Tudo de Mim

Capítulo 16


Edward colocou a mala no carro de Bella. Como o ônibus sairia bem cedo, eles passariam a noite fora e depois ela o deixaria na rodoviária. Deu mais uma olhada para a casa e sorriu orgulhoso do que tinha feito, e não só relacionado à reforma, mas ao que ele tinha feito por Bella e pelas crianças. Todos estavam de acordo que eles mudaram, e para melhor. Ele sentia mais leve e em paz, como se um enorme peso tivesse sido tirado dos ombros dele.

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Deu um suspiro e seguiu até o balanço onde Max estava chorando. Despedir dos pequenos seria a pior parte, pois eles não entendiam o motivo dele precisar ir e ele tinha se apegado muito a eles.

—Posso sentar? - Perguntou e Max o ignorou. O garoto não falava com ele desde a noite anterior. - Por favor, Max, fala comigo. - Pediu agachando ao lado dele.

—Está nos abandonando. - A acusação foi como levar um soco.

—É claro que não. Podemos sentar no outro balanço? - Apontou para o que ficava na varanda, ficar naquela posição por muito tempo seria muito desconfortável.

Os dois seguiram em silêncio até a varanda. Max sentou e manteve os braços cruzados.

—Por que está indo embora?

—Preciso resolver algumas coisas.

—Então leva a gente. - Virou o encarando. - Eu juro que vamos ficar quietinhos. Noah e eu podemos te ajudar a construir casas, não vamos ser um peso.

Edward o abraçou de lado, queria que tudo fosse tão simples assim, e talvez realmente fosse, mas as pessoas tendiam a complicar demais as coisas. Bella e ele se amavam, por que não ficavam juntos de vez? Por que não deixavam o passado de lado e viviam felizes para sempre?

—Eu gostaria de levar vocês, mas essa não é uma decisão minha.

—É da mamãe? Vou falar com ela. - Levantou num pulo, animado.

—Não, baixinho. - Segurou o braço dele. - Não podemos pressioná-la, temos que aguardar ela tomar essa decisão. Tem que vir do coração e ela virá. - Garantiu e ele voltou a sentar.

—Quando vai vir?

—Não sei, mas espero que seja em breve. E se ela não quiser ir morar em São Francisco, eu volto para cá assim que resolver tudo. - Ergueu a mão. - Eu juro para você.

—O que você tem que resolver? - Ainda não estava muito certo quanto à promessa de Edward.

—Eu me sinto bem melhor, mas ainda preciso de acompanhamento médico e já faz um bom tempo que não vou a uma consulta. Aqui não tem as especialidades de que preciso e quero garantir que estou 100% para vocês não correrem nenhum risco comigo.

—Você não vai nos machucar. Já melhorou. - Max o abraçou apertado.

—Sim, vocês me fizeram melhorar, mas ainda há um longo caminho a percorrer. - Depositou um beijo nos cabelos dele. - Tenho também que olhar a minha perna, ver os meus pais… - Edward queria que Bella e as crianças mudassem para São Francisco e para isso precisaria arrumar uma boa casa para eles e um emprego, queria dar de tudo a eles.

—E depois você volta. - Max completou sorrindo.

—É assim que gosto de ver você, sorrindo.

—Eu vou sorrir. - Garantiu aumentando ainda mais o sorriso.

—Vê se não apronta muito. - Bagunçou os cabelos dele antes de entrar na casa. – Noah!

—Achei que já tivesse saído. - Ele estava aliviado.

—Estou esperando a sua mão terminar de arrumar. - Rosalie e Alice estavam no quarto a ajudando.

—A mamãe está feliz. - Sentou na escada e Edward ao lado dele.

—E você?

—Estou triste porque você vai embora. - Apoiou o rosto nas mãos. - Queria que você ficasse.

—Eu também queria. Gostei muito de passar esse tempo com vocês. Sabia que são muito especiais? Todos vocês.

—Eu não sou. - Negou balançando a cabeça.

—Não é? Lembra-se do dia que me ameaçou por que eu machuquei o Max? Você estava defendendo a sua família e isso é muito bom. Apesar de ser apenas uma criança, é bom que fique de olho neles. Você é forte Noah, é inteligente e muito esperto. - Edward pegou o cordão com a placa de identificação militar dele.

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—Meu pai tinha uma igual. - Noah a pegou nas mãos a admirando. - O vovô ficou com ela.

—Quero que fique com a minha. - Colocou em volta do pescoço dele.

—Por quê?

—Eu as ganhei porque estava lutando para proteger o meu país e as pessoas de uma forma geral, pelo menos é nisso que acredito. Quero que fique com ela para se lembrar de mim e porque pelo tempo em que estiver fora, vou deixar você no comando cuidando deles. - Claire veio correndo e se jogou nos braços de Edward, chocalhando várias folhas nas mãos. Edward beijou os cabelos dela e entregou um bloco para Noah. - Aqui tem o número do meu celular e da casa dos meus pais e tem também o meu endereço. Se acontecer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, quero que você entre em contato comigo na hora, mesmo que sua mãe diga para não ligar. Vocês são fortes e corajosos, mas não quero vê-los em perigo.

—Sim pai. - Noah bateu continência e Edward o abraçou.

—Tenho muito orgulho que vocês sejam meus filhos e sei que o seu pai Jeff também tinha.

—Ele era legal, mas você é mais. - Confidenciou baixinho.

—Presente papai. - Claire entregou as folhas para ele.

—Você que fez? - Eram vários desenhos, e um em especial chamou a atenção dele. Era um desenho dos cinco brincando e o bonequinho maior tinha uma das pernas diferente, colorida de prata.

—Você papai. - Claire apontou.

—É muito lindo e vou guardar com muito carinho. - Deu um beijo estalado na bochecha dela. Os três viraram ao escutarem um barulho no andar de cima.

—Está bonita mamãe. - Edward engoliu em seco sem conseguir tirar os olhos dela. Não era a beleza produzida pelo cabelo arrumado, pelas roupas ou pela maquiagem, era o brilho que ela exibia que o deixava hipnotizado.

—Está linda. - Estendeu a mão para ajudá-la a terminar de descer as escadas.

—Só dei uma arrumadinha. - Explicou corando.

—Não chame a nossa obra de arte de arrumadinha. Você está maravilhosa e demais palavras que não podemos dizer na frente das crianças. - Alice sorriu para o casal.

—Concordo totalmente com ela. - Edward deu um beijo no dorso da mão esquerda dela e notou que a aliança não estava mais lá. Não quis comentar nada, mas aquilo fez o coração dele encher de alegria.

—Agora vão logo aproveitar a noite de vocês, mas juízo. De três damos conta, mas quatro já complica um pouco. - Rosalie provocou e Edward riu, envergonhado. Ele ainda não sabia se poderia ou não ter filhos. Acreditava que não, mas seria preciso um exame para confirmar e aquele não era o momento ideal para pensar nisso.

—Tão engraçadinhas vocês duas. - Inclinou para depositar um beijo na testa dos filhos e o vestido azul dela subiu um pouco, o que fez Edward engolir em seco.

—Eu disse que a escolha era boa. - Alice também provou o fazendo ficar ainda mais envergonhado.

—Comportem-se, por favor.

—Espero vê-los em breve. - Edward imitou o gesto dela. - Amo vocês.

—Tchau pai. - Noah e Claire falaram juntos.

—Cadê o Max?

—Aqui. - Ele entrou correndo e abraçou a mãe e depois Edward.

—Até mais baixinho.

Edward guardou os desenhos dentro da mala e se acomodou no banco do carona. Ficou impressionado ao ver o carro completamente limpo.

—Um milagre, não é? - Bella piscou para ele.

—Sabe, eu tenho um carro. - Ela o olhou rapidamente e voltou à atenção para estrada.

—Achei que não dirigisse mais.

—Ele não é adaptado, então não o uso mais. Mas ele é novo e bem espaçoso. - Sorriu e ela entendeu o que ele queria dizer.

—O meu carro funciona muito bem e você pode adaptar o seu.

—Quando vai aceitar um presente meu?

—Quando ele não tiver custado nenhum centavo.

—Posso te dar o meu coração. - Ela pisou no freio repentinamente o assustando.

—Não pode dizer essas coisas enquanto dirijo, tenho três filhos para criar. - Edward riu e colocou a mão na coxa dela.

— Vai aceitá-lo ou não?

—É claro que vou. - Sorriu e voltou a dirigir. - Mas vai ter que aceitar o meu também.

—Será um enorme prazer.

[...]

Bella dirigiu até Port Angeles e estacionou em frente a um restaurante pequeno, mas muito aconchegante e que tinha uma comida muito saborosa.

—Já veio aqui? - Edward perguntou segurando a mão dela.

—Uma vez com as crianças e eles gostaram muito. Espero que também goste.

—Se a comida não for boa, não me importa, pois a companhia é excelente. - Bella corou.

—Você está tão diferente.

—Dizem que o amor muda as pessoas. Você também está diferente. – Apontou e ela deu de ombros

—Todos nós estamos. - Era inegável a mudança na vida deles.

[...]

Após o jantar, eles seguiram até o Ediz Hook Reserve, que era um local bem tranquilo àquela hora e apesar do friozinho que estava fazendo, eles não se incomodaram nenhum pouco. Bella estendeu uma manta, que pegou no carro, e os dois sentaram em um dos troncos e permaneceram em silêncio por um tempo admirando o mar.

—Temos umas cinco horas até o seu ônibus sair. Quer ficar por aqui ou ir para outro lugar?

—Aqui está bom. - Passou o braço pelos ombros dela.

—Qual vai ser a primeira coisa que vai fazer ao chegar em casa?

—Responder ao interrogatório da minha mãe. - Respondeu rindo. - Ela sem dúvidas vai querer saber tudo sobre vocês. Preferi não dar detalhes por telefone.

—Por quê? - Perguntou aconchegando nele.

—Era bem capaz de ela vir para cá se eu desse detalhes. Eu amo a minha mãe, mas ultimamente ela tem sido bem enxerida na minha vida. Quero só ver como vai ser esse bendito jantar. - Ele sentiu Bella ficar tensa.

—Ansioso para rever a Kate? - Não queria ter soado tão ciumenta, mas o sentimento era mais forte.

—Não muito e acho que ela está menos ainda. - Bella ergueu os olhos sem entender. - Digamos que ela me mandou uma carta de término bem raivosa. Disse que foram seis anos perdidos da vida dela, que eu era incapaz de me conectar a alguém e que merecia o título de pior namorado do mundo.

—Certamente ela falou da boca para fora. Deve que estava com muita raiva.

—Talvez, mas eu realmente fui um péssimo namorado e acho que ela pode estar certa. - Passou as mãos no cabelo.

—Se ela te conhecesse como eu conheço, ela jamais teria dito isso sobre você. Você é incrível Edward e qualquer mulher seria feliz ao seu lado. Estava focado no trabalho e não conseguiram conciliar as duas coisas.

—Você e Jeff conseguiram. - Declarou e ela ajeitou para encará-lo.

—Cada casal é diferente e nós tínhamos os nossos problemas. Nenhum relacionamento é perfeito. Com o tempo amadurecemos e paramos de cometer os mesmos erros.

—Gosto de pensar que dessa vez vai ser diferente, mas e se eu não for o suficiente? E se não conseguir dar tudo o que vocês precisam? Vocês são tão amorosos e… - Bella o silenciou.

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—Edward, você é uma boa pessoa e tem o seu jeito de ser, jamais pediremos para que você mude quem é. Nós te amamos e você não precisa ser como nós para continuarmos a te amar. Você é carinhoso, atencioso e gentil e não deixe que ninguém diga o contrário. - Beijou o rosto dele. - E qual vai ser a segunda coisa que vai fazer? - Perguntou mudando de assunto.

—Agendei algumas consultas. Não vejo a hora de renovar a minha receita.

—Achei que tivesse conseguido, vi você tomando remédios. - Ele coçou a nuca.

—Não consegui renovar e tive que comprar remédios mais fracos. Eles não ajudam muito. – Confidenciou.

—Edward! - Ela o olhou como olhava para os filhos quando eles aprontavam algo. - Não acredito que não está se cuidando. Vou ter que ligar para a sua mãe e pedi para ela puxar a sua orelha.

—Vai me dedurar? - Perguntou fazendo cócegas nela.

—Para. - Ela se desequilibrou e caiu na areia com ele por cima dela, os dois ficando com os rostos a centímetros um do outro.

—Só paro se prometer não me dedurar. - Continuou as investidas e Bella gargalhava tentando se desvencilhar dele. Aquela proximidade toda estava mexendo com eles, mas aquele não era o lugar e nem o momento certo para avançarem.

—Só prometo se prometer tomar cuidado. - Ele parou com as cócegas. - Não quero te perder, Edward.

—Prometo que vou seguir direitinho o que os médicos falarem. - Levantou a ajudando a sentar de volta no tronco. - Não fiz por mal, só não queria ir embora antes e estou me sentindo bem. - Ela sabia que aquilo não era bem verdade, ele vinha se queixando de dores.

—Por favor, se cuida. - Implorou segurando a mão dele.

—Eu juro que vou me cuidar. - Os dois ficaram em silêncio por mais alguns instantes. - Eu disse ao Max que a decisão tinha que partir de você, então não vou pedir, mas apenas te lembrar de que pode contar comigo e que tem os meus contatos e as portas estarão abertas para vocês. Seus amigos vão embora e acho que também deveria ir.

—Está tentando me convidar para ir morar com você em São Francisco? - Perguntou sorrindo.

—É uma sugestão. - Deu de ombros. - A decisão é toda sua. Posso mudar para cá, arrumar uma casinha.

—Nem pensar. - Ele arregalou os olhos surpreso com a negação dela. - Você vai morar na minha casa. - Declarou e ele sorriu. - Se decidir mudar para cá, é claro.

—Então estamos de acordo que queremos ficar juntos? - Ela assentiu. - Vamos tirar esse tempo para pensar com calma, sei que as crianças estão terminando o período escolar e uma mudança agora seria complicado.

—Falta menos de três meses para terminar. - Ela suspirou. - Não queria desfazer da casa que você custou tanto para reformar.

—Não me custou nada, Bella. - Acariciou o rosto dela. - E eu reformaria mil casas para você. Não decida nada agora, pense com calma.

—Eu vou pensar. Estou mais aliviada ao saber que isso não é um adeus.

—Nunca será, Bella. Nos encontraremos em breve, eu juro.