E continuando a tensa situação dos últimos e angustiantes 15 minutos de vida da Terra, estão agora Grace e Felix chocados frente a Tim, que agora havia se revelado também um inimigo, e Grace, lhe questionava onde estaria o seu amigo.

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— Você fez a pergunta errada! - Dizia Felix. – Quem se importa com onde está o seu amigo?!

— Eu me importo! E se estou errada, então qual é a pergunta certa?!

— Primeiro, quem é este sujeito? E segundo, o que ele quer?

— Sou um espião Minocriso. - Respondeu o sujeito, sério. – Então a resposta para a outra pergunta acho que já conseguem adivinhar.

— Quer o meu artefato!

— Quero o produto pertencente ao meu povo. Escavamos e achamos ele.

— Eu também!

— Sim... E por isso você tem que sair do meu caminho.

— O quê?!

E após um golpe em seu abdômen, pescoço e um forte empurrão, o velho Felix era jogado contara a parede, e caía estirado no chão.

— Felix?! - Berra Grace, correndo para socorre-lo. – Por que fez isso?!

— Já respondi essa pergunta. Mas não se preocupe, os outros e ele já estão completamente mortos, não vão mais lhe atormentar.

— Não estou falando disso. - Se voltava para o individuo. – Quero saber o que fizeram com o meu amigo, quero saber por que fazem de tudo por esse maldito Ditador!

— Porque somos traficantes, venderemos o Puritano, e tiraremos o nosso povo da miséria. Não fazemos isso por poder.

— Vocês não são diferentes do Felix, não se importam com quem machucam.

Tim desviava o seu sério olhar. Grace termina:

— E por isto a miséria irá acompanhar a sua raça, até o final.

— É alguma praga?!

— Não, para que serviria? Vocês venceram. - E pela situação, a doutora tomava agora uma postura totalmente cabisbaixa. – Podem levar o Puritano, não posso fazer mais nada.

— E acha que eu irei sem você?

— E para que precisaria de mim?!

— Radiação temporal, obviamente.

— O seu povo também tem radiação temporal, vocês nos perseguiram pelo tempo!

— Sim, mas não temos a radiação temporal da TARDIS.

— E quem disse que tem de ser dela?

— Não se faça de tola. Quando vocês nos devolveram o Puritano notamos uma pequena diferença, a de que o Doutor era cheio de truques, e conseguiu alterar um pouco dos padrões de ativação da máquina.

— E então isso me transforma em uma azarada maior ainda?!

— Com certeza.

— Droga!

— Mas nós também não sabíamos onde o Puritano estaria, no entanto, captamos o sinal de um julgamento iniciado de frente da sua moradia, então, a-encontramos, e vasculhamos a sua vida, e descobrimos um... Jantar. E é aí que este macho entra na história.

— "Este macho"?! Somos pessoas, em primeiro lugar. Não nos defina por gênero! E espere um pouco... Ele ainda está vivo?!

— É claro que ele ainda está vivo! Como eu poderia manter uma conexão de autonomia nervosa com um cadáver?!

— Obrigado! - Olhou depressa para cima.

— Mas agora, vamos. - Puxou Grace por um de seus braços, indo para o Ditador. – O teletransporte já está em minha linha.

— Me solte! - Tentava resistir. - Não vou há lugar nenhum!

— Irá!

— Não!

— Irá!

— Não! Não vou.

— Então apenas escute o que eu vou dizer... Os Judoons estão vindo, a sua comparsa já deve ter enviado a sinalização do fato criminal, e você sabe que se eles nos encontrarem aqui uma guerra começará nesse seu planetinha de papel.

— Sei. - Confirmou triste.

— E sabe que temos muitas armas e grandes tropas.

— Sei. - Confirmou decepcionada.

— Ótimo, e você virá comigo, e ponto final, ou fique e testemunhe o fim da sua raça.

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— Mas isso não é justo. - Encarava o homem. – Você e o seu povo vieram de bilhões de anos luz de distância, arriscaram as suas vidas, arriscaram as vidas de outras civilizações, e tudo para quê? Uma arma que destrói sentimentos?

A resposta do indivíduo, era apenas um silêncio fúnebre. A doutora termina:

— E enquanto tentam tirar o seu povo da miséria... Na verdade só acabam entrando nela ainda mais, e pode até não ser a social e financeira... Mas o coração de vocês está completamente afogado nisso.

— Bem que o velho disse, você fala demais. - Encostou o seu relógio de pulso próximo à boca. – Código de teletransporte: 44/FW7. Partir.

Grace estava completamente sem alternativas, e totalmente relutante sobre isso, mas o que fazer? Não havia mais nada a ser feito aparentemente, e Tim estava certo, se eles não fossem embora logo... Uma guerra iria acontecer! Porém, no momento da ativação do aparelho da partia, nada de partida, nenhum teletransporte acontecia.

— Essa porcaria não está funcionando! - Mexia o sujeito no aparelho. – Não, está em pleno funcionamento, mas mesmo assim não conseguimos nos transmaterializar.

— Eu não sei se devo agradecer ou reclamar por isso.

— Agradeça, Grace. - Responde Dodo, na porta da sala. – Não foi fácil.

— Finalmente! Pensei que nunca iria aparecer.

— Do que estão falando? - Pergunta Tim. – Estavam armando alguma coisa?!

— Nada demais. - Dizia Dodo. – Apenas fizemos metade dos 20 homens de Felix irem atrás de mim, enquanto eu estava bem ali no mato da estrada! - Gargalhou. – E com a Lucille acabei fazendo os outros correrem.

— Quem é Lucille?! - Pergunta Grace.

— A minha metralhadora! Mas acabou descarregando.

— E por que não consigo me teletransportar? - Murmurou o homem.

— Ancora temporal, não permite que nenhum objeto se desloque para outra faixa paralela de espaço-tempo. Então, mesmo estando em forma terá de fazer caminhada.

— É uma estupida, irá nos atrasar!

— Ah... Está com medo da polícia, badboy? Eu ainda não chamei eles, não sou tão louca.

— Então a nossa legião pode se tranquilizar.

— Também não, sou contra tranquilidade, sou amiga do Doutor! - Exibia Dodo o sinalizado criminal, e Tim vidrava os olhos em ódio. – Um click, é tudo o que eu preciso. - Avisou Dodo, determinada.

— Não vou deixar.

— Não vai?! E o que vai fazer? Correr atrás de mim? Ah... Boa ideia!

— Não terá chances, já é velha, não tem pernas melhores do que as desse fantoche.

— Ah é? Então venha, eu te mostro as minhas pernas! Mas, não me entendam mal.

E assim, partia Dodo em fuga de Tim, e obviamente, que aquilo era só uma distração para que Grace pensasse em mais alguma coisa. Mas, o quê? Tim então partia em busca de Dodo.

— E eu? - Questionava Grace em voz alta, consigo mesma. – O que eu faço?!

Era a questão, Dodo já estava fazendo a sua parte, e Grace devia fazer a dela, mas o quê? O tempo também estava contra a situação, e restavam agora para a Terra nove minutos apenas.

— Vamos lá, Grace. - Dizia ela, olhando envolta. – Recursos, o que o Doutor faria? - Olhava envolta. – Ou... O que ele usaria? Três homens desacordados, revolveres, uma máquina psicopata, outra máquina psicopata, computadores, uma mesa, uma cadeira, um ventilador incompetente, e... Algemas! Mas que utilidade isso teria?!

***

E enquanto Grace filosofava sobre as suas possibilidades, Dodo e Tim continuavam correndo um atrás do outro pelo prédio, e Dodo, adentrava rápido para uma sala, para se esconder, e tranca a porta.

— Abra isso! - Ordena Tim, já de frente. – O tempo de vocês está acabando! A melhor alternativa é colaborar, e assim iremos embora, e ninguém sairá ferido. - Dava pontapés na porta.

— Se vocês levarem o Ditador e vende-lo para qualquer um que seja... De qualquer jeito muitos sairão feridos, é algo errado e perigoso, ninguém pode possui-lo.

— Muitas coisas nesse seu mundo são erradas e perigosas, e ainda assim vocês as-utilizam.

Dodo permanece calada. O homem prossegue:

— E você por acaso saiu por aí enfrentando todos estes erros? O seu povo destrói a própria atmosfera! São mesmo tão estúpidos assim?! E destroem todos os outros recursos, e mais do que isso... Destroem uns aos outros. Por que o Doutor se importa com vocês?!

Dodo apenas escutava em silêncio, aquele alienígena estava extremamente correto, o povo dela realmente destruía o seu próprio planeta, e mais do que isso, destruíam também uns aos outros, e ouvindo isso... Ela se lembrava de sua principal motivação.

— Vocês estão há anos circulando pela Terra. - Diz abatida.

— E daí?

— O meu filho foi levado por alguém.

— Não foi pelo meu povo. Nunca fizemos nada que pudesse chamar a atenção.

— Eu sei, vigiei vocês por anos. Mas acho que isso é só uma mentira que eu conto para mim mesma todos os dias.

— Como?! - Não havia entendido.

— Sobre ele ainda estar vivo.

Tim engole seco. A mulher continua:

— É só um truque que eu uso contra mim, pra não já ter acabado com a minha própria vida.

E mesmo que com opiniões contrárias, o espião Minocriso permanecia completamente pesaroso sobre o assunto, era difícil até mesmo para ele ouvir aquilo.

— Também sou pai, sinto muito. - Encarava o seu relógio. – Mas vocês só possuem 3 minutos.

— E por isso juro que estou pronta para chamar os rinocerontes.

— E eu que estou pronto para quebrar essa porta. - Começava a tentar arromba-la, batendo grosseiramente com toda a força que tinha.

***

E agora, nesses três últimos minutos, estava Grace estapeando a sua cabeça, e andando de um lado para o outro, pensando no que poderia fazer.

— Três minutos, por que sempre é assim?! Pouco tempo, poucas escolhas e muitos, muitos problemas! - Olhava para Felix cadáver. – E tudo porque você queria um mundo diferente. Na verdade eu também quero, todos querem! Mas não se faz um mundo melhor sem as pessoas que amamos, Felix. Ninguém consegue nada sem o apoio de alguém amado ao seu lado. - Olhou para o Ditador Solitário.

E ali, de frente de Felix, e ao lado do Puritano também, nascia da mente de Grace a ideia mais brilhante da sua vida, a de que até mesmo Felix era capaz de amar alguém.

— Ohou... Brilhante! - Estava completamente boquiaberta. – Mas não sei se pode funcionar! Mas só temos uns dois minutos! E é tudo o que temos... E com certeza é o que o Doutor faria, e eu sei... Destruirá o seu coração, Arthur.

E rapidamente ligando uma tomada, sentando-se no indutor telepático de Felix, e vestindo o seu capacete neural, Grace faria agora algo da qual ela não possuía a menor garantia.

— Depois dessa ideia eu mereço um beijo, mas quem me daria um beijo? - Terminava de vestir o indutor. – E estou sentindo falta de uma coisa, alguém para conversar comigo, já estou cansada de falar sozinha! Mas sendo rápida e direta, o caso é... - Fitava o Ditador. – O Félix te ama. E ele foi por anos tão mal que eu acredito que ninguém mais amou ele! Ou ele amou alguém. E você possui o poder de castigar os indivíduos retirando alguém de quem eles gostam muito, porém, escolhendo como referência disso o que você chamaria de “pecado”. Mas... E se você não pudesse mais escolher alguém em aleatório? E se o amor da sua vida tivesse feito um telefone só para conversar com você? Mas você fosse tão burra que aceitasse qualquer coisa que ele lhe dissesse?

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E obviamente o Puritano nada responderia, mas, Grace concluía o seu raciocínio:

— Pois é, essa fui eu por muitos anos... E essa será você agora. - Estendia a mão para a esfera do Ditador. – Eu sei, você é uma máquina, mas ainda assim é algo consciente, pode pensar, pode sentir, pode ser considerado alguém. E você escolhe qualquer um para expulsar da vida, e castigar outro indivíduo, basta apenas que alguém o-ame. E este foi o seu maior erro, o Felix te ama! E esse capacete aqui vai te dar a ideia de quem seja o alvo. Gerônimo. - Estende a mão.

E acabando de uma vez por todas com a ansiedade que a cercava, Grace tentava agora a sua única ideia, e a sua única alternativa, e assim, começaria mais um julgamento, tocando agora na esfera do Castigador. E assim, também era interrompia Dodo de chamar os Judoons e de Tim lhe fazer qualquer mal, porém, já se encontrava agora em sua frente, com a porta recém arrombada. E do lado de fora, o mundo começava a ser bombardeado com o final da contagem, e fogo e gritos se propagavam mundo afora. Mas, como um milagre, o julgamento se abatia sobre a Terra, e os horizontes eram percorridos por um imenso clarão, e com isso, Felix havia sido castigado, e o Ditador havia ido embora da sua vida, e toda a Terra se reorganizaria conforme o seu desaparecimento. O mundo não estaria como Felix queria, mas estaria sim diferente.

***

Abrindo lentamente os seus olhos enquanto ouvia os passos já próximos de correria de Dodo e Tim, vindo até a sala onde estava, percebia Grace que ainda estava ali sentada sobre o indutor telepático. E chegam os outros dois na sala.

— O que você fez, humana? - Pergunta Tim, irritado, se referindo a Grace.

— Já disse, foi um julgamento! - Afirma Dodo.

— Se fosse um julgamento, como ainda estaríamos aqui? Seriamos rearranjados.

— Ancora temporal.

— Mas e a nossa memória? Não fomos escolhidos, ela seria apagada.

— Bem pensado! Curioso... Grace, o que você fez?

— Eu consegui! - Olhava Grace para o lugar onde o Puritano estava posicionado. – Eu mandei ele embora!

— Quem embora?!

— O Ditador, ele se foi. - Sorria vibrante. – É o castigo do Felix.

— Se for assim... - Dizia Tim. – Então todos os desaparecidos estão voltando?!

— Todos.

— Até o...

E a frase é instantaneamente cortada, por um estranho e emocionante som, que por onde passava ou deixava esperança ou o mais puro terror, e assim, uma caixa azul se materializava na presença de todos. E enquanto Grace e Dodo sorriam felizes, Tim mostrava em sua face um puro misto de ódio e admiração. E após esta chegada, as portas da caixa se abriam, porém, nada dali saía. Todos encaravam curiosos.

— Doutor... - Chamava Grace. – Você... Está aí?

— Será que...- Propunha Dodo. – É outro Doutor?!

— Não estou pronta para me despedir dele!

— Eu também não!

E de repente, o Doutor surgia repentinamente na porta:

— Bu! Tomaram um susto?

— Doutor! - Exclama felizes as colegas.

— Eu! - Abraçava-se o trio.

— Você voltou, estou tão feliz! - Diz Grace, cheia de alegria.

— É claro que eu voltei, eu sempre volto, pergunte à Dodo.

— Mentiroso! - Avisou ela.

— Não estrague o momento!

— Achei que nunca mais iria te ver! - Admite Grace. – Às vezes eu achava que estava louca, e outras vezes eu tinha quase certeza disso!

— E não desistiram de mim?

— É claro que não. - Nega Dodo. – O mundo corre perigo constante até com você por perto, então imagine com você de longe! A Grace fez o Ditador ser detido pelo se próprio poder.

— Então os Minocrisos nunca virão para cá. - Conclui o Doutor.

— E isso faz a Terra estar salva. - Conclui Grace.

— Sim. - Confirma Tim, olhando tristonho pela janela.

— Quem é ele? - Pergunta o Doutor. – É ruivo... Eu nunca fui ruivo.

— Bem feito! - Diz Dodo. – Mas aquele é só o namorado da Grace.

— O que roubou o sofá dela?

— Não sei, acho que a lista é grande.

— Ah! Quantas vezes eu tenho que dizer?! Ele não é meu namorado! - Resmungou Grace - E ele está possuído por um espião Minocriso.

— O que eu sou não importa mais. - Avisa o indivíduo. – Você e as suas amigas condenaram o meu povo, Doutor.

— Não me lembro de ter feito isso, por que a culpa sempre é minha?! - Questiona o Senhor do Tempo, confuso.

— Nos tomaram o Juiz Das Estrelas. - Se voltou para o trio. – A ferramenta que traria o meu povo para a glória novamente. Porém, não seria para uso próprio, seria por dinheiro, iriamos acabar com a pobreza e fome que se abateu sobre a nossa terra.

— Sinto muito.

— Acho difícil.

— Mas... Tim. - Dizia Grace. – Acontece que nem sempre os fins justificam os meios, e neste caso não é diferente. Você e Felix pensam igual, querem um mundo melhor, e isso é admirável! Mas não tentando fazer da forma que planejavam.

— A sua raça sempre foi grande. - Contava o Doutor. – Cresceu com a sua própria capacidade e determinação, porém após algo obscuro em sua história acabaram se marginalizando.

Tim apenas ouvia em silêncio. O Doutor termina:

— E tentaram então usar o preço da dor para fugirem caos. Não os culpo, mas também nunca irei apoiá-los.

— Não precisamos do seu apoio.

O Doutor permanece sério. O Minocriso provoca:

— Senhores do Tempo, sempre se intrometendo.

— Mas você não devia mais estar aqui! - Comenta Dodo, olhando pela janela. – A sua raça foi realocada, este dia nunca aconteceu para vocês, mas mesmo assim, você ainda está na mente do namorado da Grace!

— Verdade... - Lembra Grace. – Mas ele não é meu namorado!

— O Juiz deixou de existir, nem todos os seus podres devem ter conseguido se realizar nos últimos momentos.- Presume o Doutor. - Isso é só uma falha, um tipo de link fantasma.

— E como sabe?

— Não sei, sou o Doutor, apenas digo. Mas não custa acreditar, doutora.

— Quero ir embora. - Avisa o indivíduo. – Podem me tirar desta prisão?

— Podemos? - Pergunta Grace, olhando apreensiva para o Doutor. – Diz que sim.

— Sim! É claro que sim. - Confirma o Senhor do Tempo. - Mas para que a conexão mental entre o ruivo e o Minocriso seja quebrada... Ele precisará sofrer algum tipo de choque para que o seu cérebro entre em seu estado de alerta.

— E como fazemos isso?!

— Não sei, ele precisa receber algum susto, alguma coisa inesperada, alguma coisa que o deixe completamente... Eu não sei.

— O que você acha que eu poderia fazer? - Pergunta para Dodo, e ela, sussurra algo em seu ouvido, e que deixou Grace completamente boquiaberta. – Isso?!

— Sim, o que mais seria? - Responde Dodo. - É tão obvio, amenos que você seja tímida, aí eu mesma posso tentar.

— Do que estão falando? - O Doutor e Tim encaravam estranho.

— Estamos falando disso. - Grace vai até Tim. – Quer ir embora dessa prisão? Pois bem... Quer algo inesperado e chocante? Então vamos lá.

E como solução, algo totalmente inesperado e constrangedor acontece, Grace beija Tim, e este, foi o choque necessário para libertar a mente do seu amigo. Mas, não foi um simples beijo, foi um grande beijo, tinha de ser bem feito para ter garantia de que o espião Minocriso iria embora de uma vez por todas. E enquanto Grace e Tim permaneciam se beijando, o Doutor e Dodo conversavam sobre:

— É assim que os humanos se reproduzem?

— Não, quase lá. Mas não se faça de desentendido, você sabe muito bem como eles se reproduzem! Acha que eu não sei sobre você e Elizabeth?!

— Qual delas?!

Dodo solta uma enorme gargalhada.

Então conseguindo o resultado esperado, voltava Tim agora para a sua consciência:

— Grace?! - Se afastava dela. – Você... Estava me beijando?

— Bem... Sim. - Confirmou Grace, absolutamente constrangida. - Mas... Olha, isso foi extremamente profissional, e se você contar para a Marys ou qualquer um do hospital... Eu te jogo do vácuo do espaço!

— Tudo bem... Mas por que estávamos mesmo fazendo isso?

— É complicado.

— Pensei que fosse porque você... Tipo... Gostasse de mim. - Deduziu cauteloso.

— Eu... - Era difícil explicar, simplesmente era muito complicado dizer sim ou não, afinal, não conhecemos os sentimentos de Grace, havia o Doutor, e havia uma série de decepções amorosas em sua vida, Grace não possuía segurança o-suficiente de si mesma para responder aquela pergunta. – Tim... Todos gostam de você.

— Ok. - Entristeceu-se.

— Não fique assim! Eu sei... Você me ajudaria a esquecer de todos os caras chatos que eu encontrei, mas a verdade é que... Namorar não é o que eu quero agora! A minha vida está uma loucura, e se você soubesse as coisas que eu faço por aí...

— Viajar com as amigas da biblioteca?

— Também. Mas na verdade muitas coisas mais. - Riam de mãos dadas. – Mas queria te pedir para que não me espere, viva a sua vida. Você é legal, gentil, e... Bonito. Mas não posso ter nada disso por agora.

— Bom... A melhor parte sobre você é que os seus foras são sempre gentis.

Grace gargalha estapeando as pernas. Tim insiste:

— É sério! Mas eu entendo, mesmo sabendo que nunca encontrarei ninguém mais interessante.

— Gostei.

— Gostou?

— É... Mas agora, desculpe, e desculpe-me de novo. Você foi sequestrado por minha causa, e depois possuído por um alienígena! Foi mal.

— Alienígena?! Eu só me lembro de um velho chato, senhor... Senhor Felix. É aquele ali! - Apontava para Felix estirado. – O que houve com ele?

— Levou uma surra.

— De quem?

Sem responder, Grace apenas engoliu a seco. O Doutor a chama em seguida:

— Grace? Todos nós somos anomalias espaço-temporais, preciso que você se despeça logo de seu amigo.

— Do que aquele cara está falando? - Indaga Tim.

— Tim... Vá lá em baixo perto da entrada, tem alguns telefones, chame a polícia e a ambulância, ok? - Pede Grace.

— Tudo bem. - Sorriu. – Mas mesmo que sem compromissos... Poderíamos sair um dia? Tipo amigos.

— Adoraria.

— Mesmo?!

— É! E já somos amigos. Agora faça o que eu pedi.

— Certo. - Partiu para baixo, sorridente. – Não vou demorar.

— O que foi aquilo que você disse? - Pergunta Grace ao Doutor.

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— Nós três e qualquer outro neste prédio somos anomalias espaço-temporais enquanto estivermos aqui. - Revela o gallifreyano.

— Como assim? Por que isso agora?

— Porque devíamos ser rearranjados de acordo com o desaparecimento do Puritano, e nós três estamos no tempo errado, este é o seu tempo comprimido, ele terá que voltar a se expandir. Estamos em janeiro, em seu passado, não poderíamos mais estar aqui, e já deve haver outra Grace lá fora.

— São as ancoras que estão nos mantendo. - Diz Dodo. – E deve ser a TARDIS que protegeu a nossa memória.

— Então desliguem a ancora e vamos embora, não há problemas. - Diz Grace.

— É claro que há, e é com isso que eu e o Doutor estamos preocupados.

Grace continua sem entender. Dodo termina:

— Estamos preocupados com você. O Tim também será rearranjado, vocês não terão tido tanta intimidade! Está tudo bem?

— Está. - Os olhos de Grace negavam a resposta que a sua boca tinha dado, ela de certa forma havia criado um tipo de vínculo muito mais forte com Tim do que ela havia imaginado. – Está certo, vamos então.

— E a pior parte é que eu nem poderei ter mais uma discussão com o Felix. - Comenta o Doutor, encarando o velho cadáver. – Será deslocado, e se lembrará da máquina, mas talvez não de nós. Espero que consiga mudar o mundo, Felix, mas da forma certa.

— Mas e como desligaremos a ancora de tão longe, Doutor? - Pergunta Dodo. – Está em outra sala, assim que desligada, tudo se recolocará.

— Fácil. - Sacou a chave de fenda sônica. – Tenho o rastro de energia da ancora e me lembro do código do seu sistema de ativação, com a frequência certa posso desligá-la daqui, e estaremos livres do rearranjo. Entrem para a TARDIS. - E após as suas amigas entrarem na cabine, o Doutor apontava a chave sônica para a porta da sala, e fitando também o velho corpo de Felix.

— A sua segunda chance. - Declarou ao velho homem.

O Senhor do Tempo ativando o aparelho, e assim, rapidamente fecha as portas da nave e parte em desmaterialização, e tudo o que estava sendo mantido pela ancora naquele prédio recebia um novo destino.

***

E enquanto Tim, Felix, e os seus capangas tinham as suas vidas endireitadas, a TARDIS percorria agora pelo vórtex em busca do momento correto na linha temporal de Grace e Dodo, para que elas e o Doutor não precisassem se separar pelo rearranjo. Seria algum momento no final de março, após o julgamento feito de frente da casa de Grace. E este dia onde o Puritano deixou de existir nunca aconteceu, e justamente porque ele nunca havia existido. Mas, alguns dos seus efeitos ainda seriam inevitáveis pelos paradoxos, mas, a TARDIS poderia segurar algumas pontas.

E enquanto ia manuseando mecanismo por mecanismo do console, o Doutor notava algo estranho, pois, além de Grace estar bastante abatida, Dodo estava também.

— O que você tem, minha querida criança? - Perguntou o Doutor, para Dodo.

— Não sou criança, sou velha! - Declarou Dodo, sincera. Grace sorri. Dodo termina. – Só fala assim para me provocar.

— Viu, Dodo? Faça como a Grace, sorria.

— Hoje não.

— E por que não? Vocês salvaram o seu planeta! Por que estariam tristes?

— Eu não estou triste. - Nega Grace. – Só estou... Cansada, eu acho. Mark terá a sua noiva, Sophie a sua filha, e eu ganhei o meu melhor amigo! Todos ganharam alguém no final, ninguém está triste.

— É essa a perspectiva que eu quero. - Volta o olhar para a outra amiga. – Mas... Dodo, me conte qual o problema.

— Ver o Tim indo embora e ver como a Grace ficou triste me fez lembrar de todos os que eu já vi partir da minha vida.

Grace e o Doutor permaneciam em silêncio. Dodo prossegue:

— Eu queria agora que o meu filho tivesse sido levado pelo Ditador. Pode parecer loucura... Mas seria bom, eu teria ele aqui.

— Você nunca me falou de família. - Diz o Doutor.

— Eu tinha, e foi destruída. Mas achava que não sabia quem haviam sido os responsáveis. E estou cansada, estou velha, não terei forças para correr atrás dele para sempre. Vivi muito, enfrentei muitos problemas e conheci muitas pessoas, mas uma hora isto terá que acabar.

O Doutor abaixa a cabeça. Dodo termina:

— Ou isso acabará comigo.

— Você disse que não havia certeza sobre o seu filho. - Lembra Grace.

— Era mentira, eu acho que sempre soube que havia sido a maldade humana quem o-havia levado.

— E como pode ter certeza? - Pergunta o Doutor, mexendo depressa no console. – Você viu ele ser levado? - Puxava muitas alavancas.

— Não.

— Doutor... O que você está pensando em fazer? - Indaga Grace, observadora.

— Grace, não é obvio?! Iremos salvar o filho da Dodo! - Respondeu, o mais natural possível.

— Mas você não pode fazer isso! - Exclama Dodo.

— E quem disse isso?

— Você! Você sempre dizia que não podíamos interferir nos eventos pré-estabelecidos do tempo.

— Sim, não podemos, mas apenas quando sabemos o resultado dele.

Dodo começava a entender. O Doutor pede:

— Puxe aquela alavanca, Grace.

— Sim. - Grace puxa a alavanca. – Eu também estou entendendo, quer dizer que como nós não sabemos o resultado do que aconteceu com o seu filho então qualquer coisa pode ter acontecido a ele.

— E isso não é terrível?! - Estarreceu-se Dodo.

— Não! Qualquer coisa significa qualquer coisa... Até um salvamento! Seja do que for. Ainda não sabemos o que aconteceu, nada é fixo para nós.

E assim, os olhos de Dodo se enchiam de lagrimas, mas, com certeza não lagrimas de tristeza, e sim, da mais enorme e pura felicidade. Pois por anos foi este o maior motivo de sua luta contra os malvados de terno que o seu mundo abrigava.

— Doutor, você pode fazer mesmo isso? - A velha mãe não conseguia crer.

O amigo encara pensativo:

— Está duvidando?

— Não!

Um enorme sorriso flui da face do Senhor do Tempo:

— Ótimo. Então agora segurem-se, e se preparem para se soltarem um pouco também, precisarei de mãos extras! Vasculharemos toda a sua linha temporal, acharemos o seu filho, e em todos os natais eu e Grace iremos comer em sua casa. Combinado?

A alegria estava mais que evidente nos rostos dos três, e mais que obviamente, a resposta de Dodo seria:

— É claro que sim!

— Então, vamos começar. Primeiro... Dodo, aquela alavanca ali!

— Ok. - Puxava a alavanca.

— Essa mesma, bom trabalho. E Grace.... Aquele botão! Rápido!

— Aqui! - Grace aperta o botão.

— Não! Esse não.

— O que eu fiz de errado?... Ah! É claro, nunca os verdes!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.