxulo?

Um risinho brotou na garganta de sua irmã mais velha;

-Ora, ora... Achei que você o odiasse.

-Talvez eu tenha mudado de idéia.

-Quem sabe... – Cantarolou.

-Quem sabe eu escreva para mamãe e papai perguntando quanto tempo mais devo ficar aqui. Eu era sua pajem. Mas agora você se casou. Acho que estou sentindo saudades de casa. De São Paulo. - Desconversou.

-Hunf. – Resmungou a jovem. – Eu não sinto saudade das lembranças de fofoca e risos. Contudo, visitarei São Paulo. De cabeça erguida. - Respirou o ar puro de modo altivo, como se apreciasse sua nova vida.

Um longo silêncio se passou enquanto Luísa pensava em como abordar o próximo assunto com a irmã.

-Você ficou sabendo? – Indagou, timidamente. – Sobre Bianca.

O rosto de Melissa era sereno e frio como mármore.

-Sim. - Afirmou sem alterar-se. - Quando será o casamento mesmo?

Os jornais daquela semana continham os proclamas do casamento do Sr. Frederico Vieira e Srta. Bianca Ferraz. A mais nova Sra. Castro fez questão de manter o assunto longe de seus pensamentos.

Além de não comparecer a sua cerimônia de matrimônio, a Família Ferreira mandara um presente que Melissa teve de ostentar em sua casa; Um vaso caríssimo com desenho de flores douradas. A nota do presente não tinha nada demais além de desejos de felicidade feitos pela mão do Sr. Ferraz.

Melissa perguntou-se se ele sabia do ocorrido entre ele e sua filha.

-Daqui á um mês. Talvez eu já esteja em casa a essa altura.

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-Espero que ela tenha encontrado uma amiga que a ajude com o vestido. Pelo que me lembro, ela tinha um péssimo gosto. - Comentou superficialmente.

-Acha que ela vai nos convidar?

-Provavelmente não. – Melissa disse, seriamente. – É melhor não. Pode acabar gerando boatos, mas ainda é melhor do que se perceberem animosidade entre nós.

-Talvez ela tenha perdoado você. Nós duas.

-É claro. – Melissa riu, sarcástica. – Vocês têm se falado muito no clube, afinal...

-Bem, nenhuma de nós se desculpou exatamente. – Lu suspirou.

-Eu dei este assunto por encerrado no dia em que contei a verdade a ela. Já chega de falar da Srta. Ferraz. - Suas palavras foram um pouco mais ríspidas do que teria gostado.

No dia seguinte, contudo, Enquanto tomava o desjejum, o casal da Residência Castro recebeu o convite para as bodas.

Melissa perguntou serenamente após a leitura da correspondência;

-Nós vamos?

-Sim. – Ele respondeu simplesmente, deixando a missiva sobre a mesa.

Mel olhou para seu prato com pãezinhos quentes mergulhados em mel.

-Achei que você não gostasse de eventos sociais. – Comentou casualmente, derramando suco de laranja dentro do copo de vidro ornamentado.

-Não gosto. Mas Ferraz é meu amigo, me ajudou a chegar onde estou. Não faria tal desfeita com a filha dele.

-É claro. – Acenou com fingida indiferença. – Então nós iremos.

-Achei que você gostasse de eventos sociais. – Devolveu seu marido, em uma leve nota de humor.

Melissa pensou em aproveitar a falta de percepção de Henrique no caso, e rapidamente trouxe outro assunto á tona;

-Amo. Inclusive, agora que nossa lua de mel infelizmente acabou, vamos ‘apresentar’ você á sociedade.

Henrique riu, procurando seu jornal.

-Eu falo sério, não posso ir sozinha a eventos noturnos. Como meu marido, deve me levar em todos.

-Eu imagino que isso vai ser de alguma utilidade?

-Relações vantajosas.

-Você fala como uma nobre. – Abriu o jornal. – Mas está casada com um plebeu ignorante agora.

Melissa abaixou o jornal que ele estendera em mãos, fazendo-o olhá-la.

-Eu não trocaria você por nenhum ex-nobre. Fiz um excelente negócio. - Não importou-se em demonstrar calor demais em tal declaração. Apanhou a mão dele amorosamente.

—E esqueça esse jornal por um minuto. Terá tempo de sobra para lê-lo na fábrica. Agora com a rotina, só vejo você a noite e de manhã.

Ele dobrou o material e concluiu o café da manhã com ela.

***

Amanda tinha duas opções claras a sua frente;

Passar o Natal com seu pai ou com sua mãe.

Se tivesse uma família tradicional, obviamente não teria que sucumbir a tal dúvida. No entanto, evidentemente sua mãe não passaria a data especial na casa de seu pai, então ficaria no cortiço com Zilda.

Com qual deles passaria a noite?

Embora seu pai jamais tentasse forçá-la a escolher ‘um lado’ na família, era claro que ele sentia-se triste por não passar tanto tempo com ela quanto gostaria.

Sua mãe, também jamais interferiria em sua decisão, e aceitaria gentilmente caso Manda optasse por ficar com o pai.

No fim, acabou decidindo por Heitor, que ficou radiante por ter todos os filhos em casa, e Helena ficaria em seu pequeno quarto comemorando com a mãe de um modo muito mais modesto. Pela manhã, Amanda partiria imediatamente para o cortiço, ficar com a mãe e avó.

Há quase dois anos não via o irmão pouco meses mais novo. Naquele natal, ele estaria em casa.

Sua relação com ele sempre foi a mais cordial possível, e inegavelmente havia distância entre os dois, graças á sua madrasta já falecida.

Ela parecia impregnar o ar com seu desprezo por Amanda mesmo depois de tantos anos morta. A garota esperava com receio que o irmão não tivesse saído mais ao pai, que era a única coisa que tinham em comum.

***

Melissa serviu chá para sua irmã e então para si mesma.

-Ah, Lu, você não imagina como é bom ser a senhora da minha própria casa! – Relatou Melissa, alegremente. Ambas estavam na biblioteca de Henrique. Quando ele adquirira a casa, não era muito adepto de leitura, mas não deixaria um cômodo tão grande vazio. Assim, passou muito tempo preenchendo as estantes com livros para a mãe, sem muito interesse neles. Melissa agora ocupava o espaço com seus próprios, embora não fosse uma leitora tão ávida quanto a irmã, apreciava alguns romances e poesia. – Posso fazer tudo do meu jeito! Mudar tudo que quiser!

-Eu percebi. Você fez uma grande mudança. – Comentou Luísa, lembrando-se de ter visto as decorações que a anfitriã lhe mostrara.

-Estou apenas no começo. – Reduziu o tom de voz. – Ás vezes os empregados me olham como se fosse estranha. Acho que estavam acostumados com a mesmice de Carolina e desinteresse de Henrique. Os dois sempre foram tão alheios á casa, como se apenas a usassem para dormir.

-Talvez a casa realmente precisasse de você. – Riu levemente. Apanhou dois torrões de açúcar com o talher adequado e os derrubou sobre o líquido âmbar. Rapidamente dissolveram-se na bebida.

-Talvez o único ponto ruim seja estar tão longe de mamãe e papai. – Observou um tanto triste, mexendo o conteúdo de sua xícara. – Cada vez que quisermos nos ver teremos de nos locomover quilômetros.

Os pais e irmão das duas viriam ao Rio de Janeiro para o aniversário de Luísa e fim de ano.

Lu endireitou-se sentada sobre o canapé, um pouco desconfortável.

-Você recebeu um convite?

Não era necessário explicar.

O rosto de Melissa fechou-se como se tivesse tragado algo bem azedo.

-É claro que sim. – Bebericou o chá antes de concluir. – O pai dela é amigo de Henrique. Colega de negócios... não sei... Não consigo imaginá-lo tendo conversas que não envolvam trabalho com alguém.

-Você vai?

-É claro que não! – Riu cética. – E nem você deveria ir, caso tenha recebido um convite.

Luísa olhou corajosamente para a irmã;

-Por que não? Se ela nos convidou, é obvio que nos quer lá.

Melissa colocou a xícara sobre a bandeja, olhando para irmã zombeteiramente;

-A que ponto chega sua ingenuidade, Lu? Ela com certeza espera nos expor ao ridículo. Eu principalmente.

-Talvez ela tenha nos perdoado! Não é ingenuidade, é consideração! Bianca é doce e gentil, nunca perderia tempo com vingança.

-Talvez não com você, que não fez nada. Mas comigo... não tenho tanta segurança.

Luísa bufou;

-Você acha mesmo que ela faria um escândalo no dia do próprio casamento, acusando você sem provas?

Melissa manteve-se indiferente e calada.

-Sabe que eventualmente acabarão se encontrando, não é? E o que dirá ao seu marido? Os Ferraz já não foram ao seu casamento, e agora os Castro também não comparecerão?

-Eu cuidarei disso, não se preocupe. Como sua irmã, não posso proibi-la de ir, mas aconselho a não fazê-lo.

Luísa deu de ombros e colocou mais torrões em seu chá enquanto Melissa comia um tortinha de morangos.

Infelizmente para Melissa, nem tudo poderia sair do jeito que desejava.