About Feelings

Confissões


Transformar a Yuuei em um internato foi algo surpreendente, sendo capaz de superar apenas a permissão de Endeavor quanto a mudança de Shoto para os dormitórios.

Todavia, a recepção não foi nada agradável. Todoroki sequer teve tempo de admirar os prédios da Heights Alliance, Aizawa tirava toda a sua concentração com o sermão que passava à 1-A.

Todoroki reconhecia que o resgate realizado por ele e seus colegas havia sido irresponsável e que poderia ter acabado mal, mas eles simplesmente não podiam ficar parados. Sem escolhas, Shoto escutou o sermão calado.

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— Animem-se. – Aizawa deu as costas aos seus alunos, dirigindo-se aos degraus que levavam a entrada do prédio.

Como animar-se após Aizawa ter dito que expulsaria a todos por causa da ideia de Kirishima e Todoroki? Parecia impossível, porém, toda a tensão foi quebrada por um Kaminari bobão de polegares erguidos e pulinhos animados.

Toda a atenção da 1-A estava voltada para o loiro em seu estado idiota, contudo, Shoto tinha seus olhos em outro lugar. Um pouco distante do grupo, Bakugou entregava dinheiro ao Kirishima, se tratava do valor dos óculos de visão noturna usados para espiar a fábrica de Nomus durante a operação de resgate.

— Apenas seja o idiota de sempre. – Bakugou murmurou seguindo em direção a entrada.

Todoroki não era nenhum especialista em sentimentos, mas também não era burro. Ele compreendia o que havia acontecido ali, principalmente pelo modo como Kirishima olhava para as costas de Katsuki e sorria serenamente.

Novamente, Shoto ficou feliz pelo ruivo e isso apenas o incentivou ainda mais a fazer o que vinha martelando sua mente desde o desabafo de Kirishima no hospital.

A oportunidade veio. Não da forma como Todoroki esperava, mas Asui os chamou de repente para conversar e contou tudo o que sentia, sobre ter se achado inútil e não ter conseguido parar a operação de resgate.

Kirishima se aproximou dela, pedindo desculpas, e isso incentivou todos a fazerem o mesmo. Afinal, Todoroki sabia que Eijirou iria até o fim por Bakugou, todavia, isso não era um empecilho para que ele se sentisse culpado por ferir os sentimentos de Tsuyu desse jeito.

Em seguida, Uraraka animou o grupo e começaram, pouco a pouco, a entrar. O coração de Shoto quase parou. Era agora ou nunca.

Esperou todos entrarem, menos o alvo esverdeado de sua paixão, e então murmurou:

— Midoriya. Espere.

O garoto parou e o olhou, parecendo confuso e curioso.

— Todoroki-kun... O que é? Tudo bem? – ele deu meia volta, andando até Shoto.

Todoroki suspirou. Uma. Duas. Três vezes. Seu coração estava a mil e era evidente a preocupação no rosto de Izuku, o qual estava claramente confuso quanto a suas intenções.

— Tudo bem? – o menor insistiu.

Todoroki suspirou mais uma vez antes de dizer:

— Midoriya. Eu nunca lidei com esse tipo de coisa antes, então é difícil para eu falar. Eu... Preciso que me escute.

Izuku concordou com a cabeça, olhando o meio-a-meio fixamente.

— Eu não sei ao certo desde quando isso começou, acho que desde um pouco antes da luta com o assassino de heróis. E mesmo assim... Apenas no hospital fui me dar conta disso e do quanto eu poderia perder se não contasse a você. Midoriya, você... É uma pessoa incrível e que me ajudou quando eu mais precisei. É claro, tem mais qualidades suas, tudo isso me atraiu, mas... Eu gosto de você, Midoriya. E eu queria saber... Se você sente o mesmo.

Shoto mal acabou de falar e sentiu-se amargamente arrependido pelo silêncio que se instalou acompanhado de uma expressão de susto no rosto de Izuku.

Ele engoliu em seco e cerrou levemente os punhos, procurando manter a cabeça erguida para encarar seu amado. Todoroki finalmente havia conseguido coragem para confessar-se, não iria jogar tudo fora naquela altura.

Midoriya, por outro lado, fazia esforço para manter a cabeça baixa ou os olhos longe da figura de Shoto. Ele não sabia se o que mais lhe assustava era o fato de um garoto estar se declarando ou o fato do garoto ser Todoroki Shoto.

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O suor pingava da face de Izuku e as pontas de seus dedos tocavam-se freneticamente em um ato de nervosismo.

Não fazia muito tempo desde que ele percebeu que o que sentia por Uraraka era somente uma paixão à primeira vista passageira. Depois disso, ele apenas manteve seu foco em se tornar um herói, nunca parou para pensar em Shoto de uma maneira romântica.

O silêncio que se estendeu entre os dois foi constrangedor, deixando Todoroki ainda mais impaciente e ressentido. Como ele podia ter pensado que Midoriya sentiria o mesmo?

Midoriya respirou fundo e foi interrompido no exato momento em que abriu a boca para dizer o nome do garoto que havia acabado de confessar. O responsável pela interrupção havia sido Iida, o qual chamava ambos para entrarem, lhes dizendo que estava muito tarde para ficar ao ar livre e que assim eles poderiam ficar resfriados.

Todoroki foi o primeiro a entrar, deixando Izuku para trás sem nem conferir sua expressão uma última vez, ele desejava apenas voltar ao seu quarto e trancar-se lá pelo resto da semana.

Shoto chegou a notar Midoriya parando para falar algo com Iida e isso fez com que fosse sozinho ao elevador. Enquanto, inquieto e frustrado, esperava para chegar ao seu andar, a porta se abriu e uma figura ruiva entrou

Kirishima tinha um brilho enorme no olhar e ele sorriu abertamente ao ver Todoroki. Antes que o Shoto pudesse dizer algo, Eijirou já foi logo disparando palavras atropeladas:

— Sabe, e-eu tenho muito a te agradecer, Todoroki! Eu me confessei para o Bakugou e ele, ele... ACEITOU!

Shoto quase se contagiou com a euforia do ruivo, entretanto, naquele momento ele não conseguia se animar com nada, não sem tirar Izuku da cabeça.

Kirishima continuou contando:

— E sabe, se não fosse a sua ajuda para resgatá-lo, isso não teria sido possível. Então... Obrigado, obrigado mesmo, Todoroki!

Ele forçou um sorriso. Foi difícil, mas fez isso para manter as aparências.

— Não foi nada. Qualquer um que faça esse tipo de coisa pela pessoa amada merece ajuda com o que for preciso, Kirishima.

O tom de voz de Todoroki soou desanimado e Kirishima, apesar da própria felicidade, não deixou de notar. Pensou em falar alguma coisa, porém, não devia invadir o espaço pessoal de Shoto. No lugar disso, apenas o deixou ir embora quando as portas do elevador se abriram novamente.

Além do resto daquela noite, não houve muito tempo para os garotos refletirem sobre a declaração, pois o exame para a licença provisória chegou. Eles mantiveram-se ocupados com longos treinos e a criação de novas técnicas secretas. Todoroki agradeceu por isso, já que assim podia manter sua mente ocupada ao invés de ficar se afogando em sentimentos negativos.

Durante a execução da primeira parte do exame, Midoriya sugeriu que toda a turma ficasse junta, óbvio que Bakugou foi contra e saiu correndo, sendo seguido por Kirishima. Shoto também pensou que afastar-se do grupo seria melhor para si, já que gostava de trabalhar sozinho e perderia o foco facilmente perto do amado.

Todoroki foi muito bem na primeira parte do exame, sendo o primeiro de sua turma a ser classificado. Todavia, seu desentendimento com Inasa durante a segunda parte lhe resultou uma reprovação, mesmo que ele tenha aberto os olhos nos últimos momentos, em parte por causa de Izuku, que surpreendentemente sempre intervia para clarear as coisas.

Foi um choque para si não encontrar seu nome no telão de aprovados, por fora exibia sua típica apatia, mas por dentro remoía-se. Inconscientemente, seus olhos passearam pela seqüência da letra "M" e encontraram o nome "Midoriya Izuku". Em meio ao amontoado de alunos, Shoto encontrou o dono dos cabelos verdes comemorando e não pode evitar de ficar feliz pelo seu sucesso.

Logo após o locutor falar que os reprovados poderiam tentar novamente, Uraraka o encorajou e então Izuku, esquecendo-se da situação complicada em que se encontravam, fez o mesmo, fazendo o coração do pobre rejeitado enlouquecer. Shoto queria dizer muito, muito mais, mas se contentou em falar apenas que trabalharia duro para alcançar Midoriya e Iida, uma vez que não queria estragar o momento.

Todos estavam reunidos na sala após um grande dia, era gratificante para os alunos (com a exceção de dois) terem recebido suas carteiras de licença provisória. Alguns haviam acabado de sair do banho, outros estavam agitados e o resto enviava mensagens.

Midoriya fazia parte dos que tinham o celular em mãos, havia acabado de enviar uma mensagem para All Might e aguardava a resposta ansiosamente.

— Ei! – uma voz grave e conhecida lhe chamou.

Deku olhou na direção da voz e surpreendeu-se ao ver Kacchan indo em sua direção.

— Vá lá para fora depois. – o loiro ordenou e continuou seu caminho. – É sobre sua individualidade.

Essa frase fez Izuku congelar no lugar e perder uma batida de seu coração.

Do outro lado da sala, Todoroki observava atentamente os dois, perplexo com a ordem de Bakugou. O que o loiro pretendia fazer? Apenas conversar, não? Shoto não queria preocupar-se, mas sabia do histórico de Katsuki em relação ao Midoriya, o que fazia aquilo não cheirar nada bem.

Todoroki procurou evitar qualquer tipo de paranóia e decidiu retornar aos seus aposentos. Mas por que ele continuava a sentir-se perturbado com alguma coisa?

Era de madrugada quando Shoto levantou-se e concluiu que seu frigobar estava vazio. Ele podia simplesmente ignorar isso e voltar a dormir, entretanto, sua garganta seca implorava por um pouco de água.

Eleandou vagarosamente até o andar de baixo, parando na porta da sala ao encontrar duas figuras sentadas no sofá.

— Isso dói, porra! – Bakugou reclamou.

— Me desculpe, mas foi você quem quis brigar e não soube fazer alguns curativos! – Kirishima inflou as bochechas enquanto passava um pano úmido pelas feridas de Katsuki.

— Tsc. – o loiro virou o rosto.

O local contava com o luar entrando pela janela como única fonte de luz, apesar disso, Todoroki conseguia identificar machucados espalhados pelo corpo de Bakugou.

— Por quê? – Eijirou cuidadosamente enrolou uma faixa em volta do braço de seu namorado. Preocupação e repreensão faziam-se presentes em sua voz.

— É tudo culpa daquele nerd de merda! Pegando...- Katsuki subitamente se calou e abaixou a cabeça, cerrando os dentes.

—Bakugou?- A voz de Kirishima soou preocupada mais uma vez- Tudo bem? O que foi?

—Eu não posso contar- E aquilo saiu quase como um sussurro- Não é um segredo meu.

—Bakugou...

—É sério, não dá!- Todoroki, olhando de longe, teve a impressão de ver uma lágrima saindo do olho do loiro- Eu... Só...

Kirishima fitou o namorando, apertando suas mãos, então o puxou para um abraço.

—Tudo bem se não quiser contar, Katsuki- Kirishima falava num tom calmo e tranqüilizador, até mesmo chamando o loiro pelo primeiro nome- Só... Se lembra que eu estou aqui para o que precisar, ok? Eu posso ficar a noite inteira aqui se você quiser.

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Bakugou não respondeu, apenas retribuiu o abraço do ruivo, de uma forma tão carinhosa que Shoto nunca tinha visto ele agir antes.

Todoroki, após ver toda essa cena, arregalou os olhos e recebeu um estalo em sua cabeça. Claro que Bakugou não chamou Deku para uma conversa civilizada! Aqueles machucados... Eles haviam lutado! Shoto afastou-se com cautela para não denunciar sua presença e foi direto ao quarto de seu amado, precisava saber se ele estava bem e descobrir mais sobre o confronto.

As batidas na porta despertaram Izuku do turbilhão de pensamentos que tinha em sua mente. Quem poderia ser?! All Might ou Aizawa que tinham dado um jeito de entrar? Kacchan outra vez? Ou quem quer que fosse, o que queria?

Ele levantou-se lentamente e abriu a porta, dando de cara com o olhar preocupado de Todoroki.

— Midoriya! – Todoroki sequer deixou Izuku falar. – O que aconteceu lá fora? Você... Está machucado... – observou, fixando seus olhos nas marcas em seu corpo.

— T-Todoroki... – ele balbuciou. Como ele iria explicar sobre a briga que teve com Kacchan? Ou sobre o One For All?

Aquelas eram questões demais até mesmo para ele, e somadas com os sentimentos da pessoa parada a sua frente, Izuku se encontrava totalmente perdido.

— Eu posso entrar? – Todoroki pediu. – Se quiser, eu faço os curativos, não precisa...

— Está tudo bem. – Midoriya abaixou o olhar novamente, sentindo o rosto esquentar. De todas as pessoas no mundo, Shoto era a última que ele gostaria de preocupar. – M-Me desculpe. Nós... Conversamos depois, pode ser?

Não podia ser! Shoto estava prestes a falar algo quando Midoriya fechou a porta, deixando-o desolado. Por que ele tinha que deixar as coisas estranhas justo no momento em que Izuku mais precisava de apoio? Perdido no meio daquela angústia, ele demorou, mas depois de um tempo finalmente deixou a porta de Midorya.