Uma Casa de Estrelas

e dá o bote


e dá o bote - décimo sétimo capitulo

uma casa de estrelas, por lyn black

O espelho mostra o que o pó oculta: rugas, concavidades e o vazio no olhar. Aquele vidro mágico apresenta os olhos de quem não dorme, o cabelo bem tratado e escovado caindo nos ombros e a seda que envolve seu frio corpo a noite. É uma farsa. O mundo é feito de falsidades, não?

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A questão realmente não é o espelho, Narcisa cede. É quem o escrutina criticamente procurando algo. Lucius precisa de espelhos grandes, expansivos e agressivos nos banheiros, sua mania de decoração não é mais aturada depois dos primeiros anos de casamento. Eles transam quando ele está suportável, e Narcisa jura por sua deusa ver a si mesma no corpo dele. É assustador.

Cissy se enxerga já uma velha porque sente o peso do mundo nos seus ombros. Ela não nasceu para ser Atlas, ela nasceu para sorrir com lábios rosados e enfiar adagas em barrigas já ensanguentadas, mas Malfoys tem protocolos e manter as mãos limpas está em primeiro lugar. Quem diria que assumir aquele papel fosse tão exaustivo para a bela Narcisa...

Narcisa Black foi enterrada e restou só carcaça. Ela e Lucius, mãos dadas para posar em retratos e beijos violentos, regados num sangue metálico, dentro do quarto. Eles devem se odiar, ela pensa, passando um creme para a pele. Mas quem odeia Lucius é a mulher morta na cerimônia de matrimônio, pensa com um riso sardônico.

Se Narcisa Black é só carcaça, a Narcisa Malfoy que brotou em si é só veneno. Não a levem a mal, ela tem prioridades sobre como ofertar seus espinhos. Seja para defender a sua prole ou se defender de si mesma, uma mulher das estrelas feita de má fé será a serpente não prevista do banquete.

Atente-se para admirá-la quando ela dá o bote. Imperdível.