Capítulo Único. - Escolha.

Namjoon amou alguém.

Era tudo o que sabiam naquela manhã fria, onde até as mais belas flores pareciam encolherem-se diante da densa neve.

Namjoon amou alguém, era o que murmuravam. Namjoon tinha um rosto bonito, uma boa reputação, uma casa grande, um jardim bem-cuidado. Mas porquê haviam rosas azuis e sangue no tapete da sala?

Namjoon amou alguém!

Mas Namjoon amara muitas pessoas. Tivera muitos amores. Distribuía sorrisos onde quer que fosse, conquistava pessoas sem esforço, gostava do som das gargalhadas, apaixonava-se por olhares. Era alguém de fala gentil, cujas lágrimas escondia. Tinha muitos amigos, ah sim, tantos que mal conseguia contar. Papo fácil, alto astral, assuntos variados. Gostava de viver, e tinham-no como quase perfeito. Mas não era.

Pessoas perfeitas não choram. Pessoas perfeitas não eram assoladas por aquela maldita doença sem cura. Aquele vazio solitário e desesperador, aquela fase ruim até que a primeira pétala manchada de escarlate surja e torne tudo pior.

Maldita seja Afrodite e os demais deuses do amor. Maldito seja Platão e suas categorias. Malditas sejam as flores e suas infinitas cores. Maldita seja Hanahaki e a escolha de Namjoon.

Malditas eram aquelas dores que lhe assolavam e sufocavam, as mesmas que escondia. Não saía de casa havia duas semanas; porque ninguém suspeitara? Dizia apenas estar cansado. Ninguém ouvira-lhe a voz rouca pelo telefone? Um resfriado não lhe faria tão mal.

Ah, era poeticamente bela aquela imagem. E como se o amor fosse morte e a morte fosse vida, eram lindas aquelas flores espalhadas pelo cômodo. E era fria a ausência de Namjoon dentre as paredes brancas daquela casa.

Sua causa tinha cabelos e olhos escuros, pele alva, lábios grossos, olhar furtivo e sorriso brilhante. Sua causa chorava em meio às rosas, pegando para si tudo que ainda achava poder salvar de alguém que não fora capaz de notar à tempo.

Achavam-no perfeito. Mas pessoas perfeitas não amam. E Namjoon amou alguém. Amou até que a última pétala caísse, mergulhada no sangue e nas ilusões de quem escolheu morrer a deixar de amar.

E, como o destino é traiçoeiro por si só desde seus primórdios, em meio àquela dor incurável Jin também descobriu que amava.

Oh, era tarde. E a primeira pétala, escura como a noite, foi expelida em meio às lágrimas cientes de alguém que se despede. E, dentre rosas, espinhos e um sorriso doloroso, sua escolha foi feita.