1

Planos & Mudanças

Fevereiro de 1834 | Mansão Hyuuga, Inglaterra

Hinata acabava de terminar a trança em seu cabelo quando ouviu duas batidas em sua porta. A jovem encarregada em lhe ajudar naquela manhã ficou nervosa, era para ela estar ajudando a senhorita a se aprontar, mas aceitara a ordem, já que era nova. A Hyuuga sorriu, chamando a moça para junto de si e só então dando a ordem para quem estivesse à porta, entrasse.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Oh, a senhorita já está pronta! Que bom! — Kurenai, a governanta da casa, entrava no quarto com suas costumeiras roupas pretas. Desde que ficara viúva e começara a trabalhar para os Hyuuga para criar sua filha, a mulher usava aquela cor.

— Não estou atrasada para o dejejum, estou? — Hinata tinha quase certeza que estava se aprontando a tempo, mas como sempre demorava um pouco mais para trançar dos longos cabelos, podia ter se enganado.

— Não! Mas vosso pai deseja tomar o dejejum com a senhorita essa manhã, por isso resolvi me certificar que estava pronta. — É claro que Hinata sabia que algo estava errado. Desde que sua mãe havia falecido, quando ela tinha oito anos, seu pai preferia fazer a primeira refeição do dia no quarto e almoçar no escritório. Apenas os jantares eram feitos em família.

— Devo me preocupar? — Ainda que ela soubesse que Kurenai não tivesse conhecimento do assunto, conheciam o senhor da casa para saber quando o assunto era grave.

— Talvez. Sua testa se enruga e ele está com o olhar perdido. Diria para a senhorita se preparar para tudo. Agora vamos, não queremos que ele a espere. — Ela acenou para a jovem que ajudara Hinata, dispensando-a e acompanhou a menina até o andar inferior da casa.

A mansão era uma grande construção, passada de pai para filho há muitos anos. Era a casa onde a família costumava passar a maior parte do ano, sendo localizada no interior, a casa de “campo”. Era o lugar que Hinata mais amava no mundo, onde tinha criado lembranças doces com sua família, especialmente sua mãe, que tinha sido enterrada naquela propriedade e onde seu pai insistia em também o ser quando chegasse sua hora.

Apesar da tristeza que assombrava a família nos últimos oito anos, o lugar continuava bem cuidado e iluminado. Tudo ainda era como quando a senhora da casa era viva. Eles faziam questão disso.

Assim que chegou à mesa, percebeu que o pai já a esperava sentado em seu lugar. Adiantou-se, o cumprimentando com um aceno de cabeça e se sentando.

— Espero que não tenha me esperado muito, meu pai. Como o senhor está?

— Estou bem, querida. Acabei de me acomodar. Um belo vestido o que escolheu, mas um pouco fresco demais para o dia de hoje, não acha?

Hinata estava com um vestido de cor clara e de mangas curtas. Entendia a preocupação do pai, afinal, ainda fazia frio. Desde que a mãe havia morrido por conta de uma gripe que não conseguiram curar, todos ficavam preocupados com a friagem que pegavam e tomavam o dobro de cuidados.

— Em meu quarto estava com a lareira acesa, mas irei trocar depois de nosso dejejum. — Viu o pai acenar e relaxou. Eles tinham uma boa relação, percebia o quanto a preocupação lhe tomava e, especialmente, o medo de perder mais alguém.

Duas moças se aproximaram para os servir e esse momento foi de silêncio. Cada um estava preso em seus próprios pensamentos enquanto recebiam chá quente e a mesa era posta. Hinata se serviu de pão, geleia e um pedaço de bolo. Hiashi, por outro lado, preferiu seus ovos e torradas. O jornal logo foi posto ao seu lado na mesa, mas ele não abriu.

Notando a mudança no hábito, Hinata olhou para o pai enquanto mastigava o pão. Ela queria perguntar o que de tão importante ele teria para lhe falar, mas sabia que não poderia forçar. Seu pai se tornava recluso sempre que pressionado a falar antes do momento que estivesse pronto.

— Tenho um assunto importante para falar com você, minha filha. Espero que possa me compreender e também aceitar minha decisão. — Hiashi conhecia bem a filha que tinha. O pedido havia sido feito para que ela pudesse se preparar e colaborar com a escolha. Sabia que Hinata nunca aceitaria algo que visse com maus olhos. — Você fez dezesseis anos recentemente e acatei seu pedido para que fosse feita uma festa simples em comemoração. Mas você sempre soube a condição para que isso acontecesse, não é? — Apesar de sério, Hinata conseguia identificar o carinho nas palavras do pai. Decido, mas querendo que ela entendesse e aceitasse também.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Sim, meu pai. — E ela realmente sabia. — Terei que participar da temporada esse ano, assim como as outras moças. O senhor está pronto para passar a temporada inteira em Londres?

Hinata, assim como a maioria das moças, estava ansiosa para participar da temporada. Um período em que elas participavam de vários bailes, matutinos e diurnos, conheciam pessoas e, as mais afortunadas, conseguiam sair noivas.

— Sim, acredito que depois de tantos anos, chegou o momento de voltarmos às graças da sociedade. Será difícil no início, especialmente porque sua irmã não poderá nos acompanhar com frequência, mas nos sairemos bem, não é?

Hinata não o respondeu, mas sorriu. Hanabi, sua irmã mais nova, tinha apenas três anos quando a mãe faleceu. Agora, aos onze anos, não tinha permissão para ir a bailes, exceto os matutinos, acompanhando o pai. Mas como eles não participavam de muitos, apenas os mais casuais no campo, não havia tal limitação.

— O que há mais, meu pai? Sei que não é apenas isso que o preocupa.

— Ficamos muito tempo sem contato com os bailes da cidade, acredito que precisaremos de ajuda, especialmente você, minha filha. Tenho orgulho em dizer que é a moça mais bem educada que conheço, mas como as coisas são diferentes daqui para a cidade, não gostaria de lhe jogar em meio aos lobos sem lhe dar uma ajuda a como sobreviver.

É claro que ela sabia que as coisas eram diferentes, especialmente as festas. No campo, grande parte das vezes, as famílias amigas se reuniam em um baile com dança, música e jogos. Havia muita conversa e risadas. Todos que moravam próximos se conheciam. Mas na cidade não. Ela estava nervosa e não precisava esconder de seu pai.

— Pensando nisso, escrevi para uma grande amiga de sua mãe e da família. Pedi ajuda e ela, de muito bom grado, concordou em lhe ajudar a conhecer mais dos costumes dos bailes da cidade. Porém, como ela tem uma casa para cuidar, de igual bom grado, ela irá recebe-la em sua residência.

— Meu pai, acha mesmo certo que eu incomode essa senhora em sua residência?

— Tenho certeza que ela não concordaria se assim não pudesse e desejasse fazer. Será bem acolhida, tenho certeza. Irei lhe buscar assim que a temporada estiver para começar, em abril.

— Com quem irei ficar durante um mês, papai?

Hiashi abriu um pequeno sorriso e fitou a filha por alguns segundos em silêncio.

— Com Kushina Namikaze. Tenho certeza que irá ficar feliz em revê-los depois dos últimos meses, especialmente o senhor Namikaze. Vocês sempre foram muito amigos, não é mesmo?

Hinata acenou com a cabeça, mas a manteve abaixada. Sentia o rosto quente. Ela e Naruto sempre haviam sido amigos. Era a mais sincera realidade que suas famílias se conheciam há anos e, por consequência, frequentavam sempre os mesmos eventos. A amizade era inevitável.

Mas desde que tinha começado a se sentir diferente ao lado de Naruto, havia passado a evitá-lo. Agora, depois de vários meses sem colocar os olhos no rapaz, o veria novamente. Passaria um mês inteiro em sua casa! Provavelmente estariam juntos durante toda a temporada!

Quais as chances de tudo acabar mal?

Hinata apostava que todas.