Thema Nr1
Psicopata
Fomos caminhando até a entrada de nossa casa enquanto Bill tagarelava.
- Ai, que legal! Adorei conhecer a Kristin, ela parece ser tão legal! - dava pulinhos. Claro, bizarro é o novo legal.
- Não fui com a cara do pai dela. - cuspi. E era verdade. Ele parecia ser uma babaca.
- Também não gostei dele, mas acho que ele não é pai dela. Eles não se parecem em nada, e além do mais Samantha não estava usando aliança.- Bill falou calmamente. É verdade. Deveria ser um namorado recente.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Bom, só pra constar, se ela resolver vir mesmo aqui, você fará as honras da casa. - falei enquanto destrancava aporta de casa. Mamãe e Gordon foram às compras.
- Nossa Tom. Como você é, ein? E o que te custava ser um pouco mais gentil com ela? - Bill ralhou. Ela não tinha um belo par de peitos, pra mim bastava isso pra que eu não me interessasse por ela.
- Tá bom, Bill... Quando ela vier, se ela vier, serei mais \"gentil\" com ela, okay? - falei. Assim Bill pararia de me encher. Apenas me olhou torto e subiu as escadas para seu quarto. Não ia me incomodar.
Abri a geladeira e tasquei uma mordida na pizza gelada e borrachuda, indo pra frente da TV. Larguei-me no sofá fofinho e aconchegante da sala, peguei o controle remoto e passei entre os canais sem vontade de assistir a nada. Dei a última mordida naquela borracha coberta de queijo e voltei a geladeira. Olhei para os dois lados checando se a barra estava limpa e bebi longos goles de refrigerante direto da garrafa. Se Bill visse isso certamente me mataria, mas a preguiça de pegar um copo no armário ao lado é sempre maior. Devolvi a garrafa à geladeira e enxuguei minhas mãos na própria camisa. Não tinha nada pra fazer ali.
Subi me arrastando pelos degraus da escada até o meu quarto. Ele não é grande, mas é simplesmente o melhor lugar do mundo. Pintei as paredes dele de verde-menta com detalhes em azul-ciano. Nada de extravagâncias, isso eu deixava para Bill. Ele é retangular, com minha escrivaninha cheia de CDs, partituras amassadas e meu notebook bem ao lado da porta. Minha cama de solteiro é mais larga que o normal, feita sobre medida. Eu sou muito grande para uma simples, e meu quarto não tem espaço para uma de casal. Do lado da cama tem uma cômoda com minhas roupas e uma gaveta só para bonés e bandanas. Eu preciso deles para manter meus dreads no lugar. Em cima da cômoda há minhas coisas pessoais como livros e até mesmo perfumes. Na parede logo acima da cômoda há um mural de fotos e papéis, geralmente cartas das minhas admiradoras. Como disse, são muitas. No canto do quarto fica a minha preciosidade, meu violão. Sim, eu toco violão, e muito bem. Sem dúvida sou o melhor no que faço. Só tenho uma grande janela bem no centro da parede. É no meu quarto que fica a saída de emergência, mas até agora não foi preciso usá-la. Sempre a mantenho fechada, pois o quarto da casa ao lado parece ter uma vista panorâmica daqui, e eu realmente gosto de privacidade.
Andei pelo corredor e alcancei a maçaneta da porta do quarto. Virei a com preguiça e logo notei que meu quarto estava bem arrumado e com as janelas escancaradas. Ótimo. Minha mãe e sua mania de organização fizeram uma visita ao meu quarto. Fui bufando até a janela e quando fui fechar a cortina, tive aquela bizarra visão. Segui os olhos pela escada que chegava até um quarto ao lado. O quarto dela. Sim, ela estava lá. Parecia uma louca sentada no chão de sua micro-varanda com fones de ouvido e um caderno preto nas mãos. Ela escrevia freneticamente com uma caneta que teimava em falhar, quando sua cara deformou-se de ódio do objeto e ela o arremessou com força para dentro do quarto. Ótimo. Agora somos vizinhos de uma psicopata. Eu continuei na janela observando-a, até que ela me notou.
- Ahn, er... Odeio quando a caneta falha. - falou tentando explicar o surto psicótico anterior. Como se desse para explicar.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Hum, claro. - falei sem aprofundar o assunto. - É seu quarto? - perguntei apontando para o quarto de paredes vermelhas. Vermelhas? Mais esquisitices.
- Aham. - falou tirando os fones. Ah, que maravilha! Agora a louca tinha acesso ao meu quarto! Obrigada Deus, valeu mesmo!
- Bom, então vou indo. Até mais. - encerrei a conversa e fechei a cortina enquanto ela me encarava perplexa. Se antes eu fechava aquela janela, agora eu ia lacrá-la.
Fui até a escrivaninha e liguei meu notebook. Enquanto ele ligava, desci as escadas pra falar com minha mãe que tinha acabado de chegar.
- Mãe, você passou pelo meu quarto de novo! - resmunguei.
- Thomas, você não pode manter aquele seu quarto fechado todo o tempo, ele tem que pegar ar! - ela falou enquanto guardava as compras.
- Mas agora é diferente. Tem uma nova vizinha que dorme no quarto bem ao lado do meu. Ela é louca! - comecei a gesticular.
- O quê? Tom, acho que é a primeira vez que vejo você fugindo de uma garota. - Gordon riu. Haha, super engraçado.
- Gordon, ela não é uma garota normal. - falei indo até a mesa e sentando-me em uma cadeira.
- Mãe! - Bill desceu berrando. - Você não sabe da última! Nossos novos vizinhos já vieram e eles têm uma filha de nossa idade. - sentou-se ao meu lado. - Eu conversei com ela, a Kristin. Vamos estudar com ela... Amanhã cedo Tom e eu vamos chamá-la para conhecer o lugar. - ele tagarelou sorrindo. O quê? Tom e eu?
- Ihh, Bill... Pode esquecer. Não vou sair com aquela louca. - me afastei balançando as mãos. Ele está doido?
- Tom, para de ser chato! Você nunca teve problemas com o estilo de Bill, agora vai dar pra ser preconceituoso? - Gordon falou me encarando. Ele tinha razão.
- Tudo bem... Vou com vocês. - bufei. Droga.
- Legal! - Bill pulou da cadeira e abriu a geladeira. Ele pegou a garrafa de refrigerante e serviu-se. Se eu não estivesse tão mal-humorado teria dado risada da cara dele por estar bebendo da minha baba.
Subi as escadas e voltei para meu quarto. Já tinha alguém me chamando no MSN.
Jeny diz:
Oii Tomzinho *-*
Tudo bem, gatinho?
Tom diz:
Oi Jeny, tudo certo.
E você?
Jeny diz:
Tô morrendo de saudade! ;(
Ainda bem que vou te ver logo ;D
Tom diz:
Aham, logo começa essa droga de aula.
Jeny diz:
Ain, calma Tomzinho...
Vai ser bom, assim vou te deixar mais calminho.
Tom diz:
Certeza ;9 HAHAHAHA
Jeny diz:
Seu safado xP
A gente pode combinar de se ver...
Talvez eu ir aí na sua casa?
Tom diz:
Blz então.
Venha quando quizer (6)
Jeny diz:
Pode ser amanhã?
Tom diz:
Nossa, isso é a pressa de me ver?
HAHAHAHAHA == Pode ser sim...
Eu te espero.
Meus pais vão sair amanhã a noite, então lá pelas 20h você vem.
Jeny diz:
Hummm, sozinhos na casa? ;9
Tom diz:
Não, Bill vai estar aqui, mas eu dou um jeito.
Jeny diz:
AFF, seu irmão sempre no caminho! -.-\'
Tom diz:
Ei, relaxa... Ele nem incomoda (Y)
Jeny diz:
Okay, por mim tá beleza. Te vejo amanhã ;*
Tom diz:
Bjs
Essa Jeny é uma loira gostosa que estuda comigo. Definitivamente pego fácil, fácil. Essa é mais uma das minhas fãs, porém uma das preferidas. É aquela coisa do momento. Tamos ali, ela tá ali, então rola. Não seria algo como um namoro, mas é com ela que fico quando não tô interessado em ninguém. Enfim, amanhã eu vou vê-la e Bill tem que sumir. Ele não gosta dela porque acha ela uma vagabunda. Pode até ser, mas eu pego mesmo assim.
Desliguei o notebook e fui tomar um banho. Tinha que me preparar psicologicamente para o dia de amanhã. Eu veria Jeny, isso se sobrevivesse ao passeio com Kristin. Kristinhamerdanacabeçaquandotefez. Lavei meus dreads e os sequei com a prática que já tenho, enrolei uma toalha em mim e fui até o quarto. A janela aberta, merda! Fui fechá-la quando vi Kristin na mesma posição de uma hora atrás. Já estava escurecendo e ela permanecia lá, escrevendo. Eu não tinha reparado antes, mas acho que não estava feliz. Ela deixou escapar uma lágrima tímida pelo canto do rosto, mas logo a enxugou se mantendo forte. Senti pena dela. Pela primeira vez eu a vi como gente. Puxei a cortina do modo mais silencioso possível para que ela não percebesse que estava ali. Seria constrangedor para nós dois. Ela chorando e eu seminu. Troquei de roupa colocando uma calça de moletom cinza e uma camiseta qualquer. Fui até a porta do quarto e coloquei a cabeça pra fora.
- Boa noite, mãe! Boa noite, Gordon! - berrei do andar de cima para o de baixo.
- Boa noite, Tom! - falaram juntos. Quando fui fechar a porta, Bill saiu de seu quarto.
- Tom, desculpe por hoje, só queria conhecer alguém... Fazer um amigo, sei lá. - falou sem graça. - Tudo bem se não for amanhã.
- Tudo bem, Bill... - me lembrei de Kristin chorando. Talvez ela precisasse de amigos. - Eu vou amanhã, não tem problema.
- Oh, obrigado. - sorriu agradecido. - Boa noite, Tommie.
- Boa noite, Bill... - fechei a porta.
Voltando ao meu quarto, indo em direção à cama mais desejada no momento, parei ao ouvir uma respiração falhada. Vinha da janela. Tom, não faça isso! Ela é louca, se ver você pode querer te matar! Ahh, dane-se. Fui até a micro-varando do meu quarto e peguei fôlego.
- Ei, Kristin, está tudo bem? - perguntei delicadamente. Oh, não! Não devia ter feito isso! Ela me encarou num susto e enxugou outra lágrima, pondo-se de pé.
- Oi Tom, não te vi aí. Desculpe-me, deve estar tentando dormir. - ela afastou-se em direção ao seu quarto.
- Kristin, espera. - falei impulsivamente.Tom, o que você está fazendo? - Quer dar uma volta com a gente amanhã cedo? - ela me mostrou uma vasta carreira de dentes bem alinhados e brancos. Aquele ser estranho estava sorrindo para mim.
- Vai ser ótimo. - falou ainda sorrindo.
- Certo, então te chamamos amanhã. Boa noite. - desviei o olhar.
- Boa noite, Tom. - falou amigavelmente.
Fechei a cortina e fui para cama. Fiquei lembrando do que aconteceu durante o dia. O que será que essa garota tem? É possuída? Vê gente morta? Sei lá, mas que ela é estranha, ela é.
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