Uma Casa de Estrelas

fogos de artifício


fogos de artifício - trigésimo sétimo capítulo

uma casa de estrelas, por lyn black

Os irmãos Black tiveram uma delicada relação com os brilhos no céu, tão fascinantes e ofuscantes. Não se engane com estrelas, porém, pois falo de explosões barulhentas, belas e finitas. Não que estrelas sejam infintas, contudo, a falsa impressão de eternidade calhava para uma família construída em ilusões.

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Para Sirius, fogos de artifício eram quase como seu choro nas noites escuras: uma mentira vil que, no fundo, continha um pano doloroso de realidade. Ele não liga para fogos de artifício mágicos, a beleza fugaz daquilo atormenta seus olhos cansados e sua cabeça tão leviana, seu riso fácil e o gosto de sangue na língua ao olhar pro irmão. A verdade, ou uma de suas facetas, aponta para a natureza de Sirius Black ser a de um fogo de artifício.

Já para Régulus, fogos de artifício ardiam no seu corpo como se ele fosse matéria em combustão. Os tons coloridos, as formas complexas de luz e seu corpo fundiam-se num retrato ocre, carmim e azul do mar-aberto em dia nublado. Suas asas angelicas desprendiam-se na Queda com faíscas solares, e o garoto - nunca passou de um jovem que engoliu tudo -, parecia vomitar pelos seus olhos todos os brilhos de uma noite eterna.

Eles nunca admitiram entre si o artifício de serem seres explosivos, encantadores e, inclusive, poderem ser usados para propósitos medonhos. Queriam pintar as duas histórias como uma foto de virada de ano-novo, é sim, os jornais eram supostos de fazerem perfis de Sirius e Régulus como os herdeiros intensos e belos. Não havia espaço para a sensação das erupções atmosféricas, apenas para a foto distorcida.

Tolos irmãos em sua busca por eternidade, eram fugazes e mortais. Pesadas expectativas, arruinadas pelas peles marcadas e pelas lágrimas de prata. Ah, se houvessem engolido juntos, do mesmo cálice, que eram profundamente fogo, e fogo humano, talvez...

Mas eram fogos de artifício, destinados invariavelmente a queimar para a plateia aplaudir inconscientemente um palco de terror.