Estações

Capítulo sete


‒ Eu... não compreendo. – Naruto murmurou a Kurama, seus olhos ainda estavam na cena em que seus pais se dissolviam e misturavam-se ao lugar no qual se encontravam. – Meus pais estão vivos ou não?

...

‒ Essa pergunta possui uma reposta um tanto simples, Naruto. Seus pais não estão mais vivos. No entanto, eles não estão completamente mortos. Posso afirmar isso, pois quando sinto o calor do sol, ainda sou capaz de sentir como se Kushina estivesse aqui; e, também, Minato, seu pai, quando o vento sopra. Eles eram como um só, se completavam de forma absurda. Era como se a existência de um estivesse condicionada a do outro. – Contou Kurama. Sua voz grave e arrastada soando com saudosismo notável. – Devo salientar que Kushina era forte e muito determinada, ela jamais se renderia a alguém como Danzo, nunca o deixaria saber que existia um modo de ele obter poder aqui.

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O jovem ouviu as palavras do diário, atento. Ponderou por meros instantes.

Uma leve brisa soprou e as folhas farfalharam suavemente, dançando com o vento.

‒ Ele realmente poderia ter obtido poder aqui? – Naruto indagou. Depois de tudo que Kurama lhe mostrou, considerou que Danzo não passava de um lunático, alguém que se prendia à fantasia, a algo não existente.

‒ De certa forma – Concordou o diário – Se ele tivesse conhecimento sobre a história da família de seus amigos ele poderia tentar se apossar deles ou barganhar alguma aliança, enganá-los ou corrompe-los.

‒ A família de meus amigos? – foi a parte confusa para Naruto.

‒ A família Hyuuga.

‒ A família da Hinata? – Naruto surpreendeu-se.

‒ Sim. A essa hora a menina do inverno já deve ter dito algo a eles. – A grande raposa comentou misteriosa – Sua amiga tem uma família importante junto às estações. Ela é da família de transições.

‒ Família de transições? ...Eu sabia que a Hinata era especial... – Comentou orgulhoso. Logo depois se tocou e coçou a nuca constrangido – Aliás, o que é uma transição?

Kurama se manteve silencioso por breves instantes, como se pensasse em como explicar algo tão indefinido ao jovem Uzumaki. Tentaria ser o mais simples e natural possível.

‒ Há várias lendas sobre os Hyuuga, mas a verdadeira história é a que conta que eles já nasceram aqui no território das estações. A única anomalia vinda de fora é a cor dos olhos deles. Eles surgiram junto com as estações, com a função de acompanhar e auxiliar no processo de transição de uma estação para outra. Ajudando o inverno dormir e dar lugar à primavera, fazendo o verão chegar sem problemas ou mudanças muito bruscas. Eles poderiam assumir o lugar de qualquer uma das estações por que tinham compatibilidade universal com elas e experiência em todos os aspectos. Eles ajudavam no treinamento das novas estações que nasciam para que elas fossem capazes de trazer sua respectiva estação sem dificuldades.

‒ Isso parece um pouco complicado... bastante complexo, eu acho – Naruto comentou. Achou esse negócio de transição um tanto embolado, difícil de lidar. Ele se jogou sentado no chão, apoiou o peso nos braços e jogou a cabeça levemente para trás, com olhos fechados, e suspirou.

‒ Talvez, para nós, sim, mas para os Hyuuga, não. Eles são formidáveis. Talentosos e prodigiosos por natureza.

Naruto concordou com um balançar de cabeça, lembrando-se de Hinata e deus irmãos, principalmente Neji.

‒ Mas por quê você acha que a tal Ino diria sobre isso para eles? Não entendo o porquê de ela querer fazer isso.

‒ Ela não é uma estação. É só alguém que está deslocado, em um local o qual não pertence. Ao ver seus amigos, ela provavelmente sentiu que teria uma oportunidade única de, talvez, ser livre de um fardo o qual não quer e nem é capaz de carregar. Ino é quase totalmente incompatível com o inverno. Surpreende-me que ela tenha sobrevivido todo esse tempo sendo algo que ela não pode. Devo saudá-la. Seu desejo de se ver livre daqui deve ser imenso.

‒ Ainda assim, não entendo o que levaria ela a pensar em contar sobre isso a eles. – Confessou.

‒ Ela teria esperança em ser substituída por um deles, Naruto. Provavelmente ela escolheria a menina Hyuuga. Eu vejo que Hinata inunda seus pensamentos, garoto. Acredito que Ino perceba que Hinata também se preocupa muito com você.

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As bochechas de Naruto formigaram e ficaram levemente avermelhadas. Ele virou o rosto encabulado. Não entendendo o porquê de suas mãos soarem e formigarem naquele instante.

Resolveu mudar levemente o rumo da conversa.

‒ Ei, Kurama, eu realmente sou culpado pela instabilidade do clima? Isso aconteceu por que eu não estava aqui quando a minha mãe...? – deixou a frase morrer.

O diário o fitou sem expressão e, após um suspiro, logo o falou:

‒ Você não tem culpa de nada. Nenhum de vocês. Nem mesmo Kushina ou Minato. Se alguém tiver que carregar alguma culpa, esse seria Shimura Danzo e sua ganância.

Naruto abaixou a cabeça, ainda não satisfeito.

‒ Mesmo que diga isso, sinto que se eu não houvesse me esquecido quem eu sou, nada disso teria acontecido.

‒ Você pode ter razão. Concordou o animal – Entretanto pode estar completamente enganado também. Poderia ter sido pior se tivesse vindo aqui antes, não temos como afirmar nada com certeza. Você era apenas uma criança, ainda o é, na verdade. Mas eu garanto algo: que você pode ser o responsável por trazer tudo de volta ao lugar. Não se esqueça disso.

O verão sorriu pequeno. Naruto pôs-se de pé em um salto. Ergueu os punhos animado.

‒ Certo! Então vou resolver isso agora mesmo! – Decidiu-se ‒ Vou trazer as coisas de volta ao normal – Completou determinado.

A firmeza em suas palavras contagiou Kurama o qual sorriu discretamente.

Mas, de repente, o rapaz abaixou os braços, coçou a parte de trás da cabeça e constrangido perguntou à raposa:

‒ Como eu posso fazer isso?

Kurama chocou-se com a imprevisibilidade do menino, logo recompôs-se. Como um pigarro, soltou um leve rosnar como que limpasse a garganta e disse num muxoxo:

‒ Apenas seja você, é tudo que precisa fazer.

Naruto concordou com a cabeça.

Ele tentou se concentrar em algo que fizesse as estações voltarem ao normal, mas tudo que passava em sua mente era fantasioso demais, muito além do fato de as estações serem pessoas.

Após vários minutos, teve um estalo.

‒ Acho que deveria perguntar algo às outras estações. A primavera e o outono talvez possam me ajudar. – Ele comentou com Kurama em um resmungo, um tanto frustrado consigo.

‒ Sinta-se à vontade. – rebateu – Como disse, seja você mesmo. Pode ir lá, enquanto eu espero aqui. Pode ir por aqui.

Após as palavras de Kurama uma porta apareceu diante dos olhos de Naruto.

‒ Como fez isso? – titubeou estarrecido.

‒ Isso o quê?

‒ Ah... deixa pra lá – murmurou. Sentia que deveria se acostumar com isso.

No salão das estações o clima parecia mórbido. Algo estranho, sem sentimentos, sem calor. Nada.

Hinata estava quieta e só em um canto, absorta em seus pensamentos. Neji estava um tantinho afastado, com os braços cruzados sobre o peito e os olhos levemente fechados, mas atento a tudo, principalmente a sua irmã mais nova.

Shikamaru continuava deitado, recostado a uma das paredes, descansando, embora acordado, parecia estar realmente dormindo.

Ino estava cabisbaixa no ponto mais afastado, enquanto Sakura travava uma luta interna, indecisa entre tentar confortá-la ou dar-lhe espaço.

Sasuke observava tudo apático, como se achasse toda aquela situação medíocre, todavia sentia-se impotente por não poder fazer nada.

Eles ouviram o som de algo bater levemente contra o chão e voltaram-se instintivamente para a direção de onde viera o ruído. Viram uma porta no meio da grande câmara e Naruto sair dali de dentro. Logo que ele a atravessou, o portal de madeira evaporou-se.

Naruto passou os olhos pelo local percebendo o quão distantes todos estavam, não fisicamente. Todavia, logo resolveu que ignoraria por ora.

Foi em direção a Sasuke e Sakura fazendo com que todos estranhassem isso.

Parou em frente aos dois e disse:

‒ Preciso que me ajudem!