Talvez Gilbert me ache bonito

Gilbert nunca havia tentado trabalhar com argila. Passara muito tempo como estivador no navio, e hoje suas mãos estavam calejadas, pesadas. Era estranho mexer com algo tão macio. Entretanto, mesmo que não em voz alta, para si mesmo Gilbert admitia estar divertindo-se.

Depois do que julgou horas, o autorretrato estava pronto. A versão inanimada de Cole parecia encará-lo com curiosidade. Como se o desafiasse. A versão verdadeira, ao contrário, transbordava a felicidade de quem traz alvíssaras ao portador de boas novas.

— Gilbert, posso te perguntar uma coisa?

O menino assentiu, pressentindo o que viria a seguir.

— Você me acha bonito?