Capítulo um - Baile.

Capítulo um — Baile.

As luzes coloridas pintavam a pele das pessoas que estavam dançando naquela quadra de esportes, todos em suas fantasias, uns mais bonitos, outros nem tanto. Mas todos estavam sincronizados — pelo menos a maioria — naquela música alta, balançando seus corpos conforme o ritmo.

O baile de halloween estava fervendo e um par de olhos dourados corriam por toda a extensão daquele lugar atrás de alguém que realmente “merecesse” sua companhia — o que poderia se dizer que estava difícil.

— Indeciso? — A voz feminina o tirou de sua busca, fazendo os olhos dourados pousarem sobre ela.

A fantasia diferente chamou sua atenção. Parecia um steampunk¹, as botas cobriam a barra da calça de couro que a garota usava, a blusa deixava a barriga a mostra acabando por ser coberta com um colete preto, igualmente sua calça e no rosto usava uma máscara tampando o nariz e a boca, fazendo somente um par de olhos azuis ficarem visíveis. Soltou um sorriso com o canto dos lábios, respondendo a garota em seguida.

— Talvez — Colocou as mãos para fora dos bolsos da calça da fantasia, levando os braços para se cruzarem em frente ao peito — Drácula pode estar indeciso sobre qual dos pescoços é o mais bonito para ser mordido.

— Compreendo, senhor conde drácula, são muitas opções mesmo — Entrou na brincadeira — Que tal dançar comigo enquanto escolhe? — Estendeu a mão para o rapaz, a qual também estava coberta por luvas igualmente pretas, deixando somente seus dedos de fora, esperando que a pegasse.

Eram um par bem diferente, ainda sustentando o sorriso com o canto dos lábios, ele pegou a mão dela, levantou até em direção aos lábios e beijou delicadamente as costas da mesma, sem deixar de encarar aqueles olhos azuis, os quais nunca havia visto brilhando com tanta intensidade.

— Seria uma honra — Voltou a sua postura inicial, enquanto puxava a garota em direção ao meio da pista de dança.

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Dançaram por um bom tempo naquele baile, as músicas batiam de encontro aos seus ouvidos, mas o que mais martelava na cabeça dele era sobre quem seria a garota debaixo daquela máscara. Durante uma das musicas, a dança entre os dois deu uma certa esquentada, fazendo com que os rostos ficassem mais próximos.

Os braços dela passaram por seu pescoço, trazendo-o para mais perto, enquanto os braços dele rodeavam a cintura fina dela. Ele não podia ver os lábios dela, mas sabia que pela curvatura de seus olhos ela estava sorrindo por debaixo daquela máscara.

— Vai parecer muito estranho se eu quiser beijar você, mesmo sem eu saber quem você é? — Perguntou sem rodeios.

— Dracula escolheu sua vítima?! — Fingiu espanto — Não sei se vai parecer estranho, mas, se quiser me beijar podemos providenciar isso.

Sorriu de forma larga, retirando a mão da cintura da garota e levando em direção ao rosto dela, querendo puxar a máscara para baixo. Só não esperava que a mão dela deteria a dele. O garoto fez uma cara esquisita, como se reprovasse a ação dela, então ela o rebateu.

— Vamos fazer isso de uma forma misteriosa? Fecha os olhos, eu beijo você, quando terminar, eu coloco a máscara de volta e você pode abrir os olhos, assim você nunca vai saber quem beijou e fica por isso mesmo.

— Mas você sabe quem eu sou, porque não posso saber quem é você? — Estava confuso e com um misto de curiosidade para saber quem era a garota.

— Pense assim: Caso não goste do beijo, não vai ter que se dar ao trabalho de me evitar nos corredores — Respondeu, batendo a mão no nariz dele.

— E caso eu goste, vou ficar um bom tempo procurando para saber quem eu beijei — Rebateu, encarando os olhos azuis da garota.

— É um risco que terá de correr, caso queira realmente me beijar. Caso contrário a gente só termina de dançar e vai cada um para um canto...

— Vem cá — Ele se soltou do braço dela e a puxou em direção da saída daquela muvuca² de corpos dançantes.

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Do lado de fora, estavam somente os dois, frente a frente. Ele fechou os olhos enquanto esperava a garota se aproximar. Estava nervoso, queria que o beijo começasse logo, a ansiedade o estava matando. Sentiu o toque das mãos dela em seu rosto, depois o toque dos lábios macios.

Começaram com apenas alguns selinhos até que ele a agarrou pela cintura, grudando mais o corpo dos dois, sentiu ela suspirar contra os lábios dele e como se pedisse permissão, avançou com a língua para buscar a dela.

Sentiu os lábios dela se abrirem e deixarem que ele o fizesse. Sentiu a mão dela escorregar em direção a sua nuca, acariciando devagar, enquanto aprofundavam aquele beijo de forma intensa e urgente. Não se arrependia de ter pedido aquilo a ela, muito pelo contrário.

Virou a garota e a fez encostar na parede, prensando seu corpo contra o dela e escutando ela gemer entre o beijo. Ficaram se beijando por um bom tempo, até que finalmente precisaram parar, buscando ar que havia faltado.

— Não abra os olhos — O lembrou, levantando a mascara para tampar seu nariz e sua boca — Pronto.

Abriu os olhos e encontrou os azuis novamente, ainda brilhando tanto quanto antes. Acariciou o rosto dela e levou os lábios novamente de encontro aos dela, agora por cima da máscara, dando um pequeno selinho.

— Deveria me deixar ver seu rosto — Sugeriu.

— Você é inteligente, vai descobrir quem eu sou — Piscou, soltando o rapaz, enquanto voltava para dentro do baile.