Tudo de Mim
Capítulo 2
—Desculpa, mas o que foi que disse? – a voz dela saiu mais alta do que pretendia, e a garota começou a chorar. – Não chore querida. – pediu pegando a garota no colo.
—Mãe, vamos chegar atrasados. – um garoto maior reclamou. – Quem é esse?
—Ele vai arrumar a água. – o outro garoto respondeu.
—Acho que essa não é uma boa hora para conversarmos. – ele se desculpou e voltou ao serviço.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Aceita um café? – perguntou ainda chocada com a informação que ele havia dado. Quem era aquele homem? – Posso saber o seu nome? – ela balançava a filha enquanto prepara o café para os filhos.
—Edward. Edward Cullen. – a voz dele saiu abafada.
—Prazer, Edward. Sou a Bella, mas você já deve saber disso. – murmurou agachando para poder conversar melhor com ele.
—Sim, eu já sabia. Embora a conhecesse mais por Isabella Adams. – ele passou a fita em volta do cano e após verificar o serviço, se pôs de pé. – Acho que isso vai resolver. Pode ligar o registro. – Bella correu até o registro e respirou aliviada ao ver que tudo parecia em ordem. – Como eu disse, vai resolver por enquanto, mas vai precisar trocar os canos.
—Muito obrigada. Acaba de salvar as nossas vidas. Noah suba e tome seu banho. – pediu ao garoto mais velho.
—E eu mamãe? – o mais novo perguntou com a boca cheia de cereal.
—Olha os modos Max. – ela o repreendeu. – Suba que eu já vou te ajudar a tomar banho.
—Já sou crescido, posso tomar banho sozinho. – ele estufou o peito e subiu correndo atrás do irmão.
—Crianças. – Bella murmurou e estendeu uma xícara de café para Edward. – Sei que quer me falar algo, mas pode esperar por uns instantes? Preciso ajudar os meninos a se arrumarem, eles têm aula.
—É claro. – ele aceitou a xícara que ela oferecia. – Posso voltar em outro momento, se preferir.
—Não. Isso não vai levar muito tempo. Pode ficar de olho na Claire? – apontou para a garota que fazia a maior bagunça enquanto comia.
—Eu não sei cuidar de crianças. – ele não se sentia confortável perto delas. Elas eram frágeis demais e imprevisíveis.
—É só ficar de olho nela. Não precisa fazer nada. – suplicou e ele assentiu. – Obrigada. Já volto, sinta-se em casa. – gritou por sobre o ombro enquanto disparava escada acima.
—Quer? – Edward olhou para a garota que estendia um biscoito roído em direção a ele.
—Não, obrigado. – ele estava muito desconfortável naquela casa.
No exército, era tudo muito organizado e ali, era tudo bagunçado e confuso. Ele imaginou que cuidar de três crianças e de uma casa não fosse uma tarefa fácil, mas ela poderia manter um pouco mais de organização. Olhou em volta verificando o encanamento, a casa era antiga e ele temia que ela tivesse que trocar não só os canos da pia, mas todo o encanamento da casa. Aquilo custaria uma pequena fortuna e levaria um bom tempo. Pelo pouco que ele pode ver, ela precisava com urgência de fazer uma reforma em toda a casa.
—O que tá fazendo? – a garota perguntou o olhando com interesse. O soldado estava certo, ela se parecia muito com a mãe. Os garotos eram mais parecidos com ele, principalmente o mais velho.
—Estou apenas dando uma olhada no encanamento. – ela balançou a cabeça como se concordasse com ele. – Como se chama mesmo?
—Claire. E você? – ela era muito adorável e ele teve que rir da atitude dela.
—Sou o Edward. – ele estendeu a mão para cumprimentá-la e ela deu um tapa na mão dele e depois fechou a mão dando um soquinho na dele.
—Esqueci que é assim que os jovens se cumprimentam. – ela riu e voltou a comer o biscoito.
—Tudo bem por aqui? – Bella perguntou entrando na cozinha, ela tinha trocado de blusa e parecia ter penteado os cabelos.
—Mais ou menos. Acho que não tenho uma notícia muito boa não. – ela fez uma careta.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Que ótimo. – forçou um sorriso e começou a arrumar duas lancheiras.
—Você tem que levar os seus filhos? – queria sair correndo de lá. Tinha sido uma péssima ideia ir atrás da família do soldado.
—Não. Tem uma amiga que os leva para mim. – como se esperasse uma deixa, uma garota entrou na cozinha.
—Oi Bella. Os meninos estão prontos? – perguntou mastigando um chiclete.
—Estão sim. Max, Noah, a tia Alice chegou. – ela gritou o assustando e os meninos passaram correndo por eles. – Aqui estão. – entregou a lancheira para eles. – Tenham um bom dia, se comportem e obedeçam a tia Alice. – pediu dando um beijo em cada um deles.
—Tchau mamãe. – responderam juntos.
—Quem é o bonitão? – Alice perguntou o olhando de cima a baixo. – Namorado? Já estava na hora.
—Alice, cai fora. – Bella a empurrou até a porta da sala. – Desculpa por isso. Adolescentes são terríveis. – ele apenas balançou a cabeça concordando. – Então, aquela conversa... – ela indicou a cadeira para que sentasse.
—Ela não vai para creche ou algo assim não?
—Não. A Claire fica me fazendo companhia. – pegou a garota no colo.
—Certo. Não sei como te dizer isso. – coçou a nuca e pigarreou.
—Como conheceu o meu marido? – ele engasgou com a pergunta.
—Estávamos servindo juntos no Afeganistão, mas éramos de unidades diferentes. Houve um conflito com um grupo e as coisas saíram do controle, fui um dos poucos do grupo a sair de lá com vida. Não conhecia o seu marido e trocamos poucas palavras. – ele não queria reviver aquele momento. Já tinha visto várias mortes, mas aquela tinha mexido muito com ele, talvez fosse pelo fato dele quase ter tido o mesmo fim.
—Ele sofreu muito? – perguntou tentando conter as lágrimas.
—Não vou mentir. Ele sofreu muito, os ferimentos eram muito graves.
—Espera. – Bella pediu e caminhou com a filha para fora e voltou alguns segundos depois. – Não quero que ela ouça isso. Continue. – pediu o encarando.
—Ele sentiu muita dor e foi difícil retirar o corpo dele de lá. Na verdade, nem sei como eles conseguiram, estava inconsciente quando nos tiraram de lá. Também sofri bastante lá.
—Eu não entendo. – balançou a cabeça, confusa. -Tem mais de um ano isso, e agora que você vem até aqui e que recado era esse?
—Seu marido pediu para dizer que te amava. As palavras exatas foram: Ela precisa saber que sempre a amei e que ela é a mulher da minha vida. Diga aos meus filhos que lamento não ter sido um pai presente, mas isso nunca me impediu de amar cada um deles, mesmo a que nunca conheci. E ela tem que saber que eu acredito nela e que a amo.Lembro muito bem disso, foram palavras tão sinceras e ditas com tanto amor. Foi isso que me incentivou a vir até aqui. Pareciam palavras muito importantes para ficarem esquecidas. – ele ergueu os olhos e viu que ela chorava muito. – Desculpa se disse algo errado.
—Não. Você não disse nada errado. Só estou emocionada. – ela secou as lágrimas e tentou se recompor. – Achei que ele morreu me odiando. A última vez que nos vimos, brigamos feio e dissemos palavras nada gentis um para o outro. Me arrependo amargamente disso.
—Sinto muito por isso, mas posso garantir que ele não guardava mágoas de você.
—Isso me deixa mais aliviada. Ele achava que a Claire não era filha dele. Não o culpo por isso, foi bem inesperada a gravidez. Ele ficou poucos dias em casa, mas foi o suficiente para me engravidar. – deu um sorriso meio irônico.
—Já ouvi muitas histórias estranhas sobre isso. – ele cruzou os braços.
—Eu nunca o traí. Amava o meu marido e meus filhos são dele. Todos os três. – garantiu ofendida com a acusação dele.
—Não quis insinuar nada. Não a conheço para atestar ou não a sua índole.
—Eu seria incapaz de trair o Jeff. Sempre fui fiel e o respeitei. – ela levantou arrastando a cadeira.
—Desculpa se a ofendi.
—Tudo bem. – abanou as mãos e secou o rosto. – Não me explicou por que demorou tanto.
—Eu me feri enquanto tentava levar o corpo do seu marido para um local seguro. Fiquei internado por uns meses e depois fiquei em reabilitação. Quando sai do hospital, fui atrás de vocês, mas não os encontrei no endereço indicado e levou um tempo para encontrá-los aqui.
—Tivemos que nos mudar. A outra casa dava muitas despesas e o custo de vida era bem alto. Encontrei essa casa e aqui é bem tranquilo. – explicou dando de ombros. – Foi muito gentil de sua parte ter vindo até aqui só para isso.
—Fiz uma promessa e sempre cumpro as minhas promessas. – respondeu endireitando os ombros e assumindo sua postura habitual.
—Mesmo assim, agradeço por isso e por ter consertado o vazamento da pia.
—Sobre isso. – ela gemeu ao ver a expressão no rosto dele. – Sinto que vai ter que trocar tudo. Os canos são velhos e não vão aguentar por muito tempo.
—Sabia que essa casa estava muito barata. – deitou a cabeça na mesa, desolada.
—Se comprar os materiais, posso fazer o serviço para você. Vou precisar de um ajudante, se você conhecer alguém. – não sabia o porquê de ter sugerido aquilo. Ele deveria apenas ter dado o recado e saído correndo de lá. Mas não, tinha que abrir a boca e se oferecer para reformar a casa.
—Olha, agradeço muito, mas não tenho dinheiro para te pagar.
—Posso fazer de graça. – respondeu para espanto dela. Alguém poderia calá-lo?
—De graça? Por que faria isso? – perguntou desconfiada. Os pais diziam que ela confiava demais nas pessoas.
—Só quero ajudar. Cresci ajudando meu pai e posso fazer o serviço. Vai levar alguns dias, mas dá para fazer. – lidaria com os sentimentos mais tarde, o censo de responsabilidade falava mais alto e ele sentia que era responsabilidade dele ajudar aquela família. Ele não sabia quanto ela tinha pagado pela casa, mas torcia para que não fosse muito, pois a casa precisava de uma reforma geral e bem cara.
—Não posso deixá-lo fazer o serviço de graça, seria muito abuso o meu.
—Só aceite a ajuda. E podemos combinar outra forma de me pagar. – palavras erradas.
—Não vou dormir com você. – retrucou corando e abraçando o próprio corpo numa atitude defensiva.
—NÃO! – ele gritou assustado com a suposição dela. – Jamais pediria isso. Não me entenda mal.
—Desculpa, mas não seria a primeira vez que alguém me pede isso. Mas de que outra forma poderia te pagar? – ele pensou por uns instantes.
—Poderia me fornecer alimentação enquanto faço o serviço.
—Oh, isso eu posso fazer. Vai ficar onde? – perguntou sorrindo.
—Não pretendia ficar mais do que um dia e estou hospedado numa pequena pousada.
—Você pode ficar aqui. Temos um quarto sobrando. – sugeriu e ele a olhou espantado. Ela definitivamente era maluca.
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