Aysha

A mulher chegou perto deles devagar. Era uma órion alta e muito bonita, com a pele num tom verde claro e cabelos profundamente negros. Vestia uma espécie de macacão inteiriço, cinza escuro, que a cobria inteiramente, inclusive suas mãos. Também calçava botas pesadas de combate. Seus olhos, também de um verde profundo, encaravam atentamente os três oficiais. Ainda segurava seu rifle com firmeza.

— Eu ouvi parte da sua conversa com estes gorilas – disse a órion, olhando diretamente para Kirk e indicando os nausicaanos caídos com a cabeça – Acho que vocês arrumaram inimigos perigosos.

— É, parece que sim. – disse o capitão. Ele se voltou para ela, sorrindo – Obrigado pela ajuda. Nós estaríamos muito encrencados se não fosse por você. Posso saber o seu nome?

A mulher encarou o capitão séria, abaixou seu rifle e o atravessou às costas, preso pela bandoleira. Os oficiais da frota também guardaram suas armas.

— Meu nome é Aysha Syndulla e você devia saber disso, uma vez que andou me procurando. – disse a mulher – O que me deixa em desvantagem, porque eu não sei quem são vocês.

James Kirk olhou-a nos olhos, avaliando a situação. Desde que ouvira a gravação de Torias para a Frota citando o nome Aysha, sabia que o sucesso da sua missão dependia em grande parte de eles a encontrarem e descobrirem o que ela sabia sobre o sumiço do tenente. Agora, tendo-a na sua frente, ele não via outra opção a não ser falar a verdade.

— Eu sou o capitão James T. Kirk, da Frota Estelar. Estes são os tenentes Sulu e M’Ress. Precisamos falar com você sobre o desaparecimento de um oficial que estava servindo na base da Frota Estelar aqui em Delthara.

Aysha piscou duas vezes, mostrando-se surpresa.

— James Kirk, capitão da U.S.S. Enterprise?— perguntou ela, apertando os olhos.

Agora foi a vez de Kirk ficar surpreso. Ele olhou rapidamente para seus dois oficiais. Depois disse calmamente:

— Como você também me conhece, estamos quites. Será que nós podemos conversar?

— Podemos, com certeza. Mas provavelmente você vai precisar resolver algumas coisas antes – respondeu ela, apontando o grupo de policiais que se aproximavam, de armas em punho.

Kirk levantou as mãos e caminhou na direção deles. O comandante do grupo, com as divisas de sargento, abordou o capitão, que imediatamente apresentou suas credenciais e um documento digital em forma de cartão. Eles conversaram por alguns momentos em voz baixa e o oficial da Frota apontou os nausicaanos caídos, a sua equipe e também Aysha. Depois de ler o documento com atenção e falar no seu comunicador por alguns instantes, o sargento chamou um dos seus policiais e em menos de cinco minutos pousaram duas pequenas naves de patrulha, que levaram os nausicaanos detidos e todos os policiais.

Assim que as naves partiram, o capitão sacou seu comunicador para contatar Spock como haviam combinado.

— Spock falando— disse o vulcano imediatamente.

— Comandante, tudo sob controle aqui. – informou Kirk - Localizamos a Srta Aysha e vamos nos reunir com ela para esclarecimentos. Nos comunicaremos logo em seguida. Qualquer novidade entre em contato.

— Entendido - respondeu o primeiro oficial, desligando.

— Foi rápido - comentou Aysha logo que o capitão voltou.

— Digamos que estou com as cartas certas – disse Kirk, guardando as credenciais e o comunicador no bolso. Em seguida ele perguntou – onde podemos conversar com tranqüilidade?

— Venham comigo – respondeu Aysha – meu carro aéreo está logo ali.

* * *

Uma figura discreta, usando o uniforme de serviço do “Dagobah” saiu do meio dos arbustos assim que o carro aéreo onde estavam Kirk e sua equipe decolou, a tempo apenas para ver o veículo sumir em direção à cidade.

Acionando um comunicador, disse laconicamente:

— Eles já foram. Não consegui descobrir o destino.

— Volte para a nave. Vamos por em ação nosso plano alternativo— Foi a resposta.