Track three: whatever is takes

Para começo de conversa, Bakugou nem ao menos queria ter participado daquele festival idiota. Ele não conseguia entender o fato de uma escola para herois decidir fazer algo tão ordinário quanto um evento esportivo entre os alunos, com esportes comuns, nos quais não podiam usar de seus poderes, apenas suas habilidades físicas naturais.

Num primeiro instante Bakugou apenas tentou se afastar, revirando os olhos para aquela ideia absurda, mas não era novidade nenhuma que Kirishima grudou nele, insistindo como se sua vida dependesse disso, até convencê-lo do contrário; e o fato de no momento da divisão de times Bakugou ter se tornado oponente de Deku colaborou um pouco para apaziguar sua raiva.

Mas naquele momento ele estava fervendo de frustração. Seus dentes trincados e carranca eram prova suficientes disso. Eles haviam passado pelos mais diversos esportes e jogos possíveis; vencido dezenas de rivais, mas justo no jogo mais tolo de todos, na queimada, eles foram completamente massacrados, sendo ele o último membro restante do time, tendo que dar conta de pelo menos sete do outro lado.

Ele estava cansado, mesmo com seus preparo físico.

Pensava seriamente em se deixar derrotar, afinal, não dava a mínima para aquele festival estúpido.

Foi então naquele momento de distração, onde ele se deixou considerar outra opção que não vencer, que as coisas quase saíram de seu controle. Um pequeno atraso no recuo do campo adversário fez com que a bola passasse a centímetros de seu corpo, obrigando-o a desviar-se desajeitadamente, quase perdendo completamente o equilíbrio. Bakugou rosnou um xingamento a meia voz, seus olhos encontrando os de Deku no exato momento em que o garoto pegou a bola. Sua posição o favorecia completamente, a vitória parecia certa, quando naqueles segundos precedentes ao fim, um grito ecoou da arquibancada:

— NÃO PERCA BAKUGOU-KUN!!!

O grito sobrepôs todos os demais.

Silêncio começou a tomar conta do ginásio.

A bola quicou da mão de Deku para o campo de Bakugou, mas ninguém pareceu notar.

Bakugou — assim como todos os demais — girou a cabeça para o exato lugar onde Uraraka se encontrava. Ele não precisava ser um gênio para saber que se tratava dela, sem contar que era capaz de reconhecer sua voz em qualquer lugar.

Uraraka o encarou por um momento. Sua respiração ainda meio acelerada, praticamente imitando a dele. Então ela piscou, parecendo perceber tarde demais o que tinha feito. Suas bochechas se tingiram de vermelho, sua obstinação enfraquecendo mediante tamanha atenção, o que só piorou quando as amigas gentilmente a lembraram de que ela deveria estar torcendo para o outro time.

Bakugou riu ao seu próprio modo, a boca enviesada num sorriso assustador, mas igualmente excitante.

Ele girou o pescoço; alongou os braços de músculos trabalhados em seguida.

Lentamente cobriu a distância até a bola abandonada. Trocou-a algumas vezes de uma mão para a outra. Adrenalina começou a correr por suas veias.

Estava pronto para superar seus limites, derrotar Deku; mas acima de tudo, faria o que fosse preciso para não decepcionar sua garota.