Legado Infiel

O Anúncio do Começo


Vyrtin mais uma vez se organiza para o Cinaclo. A animação percorre todas as ruas, vielas, masmorras ou florestas do lugar. Os elfos pulem suas armas e fadas checam suas asas, até mesmo os dragões acordam de seu sono eterno para um vislumbre do evento que se aproxima. A corte de Pho, o General-Rei, corre por entre os salões do Panteão de Iólus, a construção onde o trono descansa, a espera de seu Rei. O falso rei repousa calmo em seus aposentos enquanto pensa acariciando o seu belo par de orelhas afuniladas.

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O silêncio preenche as paredes da Cornucópia do Fim, uma grande construção de mármore lunar no centro da Floresta mais perigosa de Vyrtin. É o local de partida de todo Cinaclo e neste ano não seria diferente. A Cornucópia não passa de uma grande sala onde as orientações eram passadas aos filhos-da-terra, porém nos últimos Cinaclos se tornou o palco dos maiores massacres que Vyrtin já presenciou. Com o cair do primeiro Sol o horário de chegada dos futuros reis e rainhas se aproxima e nas paredes do salão começam a brilhar imagens referentes aos doze deuses de Vyrtin, alguns remetem a suas formas humanas, outros a suas raças, porém o mais importante é a força que cada figura emana, quase como se o Panteão os assistisse com uma lupa.

O aparecimento da primeira Lua no céu de Vyrtin traz consigo o primeiro filho-da-terra, um garoto um tanto quanto normal.

— Loki Fenrir, Universo. – Uma voz rouca e grave ecoa pelo ambiente antes mesmo do surgimento por completo do garoto. Sua altura é mediana, seus cabelos pretos caem sobre sua testa criando um ar de mágico ao seu olhar. Possuinte de uma pele clara, suas bochechas rosadas brincam com a luz do segundo sol. Não aparenta ser mais velho do que a maioria que sempre aparece, seus olhos percorrem todos os cantos da grande sala a procura de entender o que está acontecendo, porém se mostrando mais maravilhado do que perdido.

— Adriano Mendes, Assassino. - Poucos minutos após a chegada de Loki a voz grave retumba mais uma vez e com o seu fim uma nova figura surge no centro da sala. Loki ouve a última palavra arqueando sua sobrancelha e recuando até uma das pilastras, se recosta na mesma analisando o garoto que acabara de aparecer. Mais alto do que Loki, Adriano exibe um corpo moreno e musculoso para sua idade, seus traços faciais bem marcados contrastam com seus cabelos e olhos escuros. Após entender que algo de errado acontecia, mira seu olhar em direção de Loki que o fita com um olhar penetrante e desinteressado sobre o garoto. Adriano molda um sorriso e começa a andar em direção do opositor, porém como uma brisa leve e calma Fenrir o responde com uma única palavra.

— Não! – O olhar de Loki se volta novamente para as figuras nas paredes tentando as decifrar e como quase em um ritmo a voz pesada surge mais uma vez. Adriano, fecha seu semblante seguindo o exemplo do outro e indo até uma das pilastras mais distantes usando como apoio ao se sentar no chão.

— Alison Fernandes, Canção. – O corpo do novo garoto surge próximo a uma das maiores figuras, seus olhos demonstram temor que logo são substituídos por um brilho quase como se ele sorrisse pelos olhos. Seus cabelos castanhos e lisos, se bagunçam cada vez que ele rotaciona seu corpo tentando ver onde está e seu olhar azulado encontra Adriano que cai em gargalhada ao notar que Alison vestia nada mais do que uma toalha enrolada em sua cintura.

— Isso é o quê? Uma casa de banhos? – Adriano solta as palavras calmamente em um tom irônico, em meio as gargalhadas.

— Hm... – Alison não consegue pensar no que falar, sua cabeça está a mil tentando entender o que aconteceu, como foi parar ali e onde estava suas roupas. Há quem diga que quase dava para ver uma pequena nuvem de fumaça se formando ao redor de sua cabeça de tanto que ele tentava pensar ao mesmo tempo. Por fim se lembra que havia acabado de sair do banho e seu rosto cora, sua pele cor de creme combina com os tons rosados que preenchem suas bochechas.

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— Lebron King, Lutador. – Com mais um anúncio Lebron surge ao lado de Alison. Sua pele negra e repleta de tatuagens ao lado de Alison, que lembra o leite de tão branco, cria uma obra de arte quase tão bela quanto um Picasso. King, porém, não gosta de estar tão próximo de outro garoto, apesar de novo ele empurra Alison com força para longe e esbraveja em um tom irritado.

— Que porra é essa? Não sou viado, não! – O olhar de todos miram o garoto com nojo e raiva pelo que acabara de falar. Alison se desequilibra, porém Adriano se levanta e segura o garoto não o deixando cair.

— Veste isso! – Adriano desamarra o casaco que estava em sua cintura entregando para Alison que o veste com o máximo de rapidez que consegue. A roupa fica maior do que seu corpo, porém até o momento é tudo que ele tem, além da toalha.

— Onde que eu estou? E que porra está acontecendo? Não vou perguntar mais uma vez. – King brada contando a quantidade de pessoas que o cerca, irritado sem entender o que está acontecendo e pronto para bater em todos até que o digam onde está.

— Não sabemos, babaca. Fica calado ai e espera! – Loki fecha seus olhos cruzando seus braços a frente de seus seios pouco aparentes na camiseta larga que usava. Adriano e Alison sentam-se juntos e Lebron se recusa a sentar começando a analisar parede por parede à procura de uma saída.

— Davina McKenzie, Dedução. – Após o anúncio de chegada, uma garota alta e magra surge no centro da Cornucópia do Fim. Seus cabelos lisos e curto e seus olhos negros contrastam com seu all star vermelho. Como em um conjunto Davina é bela e ela sabe disso, todos miram a garota que faz uma reverência debochando dos outros que a encaram como uma peça de arte em um museu. Antes mesmo que McKenzie pudesse dizer algo a voz surge novamente pela última vez, a segunda luz começa a brilhar no céu e o segundo sol começa a se por a escuridão começa a tomar conta do local e toda luz é proveniente das imagens nas paredes.

— Helmut Singer, Caçador. – Um corpo esguio, leve e aparentemente flexível surge ao lado de Davina que por um momento se irrita por ter alguém roubando seu foco. Helm por outro lado, ri com a menina a envolvendo em um abraço como se fosse o que ela queria.

— Helmut, prazer. – Possuinte de uma pele dourada, banhada pelo sol o garoto ao soltar Davina leva seu palmo até o cabelo o acariciando. Seu cabelo é castanho com algumas mechas mais claras, característico de alguém que permanece muito tempo no sol.

— Davina. – A garota da alguns passos para trás após a ação inesperada de Helm respondendo em um tom baixo. – Por que sou a única garota aqui? – Ela pergunta e só então Singer nota os outros ao redor da sala, ele acena para todos e por mais que alguns tentem o ignorar ele faz contato com todos.

Aos poucos todos do grupo se reúnem em um círculo no centro da sala, Helm e Loki aparentam um pouco reservado de início, porém de acordo que começam a conversar se soltam um pouco mais. Na verdade, Loki permanece com uma posição quase monossilábico sendo o mais curto e rápido possível. Adriano e Alison conversam como se já se conhecessem durante muito tempo, porém Adriano o tempo todo dava sorrisos para todos quase como se quisesse que todos gostassem de si. Lebron ainda estava irritado e tinha uma postura irritada e quase sempre reclamava de algo, enquanto Davina já era mais teimosa. Quando alguém discordava dela ela receava um pouco e aparentava se tornar mais crítica do que antes, porém não deixando transparecer estar irritada.

Permaneceram juntos por quase uma hora, e então finalmente uma saída surge. No canto noroeste da Cornucópia do Fim, um arco majestoso é criado, porém antes mesmo que o grupo se levantasse para sair, um grande cisne branco com o tamanho de um pequeno tanque de guerra bate suas asas pelo arco impedindo a passagem voando calmamente e ritmado para dentro da Cornucópia, seus movimentos são belos e mágicos e logo após sua entrada o arco desaparece. Ele toca suas duas patas no chão e com seu grande pescoço faz uma reverência, o grupo permanece atônito e curioso em entender o que era aquilo.

— Desculpem minha demora, estava um pouco assustado. – Uma voz fina é produzida pelo cisne que mordisca uma das penas de sua asa direita. Seu olhar se foca nos quase adultos que se amontoam agora em pé próximo de si.

— Que deselegância a minha, por favor, podem me chamar de Kevin. – O animal sacode suas asas e em uma chuva de plumas seu corpo se transforma em um homem branco e largo se espremendo em um terno prateado. Sua barba, também prateada, está repleta de pequenas plumas presas ao pelo e seus traços indicam que já não era mais tão novo.

— Sejam Bem-Vindos à Vyrtin, já temos os seis aqui? – Ele começa a contar a quantidade de filhos-da-terra que se amontoam em uma fila quase perfeita a sua frente.

— Vinte? Como a vigésima realidade que se desdobra no cosmos da realidade perfeita da Terra? – Loki dá um passo a frente curioso e acaba por falar as palavras rápido demais perdendo o folego, precisando de alguns segundos para voltar a respirar novamente.

— Não! – Kevin, o Cisne, levanta seu cenho em surpresa pelo que o garoto disse. – Só acertou que estamos em uma realidade diferente da sua. – Ele complementa.

— Então explica o que está acontecendo, Sr. Pavão! – Lebron ironiza a parte do nome de Kevin aumentando um pouco seu tom de voz ao final da frase.

— Explicações, OK. Vamos lá. – O cisne pigarreia antes de começar como se fosse ser um grande discurso. – Estamos em Vyrtin, uma realidade criada para humilhar a sua Deusa Terra que se recusou a casar com nosso Deus-Rei Vyrtin, é o que dizem na verdade... – Ele permanece em silêncio por alguns instantes refletindo sobre o que ele mesmo disse. – Voltando. Vocês foram convocados para participar do Cinaclo, um grande evento que determinará quem será nosso rei digno. Vocês deverão lidar com todos os obstáculos criados por nosso povo e chegar até o Panteão de Iólus onde seu trono o aguarda.

— Não quero ser rei, quero voltar pra casa, pode ser? – Alison balbucia tentando deixar sua voz a mais melodiosa possível acreditando que isso faria com que persuadisse Kevin.

— Ah, não. A única saída de vocês que não querem ser rei é a morte mesmo. – Ele molda um sorriso como se a morte fosse algo a se celebrar. – Retomando, vocês sairão daqui em alguns instantes e o evento começará. Vocês poderão ir juntos ou separados, mas lembrem-se somente haverá um rei ou rainha. Tomem cuidado, pois por aqui é onde geralmente a maioria morre.

Ao dizer a palavra morte, um calafrio percorre o corpo de todos, aquele poderia ser o seu fim, mas toda a sua vida foi deixada para trás, seus parentes, amores, amigos e tudo. O grupo finalmente percebe o quão grave é a situação.

— Vale lembrar que vocês precisam encontrar poder, pois fracos assim não conseguiram chegar ao trono. Vocês deverão seguir ao norte em direção da terceira lua e em cinco dias devem chegar lá. – Ele respira após falar tudo muito rápido quase como se não precisasse respirar para falar.

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— Poder, que tipo de poder? Onde encontro armas? – Adriano pergunta animado ao descobrir que sua perícia seria possível ser utilizada e com total confiança de que se fosse necessário para sobreviver mataria todos aqueles naquela sala.

— Não usamos esses brinquedos aqui, nosso poder é a magia. Ela corre pelas veias de nossa cidade, todos possuem um pouco e vocês podem conseguir de inúmeras formas possíveis. Mas se tiverem preguiça, sempre podem pedir ajuda a um Deus, mas esteja disposto a pagar o preço.

— Deus? – Quase em uníssono todos os seis se indagam a mesma coisa.

— Sim, o Panteão de Iólus. Ele é composto de doze dos melhores Deuses que já vi na minha vida, mas também os piores... Já ia me esquecendo... – O cisne bate palmas e uma muda de roupas surge nas mãos de Alison que em total desespero as vestes com medo de ficar completamente nu, todavia ele não retira o casaco de Adriano. Amarrando a blusa que surgira em sua cintura. - Mas, então? Prontos?

— Como assim, prontos? É agora? – Brinca Helmut dando pequenos saltos no lugar.

— Boa sorte, filhos-da-terra. – Kevin desaparece novamente em uma nuvem de plumas e o arco majestoso retorna, a Cornucópia começa lentamente a diminuir de tamanho como se empurrasse o grupo para fora.

A primeira a sair correndo é Davina que se surpreende ao perceber que está em uma floresta, todavia não se deixa abalar e sabendo que está em uma corrida desponta seguindo adiante. Os próximos a seguir são Adriano, Lebron e Alison que correm lado a lado. Ao atravessar o grande arco param seu movimento por alguns instantes tentando decidir por onde ir. Loki por alguns instantes se recusa a sair, mas Helmut o incentiva e aos poucos os dois caminham para fora da Cornucópia. Ao adentrarem a floresta Helmut avista uma pequena criatura, com um par de asas azuladas que chamam sua atenção e segue em sua direção, Loki relutante, entretanto também curioso segue aquela criatura.

Do outro lado de Vyrtin na Sala do Trono, Pho assiste através de uma grande pintura o grupo se separar saindo da Cornucópia do Fim e molda um grande sorriso malicioso. Ele estrala seus dedos e a sua corte de elfos corre em sua direção com pedaços de metal cromado o prendendo ao corpo do Deus-General.

— Su... Sua armadura de batalha está pronta General. – Uma pequena elfa fala lentamente e tremula mirando seu olhar aos pés de Pho com medo demais para o encarar.

— Que o Cinaclo comece, vamos mata-lo primeiro!