“Mamãe e eu chegamos a nova cidade de avião, ficamos naquele voo por cerca de oito horas, as oito horas mais entediantes da minha vida, pois enquanto minha mãe dormia e eu tentava fazer o mesmo, uma criança chorava na nossa frente e havia um garoto pouco mais novo que eu ouvindo música alto. Admirei e muito a capacidade, que não herdei, de relaxar nos ambientes menos calmos possíveis. Fora isso, a comida era muito boa e as aeromoças simpáticas, isso me reconfortou um pouco – sempre tive algum medo de haviam, pois quando voava de vassoura eu tinha controle sobre ela no ar, já naquele veículo quem controlava era um desconhecido na cabine de controle.

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Quando descemos no aeroporto a primeira coisa que mamãe foi fazer era chamar um táxi e tentar descobrir onde ficava o hotel em que passaríamos as próximas semanas, até achar uma casa definitiva. Por outro lado, eu era encarregada de buscar as malas, que não eram poucas! Duas apenas para minha mãe, mais três só para mim, fora as outras quatro apenas com pertences importantes que não podíamos ter deixado para trás; haviam mais duas bolsas de lona que minha mãe encheu com o resto de suas coisas e uma bolsa que sempre carregava itens pessoais; já eu tinha mais uma mochila grande, uma sacola de lona, uma bolsa com itens pessoais, igual minha mãe, e outra mala de mão com o que não consegui enfiar dentro das malas. Um dos homens gentis que cuidavam da segurança ali me auxiliou a pegar tudo e levar para o carro, onde minha mãe conversava com o motorista e tentava, junto dele, entender qual a localização do hotel.

Chegamos aqui já era final da tarde, ajeitamos as coisas na suíte de luxo e saímos para caminhar e conhecer a nova cidade. Ela é uma grande metrópole, porém, tudo é tão perto e fácil de encontrar que faz parecer um pequeno vilarejo no campo; conhecemos o trajeto que faríamos todos os dias para ir na padaria de manhã, o caminho para o mercadinho da esquina e um restaurante de comida italiana, onde demos uma olhada no nosso almoço de amanhã. Voltamos para o quarto e pedimos uma pizza para o jantar, tomamos banho e devo admitir que amei o chuveiro daqui, a água sai tão quentinha... Enfim, agora estava vendo mais um episódio de Riverdale, comecei a ver a série durante o voo, enquanto tentava me distrair, e acabei gostando, mesmo não sendo o tipo que eu curto. Já tenho muitas, muitas teorias sobre a série, mesmo estando só no terceiro episódio! Depois vou escrever elas no meu bullet journal. Além disso, preciso falar que tem sido bom organizar minha rotina com esse caderno, é muito mais prático e...”

- Filha, a pizza chegou! – minha mãe chamou da cozinha, enquanto fechava a porta.

- Já estou indo – respondi fechando o diário e deixando tanto ele quanto a caneta sobre a cama.

Sai correndo em direção a cozinha, mas parei no meio pois uma coisa me chamou atenção: a porta da sacada aberta. Me aproximei dela e sai para fora, o ar estava gélido, mas agradável, além de ver os prédios iluminados e todas as outras luzes que davam vida a cidade. Sorri ao pensar que aquela era minha nova casa, me senti bem comigo mesma e por um segundo pensei na tranquilidade que seria viver ali, até que me dei conta de que haviam três vultos negros passando pelo céu e cortando meus pensamentos; eram bruxos, jovens que estavam brincando e se divertindo em suas vassouras pelo cenário. Vai ser uma grande aventura, pensei e expressei minha alegria com o sorriso que tomou conta do meu rosto.