Guerra.

Mesmo tantos tempo depois de seu fim, a palavra ainda trazia lembranças a algumas pessoas. Lembranças ruins.

Todos os que a vivenciaram se lembravam com clareza dos longos dias se escondendo nos porões, com nada além de livros para servir de distração do perigo iminente.

Livros. Durante todo o longo período pelo qual os embates se prolongaram, eles eram sempre procurados como uma forma de escape. Uma maneira de fugir da realidade, nem que fosse por apenas algumas horas. De entrar em um mundo completamente novo e viver uma aventura, um conto policial, uma história de romance.

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Mesmo mais tarde, quando o tratado de trégua já tinha sido assinado, a desolação resultante da trágica década permanecia, e continuaram sendo procurados os livros para trazerem um pouco de paz e esperança para os corações frágeis e desgastados das pessoas.

Hoje, o continente já se recuperou quase completamente dos efeitos dessa fase escura de sua história, mas a cultura dos livros permaneceu.

Ao longo de todo esse tempo, os escritores, cientes do papel de suas criações nas vidas das pessoas, sempre se dedicaram ao máximo ao seu ofício. O que em outras épocas variava entre um passatempo e uma profissão agora era algo sério, que demandava cada punhado de dedicação que se pudesse investir.

Ninguém sabe exatamente quando aconteceu, mas foi mais ou menos no meio desse período que o primeiro escritor atingiu o que mais tarde veio a ser conhecido como o estado de Imersão.

Após a estabilização da economia e das condições de vida da população, começaram a ser fundadas em diversas partes do continente academias especiais, voltadas para a instrução e suporte de jovens escritores aspirantes à escrita Imersiva. Dessas academias vieram a surgir nomes que mais tarde se tornariam mundialmente famosos.

Dentre essas, uma das mais renomadas era a Academia da Pena, a mais conhecida de sua região, próxima à costa sudoeste do território. Anualmente, centenas de jovens ambiciosos se dirigiam até lá para participar da seleção de novos escritores.

Destes, os vinte e quatro mais habilidosos voltavam para casa triunfantes, onde se preparavam para o começo do ano letivo assim que a primeira folha de outono caísse.