Uma Casa de Estrelas

Preto te cai bem


preto te cai bem - trigésimo sexto capítulo

uma casa de estrelas, por lyn black

Andrômeda engole em seco, rói as unhas e não dorme direito. Acorda cansada, tem olheiras fundas e seus feitiços estão cada vez mais descontrolados. Ela olha pro espelho, olha pro reflexo e não chora, de novo. Penteia o cabelo, corta-os com uma tesoura afiada nas orelhas e Morgana, o que essa garota tem?

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Talvez seja uma mistura de fatores, talvez seja ela toda, mas Andie sabe que acha que preto caí bem em Edward Tonks: militante nascido-trouxa, olhos acastanhados e risada áspera. E, bem, não há nenhum grande problema em achar isso, não é? Não deveria haver. Poderia ser só uma constatação vazia e seca, enterrada na mente turbulenta de uma galáxia.

Nós, entretanto, sabemos que é muito mais do que isso. É o sorriso nervoso da Black quando o monitor Tonks sugere que ela se concentre mais na conjuração do que em seus cabelos azuis. É a forma como Andie já briga demais na família e bem, ela sabe que é loucura, mas ela sentiu um arrepio por toda a sua espinha ao cruzar os olhos com Teddy. Então, não é sobre as roupas no corpo daquele garoto tempestuoso e estilhaçado.

Quando Ted Tonks ajeita seus óculos, anda de mãos dadas com garotas, garotos e quem mais quiser se juntar a sua gang, Andie sorri de lado. Ele organiza manifestações anti-purismo no meio do Salão Principal, ele chama toda a atenção que a Black nunca quis ter. Os sangue-puristas maldizem com fervor as reuniões dos nascidos-trouxa promovidas por Tonks e seus amigos, sussurrando sobre as grotescas orgias e subversões que eles estão trazendo para a escola. Alguns setimanistas da sua casa, inclusive, até chegam a levar uma reclamação para Slughorn.

Black tem ousadia, mesmo dormindo mal e estando cada vez mais aflita, então ela interpela Tonks no meio de um corredor vazio.

— Tonks, espera aí - fala no seu tom monótono -, queria falar contigo.

O garoto gira em seus pés e arqueia uma das sobrancelhas.

— No que posso te ajudar, Srta, Black? - ele fala com calma, mas ela vê como Ted busca a varinha no bolso do casaco preto.

— Sangues-puras podem ir às suas reuniões? - questiona.

Uma sombra de um riso irônico ocupa o ambiente.

— Lamento decepcionar, mas as orgias são exclusivas para nascidos-trouxas e mestiços, querida - diz.

Ele vira as costas para a quintanista, e volta a andar, assobiando baixo. Quando está quase virando o corredor, escuta a voz da excêntrica Black.

— Que pena. Preto te caí terrivelmente bem.

Ele sorri, ainda de costas.

— Se você quer tanto sair comigo é só me chamar, Black. - fala jocoso, rindo baixo.

Andrômeda olha ao redor e dá alguns passos até o rapaz, que se vira ao escutar a movimentação.

Certo — fala pausadamente, sem desgrudar dos olhos dele -, mas com minha irmã por aqui, Hogmeade está fora das opções.

A expressão de Edward se fecha um pouco.

— Deserdada no quinto ano não me parece uma boa para uma garota como você, Andrômeda. - É a primeira vez que ele fala o seu nome. - Me encontra hoje à noite às nove na Torre de Astronomia, pode ser?

Ela sorri minimamente, e Tonks se regojiza por dentro, afinal, a menina sempre fora uma pessoa curiosa rondando sua mente lufana.

— Combinado.

Um silêncio estranho se apodera do ambiente, e ela tenta se despedir descontraída, mas Edward parece determinado a fazê-la se contorcer sob as suas palavras:

— E não se preocupe, eu vou me lembrar de ir de preto, querida.

Ela aperta o passo para não ser vista, pela primeira vez, com as faces queimando no mais adorável carmin. Raios, galáxias não deveriam se converter em supernovas dançando nas suas bochechas!