Uma Casa de Estrelas

anjo caído


anjo caído - décimo oitavo capítulo

uma casa de estrelas, lyn black

O fogo crepita, as faíscas refletindo em seus olhos. Os cachos negros emolduram o rosto pálido do rapaz, sua clavícula profunda exposta e seu pescoço saltando pela velocidade de seu coração. Ele mordisca o lábio, tentando se ater aos barulhos, mas o ritmo de seu coração é desconcertante demais.

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A floresta é densa, mas ele sente-se exposto como numa noite aberta, uma labareda no deserto. Régulus olha por entre as árvores, buscando a sombra das estrelas. Ele aprendeu quando criança que elas guiam sua dinastia. Sua coroa se perdeu nos céus. Um suspiro. O vento frio corre pelas folhas, um sussurro premonitório. A casa dos Black parece um sonho perdido num de seus delírios. Ele tem que correr. Ele tem que fugir.

Fugir para onde? Ele se odeia. Ele se culpa. Ele quase enxerga gotas de sangue o rondando quando anda. Será que o sangue é seu ou das pessoas que derrubou sem hesitar? Régulus se contorce quando dorme, e nem percebe que alguém arrancou suas asas.

Ele foi um anjo um dia, sabiam? Mas caiu dos céus e como punição teve suas asas celestes arrancadas. As cicatrizes ardem ainda. Agora, ele finalmente se dá conta do que aconteceu em sua queda dos céus.

Desertor. Traidor. Indigno. Régulus é um menino perdido. Seus pais o olhariam torto, seu irmão já cansou e virou-lhe as costas e ele está ali, fuligem no corpo, arrepios esporádicos. Ele esfrega uma mão na outra, tentando trazer as chamas para dentro de si, mas as correntes congelantes do Lago Negro moram nas suas veias.

Quando seu corpo flutua através do precipício, seu inconsciente reconhece um brilho rasgando suas costas. Asas antigas, sagradas e quentes o envolvem antes de encontrar sua finitude na água fria e revolta do mar. Régulus é um anjo caído e caindo recebeu de volta algo que não se achava digno de receber. Não há queda cortante atroz o suficiente para destruir as asas brilhantes de quem um dia já morou nos Céus.