Prologue

Tudo o que ecoava pelo salão, eram as fortes e pesadas gotas de chuva que se encontravam contra as vidraças das janelas. O som da cobra Nagine recuava de maneira distante, à medida que ela ia se aproximando do final da sala, aos pés de Voldemort, o Lord dos Comensais, que encarava a cada um por trás dos olhos que tanto lembravam uma cobra, uma serpente, e provavelmente, uma assassina, mas isso deduzisse pelo mal escondido atrás das íris. Voldemort era a destruição, e seria a destruição daquela garota.

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— Sr. e Sra. Morgenstein… Como vai a família?

O homem em pé, escondido pelos demais Comensais, levantou o rosto, permitindo-se mostrar o pânico que se apropriou de si mesmo, sentiu um frio correr-lhe pela espinha, o olhar permaneceu vidrado por um certo tempo indeterminado, abriu a boca repetidas vezes, mas tudo o que sairá fora ao máximo um balbucio. Seus olhos azuis, de tons tão serenos repentinamente tomaram outra forma, ele compreendeu então, a que ponto aquela pergunta chegaria. Um pequena fissura abriu se em sua testa, a pequena ruga de incerteza. Os cantos dos olhos se comprimiram. De repente, não parecia tão alto quanto era, parecia para si mesmo um pequeno ratinho, encolhido, sem força.

A mulher ao seu lado revirou os olhos verdes tão profundos que tinha, aqueles olhos que o intimida só de saber que estavam sobre si. Inclinou a cabeça em perceptivo desdém para com o marido, seus cabelos tão loiros, cacheados nas pontas, caíram em certa cascata pelos ombros da mulher.

— Nossa família está ótima Milorde, obrigado por perguntar…

A voz dela saiu suave contra o vento que rugia do lado de fora da mansão.

— Aproxime-se.- Ele fez um gesto com o dedo indicador.

O casal saiu pelo vão que abriu-se para eles, os saltos altos dela ecoaram pelo silêncio, aproximando-se de seu mestre. O homem às suas costas suava, mas tentava ao máximo não demonstrar seu nervosismo, ou morreria, ou se mataria, seria melhor, de toda a forma.

— E as filhas de vocês, estão na escola, estou certo?

Ela pigarreou, como quem tenta não deixar transparecer qualquer sentimento.

— As duas mais novas, Milorde, a mais velha formou-se recentemente, passa agora suas férias na França…

O Lord assentiu como quem anota mentalmente cada palavra, arquitetando um plano.

— Acha que ela gostaria de se juntar a causa, Sra. Morgenstein?

Ela olhou para baixo por um instante. Depois, com a boca levemente curvada, respondeu como se temesse um tapa.

— Não sei dizer, Milorde, ela tem ideias muito, digamos, concretas, sobre certos assuntos…

O Lord olhou em seus olhos, os profundos olhos azuis dela, e os olhos vermelhos dele, levemente endiabrados.

— Espero a decisão dela então, certas mentes são, bem, espero que ela não esteja contra nós na guerra, não gostaria de perder outra Morgenstein nessa guerra, por hora é só, dispensados, caros Comensais...– Ele repetiu o gesto com o dedo indicador, desta vez, em movimento contrário. Em volta de seu pulso, a cabeça escamosa de Nagine começava a rodear e circular todo o antebraço do mestre, enquanto demoradamente começava a subir, sem pressa.

O casal aparatou em casa. Se encararam, cada um de um lado da mesa, o marido deixou-se cair sobre uma das cadeiras, esfregando o rosto com as duas mãos. Ela olhou pela janela, observando a calma que um respingo tinha em deixar-se cair.

Aquele ou era uma brincadeira de muito mal gosto, ou a decretação do fim daquela família.

Só podia ser.