Stella

Impactos!


Para mim, fora um grande alívio me deparar com a minha mãe, enquanto rostos conhecidos e desconhecidos se voltavam para mim. Todos já me aguardavam.

—Onde você estava? – Minha mãe não hesitou a se aproximar e desempenhar seu papel protetor. –Pensei que você estivesse aqui.

—Minha intenção era essa, por isso fui à empresa, mas houve alguns contratempos.

—Graças a Deus! Fiquei muito preocupada! – Ela me abraçou forte, como se somente nós duas ocupasse uma sala gigantesca.

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—Será que podemos voltar ao assunto em pauta? – Uma mulher elegante, de olhos incrivelmente azuis, nos despertou. –Então, você é Stella. – Confirmou me avaliando. –Já a conhecia, William?

Petrificada fiquei quando os olhos daquele homem me encontraram. Por alguns segundos, que achei eternos, ficamos a nos observar.

—Quero ficar a sóis com elas. – Disse ele, mantendo seus olhos em mim.

—Depois de tanto tempo ainda quer manter segredos entre nós, querido?

Aquela mulher, cuja aparência encantaria qualquer um, tinha uma personalidade arrepiante.

—Minha mãe está certa! – E eis que me deparei com Stephany, pronta para declarar, mais uma vez, sua inimizade. –Não podemos acreditar que essa aí é uma Griffin! É um golpe! Está na cara!

—Stephany! – Bryan chamou a atenção da irmã, antes que minha mãe abrisse a boca para calá-la. –Vamos deixá-los a sóis.

—Se isso é um momento épico ‘familiar’, Eu quero está presente. – A esposa de William ficara ao lado dele, decidida a ouvir cada palavra. –Ainda há muito que ser dito, por isso...

—Já disse tudo o que vocês precisavam saber. – Minha mãe a interrompeu. –Se dependesse de mim, Stella nunca teria nenhum tipo de contato com você, William, mas... – Ela respirou fundo. –Ela quis vir até você.

Um silêncio perturbador se instalou entre nós.

—Com que intenções? – Mais uma vez, a mulher de olhar aterrorizante se mostrou desafiante. –Parece-me muito conveniente procurá-lo depois de tanto tempo!

—O que está insinuando? – Minha mãe deu um passo à frente. –Stella jamais teria um caráter podre para se aproximar de alguém por uma vida de luxo! – Ela deu mais um passo, ameaçadoramente. –Não tente ofender a minha filha, madame, pois não responderei pelos meus atos!

—Como se atreve a me ameaçar dentro da minha própria casa? – Perguntou voltando-se em abrupto para o marido. –Como permite tal atrevimento, William?

—Chega! – O homem que, até aquele momento se mostrava calmo, porém atônito, gritou com a mulher que claramente empalideceu com o surto repentino. –Bryan, tire sua mãe e sua irmã daqui!

—Claro. – Prontamente ele acatou a ordem do padrasto.

—Isso não está certo, William! – Gritou a senhora Griffin, sendo conduzida pelo filho.

—Está sendo ridícula, mãe! – Bryan se irritou com o vexame que a mãe estava causando.

Quando as causadoras de histerias nos deixaram a sóis, William praticamente caiu sentando no sofá, e alisou as têmporas com demora.

—Isso não está certo. – Dissera ele, de olhos fechados. –Você não me disse nada quando terminamos!

—Nós terminamos? – Minha mãe se indignou. –Você disse que tinha que ir com urgência para a Europa, mas que logo voltaria!

—E Eu fui!

—Mas não voltou! – Incontida, minha mãe gritou.

—Eu voltei, mas você não quis mais esperar!

—Como pode dizer isso? – Observei o olhar transtornado da minha mãe. Por mais duro que fosse aquele confronto, ela estava decidida a não chorar. –Já basta! – Ela tentou se recompor. –Stella... filha, por favor, vamos embora!

Minha mãe me dera uma tarefa dificílima. Ela me dera a última oportunidade de Eu recuar.

—Mãe... – Eu não sabia o que dizer.

—Peter a ama como filha! Ele sempre te amou! É por esse imbecil insensível que você vai nos trocar?

Minha mãe ainda não entendia meus motivos.

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—Mãe... Eu...

—Stella!

Ele me olhou fixamente, esperava que Eu mudasse de idéia. Mas, como Eu poderia, vendo-a transtornada, magoada, e incurável?

—Não posso voltar. Desculpa.

Senti os braços trêmulos da minha mãe se afrouxar nos meus ombros. Eu a conhecia suficientemente bem para ter total certeza que ela não insistiria mais. Meu destino estava finalmente traçado.

—Entendo. – Por mais que não entendesse, ela respeitou minha decisão. –Então... não tenho mais nada para fazer aqui. – Mais calma, ela se virou para William e ambos se olharam por um longo tempo, em silêncio. –Se você a magoar, Eu juro que te mato!

De postura ereta e cabeça erguida, minha mãe caminhou até a porta, sem olhar para trás. Eu, entretanto, a vi se afastar de mim, e nada pude fazer, tão pouco respondi a vontade de abraçá-la. Quando a porta se fechou e o som de seu salto sumiu, me deparei com a espantosa realidade de que seria apenas William e Eu naquela sala, e ninguém mais.

—Ela nunca teria vindo aqui se não fosse por mim. – Falei baixando a cabeça.

—Isso é... É tudo muito complicado para você entender.

—Não acho que tenha sido complicado. Você, de repente, sumiu da vida dela, e... Eu fui a única coisa que restou. – Levantei a cabeça, respirando fundo.

—Você me culpa, certo? – Nada falei, a resposta era óbvia. –Não sou o cara ruim que habita seus pensamentos esse tempo todo. Posso ter cometido um erro, mas nem todo erro é intencional, mesmo que ele seja muito grave. – Ele respirou fundo, afrouxando a gravata. –De fato, a Kimberly também decidiu seguir a vida dela, e não me deu escolha.

—Ela disse que você sabia sobre mim!

—Todos sabiam que ela estava grávida, mas era Peter que estava ao lado dela!

—Ela te amava e você não confiou nela!

—Como Eu disse, é tudo muito complicado para você entender. Nem mesmo Eu consigo entender o que está acontecendo!

—Ainda com dúvida se sou realmente a sua filha? – O confrontei, possessa de raiva. –Podemos agora mesmo ir a uma clínica e realizar o exame de DNA, mesmo que você fique em transe toda vez que seus olhos se deparam comigo, por que não tem como negar que há traços físicos em mim que lembram muito você! – Os cabelos negros, as sobrancelhas, e os olhos eram inegavelmente parecidos, por mais que Eu odiasse admitir. –Você sabia quem Eu era, desde o início, mas... foi mais conveniente bater um papo casual comigo, e me deixar ir embora confusa. Naquele dia, Eu realmente fui revelar que sou sua filha.

William respirou fundo novamente. O silêncio se fez presente entre nós, até que ele olhou o relógio no pulso.

—Está tarde. Você deve está cansada. – Virei o rosto para não olhá-lo mais naquela noite. –Descanse por hoje e amanhã decidiremos o que será feito.

—Não está claro para você? – Perguntei com ironia. –Eu vim para ficar. – Ele não escondeu surpresa. –Minha mãe se mudou para outro estado. Perdi a bolsa na Universidade de New York, graças a sua enteada, e não tenho onde ficar. Por lei, você tem a obrigação de me acolher, e de me reconhecer como filha. Caso contrário, serei obrigada a procurar um canal de TV e provocar um verdadeiro escândalo.

Com seus olhos fixos sobre mim, William se viu sem saída. Ele estava começando a dar a verdadeira importância a minha presença.

—Eva! – Falou em voz alta e em seguida uma mulher apareceu correndo na sala.

—Sim, senhor!

—Leve essa garota para um dos quartos de hóspedes e a acomode.

—Sim, senhor! O jantar será servido em breve.

Sem se importar com o lembrete, William se retirou, pálido como uma folha de papel.

—Quarto de hóspede... – Suspirei alto, recebendo o olhar de intriga da mulher à minha espera.

—Não se preocupe com a acomodação. Essa casa possui quartos maravilhosos! Você vai ficar encantada!

E foi como ela descreveu. O quarto era tão magnífico que daria para hospedar o presidente dos Estados Unidos.

—É muito grande. – Comentei recebendo o olhar divertido da secretária do lar. –Pode me dizer onde fica o quarto do Bryan? Minha mala ficou no carro dele.

—Ah! Não se preocupe com isso! Eu mesma irei buscá-la para você!

—Imagina! Faço isso em um piscar de olhos!

—Estou aqui para isso, senhorita.

—Meu nome é Stella. – Estendi a mão para ela. Meio confusa, ela retribuiu o gesto.

—Sou Eva, empregada da casa. – De repente, a mulher perdeu a timidez, e sorriu abertamente. –Você é muito simpática! É amiga do Bryan?

—Digamos que serei... irmãzinha dele. – Brinquei arrancando o sorriso do rosto daquela que me classificou com simpatia.

—O que disse? – Indagou seriamente.

—Você não ouviu o barraco na sala? – Ela balançou a cabeça, negativamente. –Sou a filha bastarda do seu patrão.

—Meu Deus! – Murmurou levando as mãos à boca, como se repelisse um grito. –Mas... C-como?

—É uma velha e complicada história. – Bocejei, já esgotada mentalmente e fisicamente. –Então, qual é o quarto do Bryan?

—Ah! Desculpe! – Coçou a cabeça ligeiramente, ainda em transe. –O terceiro quarto.

—Obrigada, Eva.

Diante do grande corredor, fiquei a imaginar se era o terceiro quarto sentido a escada. Eu poderia me deparar com qualquer um ali, por isso fui cautelosa nas possíveis surpresas. Não demorou muito e ouvir vozes, vindo da escada.

—Ela tomou um calmante. Só vai acordar amanhã.

Ouvi a voz de Stephany, em um dos quartos. Rapidamente voltei para o quarto, deixando a porta entreaberta.

—É melhor assim. – Bryan estava com a irmã. –Vou descansar um pouco. O dia amanhã será longo.

—Graças a você. – Disse ela, impedindo Bryan de entrar no quarto. –Você a trouxe aqui! Mais uma vez bancando o bom samaritano! Mas, isso não combina com você, maninho!

—Não tive escolha!

—Você sempre teve escolha, Bryan! Sempre! – Insistiu cochichando. –O que há entre vocês?

—O quê? Você ficou louca?

—Estou começando a achar que tem algo muito sujo nessa sua atenção com aquela garota! Ela está te pagando por isso ou você está ‘recebendo’ outra coisa em troca?

Vi Bryan segurar o braço da irmã. –É da filha de William que você está falando, então, para o seu próprio bem, é melhor que você evite comentários como esse.

—Não tenho medo dela! E aposto como esse teste de DNA vai desmascarar aquela fingida! – Ela riu alto, se livrando do agarro do irmão. –Você não parece está incomodado com a presença dela.

—É melhor você já ir se acostumando. – Stephany riu, Bryan voltou a segurá-la pelo braço. –Isso é muito sério, Stephany. – Ela finalmente percebeu que não se tratava de um simples aviso.

—Não tenho medo dela, repito! – Insistiu, agora com raiva, e não com deboche. –Posso não ser filha legítima de William, mas estou aqui há mais tempo que aquela vadia. Acha mesmo que ela será reconhecida da noite para o dia? – Estava mais debochada que nunca. –Não vai demorar muito para ela se cansar dessa brincadeira.

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Fechei a porta, refletindo sobre tudo que escutei.