A Black Perdida

Prólogo


Novembro de 1988

A minha história começa em um orfanato estabelecido ao Norte de Londres, foi lá que fui deixada. Sem explicações! Nem ao menos um motivo. Apenas deixada na porta para que quando chegasse o amanhecer algum funcionário, suficientemente interessado em conferir as sobras de pão deixadas pelo padeiro das redondezas do orfanato, me notasse.

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Devo dizer que foi a partir desse dia que começou o meu inferno. Todos os dias, até meus formidáveis 08 anos de idade. Quando ao ser atingida por uma bola na maldita aula de Educação Física, no qual os meus “incríveis” colegas tinham o imenso prazer de me fazer sofrer pelo fato de que para eles eu era uma estranha, uma aberração que precisava ser aniquilada. Sem notar, por estar com uma imensa raiva por ter sido atingida, faço com que a bola volte e atinja Tyler Cooper- o garoto mais rude e grosseiro do orfanato - bem no meio da cara. Esse dia o foi o dia mais feliz que tive no orfanato, sem dúvida.

A partir daquele dia, as crianças começaram a manter distância, o que eu agradeço pois assim eu poderia começar a praticar mais esse meu incrível “poder”. O que não deu muito certo, pois nunca mais consegui fazer aquilo novamente. Eu tentei, sério! Tentei mesmo! Mas nunca funcionava. Primeiramente, tentei mover coisas grandes como vassouras, cadeiras, portas e nada se moveu. Sendo assim, comecei a pensar mais com a minha “incrível” cabeça de uma menina de oito anos. “ Katherine, se você quer começar a treinar seus poderes é melhor começar com algo menor e mais leve”. Assim foi, primeiro tentei com lápis e nada. Depois tentei com pedaços de papeis e nada. E por último quase desistindo na ideia, pensei em plumas do meu travesseiro – plumas são menores e leves o suficiente para levitar- com isso, cortei um pedaço do meu travesseiro e retirei algumas. Tentei ao máximo me concentrar para que de alguma forma o que aconteceu aquele dia com Tyler Cooper voltasse a acontecer, e que eu pudesse finalmente provar a mim mesma que eu não estava ficando louca. E como um passe de mágica as penas, em frente aos meus olhos, começaram a se erguer. Eu olhei encantada para aquilo, eu não sabia como e nem o porquê de eu conseguir fazer aquilo, mas sem dúvida alguma, eu definitivamente amava aquilo, a magia.

Passando-se apenas alguns minutos, o cansaço começou a bater, o esforço que eu tinha feito para erguer as penas me desgastou totalmente. E ali mesmo, em cima das penas que eu tinha acabado de levitar, eu adormeci. Pensando que de alguma maneira, o que eu tinha acabado de descobrir, podia fazer parte da onde eu vim, da minha família e da minha história.