Desentendimentos

Capítulo 20


Novamente, a escuridão deixou minha mente, mas desta vez, a escuridão não foi tão prazerosa como da última vez, desta vez eu me senti temerosa por estar naquele breu, agora, eu me sentia desesperada para achar algum porto seguro, ali, eu sentia dor...

Foi um choque perceber como todo o meu corpo parecia doer absurdamente, em especial meu pescoço e meu pulso. Tentei pensar, tentei saber o porquê de uma dor tão agonizante dominar meu corpo, mas simplesmente não conseguia me lembrar. O que tinha acontecido?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

A dor estava me enlouquecendo, era torturante, então senti uma pressão maior ainda naqueles dois pontos; a dor aumentou. Soltei um grito agudo de dor, tentei me desvencilhar da dor, tentei abrir meus olhos, tentei escapar da escuridão, mas não conseguia. O desespero foi me dominando, o que estava acontecendo?

Eu não consegui me lembrar de quem eu era, eu não conseguia me lembrar do que me levara a aquela dor nem a escuridão, eu não sabia nem meu próprio nome, a única coisa que eu sabia era que meu corpo estava em chamas, meu pescoço e meu pulso eram armas mortais contra o restante do meu corpo.

Alguém faça parar! ALGUÉM APAGUE O FOGO!

Eu tentava implorar por ajuda, tentava gritar, mas parecia que minha boca estava tapada, tapada pela escuridão. Eu precisava fazer alguma coisa, precisava dar um jeito da dor se aplacar.

Então lutei com todas as minhas forças, finalmente um grito saiu de minha garganta sufocada, mesmo com minhas pálpebras pesando uma tonelada, eu consegui abri-las, e quando abri, foi um choque.

-Bella? – a voz inconfundível de Carlisle me chamou, parecia perturbado. – Bella fale comigo!

Girei meu olhar para encontrar o rosto agoniado do médico.

-Carlisle...? – minha voz não passou de um sussurro, minha voz era acumulada de cansaço e eu não conseguia me lembrar do por que.

-Como se sente, querida? – perguntou ele ansioso, senti uma leve pressão em meu peito. Precisei pensar por um minuto para conseguir responde-lo, tentei sentir meu corpo, tudo parecia queimar, mas meu pulso e meu pescoço estavam doendo muito mais do que qualquer outra parte.

-Oh... – gemi estremecendo. – Me sinto como se estivesse em chamas.

Carlisle fez careta e olhou em outra direção, parecia irritado; acompanhei seu olhar e encontrei Alice, ela parecia arrependida, parecia sofrer, parecia... Parecia... Suja?

Franzi o cenho e apertei meus olhos, tentando enxergar melhor. Alice estava MESMO suja, pouco, mas suja. Tentei identificar o que era aquilo em seu rosto. Era tão... Parecia tão... Cheirava tão... OMFG! ERA SANGUE!

No mesmo instante senti meu estomago revirar, por que Alice estava suja de sangue? Antes que eu pudesse verbalizar essa pergunta a baixinha se aproximou, ajoelhou-se ao meu lado e segurou minha mão.

-Por favor, Bella, me perdoe, me perdoe. – a pequena começou a soluçar baixinho. – Me perdoe, mas era a única maneira, eu juro, eu VI, era a única!

As palavras dela pareciam grego para mim, eu não estava entendendo o porquê de tudo aquilo. Procurei novamente por Carlisle a fim de achar as respostas para minhas indagações silenciosas, ele pareceu poder ler minha mente, pois tratou de me explicar:

-Você tentou se matar Bella... – sua voz era baixa, mas repleta de tristeza e dor. – Lembra-se disso? Tentou se matar depois de ver Edw... – sua voz morreu. Nem precisei que ele terminasse a frase, os fashs de Tanya e Edward se beijando na nossa festa de casamento invadiram minha mente como mil agulhas penetrando a carne.

A dor me fez arfar, era doloroso demais saber que Edward tinha feito aquilo comigo, era doloroso saber que eu não só fui rejeitada como também fui humilhada pela pessoa que mais amo. As lágrimas rapidamente tomaram conta de meus olhos.

Obriguei a mim mesma a afastar aquelas lembranças de minha cabeça, eu ainda queria entender o restante. Fiz menção de me sentar, mãos quentes me ajudaram, virei-me para ver quem era, e ali estava Seth, todo piedoso, preferi não entender sua piedade.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Voltei minha atenção à questão principal no momento; fitei-me, ainda estava vestida de noiva, ou pelo menos com o que sobrou do vestido, pois ele estava quase que totalmente manchado de vermelho, o que deduzi ser sangue. Vi meus pulsos enfaixados, aquilo me agoniou, eu sabia que já havia perdido os movimentos de uma das mãos por fazer aquilo, será que eu havia perdido os movimentos da outra também?

Hesitante, eu tentei mexer meu braço direito, para meu alivio, eu consegui. Instintivamente, levei minha mão ao meu pescoço, também estava enfaixado.

-Você quase conseguiu Bella... – Carlisle voltou a falar, arrancando-me de meus devaneios, voltei a fita-lo. – Você quase morreu Bella, - a voz dele era cada vez mais dolorosa. – Assim que Alice viu-a se cortando, nós ligamos para Seth, para que ele fizesse alguma coisa, enquanto não chegávamos bom, ele ficou ao seu lado todo o tempo, mas não conseguiu deter o sangramento. – Carlisle engoliu em seco. – Quando chegamos você estava morrendo...

Fechei meus olhos e tentei encontrar algum ar para meus pulmões que estava tão necessitado, não encontrei nenhum, eu estava destruída, meu ar não mais existia em meu mundo, meu chão se desintegrara, minha razão de viver se fora, como poderia eu sobreviver sem... Sem... Sem ELE ao meu lado? Como? Não era possível, e creio que não era a única consciente disso, todos ali pareciam compreender isso muito bem.

-Alice agiu por impulso Bella, se eu tivesse percebido a tempo, se eu tivesse tido ALGUMA idéia que ela faria isso... – Carlisle voltou a falar agora mais agoniado; abri meus olhos e o fitei, confusa, não compreendia a onde ele queria chegar. – Foi à única maneira de salva-la Bella... – declarou ele por fim.

Eu não conseguia compreender, não conseguia entender a onde Carlisle estava chegando.

-O que está tentando dizer, Carlisle? – perguntei confusa, minha mente não estava trabalhando direito.

Carlisle soltou um suspiro cansado, fitou Alice por um breve segundo e voltou a me encarar. Temeroso, ele falou:

-Bella; Alice... Alice – nunca vi um vampiro gaguejar. – Alice mordeu você...

Senti meu corpo estremecer com tal revelação, não podia ser verdade, podia? Lembrei-me da dor absurda que senti a pouco, uma dor insuportável, algo que se parecia muito com a dor que senti quando James me mordeu. Mas, se Alice havia me mordido, por que eu ainda me sentia humana? Por que eu me sentia, normal, dolorida, mas normal.

O pânico foi tomando conta de cada célula do meu corpo, eu queria me acalmar, queria pensar com coerência, mas não conseguia, minhas mãos foram ficando suadas, minha cabeça estava confusa, minha respiração ofegante, meu coração parecia querer sair pela boca e... Espera. Eu disse meu coração?

O choque transpassou meu rosto, Carlisle deve ter percebido, pois se aproximou. Levei minhas mãos até meu peito e senti ali, meu coração estava batendo, como era possível? Alice havia me mordido, não? Então como eu ainda era humana? Seria possível eu estar consciente e lúcida como estava DURANTE a transformação? Parei para refletir por um instante, não creio que fosse possível, a dor era insuportável, não? A única coisa em sua mente é o desejo pela morte. Então, como eu não sentia tanta dor? Como meu coração ainda batia? Por que eu não me sentia vampira?

Olhei para Carlisle a procura de respostas, ele pareceu compreender, pois logo pediu que me acalmasse.

-Acalme-se Bella. – pediu ele, mas era algo impossível de se fazer, eu me sentia tonta com tanta informação, nada estava fazendo sentido, eu estaria enlouquecendo? – Bella me escute, por favor! – pediu Carlisle chacoalhando-me pelo ombro. Ainda anestesiada pelo excesso de informações o fitei sem dizer nada.

-Bella... – Carlisle deu um suspiro cansado, fitou Alice por um breve momento e voltou a me encarar. – Alice mordeu você, mas eu suguei o veneno em seguida, você ainda é humana.

Senti minhas sobrancelhas se franzirem em sinal de confusão, por que Alice faria aquilo? Não fazia sentido... Morder-me e depois sugar o veneno? PRA QUE?

Olhei para o médico a minha frente, perguntei silenciosamente o que tudo aquilo representava; eu estava tão aturdida com todo excesso de informações que nem mesmo sabia dizer o que estava sentindo.

Dr. Cullen deu um suspiro cansado antes de começar a me explicar.

-Alice viu-a morrendo Bella... – explicou ele sem me encarar, também baixei meu olhar. – Ela viu que seu coração não agüentaria, a única coisa que poderia fortalecê-lo era o veneno, como você bem sabe, o veneno mantém qualquer coração, por mais fraco que esteja batendo.

Tudo aquilo era demais para mim, muita informação para UMA vida só! Quem dirá um dia então! Olhei para Alice, seu olhar era torturante, ela se aproximou e ajoelhou-se ao meu lado.

-Perdoe-me Bella, - pediu ela em meio aos soluços. – Sei que a seus olhos parece que eu quis fazê-la sofrer a toa, mas juro que não foi! Eu juro! Mas era a única maneira de salva-la! Sei que sofreu e lamento por isso, mas não podia permitir que você... – ela não se permitiu terminar a frase, enterrou o rosto em meu colo e chorou.

Eu não conseguia pensar com coerência, estava entorpecida, as imagens de todos os acontecimentos do dia, as imagens de Edward e Tanya se beijando passavam por minha mente, doíam, mas eu não conseguia reagir, tudo passava por mim, tudo me feria mais e mais, mas eu simplesmente não conseguia fazer algo, eu estava paralisada pela dor.

Nada disse, mesmo com todos esperando para que eu falasse, eu não o fiz. Não sabia o que dizer, nem sabia se existia algo para dizer. Eu parecia não conhecer mais as palavras, parecia não conhecer mais as pessoas a minha volta, não conhecia mais nenhuma ação, nenhuma reação, não reconhecia nem a mim mesma. Nada! Tudo era estranho para mim! Um mundo diferente, um mundo estranho... Demorei alguns segundos para perceber o porquê de me sentir assim, aquele era um mundo sem Edward...

Doeu-me, pensar naquelas palavras, mas era a verdade, esse era o fim do nosso amor, era o fim de tudo. Era hora de começar de novo, era hora de reaprender a viver, aprender tudo desde o início, começar engatinhando nesse mundo tão esquisito. Meu coração se apertou tão forte, tão dolorosamente forte, que eu soube, naquele momento, que ele jamais voltaria a se abrir. Talvez fosse melhor assim.

-Bella? – a voz triste de Alice trouxe-me novamente para a realidade. – Pode... Podemos conversar, por favor? Sei que esta entorpecida, mas a muito que conversar... Sei de suas intenções e não vou fazer objeção se essa for mesmo a sua vontade, mas, por favor, me escute, apenas escute... – suplicou ela.

Eu não conseguia pensar, eu sabia que não deveria falar com Alice, mas não conseguia assimilar o porquê de não poder falar com ela.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Em nome de nossa amizade Bella, em nome do amor que sentimos uma pela outra, você é minha irmã por Deus me de uma chance. – ela implorou e tudo que fiz foi assentir com a cabeça. Ela se virou para o pai e Seth e pediu. – Podem nos deixar sozinhas por um instante?

Ambos assentiram e em silêncio, saíram do quarto.

Observei todos saírem do quarto em silêncio para só então voltar a fitar Alice, eu não queria conversar, não queria olhar para a cara daquela vampira que tanto amava, mas sabia que seria a única maneira dela me deixar em paz.

Alice ficou em silêncio por algum tempo, talvez tentando traduzir meu rosto ou tentando escolher as palavras certas. Aguardei em silêncio, indiferente, nada mais fazia sentido, nada mais importava.

-Bella... – Alice me chamou receosa, me dignei apenas a olhá-la. – Bella, por favor, acredite, - Alice pegou minhas mãos, sua voz era agonizante, não fiz nada. – Bella eu juro, JURO Bella, juro por tudo que é mais sagrado que eu NÃO sabia!

Não falei nada, nada precisava ser dito, ambas sabíamos que eu não havia acreditado.

-Bella, eu juro Bella, JURO! Você sabe como eu a amo, se eu soubesse, se eu tivesse visto eu jamais teria permitido... – não permiti que ela dissesse mais nada, o sangue me subiu a cabeça, a raiva me dominou, explodi com Alice:

-FAÇA-ME O FAVOR ALICE! – Gritei a plenos pulmões. – VOCÊ VÊ O FUTURO! SEMPRE ENCHERGA CADA PASSO QUE VOU DAR! ATÉ PARECE QUE VOCÊ NÃO VIU AQUILO ACONTECENDO!

-EU NÃO VI BELLA! JURO QUE NÃO VI! – Gritou Alice a beira do desespero, não me comovi. – Você sabe que não posso ver nada com os lobos por perto! Eu não tinha como saber Bella, juro que não tinha! – Ela soluçava.

Fiquei alguns instantes em silêncio, pensando nas palavras de Alice, eu sabia que eram verídicas, sabia que quando um lobisomem estava perto as visões de Alice sumiam.

-Você sabe que eu falo a verdade Bella... Sabe muito bem que se eu tivesse visto teria te avisado ou tentando impedir, mas... Mas eu não tinha como saber.. – Alice apertou suas mãos nas minhas, sem me machucar. – Bella eu a amo! Você é minha irmã, eu jamais permitiria que alguém a fizesse sofrer, se eu soubesse eu teria feito algo, por favor, acredite em mim.

Refleti por algum tempo, por um lado, as palavras de Alice faziam sentido, por um lado eu queria acreditar nas palavras da baixinha, eu queria acreditar que pelo menos ela, pelo menos Alice não havia sido tão cruel comigo.

Mas havia coisas que simplesmente não faziam sentido, por que Edward fizera aquilo comigo? Por que aquele momento? Por que se casar então, se sua única intenção era me humilhar? Por que Tanya? Logo quem ele sempre disse não sentir mais que afinidade familiar... E mesmo que já a amasse, por que Tanya se sujeitaria a aquilo? Ali? Na frente de todo mundo? Não era possível que aquele beijo saísse do nada, algo já deveria existir.

Eu tinha muitas perguntas, tinha um pé atrás com todos, se Alice dizia a verdade, se Alice verdadeiramente não sabia, ela me diria a verdade, não é mesmo? Ela seria sincera comigo agora, quando eu perguntasse...

Encarei Alice, fitei seu olhar procurando algum vestígio de mentira, de falsidade, nada encontrei, então essa seria a prova se Alice tinha ou não algo a ver com tudo aquilo.

-Se você realmente não sabia, - comecei sem desviar o olhar, Alice foi ficando mais branca já sabia o que eu pediria. – Se você realmente seria leal a mim e teria me dito se soubesse, me diga Alice; Edward e Tanya já tiveram um caso?

Alice desviou o rosto, pude ver sua luta interna, demorei alguns segundos para perceber que eu havia colocado-a contra a parede, feito-a escolher entre sua melhor amiga e seu irmão favorito. Me senti mal por isso, mas esse sentimento de culpa logo passou; depois de tudo que Edward me fez, eu merecia um pouco de consideração da minha melhor amiga.

-E então Alice? – insiti arqueando uma sobrancelha. Por mais que meu rosto demonstrasse toda a indiferença, meus batimentos me entregavam, a verdade é que eu temia ouvir a resposta.

Ela me olhou triste. – Sim... – disse ela desviando o olhar. – Eles tiveram um caso, há muito tempo.

Senti uma adaga transpassar meu peito, o ar fugiu de meus pulmões por alguns minutos, eu já imaginava algo como aquilo, mas ouvir a confirmação foi pior do que eu imaginava, o mundo foi ficando acinzentado, a vida foi perdendo o brilho à medida que eu juntava as palavras de Alice com as imagens de Edward e Tanya se beijando. Com a única mão que respondia a meus comandos, eu me abracei, tentando fazer com que aquele buraco dentro de mim parasse de me sugar para dentro de si, minha alma estava sendo devorada pela solidão e pela desilusão.

Alice me envolveu num abraço apertado, tentando talvez me reconfortar, mas não adiantava nada mais adiantava. Passamos algum tempo assim, sem dizer nada, Alice soluçava, e eu, sem reagir. Fiquei surpresa em perceber que já não possuía mais lágrimas, estava seca. Por mais que sentisse que ia chorar, que PRECISAVA chorar, isso não acontecia. Eu continuava estática.

-Se te consola de alguma maneira, Bella... – sussurrou Alice em meu ouvido. – Isso faz anos. Foi muito tempo antes de Edward encontrar você... – ela afagou meu ombro, dando-me conforto, ou ao menos, tentando, nada me consolava. – Ninguém nunca soube disso até hoje...

As palavras de Alice estavam longe, eu não consiga fazer ou pensar mais nada, tudo tinha terminado, que sentido tinha minha vida agora? Como seguir em frente quando não há mais estrada para percorrer? Como continuar a respirar quando o oxigênio não mais existe em seu mundo? O que se deve fazer para reconstruir um coração quebrado em incontáveis pedacinhos? O que fazer quando seu sol se apaga? Sua vida se torna fria e sombria?

Essas eram as indagações que me perturbavam, eu não conseguiria seguir em frente, eu não QUERIA seguir em frente... Minha vida chegara ao fim, mas, para meu completo azar e desespero, a morte não acompanhou minha vida. Agora eu havia chegado ao fim, sem poder obter o descanso eterno; havia castigo pior? Eu duvidava...

-Você sempre soube não é mesmo? – perguntei numa voz calma e baixa. Não queria brigar nem acusá-la de nada, queria apenas... Saber.

Alice me apertou mais forte, não me atrevi a fita-la.

-Sim, - disse-me ela. – Sempre soube, mas eles não estavam juntos há muitos anos Bella, ele tinha vergonha desse passado, implorou para que eu guardasse seu segredo. – Alice soltou um soluço baixo. – Entenda que ele é meu irmão favorito, e ele havia me jurado que aquilo era passado. Eu não tinha idéia que um dia aquele sentimento pudesse voltar, juro que não sabia, se eu tivesse visto isso, se tivesse previsto uma chance, pequena que fosse, eu teria lhe contado Bella, eu juro!

Eu não respondi nada, não fazia mais diferença, Alice continuou a soluçar, não esbocei reação nenhuma, talvez, nem mesmo tivesse reação a esboçar.

-Bella, - ela levantou meu rosto forçando-me a encará-la. – Bella, por favor, diga alguma coisa! – Alice estava à beira do histerismo. Meu rosto continuou imparcial.

-O que quer que eu diga Alice? – perguntei sem entonação.

-Diga que me perdoa! Diga que vai matar Edward! Ou Tanya! Diga que vai matar os dois! Diga que vai correr para os braços de Mike Newton ou de Jacob Black! Diga qualquer coisa! Mas diga ALGUMA coisa, Bella! – ela me chacoalhou de leve.

O que ela esperava que eu dissesse? HAVIA algo a ser dito?

-Não há nada a ser dito Alice. – falei calma como a morte. – Quer que eu lhe diga como estou destruída por dentro? Acho que você já sabe disso! Quer que eu lhe diga que eu quero morrer? Acho que você também já sabe disso, mas creio que não me ajudará não é? – senti uma pontada de esperança. Será que Alice me ajudaria? – Você me ajudaria, Alice? Em nome da nossa amizade. Se eu te pedisse para acabar com a minha vida, você o faria?

Estranhamente, me senti ansiosa, talvez Alice fosse o anjo que me tiraria de todo esse inferno. Alice me encarou com olhos tristes e negou com a cabeça acabando com todas as minhas esperanças.

-Sabe que eu jamais faria isso, Bella! – a voz dela era repleta de pena e pânico.

-Então. Não há nada a ser dito Alice. – me deitei de costas para Alice, abracei meus joelhos e fiquei a fitar a parede, não queria mais conversar, não queria mais nada.

Alice ficou em silêncio por algum tempo, tempo o suficiente para me perguntar se ela ainda estava ali, mas quando eu estava prestes a olhar, senti sua mão afagando meu ombro.

-Sabe Bella, sei que quer morrer, sei que não vê mais sentido para nada, sei que quer tirar Edward da sua cabeça, não vou te ajudar a morrer, mas posso te ajudar a recomeçar...

Fiquei confusa, o que Alice queria dizer? Encarei, sentei-me na cama esperando que falasse.

-Olha, Edward vai procurá-la, só não está aqui agora porque Emmett o esta segurando, literalmente! Mas, se você quiser, posso te ajudar a fugir, ir para um lugar onde ele não irá encontrá-la! Você pode ficar o tempo que quiser lá, pensar com calma, resolver o que fará da vida, eu e minha família a ajudaremos a recomeçar, com ou sem Edward! Amamos você, Bella, queremos vê-la feliz!

Parei para refletir nas palavras da baixinha, isso seria possível? Um recomeço? Um lugar longe de Edward?

-Ele vai me achar Alice! – declarei por fim, sem esperanças.

-Não nesse lugar que quero lhe mandar! Ele jamais te procuraria lá.

-E onde seria? – perguntei descrente, existia tal lugar?

-Na Ilha Esme! No Brasil! – ela abriu um leve sorriso. – Era pra lá que ele iria te levar para passar a lua-de-mel. – Senti a dor em meu peito apertar com aquelas palavras, mas Alice prosseguiu. – Ele sabe que você nem se quer sabe que existe essa ilha, e por ser onde seria a lua-de-mel de vocês, ele jamais a procurara lá. Então, o que você me diz?

Eu pensei muito sobre isso, seria uma boa idéia? Poderia o plano maluco de Lice dar certo? Eu duvidava, Alice sabia disso.

-Não tem mais nada a perder... – disse ela tristemente.

Ela tinha razão, se ela achava que daria certo então valia à pena tentar.

-Ok, eu vou então!