2 Homens 1 Bala
Capítulo 1
Chicago, Illinois, 10 de outubro de 1990
Três socorristas entraram na ala da UTI levando uma maca com um homem entre a vida e a morte. O tempo era o maior inimigo deles, pois a vida dele acabaria a qualquer momento.
A médica perguntou o motivo da gravidade do paciente, os socorristas responderam que o sujeito levara três tiros de revólver nas costas na periferia da cidade e que perdera muito sangue mesmo com os esforços de tentar estancar a hemorragia.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!A demora era a inimiga do homem. Numa cirurgia delicada, retiraram as balas e costuraram alguns órgãos. Um princípio de enfarte fez com que o sujeito levasse choque no coração e se salvasse. O coma induzido foi a única solução para assegurar a sua sobrevivência.
O paciente sonhou, ou melhor, teve horríveis pesadelos com uma pessoa atirando na sua namorada e logo sendo golpeado por ele. Viu o rosto do homem.
01 de dezembro de 1990
Dois homens entraram no hospital dizendo que eram detetives de polícia e que precisavam achar uma pessoa com o nome de Theodor Franklin, e que esse homem estava hospitalizado há muito tempo.
— Aguardem um pouco até eu verificar todos os nomes. — disse a recepcionista.
A médica, Laura Jane, verificou todas as fichas dos pacientes enquanto os observava. Era a mesma médica que salvou a vida do Theodor.
E por falar nele, seus olhos abriram repentinamente. Ainda estava tonto depois de quase dois meses dormindo. Chamou a atenção de Laura que logo foi verificar a sua saúde, utilizando um estetoscópio. Ele, por sua vez, segurou no braço dela e falou baixinho.
— Preciso sair daqui...
— Do que está falando? Não pode. Ainda está muito debilitado.
— Não posso ficar... não posso... ele vai me matar quando descobrir.
— Fica quietinho. Você precisa descansar. Vou deixar uma ajudante de enfermagem contigo pois preciso me ausentar, depois eu volto.
A médica pediu para a ajudante ficar de olho nela enquanto se ausentava.
Os dois detetives foram informados que nenhum Theodor Franklin estava no hospital no período de outubro a dezembro, mas um tal de John Doe estava. Bingo. Foi o que eles queriam. Sem esperar, pegaram o elevador ao quarto andar.
— Melhor você ficar quietinho, querido. Vai ser melhor pra você. — disse a enfermeira, ajustando o travesseiro.
Jonh Doe, ou seja, Theodor Franklin conseguiu ficar sentado. Aquilo deixou a mulher completamente atordoada, porque até dez minutos ele estava em coma.
— Escute, minha senhora, eu me chamou Theodor e sou policial da DEA. Descobri... descobri que o meu amigo era um policial corrupto e paguei por isso...
— Meu Deus.
— Paguei com sangue... Por isso eu não posso ficar aqui... NÃO POSSO!
— Vou chamar a médica.
Frank teve dificuldades em se levantar pois suas pernas ficaram enfraquecidas. Engatinhou até o outro paciente e pegou as suas muletas.
Os dois policiais saíram do elevador e deram de cara com a enfermeira que cuidava do paciente. A moça viu o distintivo e tentou desviar de caminho. Os policiais a mataram estrangulada.
— Relaxa, não há câmeras por aqui.
— Por ali. O quarto onde fica os pacientes em coma fica pra lá — disse um deles ao ver a placa.
Entraram no quarto, mas não viram ninguém. O nome John Doe estava escrito na cabeceira da cama. Retornaram aos corredores e viram um homem andando de muletas entrar no elevador. Eles sacaram os revólveres e tentaram alcançá-lo, mas nada.
— Que foi isso? — indagou a doutora Laura.
— Eu disse que não posso mais ficar aqui. Tire-me daqui ou vão me matar.
Laura carregou Theodor até fora do hospital, colocou em seu carro e dirigiu o mais rápido possível. Os dois detetives perderam os dois de vista.
...
Escritório do Tenente Max
O tenente Max era um homem respeitado pela corporação da polícia de Chicago. Já foi homenageado até mesmo pelo prefeito. Seu estilo bem cuidado, quase metrossexual, olhos claros e cabelos bem penteados o faziam o homem modelo. Mas por de trás daquela casca escondia-se um homem corrupto.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Max fechou a porta do escritório depois que os dois detetives entraram.
— Humilhação nível máximo. Bando de inúteis. Foram despistados por um homem fraco e uma puta duma médica salto agulha.
— Chefe, tivemos complicações. O nome real dele não estava nos registros e...
— Não quero desculpas, quero resultados. A cabeça de Ted Franklin deve ser entregue a mim numa bandeja de prata o mais rápido possível.
O tenente praticamente os expulsou de sua sala.
...
Laura dirigiu o seu carro pra fora da cidade, ela morava num pequeno distrito fora de Chicago. O seu apartamento ficava num prédio de cinco andares e era bem aconchegante.
— Espero que goste. Não é tão espaçoso pois moro sozinha... você está bem?
— Não. Eu acho que vou desmaiar, sei lá.
— Não faça isso. Venha, deite aqui no sofá e pinha os pés no braço dele. Vou preparar alguma coisa. Está com fome?
— Claro. Faz tempo que meu estômago anda vazio.
Laura preparou uma canja para o seu paciente. Ele tomou tudo e ainda quis mais.
— E você, John, não vai me dizer o que aqueles caras queriam contigo?
— Não quero falar disso, pelo menos não agora. Por favor.
— Tudo bem.
Horas depois, Ted entrou no banheiro, cortou a barba e foi tomar banho. Suas costas possuíam as três marcas dos tiros dados pelo Tenente Max. Algo que ele nunca irá esquecer é ter sido fatalmente ferido pelo próprio amigo.
Laura Jane espiou o hóspede. Viu as cicatrizes nas suas costas. Percebeu que algo não estava nada bem. Sequer sabia quem era realmente aquele cara.
Ted terminou de tomar um banho, vestiu-se e foi até a janela verificar algo. Seu jeito curioso e desconfiado chamava a atenção da médica.
No outro dia, pela manhã, Laura não viu o seu paciente na sala. Coincidentemente Ted acabava de chegar.
— Onde esteve?
— Fui até ali na esquina comprar uma roupa decente e isto — ele mostrou a pistola e Laura levou um susto. — Tenho que me precaver.
— Tô ferrada. E esse revólver?
— Especialmente pra matar... um amigo.
Laura sentiu o cheiro do perigo.
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