Desentendimentos

Capítulo 33


POV Bella

Acordei sentindo minha cabeça latejar de dor... Ótimo, tudo que eu precisava era estar de ressaca no meu primeiro dia de aula. Será que eu era festeira, antes? – Sacudi minha cabeça, me livrando daquela linha de pensamentos, eu não tinha tempo para isso.

Levantei o mais rápido que consegui e me dirigi ao banheiro, na esperança que um bom banho amenizasse aquela ressaca terrível. Obanho ajudou, isso era fato, mas minha cabeça ainda me convidava a voltar para a cama e nunca mais levantar... Contudo, eu tinha aula.

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Comi qualquer coisa rapidamente e juntei meu material, sem mais delongas sai do meu alojamento, mas ao invés de ir em direção ao prédio de Psicologia, fui em direção oposta, a fim de achar uma farmácia.

-Bella? – Ouvi a voz de Edward me chamar ao longe, vire-me na direção da voz e o vi correndo em minha direção, vestido de maneira despojava; um sorriso lindo no rosto, era uma visão de tirar o fôlego.

-Oi... – cumprimentei-o quando já estava próxima, não que eu não estivesse contente em vê-lo, mas eu estava desesperada por um remédio para aquela dor de cabeça infernal.

-Onde está indo? – indagou ele curioso. – Se não me engano, o prédio de Psicologia é do outro lado. – ele abriu um sorriso torto de tirar o fôlego.

-Eu sei que sim, mas acho que preciso de uma farmácia no momento. – suspirei pesadamente e voltei a caminhar. O sorriso de Edward sumiu dando vazão a uma irritação mascarada. Ele começou a me acompanhar.

-Ressaca? – indagou ele, muito embora ambos já soubéssemos a resposta. Suspirei com pesar e assenti. Edward bufou em desagrado. – Você passou dos limites ontem... – comentou ele, me limitei a dar de ombros.

-Não estou arrependida. – garanti, mesmo dentro de mim eu não ter tanto essa certeza e Edward parecia saber disso.

-Sei... – foi tudo que ele disse. Caminhamos em silêncio até a farmácia, Edward quis pagar o medicamento, mas fui firme em não permitir; não queria que ele achasse que eu me aproveitava de sua generosidade.

-Você não parece muito bem... – Pontuou ele ainda irritado, por que em nome de Deus, desagradava-o tanto a idéia deu estar de ressaca? Será que eu havia dado vexame na noite anterior? Será que ele havia precisado cuidar de mim? O pânico me dominou lentamente muito embora eu soubesse o quão pouco provável era isso, eu não estava tão mal assim. – Vou lhe acompanhar até sua sala. – determinou ele, quebrando minha linha de pensamentos.

Franzi o cenho e o fitei. – Acho melhor você ir para a sua sala. – sugeri. – Vou gastar horas no banheiro tentando esconder essas olheiras enormes. – meus dedos tocaram minhas olheiras fazendo minha irritação aumentar. Por que eu havia bebido, mesmo?

Edward suspirou frustrado e tomou meu braço, me guiando para algum lugar. – Venha... Alice pode te ajudar. – e antes que eu pudesse protestar ele já havia sacado o celular e falava com a irmã caçula. Rapidamente chegamos ao estacionamento, e logo pude ver o carro de Edward estacionado, Alice já estava ali juntamente com Jasper, a minha espera.

-Bom dia Bella. – cantarolou ela

Regressamos rapidamente para o campus, e Edward fez questão de me acompanhar até a sala, contudo, antes fiz uma breve pausa no banheiro, a fim de fazer um

A aula foi muito interessante, principalmente depois do remédio ter feito efeito e ter minimizado minha dor de cabeça, conheci algumas pessoas agradáveis, e já consegui enxergar algumas que não me daria muito bem, a faculdade verdadeiramente estava me prometendo um novo capítulo em minha história obscura, algo me dizia que ali eu aprenderia tudo que me foi tirado no acidente.

A família Cullen se mostrou muito hospitaleira para comigo, simpatizaram comigo sabe lá Deus por que. Mas eu gostava da companhia deles, era agradável, eu me sentia bem, muito embora todas as vezes que eu olhava naqueles olhos ocres de Edward eu me sentia um arrepio, um sentimento obscuro crescer em meu peito sem que eu conseguisse controlá-lo, não era bom... Mas também não era ruim... Era... Estranha, um misto dos sentimentos mais extremos. Eu não sabia explicar... Mas preferia não pensar muito nisso, afinal, o que Edward poderia realmente representar? Ele não me conhecia até dois dias atrás... Não poderia haver ligação.

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Aquela família era diferente de qualquer conceito familiar que eu já havia visto. Edward me explicou que eles eram todos irmãos adotivos, mas Alice estava envolvida amorosamente com Jasper e Rosálie com Emmett; nada comentei sobre isso, mas eu achei verdadeiramente estranho. Eles não eram irmãos de sangue, tudo bem, mas ainda sim foram criados juntos, em um laço fraternal... Como poderia se envolver amorosamente? Era bem estranho...

Em duas semanas a faculdade se mostrou muito agradável, e logo eu estava acostumada àquela nova vida, as pessoas eram agradáveis, e os Cullens bem protetores em relação a mim, nos tornamos bons amigos, principalmente Edward e eu, acho que foi o destino, desde o primeiro instante em que nos conhecemos criamos uma afinidade muito boa, em pouquíssimo tempo eu podia dizer que Edward era meu melhor amigo. Sempre comigo, sempre me ajudando, sempre por perto...

Eu me sentia feliz com aquela amizade, muito embora Edward as vezes me olhava de uma maneira tão estranha que parecia querer dizer mais do que dizia, parecia saber mais do que aparentava... Parecia... Sei lá, mas eu tinha medo que aquele olhar incompreensível pudesse um dia afastar meu melhor amigo de mim.

Assim como Edward era meu melhor amigo, Alice era minha melhor amiga, sempre presente, sorridente e cheia de energia, me chateava ver aqueles dois irmãos brigando o tempo inteiro, um não parecia suportar o outro, mas eu estava trabalhando nisso, eles precisavam aprender a se dar bem.

Os demais Cullens também eram ótimos amigos, Jasper sempre percebendo o imperceptível, Emmett sempre tornando tudo divertido e leve e Rosalie sempre na dela, mas deixando claro sua receptividade para comigo.

Eu estava até que contente com a nova vida que levava, não que eu lembrasse da vida de antes para comparar, mas de alguma maneira, eu me sentia muito leve, como se muito peso tivesse sido tirado das minhas costas, era difícil compreender e muito menos tentar explicar, as vezes eu realmente queria conversar com alguém sobre tudo isso, queria ouvir alguém de antes, queria alguém para falar comigo, conhecendo meu passado, mas sem pena pelo que me aconteceu.

Alguém para dividir minhas confusões e até mesmo pedir alguns conselhos. Mas com quem eu faria isso? Edward e Alice certamente que não, primeiro porque eles não me conheciam antes, segundo porque eu nunca havia lhes contado do acidente do da falta de memória; eu me senti mal em não contar, mas o que eu diria? Eu nem mesmo sabia direito o que havia acontecido.E eu não tinha tanta certeza se eles conseguiriam entender. Não queria e não iria contar a pena deles. Nunca. Não queria a pena de ninguém.

Agora eu estava fazendo o que geralmente fazia, estava sentada embaixo de uma árvore, lendo “Cinco dias em Paris” de Danielle Steel, um romance agradável de ler, sempre que os Cullens não estavam por perto eu me acomodava em algum canto para ler, a leitura era agora muito prazeroso para mim, me acalmava e me desligava do mundo.

Desligada de tudo não percebi que havia alguém próximo a mim até que meus olhos estivessem vendados. Rapidamente aquele aroma único chegou as minhas narinas fazendo-me sorrir. – Edward seu bobo... – ri divertida enquanto ele retirava as mãos de meus olhos e se sentava ao meu lado.

Aquele sorriso torto sorriu para mim causando aquela estranha quentura dentro de mim. – O que está lendo desta vez? – perguntou ele olhando para o livro.

-Cinco dias em Paris. – respondi enquanto colocava o marca-páginas no livro e o fechava, deixando-o de lado.

-Deixe-me adivinhar, um romance de novo? – brincou ele fazendo-me rir abertamente.

-Eu adoro romances! – tentei justificar. – Já deveria saber disso a essa altura. – pontuei de brincadeira. Edward deu os ombros e olhou para frente.

-Sempre tive a impressão que gostasse de clássicos. – confessou ele parecendo... Frustrado? Estranho.

Dei os ombros. – Eu até os leio, mas esses romances, principalmente épicos são maravilhosos. – um sorriso bob surgiu em meus lábios fazendo Edward sorrir também.

-Quer dizer que a senhorita é uma daquelas mulheres que sonham com um príncipe encantado montado em um cavalo branco para vir salvá-la? – Edward estava debochando da minha cara, mas resolvi entrar na brincadeira.

-Não, claro que não! – me fingi de horrorizada. – Encantado, não né?

Edward gargalhou e eu o acompanhei, estar em sua presença, conversar sobre nada, como estávamos fazendo agora me fazia muito bem, me deixava estranhamente mais serena.

Logo fomos parando o riso e permitimos que o silêncio agradável reinasse entre nós, desfrutamos da paisagem bela que estava a nossa frente e nos perdemos em nossos próprios pensamentos. Por alguns instantes até mesmo me esqueci da presença dele ali, fato que foi corrigido quando sua voz soou em meus ouvidos. - O que acha de conhecer minha casa? – pergunte ele.

Me virei para encará-lo, confusa. – Sua casa? – repeti sentindo-me estranhamente desconfortável.

-Sim, podemos alugar um filme, e assistir, o que acha? – ponderei por alguns instantes, algo me dizia que não era uma boa idéia, mas eu não conseguia compreender que mal havia nisso. Disse a mim mesma que esses lapsos de medo não passavam de fruto da minha cabeça. Edward era uma boa pessoa, não havia mal algum em conhecer a casa dele.

-Você tem certeza que é uma boa idéia? – perguntei receosa. – Não será inconveniente se eu for?

Edward revirou os olhos dramaticamente. – Não seja ridícula! Claro que não há problema! – e em um pulo Edward se levantou e me estendeu a mão para me ajudar a levantar. Aceitei-a de bom grado.

Antes de irmos para lá, passamos em uma locadora e alugamos “Minha vida sem mim”, a pedido meu, uma vez que aquele titulo me chamou muito a atenção. Fomos em silêncio durante todo o percurso até a casa dele, o único som entre nós era a música clássica que tocava no som do carro. Fiquei atenta a paisagem que passava por nós, bela e intensa, encantadora; as casas tinham sido substituídas por árvores e o asfalto pelo pedregulho. Ao que parecia, os Cullens moravam no meio do bosque.

E realmente era. A casa estava situada em meio àquele belo bosque, uma casa majestosa e bela, muito bela, fazia jus aos carros de luxo que os Cullens possuíam. Edward, como um cavalheiro, abriu a porta para mim e me guiou até a entrada, abrindo a porta para mim.

-Bem-vinda a minha casa. – sussurrou ele. Foi impossível não ofegar quando entrei a casa era dignada daquelas que haviam em revistas de decoração, harmônica, aconchegante, elegante. Perfeita.

-É linda... – sussurrei ainda meio de boca aberta. Edward riu levemente e começou a me conduzir pela sala.

-Minha mãe é arquiteta especializada em design de interiores. – explicou ele. Assenti em compreensão.

Edward não precisou chamar, mas como se já soubessem, todos os irmãos dele foram descendo e nos cumprimentando animados, logo uma mulher ruiva e tão linda quanto qualquer Cullen apareceu sorrindo maternalmente.

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-Bella, - Edward me chamou. – Essa é minha mãe, Esme Cullen. – gesticulou ele em direção da mãe. – Mãe, está é Bella.

-É um prazer conhecê-la, Sra. Cullen. – sorri amigavelmente. Então, surpreendendo-me Esme me puxou para um abraço rápido.

-O prazer é meu, querida. – assim como aconteceu com os demais Cullens a primeira vez que os vi, Esme tinha um brilho estranho no olhar, e uma emoção diferente na voz. – Seja bem-vinda.

-Obrigada. – sorri meio constrangida, mas isso logo passou pois todo, incluindo Esme, sentamos na sala para assistir o filme.

Ok. Me lembre de nunca mais assistir esse filme, é triste demais... Como a menina podia ter tamanho alto controle para sofrer em silêncio, impedindo que alguém soubesse? E mais, como ela teve forças para preparar toda sua vida, seu marido, suas filhas, tudo, para o dia que partisse? Como ela conseguiu preparar sua vida para que ela continuasse, mesmo que sem ela própria?

Eu não conseguia compreender, meu peito se apertou com toda aquela história, será que teria forças para fazer algo igual? Não sei... Ao mesmo tempo que acho que não teria forças, eu gostaria que as pessoas a minha volta ficassem bem no dia em que eu partisse. Mas será que eu agüentaria tudo sozinha?

Me perdi tanto em meus devaneios que mal percebi quando a porta da frente se abriu. Provavelmente era o pai de Edward, deduzi quando olhei para a janela e constatei que já era noite. Me levantei, assim como todos os outros, Esme foi recebê-lo e eu aproveitei para indagar a Edward se eu estava apresentável, uma vez que havia chorado. Mas ele me garantiu que eu estava linda, não que eu realmente tenha acreditado nele, mas a essa altura, não dava tempo para fazer mais nada.

-Boa noite. – uma voz grossa e estranhamente familiar soou em meus ouvidos. Me virei a direção e estaquei. Não era possível. Não era! Minha respiração cessou e acho que meu coração parou de bater quando vi meu médico de quando eu sofri o acidente parado diante de mim.