Coisas “casamentais” para organizar

Era dia 23 de abril. Faltava apenas uma semana para o casamento de Neji e Tenten. E Hinata, como madrinha e uma das donas da empresa de festas que organizava a cerimônia junto com Ino, só não estava mais nervosa que a própria noiva.

— Ai, gente! – Tenten chamou a atenção de dentro da sala da prova dos vestidos. – Tô nervosa!

— Anda logo, garota! Você tá maravilhosa! – Ino exclamou na sala das madrinhas onde esperava junto com Sakura, Hinata e Temari. – Até porque eu que fiz seu vestido.

Era a última prova para os ajustes finais do vestido. Ino tinha uma fita métrica no pescoço e Hinata segurava uma almofadinha com alfinetes nas mãos delicadas. As duas sócias estavam em pé ao lado do sofá de estofado branco onde Sakura e Temari se sentavam.

— Tá bem... – a Mitsashi murmurou depois de um curto suspiro.

A porta foi aberta lentamente e por ela passou uma Tenten usando o vestido de noiva com o véu. As bochechas só estavam coradas pela vergonha, porque a mulher usava nada de maquiagem, já que era sábado e a Laços estava fechada exclusivamente para elas. E era só uma prova da roupa, uma produção completa não era necessária.

— Uau...! – Sakura ficou boquiaberta.

Ela era a única a não ter visto o vestido ainda. Tanto por causa da própria lua de mel, quanto pelo próprio casamento que tinha sido a menos de dois meses.

— Você tá... Sensacional. – Temari murmurou atraindo a atenção das amigas.

Os elogios proferidos pela Nara geralmente eram acompanhados por um palavrão.

— O que foi? – ela franziu o cenho. – É verdade. Tá gata pra caralho.

Agora tudo estava certo.

— Obrigada meninas. E obrigada, Ino. – Tenten segurou a saia do vestido e se balançou de leve. – Ele está tão perfeito que parece sonho. Eu amei!

— Ah, que isso, amiga. – a Yamanaka se aproximou com um sorriso. – Fico feliz em ajudar. – ela pegou a fita métrica pendurado no pescoço. – Levanta os braços.

A morena levantou os membros e Ino passou a fita medindo a cintura.

— Na cintura tá meio folgadinho, porque como minha cunhadinha e ao contrário da Sakura, você tá emagrecendo. – a loira mandou um sorriso provocativo à rosada.

— Eu não engordei! – a Uchiha reclamou fazendo biquinho. – Era o anticoncepcional...

— Aham. Sabemos. – Temari alfinetou, fazendo as demais rirem.

— A gente pode dar mais uma apertadinha pra marcar sua cintura que dá inveja. Assim está bom? – Ino segurou o tecido branco de cada lado da morena.

— Sim. Acho que não vou emagrecer muito mais. Ontem comi duas barras de chocolate e um pote de sorvete sozinha. – confessou envergonhada.

— Te entendo completamente! – Sakura exclamou apontando para a morena.

— Não era o anticoncepcional?

— Cala a boca, porca!

Ino riu.

— Hina, os alfinetes.

Hinata fitava o nada com uma careta, parecendo estar com o pensamento longe.

— Hinatinha! – a Yamanaka chamou. – Hinaa!

— O quê...? Oi?

— Tava com a cabeça em dois olhos azuis e um tanquinho com oito gomos? – Temari provocou.

Hinata soube que suas bochechas estavam mais vermelhas que nunca.

— T-Também. – admitiu. – Ele me chamou pra sair hoje. Deu pra perceber que ele tá tenso. E isso tá me deixando tensa. – suspirou. – Mas, também estou fazendo uma lista mental do que falta para o o casamento da Ten. E isso me deixa tensa também.

A pequena Hyuuga tirou uma agendinha do bolso, e entregou a almofada com os alfinetes para Sakura.

— Tem que confirmar as flores com o florista; saber se o painel das fotos já está pronto; revisar com o buffet o horá- - Temari tampou a boca da morena.

— Hina, a Tenten está bem na sua frente. – a loira Nara indicou com a cabeça.

Hinata observou a amiga que tinha os olhos arregalados. Tenten levou a mão esquerda à boca, em uma mania para morder as unhas. Ino soltou o vestido e segurou as mãos da quase Hyuuga.

— Amiga, relaxa. – a Yamanaka a olhou nos olhos. – Isso a gente resolve com cinco ou seis ligações. A Hinata só tá nervosa por causa do Narutinho, que aliás não vai ser nada demais. – a loira desviou i ilhar para Hinata. – Respirem fundo, as duas, e vamos marcar onde fazer os ajustes do vestido.

— Depois – Sakura atraiu a atenção de todas e entregou os alfinetes para a Hyuuga. – vamos para minha casa. Faço um estrogonofe para o almoço e vocês me ajudam a terminar de abrir os presentes de casamento.

— Que preguiçosa, Sakura. – Tenten zombou.

Ela estava com os braços levantados e Ino colocava alfinetes no vestido.

— Já tem quase dois meses, testa! – a Yamanaka riu.

— Quando eu e o Shika nos casamos, demorei duas semanas pra abrir tudo. E isso porque ele é um monte te preguiça. – Temari riu e revirou os olhos verdes.

— Sasuke e eu ficamos 21 dias de lua de mel. – a Uchiha cruzou os braços e fez um bico. – E também mudamos de casa. Por isso decidi deixar tudo empacotado pra não dificultar.

— Inteligente. – Hinata pontuou.

— Tá. Tanto faz, Sakura. – disse Ino ainda com as mãos no vestido de Tenten. – Eu quero saber desse estrogonofe. Vai ter batata também? A pequena Yuki é doida por carboidratos e vocês sabem.

A Yamanaka se virou para a Uchiha, e colocando uma mão na cintura e outra na grande barriga de quase nove meses. Dali duas semanas, Yuki no Sabaku poderia nascer qualquer dia.

— Claro. – Sakura sorriu. – A “Yuki” pode comer o quanto de batata “ela” quiser.

A rosada ergueu uma sobrancelha e fez uma careta sugestiva provocando a loira.

Elas riram, com exceção de Ino que estreitou os olhos azuis encarando cada uma das amigas.

— Vem Tenten. Eu te ajudo a tirar esse vestido e depois a gente vai à casa da Sakura pra eu pedir ao Sasuke para fazer todos os tipos de batata existentes pra mim. Já que ele cozinha muito melhor que a... Sakura. – pronunciou o nome como se fosse a pior das ofensas.

Ino empurrou Tenten de volta para a sala das noivas deixando a porta aberta.

— Se ferrou, sua porca ridícula. – Sakura se levantou e ficou em pé na porta. – Sasuke foi almoçar com o Itachi. Izumi me contou que está grávida e me fez jurar não contar pra ele. Itachi quer contar e provavelmente provocar que não temos filhos ainda. E eu sei que o Sasuke cozinha melhor que eu. Ele é sous-chef no restaurante da Mikoto.

— Espera aí. – Temari interrompeu. – Tempo. Volta. Todo mundo sabe que a reprodução de Uchihas deixa o mundo mais bonito, mas, o Itachi vai pro sexto filho?!

— Achei que iriam parar nos trigêmeos. – Hinata comentou.

— Eles são coelhos, gente. – Tenten riu ajeitando a alça do sutiã branco.

— Alguém vai transar hoje! – Ino cantarolou. – Hina, me ajude a guardar o vestido, por favor. – pediu.

A Hyuuga assentiu e pegou a proteção de plástico para envolver o vestido branco que a Yamanaka segurava já no cabide.

Hinata, com certa experiência, conseguiu, de forma habilidosa e rápida, colocar a saia volumosa dentro do envoltório, enquanto Ino colocava a parte de cima e segurava a roupa.

— Não só a Sakura. – Temari sorriu maliciosa. – Aparentemente a Hinatinha também.

— Vou?! – a morena arregalou os olhos parando de mexer no vestido e encarou a Nara.

Ela sentia as bochechas arderem. Era sempre assim. Sempre que suas amigas mencionava Naruto, as borboletas em seu estômago sambavam e Hinata tinha reações de uma menina de 17 anos de novo. Ela tinha 27.

— Por que diz isso? – tentou fingir tranquilidade, votando a ajeitar a saia na proteção.

— Pressentimento. – Temari deu de ombros e sorriu. – Tô com a impressão de que nesse jantar vai acontecer algo grande.

— Uuuh! “Algo grande”? – Tenten riu já vestida com uma blusa e uma calça jeans. - Quando você me disse isso o Neji me pediu em casamento naquela viagem.

— Eu vou desmarcar. – a Hyuuga falou rápido, um pouco desesperada.

— Não. Não vai. - Sakura colocou a mão em seus ombros. - Nem que a gente tenha que te levar.

— Mas...

— Não senhora, Hinata. – Ino colocou as mãos na cintura.

A barriga enorme fazia a Yamanaka parecer mais autoritária que o normal.

— E nem adianta falar que tem coisa do casamento da Tenten pra organizar. Porque isso pode esperar até segunda.

Hinata encarou cada uma das amigas que a olhavam com expectativa.

— Tá. Mas, parem de olhar assim pra mim. Tô ficando mais nervosa ainda.

Ela sorriu e as bochechas ficaram rosadas pensando no encontro da noite.

As borboletas dançavam em sincronia e já nem incomodavam mais.