Indira
Único
Alucard só a vira uma única vez. Andava descalça, mas a confiança era de alguém que andaria até em cima de brasas. O cheiro dela era interessantíssimo, sabia que na cultura dela o perfume era algo importante. O tintilar das pulseiras e brincos. Arthur lhe lançou um olhar de nojo, quando o pegou observando-a.
—Deixe-a, Alucard.
A mulher indiana abaixou-se, tocou o chão aos pés do vampiro de cinco séculos de idade, e ergueu a cabeça para olhá-lo. Os olhos eram castanho claro, quase dourados.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Eu peço a sua benção, por que viveu mais do que todos nós.-Disse ela, o inglês entendível, mas ainda sim com sotaque.
—Monstros não abençoam pessoas, senhorita.-Alucard disse, um sorriso endiabrado no rosto.
—Todo homem é um monstro, assim que lhe colocam uma arma nas mãos.
Alucard nunca esqueceria as palavras dela. Então quando ela se levantou, ele se ajoelhou.
—Você tem então a minha benção, Senhorita. A escuridão que for minha, nunca machucará você ou os seus. A noite terá um espaço para te proteger, a partir de hoje.
—Não se dá bênçãos de joelhos, Senhor.-A mão quente dela pousou nos cabelos macios do vampiro.
—Mulheres como a senhorita me colocam de joelhos.-Estas palavras a calaram por um momento, então ela sorriu,tomou as mãos frias dele nas suas e o fez se levantar.
—Tenha uma boa noite, Senhor.
—Você também, Senhorita.
Mas a noite de Alucard não foi nada agradável. Na madrugada, Arthur desceu ao porão, os olhos azulados tremendo de cólera e pavor.
—Você é fraco, Arthur.-O vampiro disse, sentado em seu trono.Sabia o que o homem estava prestes á fazer.
—Posso até ser, mas estarei protegendo minha família.-O humano abriu o livro que carregava no chão, e pousou as velas aos pés do vampiro, que o encarava com os olhos vermelhos ardendo na semiescuridão.
—Ela veio até mim.
—Basta!-Arthur sibilou, acendendo as velas com o isqueiro. As mãos erguidas, palavras em latim saindo de sua boca. Doeu, mas Alucard e a dor já eram conhecidos de longa data. Caído de joelhos, fora de seu trono, sentindo as correias se agarrando ao seu corpo, a sede em sua garganta.
—Nosferatu Alucard, você só poderá ser libertado de sua prisão com o sangue que te selou.-A voz de Arthur Hellsing ecoa pelo porão, os olhos do homem alucinados e quando o ritual termina, a última coisa que Alucard escuta é os gritos da Senhorita chamando por Arthur...
E com um grito fino ele também é acordado, 12 anos depois. Lambendo do chão aquele sangue virginal, ele observa o rosto juvenil que o encara com espanto. Oh. Ele sorri. Claro que a menina é loira, mas a pele e o rosto são da mãe. Riu, enquanto dilacerava os homens na sua primeira refeição em uma década, pensando na tolice de Arthur ao prendê-lo por conta da mãe da garota.
—Qual o seu nome?
—Meu antigo mestre me chamava de Alucard.
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